terça-feira, 31 de maio de 2011

Os selos da República

DETESTO FESTAS, galas e aniversários. No dia dos meus anos, trabalho como se nada fosse; não recordo o aniversário dos meus filhos; os meus netos parecem-me ter uma idade indefinida. Não admira que tenha reagido mal à ideia de celebrar o 5 de Outubro de 1910. Como se não bastasse ser forçada a assistir a mais uma comemoração, fui obrigada a ver e a ouvir dislates.





Vem isto a propósito de uns selos dos CTT que anteontem chegaram a minha casa, apostos num embrulho. Eis as palavras colocadas por debaixo dos bonecos que os ilustram. No primeiro, pode-se ler: «História das Liberdades. Em 1910 a notícia da implantação da República foi acolhida com manifestações de entusiasmo popular» e, no segundo, «História das Liberdades. Na República Portuguesa cada um é senhor de conduzir o seu destino, o que merece ser festejado». A fim de que não subsistam equívocos, esclareço, desde já, que não sou monárquica nem alimento sentimentos nostálgicos em relação ao Estado Novo. Apenas prezo a verdade histórica.

Vamos a ela. Durante a Monarquia, a República significou quatro coisas: «bacalhau a pataco», o derrube da «tirania», a expulsão da «reles canalha da batina» e o sufrágio universal. Era isso que a propaganda prometia. Depois, embora o rei tivesse desaparecido e os padres fossem humilhados, nem a alimentação ficou mais barata, nem os trabalhadores puderam votar em maior número, nem as liberdades aumentaram. Dois meses apenas após a queda do regime monárquico, quando ingenuamente os operários começaram a reivindicar uma vida melhor, a República promulgou uma lei restritiva das greves, que passou à História como o «decreto-burla».

A mudança tão pouco favoreceu a participação política. Uma vez no poder, os Republicanos perceberam que, se dessem o voto a todos os portugueses, seriam derrotados, uma vez que os camponeses jamais votariam neles. Daí a lei eleitoral de 1913, a qual, a pretexto de combater o «caciquismo», retirou o voto aos analfabetos, ou seja, à maioria da população. O número de recenseados desceu logo para metade: de 846.801 passou a 395. 038, a proporção mais baixa desde 1860. À medida que a República mostrava a sua verdadeira face, o eleitorado de Lisboa desinteressava-se do voto. A abstenção, que, em 1911, fora de 13%, subiu, em 1919, para 80%.

Há pior: a República começou a prender indivíduos sem os julgar. Em meados de 1912, existiam 2.382 presos políticos, muitos deles operários que haviam participado na greve geral de Janeiro desse ano. Não admira que os trabalhadores acabassem por aderir, em massa, ao anarco-sindicalismo, uma doutrina que proclamava o que eles sentiam: os políticos, todos os políticos, eram uns vermes. Em suma, a República não respeitou as liberdades.

por Maria Filomena Mónica, «Expresso» de 28 Mai 11

Irresponsavel mas "nosso".

Tendo em conta que a Madeira é (mas que sei eu?) território nacional, que as eleições em curso se destinam a eleger um parlamento de cuja composição resultará um governo nacional e que os diferentes líderes partidários que vão a votos são candidatos ao "emprego" (a feliz expressão é de Passos Coelho) de primeiro-ministro de Portugal, talvez importasse saber o que pensam esses candidatos acerca do carnaval orçamental madeirense.


Sobretudo Passos Coelho, que justificadamente tem feito campanha à volta da dívida pública, do descontrolo da despesa, dos concursos "por medida" e das famosas parcerias público-privadas (PPP), estas matéria também do memorando com o FMI, BCE e UE com que o PSD se comprometeu através de uma dita carta "congratulatória" (ou "jubilatória"?), de "conforto" ou que o valha.

Por que motivo - por hipocrisia?, por cobardia?, apenas por distracção? - não falará Passos Coelho nas PPP da Madeira? O "Público" deu ontem notícia delas: violando todos os limites orçamentais de endividamento da Região, Jardim meteu 3,5 mil milhões de euros, sem concurso público, em concessões rodoviárias a "sociedades constituídas por entidades bancárias e construtoras com ligações a dirigentes regionais do PSD". O Tribunal de Contas considera tais concessões ruinosas e gravemente lesivas do interesse público. E Passos Coelho? Ou será que Jardim é irresponsável, mas é o "nosso" (dele) irresponsável?


Manuel Antonio Pina, JN, Maio 2011

sábado, 21 de maio de 2011

Contra factos...

Louçã: 20 pessoas têm mil lugares de administração

Francisco Louçã denunciou dados de um relatório da CMVM que revelam que existem em Portugal 20 pessoas com cargos de administradores em mil empresas diferentes. Cada uma destas pessoas tem em média 50 empregos desde cargos de administração até conselhos fiscais.

A denúncia partiu do líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, referindo-se a um relatório da CMVM: «Há 20 administradores das maiores empresas portuguesas que têm mil cargos de administração. Cada um deles tem, em média, 50 empregos».


Segundo o coordenador do BE, citado pela Lusa, «um deles tem 62 empregos e os outros não lhe ficam muito longe», acrescentando que «o ordenado mais importante que é pago a uma destas pessoas, é o que está à frente, no topo, é de dois milhões e meio de euros».

«Os outros receberão um pouco menos. São os homens mais poderosos de Portugal».

Louçã explicou, assim, que quando se pergunta «onde é que está a dívida, que problemas é que tem a economia, porque é que nos últimos anos cresceram os problemas, porque é que se fizeram construções desnecessárias, a resposta está aqui: 20 pessoas com mil cargos de administração, cruzando grupos diferentes, cruzando todo o mapa da economia».

«É um pequeno grupo de turbo-administradores que voam de empresa para empresa. Chamam a isto trabalho talvez mas certamente a isto chama-se renda», condenou Louçã num comício em Elvas.


CMVN, Maio 2011

Vamos ter de pagar 125 mil milhões em seis anos

O empréstimo de 78 mil milhões de euros, do FMI, será pago entre 2016 e 2021, período em que vencem mais 46,4 mil milhões em obrigações. Uma factura gigante que Portugal terá de pagar em seis anos.


O semanário "Expresso" escreve que durante semanas, Portugal viveu com a corda na garganta. A cada novo leilão de dívida pairava a dúvida sobre se haveria compradores. O Governo acabou por dar o braço a torcer e pedir ajuda. Agora, durante os próximos quatro anos, o financiamento está garantido. O problema maior será na altura de pagar a conta.

O empréstimo da União Europeia e do Fundo Munetário Internacional (FMI) chegará, em tranches, até Junho de 2014 e começará a ser pago dentro de quatro anos e meio durante um período de seis anos. Ou seja, os 78 mil milhões de euros do empréstimo terão de ser devolvidos entre 2016 e 2021. Precisamente num período temporal em que vencem 46,4 mil milhões de euros em Obrigações do Tesouro.

Assim, ao longo destes seis anos, o Estado português terá de pagar um total astronómico de 124,4 mil milhões de euros, qualquer coisa como 72% do PIB actual, o que implica emitir obrigações anualmente numa média de 21 mil milhões de euros. Mais do dobro das emissões anuais nos últimos cinco anos.



DN, Maio 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Das minas à cultura e à pesca!

Recebi há dias uma petição que pedia aos partidos para não gastarem dinheiro na campanha eleitoral. Não é meu hábito comentar estas iniciativas, desta vez, porém, decidi fazê-lo. Aceitei o pedido com uma condição: ser posto em prática quando todos tivessem iguais meios de comunicarem.

Quando os tempos de telejornal e de rádio forem idênticos; quando o seu tratamento (textos, imagens, enquadramentos) for equidistante, quando os comentadores e analistas que por aí pululam deixarem apenas de repetir as posições e afirmações do PS, do PSD e do CDS; quando na Imprensa, as fotos, as legendas, os textos e os títulos tratarem, de forma idêntica, os diversos partidos. Nessa altura, poderemos dispensar outros meios de esclarecimento!

Julgava que não teria resposta. Enganei-me. Disseram-me que nunca pensaram no assunto do ponto de vista da efectiva igualdade de oportunidades, princípio básico da democracia pluralista!

Lembrei-me disto por estes dias. Na sexta-feira acompanhei Jerónimo de Sousa na sua visita ao Porto. Reunimos com o presidente da Associação Nacional de Lacticínios por causa do drama dos produtores de leite. Fomos a S. Pedro da Cova falar com dezenas de pessoas, assumindo o compromisso de impor a remoção de toneladas de resíduos perigosos para a saúde, aí depositados em 2001, era Sócrates ministro do Ambiente. Jantamos e falamos com intelectuais, e fizemos questão de saudar M. António Pina, o novo Prémio Camões. Participamos num comício em Matosinhos onde se falou de pescas, da indústria conserveira e da razia operada pelo PS, PSD e CDS desde a adesão à UE.

De tudo isto, na Imprensa diária editada no Porto, nem uma palavra, uma referência sequer. Para o DN, o JN e o Público, e seus leitores, Jerónimo de Sousa não esteve cá...



Honorio Novo, JN, Maio 2011

sábado, 14 de maio de 2011

Restruturação, jamais?

É claro que soluções para as periferias europeias, e portanto para a crise da Eurozona, são medidas como a emissão de obrigações europeias ou recompra da dívida pelo FEEF. A reestruturação da dívida é o que irá acontecer se decisões desse tipo não forem tomadas a tempo, e é preciso prepararmo-nos para a eventualidade delas não serem tomadas de todo.


Não se compreende portanto que alguém, fingindo-se muito indignado, possa dizer alto e bom som - “reestruturação jamais” - sem corar de vergonha. Se uma coisa é certa - e acerca dela nem sequer há divergências entre economistas de esquerda e de direita - é que com estas perspectivas de recessão e estas taxas de juro, a dívida das periferias não é pagável. É matemático: a dívida explodiria.

O que não se compreende também é que se oculte que a reestruturação, com “cortes de cabelo” e tudo, está prevista nas resoluções do Concelho Europeu para depois de 2013 e já aconteceu de facto na Grécia quando as taxas de juro e as maturidades dos empréstimos FEEF/FMI foram revistas.

Na realidade, o que se passa é que alguém anda a querer ganhar tempo. Tempo para quê? Talvez para limpar dos balanços dos bancos o lixo tóxico (títulos de dívida pública e privada grega, irlandesa e portuguesa). Alguém anda a querer "repatriar" a dívida para que o “corte de cabelo” quando vier não o afecte. O tempo que esse alguém anda ganhar, para nós é tempo perdido. O que estão á espera para articular posições com a Grécia, a Irlanda e a Espanha (e outras vozes razoaveis na UE)? Ainda acham que podemos ser contaminados por algum virus mediterranico?

É por isso que me parece absolutamente irresponsável um dirigente político dizer - “reestruturação jamais” – e fazer disso bandeira de campanha eleitoral, ao mesmo tempo que aceita o prato de veneno que lhe põem à frente e ainda por cima lhe chama um figo. Parvos somos nós?

Postado por José M. Castro Caldas às 14.5.11

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A "troika" do fraque

Quanto mais leio e releio o memorando da troika, menos compreendo o alvoroço que por aí vai, a favor ou contra. Absurdamente transformado numa espécie de "programa de Governo", o memorando vem bem a tempo de animar a campanha eleitoral e, talvez, de a tirar do impasse que se anunciava. Mas não vai resgatar o País, nem melhorar a vida dos portugueses, porque omite completamente a questão decisiva, que é a de saber qual vai ser o motor do nosso crescimento.


É um documento tão banal no diagnóstico como ilusório nos objectivos e injusto nos meios. O tempo que vivemos já não é o destas soluções, que tudo endossam às virtudes e aos vícios, ora do neoliberalismo ora do Estado providência.

O memorando é o resultado, e sem dúvida também o retrato, do que é hoje a lentidão da política, de todas as políticas. E traduz bem a incapacidade de qualquer política, nacional ou europeia, para fazer frente à "financeirização" do mundo a uma estonteante velocidade, ilustrando o enorme abismo que se cavou entre o mercado e o Estado de direito, entre a finança e a democracia.

Esta última desgraça portuguesa teve certamente várias causas. Mas a mais directa - e mais patética - foi a decisão do nosso primeiro-ministro de apostar tudo em resistir, como se a resistência pudesse hoje em dia ser uma política.

Quando ouvimos o slogan "Defender Portugal" ocorre-nos a imagem de um herói corajoso, de uma acção decidida, de uma luta vigorosa. Mas na verdade, e como aliás rapidamente se viu, esta "defesa" não passou de uma teimosa e irresponsável negação da realidade. Uma perda de tempo, que é justamente o que os mercados menos suportam. Porque é preciso perceber que, enquanto os políticos fazem contas em termos de liquidez, ou da falta dela, os traders pensam logo em solvência e em bancarrota - e agem na ordem dos microssegundos. Num mundo em que as fronteiras desapareceram e em que o espaço deixou de contar, só o tempo manda, e o curto prazo torna-se a bitola dominante.

Embora nós, europeus, percebamos cada vez melhor que estamos num barco que mete água por todos os lados, procedemos como se fosse melhor para todos não falar muito nisso. Como se o silêncio pudesse conduzir ao milagre. Em vez de agir, fazemos figas.


Olhamos para a Grécia e vemos os resultados da receita que agora nos foi prescrita. Mais suave, diz-se, com o sorriso amarelo dos condenados. Mas lá está a mesma matriz de austeridade cega, com todos os seus dogmas, toda feita de pura contabilidade e com a mesma indiferença cínica em relação ao único ponto que verdadeiramente interessa: o crescimento.

O nosso pacto com a Europa reduziu-se, afinal, a um verdadeiro pacto com o Diabo, como se o crédito fosse a sua forma contemporânea. A União Europeia deixou de ser uma União de Estados e tornou-se numa associação de credores e devedores.

O memorando da troika não veio libertar-nos desse garrote. Veio, quando muito, aliviá-lo, juntando algumas exigências e garantindo-nos apenas uma coisa nos próximos tempos - a recessão.

Pusemo-nos bem a jeito, isso é que é a verdade. Porque este é também o saldo final da política do betão que nos últimos vinte anos governou Portugal: auto-estradas, estádios de futebol, etc. etc. etc. E sempre que se prometeu cortar com isso, e dar uma oportunidade à qualificação e a outras ambições, apenas se fez uma pausa, de resto pequena. A qualificação perdeu sempre e o betão apanhou tudo - energia, saúde, educação, tudo.

Os recursos naturais, as indústrias criativas, o turismo qualificado, o imenso potencial do mar, uma exigente qualificação do território, das instituições e das pessoas, tudo isto e muito mais foi sempre ignorado pelos apóstolos do betão, dos serviços e da finança. Construímos assim um país mitómano, em que a "mania das grandezas" tomou conta do Estado e dos políticos, dos cidadãos e da sociedade civil. Infelizmente, o "socialismo moderno" de Sócrates, deslumbrado com as novas tecnologias e as finanças, foi mais do mesmo.


E, como foi tudo a crédito, ficámos nas mãos dos credores. Aqui, note-se que o problema não é só a dívida. Os japoneses sabem-no bem, com a sua gigantesca dívida pública acima dos 200%. O problema é sobretudo a quem é que ela pertence, ou seja, a quem é que devemos. No caso do Japão a dívida é deles (o que os torna imunes às pressões dos ratings), e no caso português a dívida é, em mais de três quartos, alheia.

Sabendo isto, era fácil perceber bem cedo que um dia o cobrador ia bater à porta. No meio da aflição da bancarrota, a troika ganhou uma aura salvadora de "santíssima trindade", mas no fundo não passa de uma equipa de três cobradores... de fraque completo. Porque é sobretudo isto que pretende o memorando: lembrar a factura, dar uma folga e garantir o retorno de todos os empréstimos.

Nesta campanha eleitoral, os programas e os debates juntam-se ao memorando da troika, mas tudo soa a vazio. Na verdade, falta a compreensão não só do que aconteceu mas sobretudo do que se precisa. Talvez porque, como um dia escreveu Agustina Bessa-Luís, "o português se sente à vontade com o que não entende". Talvez!


Manuel Maria Carrilho, DN, Maio 2011








segunda-feira, 9 de maio de 2011

A pilhagem do "bom acordo"

O programa imposto pela troika mandante (FMI, BCE e CE), apoiado pela troika obediente (PS, PSD e CDS) e assinado por José Sócrates, não é um "acordo" e, muito menos, "bom". Pelo menos, para a esmagadora maioria dos portugueses, como se pode comprovar por algumas das gravosas medidas nele previstas:


-Despedimentos mais fáceis e baratos;

-Redução da duração e do montante do subsídio de desemprego;

-Congelamento do salário mínimo nacional e desvalorização geral dos salários;

-Diminuição real de todas as pensões e reformas durante três anos;

-Aumento do IVA, designadamente nas taxas de bens e serviços essenciais;

-Aumento do IRS por via da redução ou eliminação de deduções fiscais (saúde, educação, habitação);

-Eliminação das isenções do IMI nos primeiros anos, após a compra da casa;

-Aumento dos preços da energia eléctrica e do gás;

-Aumento das rendas da habitação e facilitação dos despejos;

-Continuação dos cortes nas prestações sociais;

-Agravamento significativo das taxas moderadoras e diminuição das comparticipações dos medicamentos;

-Cortes significativos na saúde, educação, justiça, administração local e regional;

-Congelamento durante três anos dos salários da função pública e redução de dezenas de milhares de postos de trabalho na administração pública;


Só mesmo para os grupos económicos e financeiros nacionais e estrangeiros se pode falar em "ajuda", com um programa feito à sua medida:

-Entrega de empresas e participações estratégicas ao capital privado;

-Privatização da participação do Estado na EDP, na REN e na TAP, já em 2011;

-Alienação dos direitos especiais do Estado (“golden shares”) em empresas estratégicas como a PT;

-Privatização da Caixa Geral de Depósitos no seu ramo segurador (mais de 30% da actividade financeira do grupo);

-Privatização das empresas municipais e regionais;

-Ofensiva contra o sector público de transportes de passageiros e mercadorias, designadamente com a privatização da ANA, CP Carga, Linhas ferroviárias suburbanas, gestão portuária, etc.;

-Venda generalizada de património público;

-Transferência para o sector privado, por via do encerramento e degradação de serviços públicos, de vastas áreas de intervenção até aqui asseguradas pelo Estado;

-Isenção da Banca e dos grupos económicos de qualquer medida de penalização;

-Transferência de 12 mil milhões de euros para a banca, acrescida de garantias estatais no valor de 35 mil milhões de euros;

-Assunção pelo Estado dos prejuízos da gestão fraudulenta do BPN, através da sua privatização até Julho de 2011, sem preço mínimo e liberta de qualquer ónus para o comprador;

-Em suma, se o "bom acordo" de José Sócrates e da "União Nacional" (PS/PSD/CDS) vier a concretizar-se, os portugueses e Portugal serão vítimas da maior pilhagem efectuada desde os tempos do fascismo. E a economia continuará em queda, o desemprego a subir e a pobreza a aumentar.

Por tudo isto, nunca uma eleição terá sido tão dramaticamente importante como a de 5 de Junho. Se a maioria dos portugueses não acordar rapidamente e for capaz de dizer NÃO a este crime, as conquistas de Abril não serão mais do que uma saudosa memória e Portugal um país cada vez menos viável. É isso que está em jogo!

Portugal tem 2 milhões de hectares de terra completamente ao abandono

As contas foram feitas pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Rui Barreiro, e hoje (7 de Abril 2011) anunciadas oficialmente: Portugal tem cerca de dois milhões de hectares de terra abandonada – ou seja, uma área equivalente a cerca de dois milhões de campos de futebol pronta para ser trabalhada.


O governante, que falava durante a abertura do congresso internacional Agricultura Urbana e Sustentabilidade, que se realizou no Seixal, explicou que este recurso não pode ser desperdiçado.




“As estimativas apontam para a existência de dois milhões de hectares em parcelas de território abandonadas ou semi-abandonadas no País. Existe um recurso ao serviço do desenvolvimento do País que não está a ser utilizado”, referiu Rui Barreiro.

O que significam estes números? “Um desperdício, um luxo a que Portugal não pode dar-se”, revelou, acrescentando que é necessário “integrar [o facto de a agricultura estar na moda] com os instrumentos de gestão do território do poder local”.

O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural adiantou ainda que Portugal precisa de “reflectir sobre a agricultura” para poder tornar-se num “espaço mais produtivo, competitivo e sustentável”. Mas também, alertou, para poder responder às crises económicas.

“A questão agrícola deve passar a fazer parte dos interesses dos autarcas nos próximos instrumentos de planeamento. O paradigma da globalização vai mudar, os mercados locais e regionais vão ter cada vez mais importância”, concluiu o governante.



domingo, 8 de maio de 2011

Bin Laden Morreu em 2001 e o 11 de Setembro foi uma Farsa, diz Ex-Funcionário do Alto Escalão dos EUA

O ex-funcionário do alto escalão do governo dos EUA, Dr. Steve R. Pieczenik, um homem que trabalhou em diversas posições influentes durante a presidência de três presidentes diferentes dos EUA e ainda trabalha com o Departamento de Defesa americano, falou para o espanto de todos durante o The Alex Jones Show ontem que Osama Bin Laden morreu em 2001, e que estava preparado para depor diante de um júri o fato de que um general de alta posição lhe disse diretamente que o 11 de setembro foi um ataque de falsa bandeira provocado internamente.


Pieczenik não pode ser descartado como "teorista da conspiração". Ele atuou como Assistente do Secretário Adjunto de Estado de três administrações diferentes, Nixon, Ford e Carter, além de trabalhar sob Reagan e Bush pai, e ainda trabalha como consultor para o Departamento de Defesa. Ex-capitão da Marinha dos EUA, Pieczenik recebeu dois prestigiados prêmios da Harry C. Solomon da Harvard Medical School por ter completado simultaneamente um doutorado no MIT.





Recrutado por Lawrence Eagleburger como vice-secretário assistente de Estado da Administração, Pieczenik passou a desenvolver "os princípios básicos para a guerra psicológica, combate ao terrorismo, estratégia e táticas de negociações trans-culturais para o Departamento de Estado dos EUA, militares e comunidades de inteligência e outras agências de Governo dos EUA", ao mesmo tempo, desenvolvendo estratégias fundamentais para resgate de reféns, que foram posteriormente utilizados em todo o mundo.

Pieczenik serviu também como um planejador sênior da política com secretários Henry Kissinger, Cyrus Vance, George Schultz e James Baker e trabalhou na eleição de George W. Bush, na campanha contra Al Gore. Sua ficha ressalta o fato de que ele é um dos homens mais profundamente ligados aos círculos de inteligência dos últimos trinta e poucos anos.

Em abril de 2002, a mais de nove anos atrás, Pieczenik disse no programa Alex Jones Show que Bin Laden já tinha sido morto "há meses", e que o governo estava esperando o momento politicamente mais oportuno paralançar o seu cadáver. Pieczenik estaria em posição para saber, tendo conhecido pessoalmente Bin Laden e trabalhado com ele durante a guerra por procuração contra os soviéticos no Afeganistão, nos anos 80.


Pieczenik disse que Osama Bin Laden morreu em 2001, "Não porque as forças especiais o mataram. Como médico, eu tomei conhecimento de que o médico da CIA tinha tratado ele, e constava na lista de inteligência que ele tinha síndrome de Marfan”, e acrescentou ao dizer que o governo dos EUA sabia que Bin Laden estava morto antes de terem invadido o Afeganistão.

A síndrome de Marfan é uma doença degenerativa genética para a qual não há cura definitiva. Esta grave doença encurta o tempo de vida do doente.

"Ele morreu de síndrome de Marfan, Bush estava ciente disso, e a comunidade de inteligência também", disse Pieczenik, observando que os médicos da CIA tinham visitado Bin Laden em Julho de 2001 no Hospital Americano em Dubai.

"Ele já estava muito doente com resultado da síndrome de Marfan e já estava morrendo, então ninguém tinha que matá-lo", acrescentou Pieczenik, afirmando que Bin Laden morreu pouco depois de 11 de setembro em seu complexo de cavernas de Tora Bora.

"Será que a comunidade de inteligência ou o médico da CIA montaram esta situação, a resposta é sim, categoricamente, sim", disse Pieczenik, referindo-se a alegação de domingo que Bin Laden foi morto em seu complexo, no Paquistão, acrescentando: "Todo este cenário onde você vê um bando de gente sentado lá olhando para a tela de TV e eles parecem como se estivessem vendo algo tão intenso, é um absurdo", se referindo às imagens divulgadas pela Casa Branca que pretendem mostrar Biden (vice-presidente), Obama e Hillary Clinton (Secretária de Estado) assistindo a operação para matar Bin Laden ao vivo na tela da televisão.

"É um total invenção, um faz de conta, estamos no teatro americano do absurdo... Por que estamos fazendo isso de novo... há nove anos, este homem já estava morto... por que o governo tem que repetidamente mentir para o povo americano”, indagou Pieczenik.

"Osama Bin Laden estava totalmente morto, então não existe nenhuma maneira deles terem atacado ou confrontado ou matado Osama bin Laden", disse Pieczenik, brincando que a única maneira que isso poderia ter acontecido seria se as forças especiais atacassem um necrotério.

Pieczenik disse que a decisão de lançar esta farsa agora foi feita porque Obama tinha chegado ao fundo com um mergulho nos índices de aprovação e também por causa do fato de que a questão da certidão de nascimento dele estava estourando na sua cara.

"Ele tinha que provar que era mais do que o americano... ele tinha que ser agressivo", disse Pieczenik, acrescentando que a farsa foi também uma forma de isolar o Paquistão como uma retaliação à intensa oposição ao programa drone Predator (avião não pilotado), que já matou centenas de paquistaneses...

"Foi tudo orquestrado, quando você tem pessoas sentadas ao redor assistindo a uma comedia, basicamente o centro de operações da Casa Branca, e você tem um presidente que sai quase como um zumbi dizendo que acabaram de matar o Osama Bin Laden, que já estava morto há nove anos”, disse Pieczenik, chamando o episódio de, "a maior mentira que já ouvi, eu quero dizer que foi um absurdo.”

Descartando a versão do governo para o assassinato de Bin Laden como uma "piada doentia" em cima do povo americano, Pieczenik disse: "Eles estão tão desesperados para fazer Obama aparentar ser viável que negam o fato de que ele pode não ter nascido aqui (nos EUA), negam quaisquer dúvidas a respeito de seus antecedentes, as irregularidades sobre o seu passado, tudo para fazê-lo ter uma aparência mais assertiva... para re-eleger esse presidente e para que o público americano possa ser enganado novamente.”

A afirmação de Pieczenik de que Bin Laden morreu há quase dez anos é ecoado por numerosos profissionais de inteligência, assim como os chefes de Estado em todo o mundo.

Bin Laden "foi usado da mesma forma que os atentados de 11 de setembro foram usados para mobilizar as emoções e os sentimentos do povo americano para participarem de uma guerra que tinha que ser justificados através de uma narrativa que Bush júnior e Cheney inventaram sobre o mundo do terrorismo”, afirmou Pieczenik.

Durante sua entrevista no Alex Jones Show, ontem, Pieczenik também afirmou que ele foi diretamente informado por um general de destaque que o 11 de setembro foi uma operação clandestina de falsa bandeira, e acrescentou que está preparado para ir diate um grande júri para revelar o nome deste general.

"Eles realizaram os ataques", disse Pieczenik, nomeando Dick Cheney, Paul Wolfowitz, Stephen Hadley, Elliott Abrams, e Condoleezza Rice, entre outros, como tendo sido diretamente envolvidos.

"Eu ensinei técnicas de operações clandestinas e de falsa bandeira no National War College, eu ensinei isso a os meus agentes, então eu sabia exatamente o que estava sendo feito com público americano", acrescentou.

Pieczenik reiterou que estava disposto a revelar em um tribunal federal o nome do general que lhe informou que o 11 de setembro foi um trabalho interno, "para que possamos desvendar isto de forma legal, e não de forma estúpida como foi a Comissão de 11 de setembro que foi um absurdo.”

Pieczenik explicou que ele não é um liberal, um conservador ou um membro do movimento “Tea Party”, mas apenas um americano que está profundamente preocupado com o rumo que seu país está tomando.





sexta-feira, 6 de maio de 2011

o joguinho

Pena que os media não dediquem suficiente espaço ao assunto: perceber o que está a acontecer nas Bolsas nestes dias ajudaria na correcta percepção do mundo em que vivemos.
Seria mais fácil entender quem manda nas nossas carteiras, quais os interesses que fazem girar a nossa sociedade.

E esqueçam os políticos: estes vêm sempre "depois", para adequar a realidade às decisões já tomadas em outros lugares.

As commodities, por exemplo: um nome exótico para indicar algo que todos utilizamos diariamente, de forma consciente ou não. E cujas cotações influenciam (e de que maneira!) o nosso bem estar.

Mas nenhum diário (não especializado, claro) trata do assunto: ninguém informa que estamos perante uma bolha especulativa que está a rebentar.

Ninguém explica que a cotação da prata está em queda livre sem que haja uma razão "aparente" para isso, a não ser a forte especulação.

Ninguém explica que o petróleo também está em queda livre e que ninguém é capaz de fornecer uma explicação. Que não seja , outra vez, a mera especulação.

Resumindo: ninguém explica que as regras que regulam os mercados são as mesmas que levaram até a crise começada em 2008. E que ainda não acabou.

Nada mudou nestes dois anos e meio. Esqueçam as boas promessas, as boas intenções: uma Bolsa mais transparente, controles mais apertados, estas foram as boas palavras utilizadas. Que permaneceram como tais: boas palavras e nada mais.

Pior: ninguém explica que enquanto nas Bolsas há variações das cotações, na maior parte dos casos estas alcançam as carteiras do consumidor só se forem negativas; raramente um preço mais baixo dum bem traduz-se num preço de venda mais baixo em tempos razoáveis.

Pelo contrário: uma subida repentina tem reflexos imediatos nas nossas carteiras.


O petróleo

Um exemplo? Vamos com um exemplo, aliás, o melhor entre todos: o petróleo.

Na coluna de direita, aqui no blog, perto do fundo, é possível encontrar o gráfico da cotação do petróleo, este gráfico, com ao lado o do gás:





Os dados são claros: o petróleo está em queda livre.

Alguém viu os preços da gasolina baixar? Não, claro que não.

Pelo contrário, eis o que afirma o Diário Económico, de Portugal:

Gasolina vai ficar mais cara na próxima semana

Os portugueses nunca pagaram tanto pela gasolina e na próxima semana vão passar a pagar ainda mais.

Gasolina e gasóleo já aumentaram cerca de 14 e 17 cêntimos, respectivamente, desde o arranque do ano e a tendência parece ter chegado para ficar.

Na próxima semana o cenário repete-se. É que o comportamento dos mercados antecipa mais uma subida do preço da gasolina. Já o gasóleo deve descer.

Os preços praticados pelas gasolineiras têm como base a cotação média da gasolina e do gasóleo na semana anterior. Tendo em conta que [...] o preço da gasolina nos mercados internacionais aumentou 3,12%, antecipa-se uma subida do preço deste combustível já a partir de segunda-feira. A confirmar-se esta subida, o preço da gasolina deverá registar um novo máximo histórico, acima da barreira dos 1,63 euros.

A gasolina vai ficar mais cara. Porquê? Porque "os preços praticados pelas gasolineiras têm como base a cotação média da gasolina e do gasóleo na semana anterior" e "antecipa-se uma subida do preço deste combustível já a partir de segunda-feira".

Entendido o joguinho? Afirma-se que na semana anterior a cotação média era alta e que para a próxima semana já é possível prever outra subida.

O bom Diário Económico esqueceu-se de referir que ao longo dos últimos 5 dias o petróleo perdeu 14% do próprio valor e que agora a cotação é 95 Dólares ao barril (petróleo dos EUA) e 97 Dólares (petróleo Brent). Bem longe dos valores que tinham sido utilizados para justificar as recentes subidas.

Isso significa que ao longo dos próximos dias nós continuaremos a pagar a gasolina como se o petróleo custasse mais de 106 Dólares ao barril (caso do Brent), enquanto as companhias petrolíferas pagam o mesmo bem abaixo dos 100 Dólares.

Conseguem imaginar o lucro?

Os jornalistas do Diário Económico (Rita Paz, neste caso) e dos outros media não merecem uma caixa de vinho?

E daquele bom.

Ipse dixit.

Fontes: Diário Económico

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