quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A ecologia do absurdo (excerto)



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Desde as origens, as destruições foram sempre próprias dos organismos vivos: todas as formas de vida modificam o seu meio ambiente e contribuem para criar um outro. O que é, nesse caso, o respeito pelo sacrossanto equilíbrio dos ecologistas, quando se sabe que nada existe de imutável mas que, pelo contrário, o desenvolvimento das formas de vida na terra é um perpétuo movimento feito de destruições sucessivas seguidas por novos equilíbrios sempre diferentes? Teremos que considerar que a existência da menor raça animal, da menor floresta, do menor espaço aquático é indispensável ao homem? Que a sua sobrevivência depende da reintrodução do urso nos Pirenéus ou do lince nos Vosges? Quem decretará o “bom” equilíbrio demografia/recursos? Ou, ainda, que tal arquitectura ou tal urbanismo é uma chaga na paisagem? Até que ponto se poderá consumir tal ou qual energia? Eis outras tantas questões às quais a ecologia não pode dar, por si só, uma resposta, tal como não o podem o cientista ou o perito, a não ser que queiram decidir e governar “o melhor dos mundos”.
                Porque as respostas a estas questões dependem das necessidades sentidas pelos seres humanos. E essas resultam do modo de produção em vigor, não das admoestações da ciência ou de uma ideologia qualquer, nem de considerações sobre a natureza humana e sobre os constrangimentos que lhe deveriam ser impostos. O que produz essas necessidades? Porquê estas? Como substituí-las por outras e porque meios? –eis as questões a que nos devemos dedicar ligando-as a estas outras: porquê precisamente estas actividades, estas produções, estes comportamentos, estas relações com a natureza?
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