quinta-feira, 24 de novembro de 2011

MEE, um golpe de estado em 17 países

Nota preliminar: Não confundir o MEE com os actuais fundos de socorro europeus, o MESF e o FESF.



Como mencionado no artigo anterior sobre este assunto, "MEE, o novo ditador europeu" , os ministros das Finanças dos 17 países do euro assinaram um tratado para o estabelecimento do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). O seu objectivo é fazer com que os cidadãos europeus paguem as centenas de milhares de milhões de euros dispendidos com "acções de socorro" para salvar o euro e estrangular qualquer possibilidade de intervenção dos parlamentos.

Bruxelas, aparentemente, não quer que os cidadãos tomem conhecimento do conteúdo deste tratado. Até o dia da redacção deste artigo, não pude encontrar senão uma única versão em inglês na Internet (mas 96,5% da população da zona euro fala outras línguas!).

Curiosamente, tão pouco a assinatura deste novo tratado europeu foi notada pela imprensa internacional – apesar das dezenas de jornalistas que estiveram presentes na conferência de imprensa que o anunciou (ver foto acima). Talvez porque Juncker o tenha anunciado rapidamente em francês, antes de prosseguir a conferência em inglês (?). Além disso, muitos jornalistas ainda confundem este novo tratado MEE com os seus antecessores (ilegais), o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira e o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. Eles são mais conhecidos pelos seus nomes em inglês: European Financial Stabilisation Mechanism (EFSM) e European Financial Stability Facility (EFSF). O EFSM / EFSF têm uma capacidade de empréstimo de €440 mil milhões (1320 euros por euro-cidadão!). O MEE não tem limite.

Alguns parlamentares que ouviram falar do MEE acreditam erradamente que mantêm o poder através do seu ministro das Finanças. Contudo, como este último será promovido a governador do MEE, ele não terá mais contas a prestar ao parlamento nacional (nem a quem quer que seja) quanto às decisões que tomar no quadro do MEE. Se o Parlamento ratificar o tratado, é este tratado internacional que tornará prioritário em relação às legislações nacionais.

No momento em que escrevo, o tratado ainda deve ser ratificado pelos Parlamentos nacionais em todos os 17 países, a menos que isto já tenha sido feito aqui e ali de modo silencioso.

MEE, um golpe de estado em 17 países

Se por golpe de estado entendermos a tomada do poder real e a limitação do poder do Parlamento nacional democraticamente eleito, então o tratado do MEE é um golpe de estado nos 17 países simultaneamente.

Isto está inteiramente de acordo com a filosofia da Comissão Europeia. Segundo o seu presidente Barroso, deve ser o governo económico da União Europeia, que deve definir as acções que os governos nacionais devem executar . (28/Set/11) [1]

O Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) não é tanto um mecanismo e sim uma nova administração da União Europeia. O objectivo declarado é fornecer empréstimos (sob condições estritas) a países do euro que já não podem cumprir suas obrigações financeiras. Ele retomará as tarefas do EFSF e do EFSM mencionadas acima e será gerido por um Conselho de Governadores. Estes serão os 17 ministros das Finanças dos países do euro situados na União Europeia.

O tratado do MEE diz, no seu artigo 8, que este órgão disporá de um capital social de 700 mil milhões de euros. A seguir, no seu artigo 19, precisa-se que o Conselho dos Governadores pode decidir mudar este montante e, em consequência, adaptar o artigo 8. No artigo 9 é dito que o Conselho dos Governadores pode exigir a qualquer momento a entrega do capital social ainda não pago (e isto em menos de 7 dias). De facto, diz-se que o MEE pode exigir dinheiro dos países membros de modo ilimitado. O tratado não prevê direito de veto para os Parlamentos nacionais.

Unânime

Segundo o artigo 5.6 o Conselho dos Governadores deve tomar as decisões acima por unanimidade. Todo o Conselho deve portanto votar "a favor".

A primeira vista é muito estranho que o funcionamento do tratado dependa inteiramente da unanimidade dos 17 ministros das Finanças da zona euro. Quando se vê quantos esforços são precisos neste momento para a conclusão de um acordo sobre a entrega de empréstimos já prometidos à Grécia, não seria de esperar que a União Europeia construísse um tratado que parte exactamente do princípio de que esta unanimidade existe ou pode ser conseguida.

A zona euro consiste num reflexo variegado da diversidade da Europa: os Países Baixos, a Bélgica, o Luxemburgo, a Alemanha e a França e depois a Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, Malta, Grécia, Eslováquia, Eslovénia e finalmente a Estónia e a Finlândia. De facto, os 17 ministros formam igualmente uma companhia variegada. Cada um deles representa um país com interesses diferentes. E deles se espera a unanimidade? Como é possível?

Para compreender isso devemos olhar um pouco mais longe. No MEE são realmente os 17 ministros das Finanças que votam todas as decisões importantes, mas ainda há outras pessoas que estão presentes em todas as suas reuniões, oficialmente como "observadores". Por que estes ministros têm necessidade de observadores? Para verificar se fazem bem o que deles se espera?

Os referidos observadores são em número de três:
o membro da Comissão Europeia que está encarregado dos assuntos económicos e monetários;
o presidente do Grupo Euro (um clube informal destes 17 ministros das Finanças);
e o presidente do Banco Central Europeu! [2]

Portanto, se podemos esperar uma unanimidade espontânea dos 17 ministros das Finanças, será a influência exercida por estes observadores que os chegará a pô-los de acordo. Para compreender que influência a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu podem exercer sobre os nossos ministros, olhemos as coisas um pouco mais de perto.

Quem são os ministros das Finanças?

Em geral são pessoas que vão e vêm. Mais frequentemente eles são nomeados após eleições parlamentares, que desembocam primeiro sobre negociações para formar uma coligação maioritária a expensas das promessas eleitorais e que são seguidas por pressões para o preenchimento das pastas importantes, como o Ministério do Interior, da Economia e das Finanças.

Trata-se, mais habitualmente, de pessoas que ambicionam uma carreira política e que foram promovidas por partidos políticos. No caso favorável, elas dispõem de capacidades para conduzir um ministério. Uma tal pessoa pode ter a direcção da Defesa e depois, em outra ocasião, ser nomeado ministro da Educação ou dos Assuntos Sociais. O conhecimento do assunto é geralmente considerado menos importante do que as capacidades dirigentes.

A economia não são as Finanças

Assim, temos nos Países Baixos um ministro das Finanças, Jan Kees de Jager, que está coberto de diplomas de economia, mas que, inicialmente, dava pouca impressão de compreender alguma coisa de finanças. Uma das suas primeiras ideias foi propor uma lei que devia proibir estimular as pessoas a retirarem o seu dinheiro do banco. Jan Kees, os bancos não têm dinheiro! Para cada euro que os clientes de um banco como o ING (o maior banco holandês) têm nas suas contas, o banco não tem senão 3 centimos à disposição. Ninguém iria fazer fila por isso, não é? E depois, se o banco central não quer que um banco caia, este pode facilmente resistir a uma "run on the bank" com o dinheiro que lhe é emprestado.

Os ministros das Finanças recem-nomeados geralmente estão loucos de alegria por terem conseguido chegar tão longe nas suas carreiras. Contudo, eles chegam a um mundo de que conhecem pouco ou nada. É o pequeno mundo influente das instituições financeiras internacionais e dos números com zeros infindáveis. Um momento de desatenção basta para que se enganem em dezenas de milhares de milhões de euros (o primeiro-ministro holandês Rutte e Jan Kees de Jager enganaram-se em 50 mil milhões de euros no quadro dos fundos de socorro europeus) [3] . Estes ministros novos são presas fáceis para os conselheiros do BCE e do FMI, que lhe vêem explicar como as coisas funcionam e o que se espera de um bom ministro das Finanças.

Na medida em que estes ministros das Finanças tenham conhecimentos de base em economia, eles poderiam saber que a experiência do euro está votada ao fracasso. Isto já era conhecido em 1970 no arranque do projecto, mas banqueiros e políticos teimosos avançaram com a moeda única apesar de tudo. O problema é que uma moeda única não pode funcionar senão num território económico homogéneo. [4] [5] [6] Eis porque:

A prisão das taxas de câmbio fixas


Quando consumidores, nos países com possibilidades de produtividade mais reduzidas, preferem comprar produtos importados menos caros e melhores, a dívida externa aumenta. Ao mesmo tempo, a produtividade no interior do país diminuirá. Se o país dispuser da sua própria moeda, ele pode desvalorizá-la. Isso torna os produtos de importação mais caros para a sua própria população e os produtos de exportação menos caros para os compradores estrangeiros. A dívida diminuirá e a produtividade aumentará. As desvalorizações eram correntes antes do começo do euro. Agora, com o euro, isso funciona como uma taxa de câmbio bloqueada. Os países menos produtivos são capturados como ratos numa ratoeira. Eles jamais poderão sair das dívidas. É por isso que o método de carregar dívidas ainda mais elevadas sobre estes países é estranho e mal intencionado.

Viva o mercado único dos capitais

Não devemos esquecer que estes países não tinham grandes problemas inultrapassáveis no momento em que entraram na zona euro. Do contrário, não teriam sido admitidos. De facto, os problemas começaram com a sua adesão ao euro. É que simultaneamente a livre circulação dos capitais também se tornou um facto. Bancos existentes dos países do euro afluíam maciçamente para fornecer empréstimos baratos aos novos cidadãos do euro. E uma vez que, com um mesmo capital, os bancos são autorizados a fornecer duas vezes mais hipotecas do que empréstimos para outras utilizações, foram sobretudo habitações o que foi financiado. Os banqueiros esqueceram, contudo, que as pessoas não têm necessidade só de um espaço para habitar, mas também de receitas para reembolsarem seus empréstimos. Eles deveriam ter financiado suficientemente também as actividades económicas. Não foi o que aconteceu. Assim, uma primeira vaga de novos cidadãos do euro encontrou-se com dívidas de que nunca mais poderá sair. O mercado imobiliário afunda-se. Os empresários e seus fornecedores abrem falência, deixando atrás de si uma paisagem desoladora de quarteirões de habitação vazios e não acabados.

As regras problemáticas do euro

Além disso, é preciso saber que os "países com problemas" eram assim designados devido ao facto de que não respondiam às exigências apresentadas pela zona euro, ou seja, um défice orçamental máximo de 3% do PIB e uma dívida do Estado máxima de 60% do PIB. [7] Normalmente não há qualquer problema para um país quando a dívida é o dobro; quando, por exemplo, elas são contrabalançadas por haveres públicos, como é o caso da Grécia. E um défice orçamental de mais de 3% tão pouco deve ser um problema para um país. De facto, o único problema era que os limites colocados pela zona euro se verificaram irrealistas. Quase nenhum dos países membros podia atendê-los. Poder-se-ia dizer que aqueles que estabeleceram exigências não factíveis eram grandes estúpidos, bem como os ministros que prometeram respeitá-las. Seja como for, trata-se de um meio simples para provocar uma crise.

Ovelha negra

Porque quase todos os países haviam ultrapassado os limites fixados, era útil desviar as atenções e apontar com o dedo o aluno mais desobediente. Para a Grécia, eles montaram mesmo toda uma campanha de difamação, na qual participaram igualmente políticos mentirosos holandeses. A Grécia teria escondido a sua dívida [8] , os gregos era ociosos e partiam cedo para a reforma, etc. [9] Rapidamente a Grécia foi atacada de todo lado e teve de pagar juros cada vez mais elevados para os seus empréstimos. Felizmente seus companheiros de classe do euro queriam mesmo ajudar. Jan Kees prometeu mesmo que nós ganharíamos dinheiro com ela.

Dinheiro é poder

Depois de acabar de manobrar a sua vítima e levá-la a perturbações – mais uma vez: a Grécia não tinha um problema inultrapassável quando acedeu à zona euro em 2001 – então pode-se aplicar a política da cenoura e do bastão: nós lhe forneceremos empréstimos, mas na condição de... O FMI tem meio século de experiência com este tipo de abuso de poder. Ele aplicou esta política deliberadamente em muitos países em desenvolvimento. Primeiro o país é sobrecarregado de empréstimos, de modo a que já não possa sequer pagar os juros. Estes empréstimos são concedidos para projectos definidos. Estes geralmente são executados por empresas estrangeiras. São elas que recebem o dinheiro dos empréstimos. O país fica com as dívidas. A seguir vende-se tudo o que o país tem de valor a investidores estrangeiros. E, naturalmente, o governo deve cortar as despesas até o osso e a população deve sangrar, para que se compreenda que o FMI é o mestre.

Captura do poder da Comissão Europeia

Se bem que o artigo 122.2 do Tratado sobre o funcionamento da União Europeia (TFUE) [10] permita ao Conselho Europeu fornecer ajuda financeira membros em aflição (sobre proposta da Comissão Europeia), os lobos da Comissão Europeia não podiam resistir à tentação de erigir o seu próprio FMI ou, mais precisamente, um irmão europeu, que colaboraria estreitamente com o FMI.

Eles avançaram rapidamente, em Maio e Junho de 2010, com o EFSM e o EFSF. Eles tinham um carácter provisório e uma base legal falível. Recentemente a capacidade de empréstimo do EFSF foi aumentada até 440 mil milhões de euros (isso representa 1320 euros por cidadão europeu).

O sucessor é o MEE. Assinado em 11 de Julho de 2011, ele aguarda ratificação pelos Parlamentos nacionais entre esta data e 31 de Dezembro de 2011. O MEE terá um carácter permanente e o poder de exigir somas ilimitadas dos cofres de Estado e de os emprestar sob o risco e as despesas dos cidadãos do euro. Eles começam com um capital social de 700 mil milhões (2100 euros por cidadão da eurozona), mas já falam em montantes de 1500 a 2000 mil milhões, de que pensam ter necessidade...

A emenda do artigo 136

O MEE baseia-se numa emenda do artigo 136 do TFUE aprovada em 23 de Março de 2011 [11] , que de facto constitui um acréscimo de poder da União Europeia. E porque esta emenda baseia-se no artigo 48.6 do Tratado da União Europeia (TUE), isso é ilegal. [12] Mas em Bruxelas eles marimbam-se e mesmo os Parlamentos nacionais consideram as regras democráticas não suficientemente importantes para recusar esta construção ilegal. Com efeito, a consequência seria que a população deveria primeiro pronunciar-se sobre esta extensão do poder de Bruxelas. E este povo débil certamente votaria contra.

O MEE terá o poder de esvaziar os cofres dos Estados sem que os Parlamentos possam se opor. Além disso, esta emenda – estritamente de acordo com o texto – torna possível toda uma pilha de outras instituições anti-democráticas que, sob o pretexto de combater a instabilidade do euro, poderão limitar os efeitos da legislação nacional e os direitos dos cidadãos.

Shock and awe

Criar uma crise e capturar o poder. É no momento em que o país está totalmente desorganizado que se pode ordenar as coisas à vontade. É um cenário violento que os defensores da economia do mercado livre têm aplicado desde há décadas em muitos países, como a Inglaterra, Polónia, China, África do Sul, Rússia e Estados Unidos. Recomendo um dos livros mais esclarecedores da nossa era: A doutrina do choque , de Naomi Klein – uma leitura obrigatória.

Agora é a vez da Grécia. A difamação fez o seu trabalho. Os cidadãos nos outros países euro quase não protestam, e quando o fazem é contra a possível perda do seu dinheiro que os Fundos de Pensão ali investiram. Mas se eles reflectissem um pouco mais compreenderiam que um dia, talvez já amanhã, também eles poderão manobrados dentro de dívidas, pelos fundos de socorro. Isso poderá acontecer de repente, anunciado por um título na imprensa como "Crédit Agricole em risco de falência".

Círculo vicioso

Entretanto, no pânico criado, os Parlamentos aceitam medidas de urgência que na véspera não haviam sequer imaginado serem propostas. Agora o dinheiro dos fundos de socorro deve igualmente servir para salvar os bancos. Criámos portanto um círculo vicioso: os bancos causam os problemas, eles podem lucrar directa e indirectamente dos empréstimos concedidos através das medidas de urgência e agora podem emprestar ainda mais temerariamente, pois as perdas eventuais serão pagas pelos cidadãos do euro!

Abaixo a tomada de decisões por unanimidade

Retorno ao nosso MEE. Este tratado pode funcionar ou tornar-se caduco conforme os 17 ministros das Finanças sejam unânimes ou não. A Comissão Europeia e o BCE têm confiança na sua influência para por os 17 narizes no mesmo sentido.

Na verdade, não é necessário que sejam todos os 17. Uma decisão é igualmente válida quando os ministros não estão todos presentes. Cada ministro representa um certo número de votos, relacionado com o capital subscrito pelo seu país (ver tabela abaixo ). Quando 2/3 dos ministros representando 2/3 do número total de votos estiverem presentes, eles podem votar validamente. E não votar não impede uma decisão unânime – desde que ninguém vote contra.

Em teoria, um ministro cabeçudo de um pequeno país poderia estragar a festa. Mas seja dito de passagem que ele terá de dispor de uma grande coragem. Barroso não quer mais disso. Ele quer que todos os tratados europeus sejam modificados e que as decisões não precisem mais de ser tomadas por unanimidade. Para o MEE, por exemplo, isso significaria que se a Alemanha, a França, a Itália e os Países Baixos estiverem de acordo, os outros 13 não têm mais nada a dizer. Viva a ditadura de Bruxelas! Viva a União Europeia!

Imunidade

Já estamos habituados a que administradores e representantes do povo não gostem de responder pelas suas palavras e seus actos. Mas no MEE, eles realmente empurram muito a rolha. As regras foram estabelecidas de tal modo que todos aqueles que fazem parte ou trabalham ali poderão ou não fazer como quiserem sem que tenham de responder perante nenhum Parlamento, nenhuma administração nem nenhum juiz. Em casos extremos, um ministro das Finanças poderá ser substituído por outro, que se beneficiará imediatamente dos mesmos privilégios exorbitantes. Um criminoso não poderia desejar um melhor refúgio.

Uma última reflexão

A União Europeia tem a economia do mercado livre como seu princípio declarado. Quase todo o mundo já compreendeu que a desregulamentação dos bancos, a privatização das infraestruturas e a abolição das tarefas do governo conduzem a uma sociedade dura e fustigada por crises. Estes princípios estão ultrapassados. Seus defensores não poderão impô-los senão pela violência. A Grécia não será a última vítima.

08/Outubro/2011

por Rudo de Ruijter

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