sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Por José António Lima

BASTAVAM ALGUNS relatórios internacionais, esta semana divulgados, para os portugueses avaliarem devidamente, sem mentiras nem ilusões, o que representaram para o país estes cinco anos e meio de governação de José Sócrates.
«A década perdida de Portugal», titulava o El País no domingo, citando o Relatório da Economia Mundial do FMI, onde Portugal surge em antepenúltimo lugar entre 180 países no que respeita ao crescimento do PIB entre 2000 e 2010. Com Sócrates como primeiro-ministro, Portugal afastou-se, ano após ano, da União Europeia. E o Relatório prevê que os próximos cinco anos serão de estagnação da economia portuguesa.

Num outro relatório, este da Transparência Internacional, com sede em Berlim, Portugal aparece em 32.º lugar no ranking da corrupção, uma classificação que o coloca como um dos piores países da Europa Ocidental.

Dias antes, o relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras fazia cair Portugal para a 40.ª posição no que respeita à liberdade de expressão existente no país. Em 2007, Portugal encontrava-se no 8.º lugar, em 2008 baixou para 16.º, em 2009 para 30.º e, agora, para 40.º.

Eis um retrato fiel e sucinto da degradação a que a governação de Sócrates conduziu o país. Atraso e definhamento da economia, proliferação da corrupção e do negocismo, redução da qualidade da democracia com tentativas de controlo e silenciamento da comunicação social. A que se podem juntar o descontrolo total do despesismo do Estado, o endividamento galopante do país nos mercados internacionais, um desemprego inédito e o aumento incessante de impostos a par de cortes nos salários.
Percebe-se, por tudo isto, que Sócrates não queria enfrentar as consequências próximas da sua desastrada e irresponsável governação. Que tente, uma vez mais, vitimizar-se e atirar as culpas para cima de outros. Que prefira, com frio calculismo político, a ruptura a qualquer negociação ou entendimento mínimo que o obriguem a manter-se em funções. Sem mais expedientes. E a arcar com as consequências.

«SOL» de 29 Out 10

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

por Baptista Bastos

(...) Goste-se ou não, foi-nos imposta uma forma de sociedade totalitária, sob a capa de "democracia de superfície". Nem o PS nem o PSD contrariaram a perda de valores e de padrões, comum à hierarquização do dinheiro que a nova ordem económica incutiu e estimulou.

As nossas sociedades actuais ainda dispõem das virtualidades, intrínsecas à ética republicana e à moral democrática? Em Portugal, muitos que beneficiaram da ruptura do 25 de Abril não são aqueles que pela liberdade se bateram e inúmeros perigos correram. Não há um destes, um sequer, que tenha três e quatro reformas; ou que receba, mensalmente, 3500 contos (moeda antiga) de pensão vitalícia e actualizada, por seis meses de funções numa poderosa instituição bancária pública.
Vê-se a dificuldade da questão. Mas alguma coisa tem de ser feita. Os bárbaros estão às portas de Bizâncio.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Aspartame, Doce Veneno

Todos os produtos dietéticos à venda em grandes superfícies trazem a promessa da solução ideal para os problemas de todas as pessoas com excesso de peso. Pode assim comer os mesmos produtos com menos calorias e gordura. Admitimos que isso soa a algo miraculoso e à solução ideal para essas pessoas mas a verdade é que as consequências desses produtos podem ser fatais e porquê? Porque todos eles têm um ingrediente chamado ASPARTAME!


Quem nunca comeu um alimento Diet? Bebeu uma Coca-Cola Diet? Uma simples delicia da Corpos Danone sem gorduras? Se consumiu algum destes alimentos em alguma altura da sua vida, ou os consome ainda diariamente leia atentamente o seguinte texto, pois a sua saúde e bem-estar estão em perigo.

O Aspartame

O Aspartame é o que nós meros mortais chamam de adoçante. É um adoçante artificial substituto do açúcar que pode ser encontrado nos mais diversos produtos alimentares à venda. Este químico foi descoberto por acaso em 1965 e é constituído por 40% de Acido Aspártico, 10% de Metanol e 50% de Fenilalanina.

Esta composição parece simples e inofensiva mas a verdade é outra. Os dois aminoácidos isolados no Aspartame são fundidos através do terceiro componente, o MORTIFERO metanol. O metanol nesta estrutura tem apenas a função de fundir os dois aminoácidos mas quando este é submetido a temperaturas elevadas pode tornar-se um radical livre perigoso e venenoso.

A Fenilalanina é um dos aminoácidos essenciais que pode ser encontrado naturalmente nas proteínas (ovos, leite, bananas etc.), mas os aminoácidos devem ser consumidos em combinação e não em forma isolada, a Natureza já nos oferece os aminoácidos, o homem é que os isola. A Fenilalanina pode ser prejudicial para os diabéticos (um do publico alvo dos produtos com Aspartame) e para alguns indivíduos que são mais sensíveis a esta substância (sofrem de Fenilcetonúria). Um em cada 10.000 recém-nascidos sofrem desta doença, que se caracteriza por uma deficiência do organismo em metabolizar e eliminar a Fenilalanina, por isso a ingestão de Aspartame nestas crianças ou mães em amamentação pode causar a criança deficiência mental irreversível.

Aprovação do Aspartame

O Aspartame foi descoberto por acaso em 1965 e após anos de testes que demonstravam os efeitos secundários desta substância e dos problemas que trazia com ela, foi finalmente aprovado para consumo em 1981 e a marca que o comercializa é a NutraSweet ou Equal (que curiosamente pertence à Monsanto) e os perigos deste “Doce-Veneno” têm sido guardados secretamente desde então.

Você estará provavelmente a perguntar-se porque é que nunca ouviu falar do envenenamento por Aspartame antes. Pois bem as empresas que produzem produtos dietéticos valem triliões de Euros e estas empresas fazem tudo para proteger os seus lucros, e assim esconder os perigos dos alimentos que comercializam é a solução para as vendas não caírem. Em pouco mais de 15 anos de uso de Aspartame o número de vítimas de algumas doenças (por exemplo Esclerose Múltipla, lúpus entre outros) subiu em flecha e agora as pessoas e médicos estão finalmente a entender a causa para tais doenças. Apesar de tudo estas empresas continuam a fazer o seu trabalho sujo e a desmentir todas as acusações e provas, apesar de serem inúmeros os estudos e as vitimas que provam o contrario.

Envenenamento por Aspartame

Existem até hoje 92 sintomas que indicam o envenenamento por Aspartame e até hoje mais de 100.000 queixas oficiais. Dessa lista constam: Epilepsia, Cancro, lúpus, dores de cabeça crónicas, dores abdominais ou até mesmo a MORTE.

Muito são os cientistas e médicos que dizem que a doença que mais afecta o mundo ocidental hoje em dia é a Doença do Aspartame, pois o Aspartame pode ser a causa de doenças como:

Tumores, alergias, Esclerose múltipla, Parkinson, Epilepsia, Cancro, lúpus, infertilidade, Fibromialgia, Síndrome das pernas cansadas, Enxaquecas, Depressão e distúrbios no sistema nervoso central, Irritações vaginais, e aumento de peso.

A estrutura química do Aspartame faz com que o corpo sinta os sintomas destas doenças e é a isto que se chama a doença do Aspartame, pois muitos são os doentes diagnosticados com estas doenças que após seguirem o programa de desintoxicação recuperam a sua saúde.

Se sofre de alguma dor crónica ou persistente e consome Aspartame diariamente (no café, iogurtes, chocolates etc.) pare imediatamente, pois a única cura para o envenenamento por Aspartame é limpar o seu corpo desta substância.

Como prevenir o envenenamento por Aspartame

Para começar parar imediatamente de consumir produtos que possuam Aspartame.

Se estiver em dieta e não consegue passar sem um “doce” existem inúmeros produtos à venda no mercado que não possuem açúcar nem Aspartame, mas nada melhor que auto-controlar-se e ter uma dieta regrada e saudável.

Avise todos os seus amigos, familiares, colegas etc.

Fale sobre este assunto em casa, no trabalho, reuniões de pais na escola dos seus filhos etc.

Se vir alguém a consumir produtos Diet, pergunte se sofre de algum dos sintomas característicos do Aspartame.

Fale com o seu médico sobre os estudos científicos disponíveis sobre os efeitos negativos do Aspartame.

Caso compre produtos que contenham Aspartame e só se aperceba quando chegou a casa, devolva-os (mesmo que abertos) e alegue que aquele produto lhe causa mal-estar e indisposição. O supermercado irá devolver o produto ao fabricante e ser reembolsado. O fabricante e o supermercado receberão a mensagem.

Divulgue a mensagem em Fóruns, sites, e-mails, etc.

Leia mais e investigue mais sobre esta substância.

Sempre que vá as compras se encontrar produtos que contenham esta substância anote as marcas e faça uma lista que poderá passar a todos que conhece.

Como identificar produtos com Aspartame

Para identificar todos os produtos que contêm Aspartame, deve ler os rótulos e verificar se esta substancia se encontra nos ingredientes.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Imaginem - por Mário Crespo

Imaginem


00h30m

Imaginem que todos os gestores públicos das 77 empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.

Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.

Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas.

Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.

Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público.

Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar.

Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês. Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência.

Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas.

Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam.

Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares.

Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.

Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde.

Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros.

Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada.

Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido.

Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.

Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.

Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.

Imaginem que país seremos se não o fizermos.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Virar do avesso

Por Baptista-Bastos




O PARADIGMA DE SOCIEDADE sob o qual temos vivido está a esboroar-se. E parece não haver resposta imediata para esta nova desagregação histórica. Em termos políticos somos herdeiros de um enredo corrompido que nos fez viver entre a opressão e o medo, o ódio e a resignação. Quem nos tem dirigido não possui estofo de estadista nem a dignidade de confessar a sua impotência. As últimas décadas são cerzidas com remendos, mistificações, ideologias esgotadas, sem nenhum dos dirigentes ter, alguma vez, apostado, seriamente, na verdade e na liberdade. Sem o menor rebuço nem a mais escassa repulsa, os governantes do PS e do PSD restauraram, nos últimos trinta e tal anos em que se sentaram no poder, o reino da indecisão, da infelicidade e da renúncia.



Os três ex-presidentes que foram ao Prós e Contras (RTP1, dia 11 de Outubro, p.p.) sublinharam essas características, e apenas nos incitaram a resistir e a procurar entender o mundo que nos foi imposto. Nenhum deles falou em resignação. Mas, como não estavam ali para pregar a virtude, nem para evocar excitações antigas, repetiram que a natureza do que nos acontece exige que impeçamos o mundo, o nosso pequeno, assustado e aflito mundo, de se desfazer totalmente. Como? De uma forma ou de outra disseram-nos que a "classe política" é um desfalecimento de causa, e que temos de nos haver e ungir com o que há. O que há, porém, é muito mau. Paciência, é assim.



O paradigma económico, social, político e cultural em que vivemos soçobra a olhos vistos. E ninguém analisa, explica e debate a origem do mal. Os nossos intelectuais mergulharam na nostalgia demencial dos seus insuportáveis universos e das suas angústias insignificantes, desligados das obrigações difíceis que, moralmente, lhes são exigidas. O jornalismo não explica porque não sabe. É penoso ler o que preopinantes impreparados escrevem sobre o que nos rodeia e, afinal, nos limita e escraviza. Os sinais do tempo não se reflectem numa imprensa pejada de comentadores do óbvio, notoriamente inclinada para um só lado da história. As televisões atingem os níveis da desonra. Não são, exclusivamente, "telelixo", constituem, em boa consciência, humilhações que nos infligem.



Soares, Eanes e Sampaio desconhecem como dar a volta ao texto no qual fomos enredados. A padronização do mundo, inculcada pelo capitalismo vitorioso, favorece não só o "pensamento único" (de que tanto se falou, há anos, com presunção e ignorância) como a democracia de superfície e a abdicação de pensar. Evidentemente, há perigos ocultos e ameaças latentes. Eanes falou nas explosões sociais inorgânicas que podem pôr em causa a própria definição de sociedade, tal como a entendemos. Pergunta-se: e essa não será a solução, virar tudo do avesso?

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«DN» de 13 Out 10

domingo, 10 de outubro de 2010

Da servidão moderna - Jean-François Brient

Cada parcela deste mundo é propriedade de um Estado ou de um particular. Este roubo social que é a apropriação exclusiva do solo, se encontra materializada na onipresença de muros, barreiras, e fronteiras... São as marcas visíveis desta separação que invade tudo. Mas ao mesmo tempo, a unificação do espaço, de acordo com os interesses da cultura mercante, é o grande objetivo da nossa triste época. O mundo deve transformar-se em uma imensa autopista, racionalizada ao extremo, para facilitar o transporte das mercadorias. Todo obstáculo, natural ou humano, deve ser destruído. O ambiente onde se aglomera esta massa servil é o fiel reflexo de sua vida: se assemelha a jaulas, a prisões, a cavernas. Porém contrariamente aos escravos e aos prisioneiros, o explorado dos tempos modernos deve pagar por sua jaula. “

No sistema econômico dominante, já não é mais a demanda que condiciona a oferta, mas a oferta que determina a demanda. Então é assim que de maneira periódica, surgem novas necessidades que são rapidamente consideradas como vitais para a maioria da população: primeiro foi o radio, depois o carro, a televisão, o computador e agora o telefone celular. Todas estas mercadorias, distribuídas massivamente em um curto lapso de tempo, modificam profundamente as relações humanas: servem por um lado para isolar os homens um pouco mais de seu semelhante e por outro a difundir as mensagens dominantes do sistema. As coisas que se possuem acabam por possuir-nos.

A abundância dos produtos alimentícios apenas dissimula sua degradação e sua falsificação. Não são mais que organismos geneticamente modificados, uma mistura de colorantes e conservantes, de pesticidas, de hormônios e de outras tantas invenções da modernidade. O prazer imediato é a regra do modo de alimentação dominante, também é a regra de todas as formas de consumo. E as conseqüências que ilustram esta forma de alimentação se vêem em todas as partes. Mas é frente a indigência da maioria que o homem ocidental goza de sua posição e de seu consumismo frenético. Em vista disso, a miséria está em todos os lados onde reina a sociedade totalitária mercante. A escassez é o reverso da moeda da falsa abundância. E num sistema que promove a desigualdade como critério de progresso, mesmo se a produção agro-química é suficiente para alimentar a totalidade da população mundial, a fome nunca deverá desaparecer.

E são os mesmo poluidores que se apresentam hoje como salvadores potenciais do planeta. Estes imbecis da indústria do espetáculo patrocinados pelas empresas multinacionais tentam convencer-nos de que uma simples mudança em nossos hábitos seria suficiente para salvar o planeta de um desastre. E enquanto nos culpam, continuam poluindo sem cessar, nosso meio ambiente e nosso espírito.


A medicina ocidental só conhece um remédio contra os males dos quais sofrem os escravos modernos: a mutilação. É à base de cirurgias, de antibiótico ou de quimioterapia que se trata os pacientes da medicina mercantil. Nunca se ataca a origem do mal, senão as suas consequências, pelo motivo de que esta busca da origem do mal nos conduziria inevitavelmente à condenação fatal da organização social em toda sua totalidade. Assim como ele transformou todos os detalhes de nosso mundo em simples mercadoria, o sistema atual fez de nosso corpo uma mercadoria, um objeto de estudo e de experiências para os pseudo-aprendizes de medicina mercantil e para a biologia molecular. Os donos do mundo já estão prontos para patentear os seres vivos. A seqüencial completa do ADN do genoma humano é o ponto de partida de uma nova estratégia posta em ação pelo poder. A descodificação genética não tem outro objetivo que o de amplificar consideravelmente as formas de dominação e de controle.
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A aparência e a futilidade dominam profundamente o afronto e as idéias. Tudo isto não se parece nem de perto nem de longe a uma democracia. A democracia real se define primeiro e antes de tudo pela participação massiva dos cidadãos na gestão dos interesses da cidade. Ela é direta e participativa e encontra sua maior expressão na assembléia popular e no diálogo permanente sobre a organização da vida comum. A forma representativa e parlamentar que usurpa o nome da democracia limitam o poder dos cidadãos pelo simples direito ao voto, ou seja, a nada, tão real, que não existe diferença entre o cinza claro e o cinza escuro. As cadeiras do Parlamento estão ocupadas pela imensa maioria da classe econômica dominante, seja ela de direita ou da pretendida esquerda social-democrática. O poder não é para ser conquistado, ele tem que ser destruído. O poder é tirano por natureza, seja ele exercido por um rei, por um ditador ou um presidente eleito. A única diferença no caso da democracia parlamentar é que os escravos têm a ilusão de que podem escolher eles mesmos o mestre que eles deverão servir. O direito ao voto fez dos mesmos cúmplices da tirania esmagadora. Eles não são escravos porque existem amos, senão que existem amos porque decidiram permanecerem escravos.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Desfolhando jornais.

Thomas Friedman : acerca do duopólio na politica que se vive nos E.U.A.

(...) precisamos de um terceiro partido no próximo debate eleitoral, que olhe os americanos nos olhos e lhes diga: "Estes dois partidos estão a mentir-vos, e não podem dizer-vos a verdade porque estão ambos reféns de muitas décadas de interesses particulares inconfessáveis. Nós não estamos aqui para vos dizer aquilo que vos agrada, mas aquilo que precisam de ouvir se quisermos liderar o mundo, em vez de nos tornarmos nos próximos romanos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Gliese

Por João Paulo Guerra

O GLIESE 581g, planeta rochoso que gravita em torno da estrela vermelha Gliese 581, na Constelação da Libra, tem três vezes a massa da Terra, gravidade suficiente para manter atmosfera, indícios de água.

O Gliese 581g é pois habitável. O problema é que fica a 20 anos-luz do planeta Terra. Caso contrário, seria um bom destino de emigração, agora que a Terra se está a tornar inabitável não apenas por razões ambientais mas também porque foi tomada pelos ‘talibans' neo-liberais.

Os terráqueos têm-se convencido que estão sozinhos no Universo e gabam-se de terem erguido várias civilizações que conduziram ao grau da civilização actual, a civilização. Mas eis que a civilização está cada vez menos civilizada e até já há quem defenda que isso de Direitos Humanos é relativo: haverá os Direitos Humanos que, sim senhor, são para cumprir; mas outros, são simples figuras decorativas, questões de forma, com zero de conteúdo. E esses serão os direitos sociais. Bem dizia um pensador norte-americano que, depois de vencer o comunismo, o capitalismo procuraria derrotar a democracia.

A globalização, ao fim de 500 anos de navegações a ligar os homens e a Terra, salda-se pela integração económica segundo as receitas do neo-liberalismo. E os homens comuns vão perdendo a esperança, perante um mundo desumano comandado por fanáticos do chamado mercado. Pelo caminho que as coisas levam, é fatal que a democracia - que já é posta em causa com total falta de pudor - a breve prazo seja arrumada no baú das tralhas do passado. Um país, o nosso, que corta com a mais absoluta crueldade no bem-estar dos cidadãos, investe ao mesmo tempo em equipamento de repressão policial.
Se ao menos Gliese 581g ficasse ali ao virar da esquina de um outro mundo...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Manuel Antonio Pina - J.N. 05/10/2010

Sacrifícios para "todos"

00h30m

O"i" fez as contas e concluiu que o esforço de mil milhões de euros - sem contar com as reduções de benefícios fiscais - exigido pelo aumento de impostos anunciado por Sócrates será equitativamente dividido: os consumidores suportarão 93% e os bancos... 7%.
Só que os bancos acham 7% muito. Faria de Oliveira, presidente da CGD, já avisou que "é evidente" que os bancos repercutirão nos clientes os custos da nova taxa sobre o sector financeiro (se esta alguma vez vier, claro, a consumar-se). E, como seria de esperar, lá sairão os 7% igualmente do bolso dos consumidores.
O comentário a mais ingénuo, ou mais bem humorado, ao "aviso" de Faria de Oliveira foi decerto o do presidente da SEFIN que apelou à banca (cuja ganância e falta de escrúpulos está, como se sabe, na origem da crise) para que se preocupe com o interesse nacional, não se furtando a ajudar o Estado que, antes, nela enterrou em ajudas milhões dos contribuintes (no caso português, os 4,5 mil milhões metidos no BPP e BPN chegariam agora para, sem aumento de impostos, baixar o défice de 7,3% para 4,6%).
Ora a ajuda dos bancos ao Estado funciona assim: financiam-se no BCE, que está impedido de emprestar directamente aos Estados, a taxas de 1% e, depois, emprestam esse mesmo dinheiro ao Estado (só até Julho foram 12,9 mil milhões de euros) a 3% e 6%. Com amigos destes a ajudar, para que precisa o interesse nacional de inimigos?

Publicação em destaque

Marionetas russas

por Serge Halimi A 9 de Fevereiro de 1950, no auge da Guerra Fria, um senador republicano ainda desconhecido exclama o seguinte: «Tenh...