quarta-feira, 21 de junho de 2017

Pedrógão, uma raiva sem fim...

por Agostinho Lopes

Quem destruiu o aparelho do Estado para as Florestas portuguesas? E em nome de quê? E por ordem de quem? Estando tudo ou quase tudo cadastrado neste país, os homens, as casas, os carros, os contribuintes, porque nunca avançou o cadastro florestal? Quem fez avançar a ideia de que o problema dos incêndios florestais é da floresta abandonada? De terra sem dono? Dos pequenos proprietários que não cuidam das suas terras?

Créditos / Associação Bombeiros para Sempre

Não sei porque não posso espumar de raiva, pelos mortos queimados da tragédia de sábado. E por isso cresce-me uma tal raiva capaz de pegar fogo à água que habitualmente o apaga. Uma raiva de lágrimas e palavrões, daqueles que arrebentam penedos…

Vamos ter missas de pesar… comícios de soluções… conferências de imprensa de estudos e planos…

Vamos ter tudo o que é habitual em casos que tais, comissões parlamentares eventuais, investigações da PJ, declarações da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), discursos de ministros (por baixo, do, da Agricultura e da, da Administração Interna), de ex-ministros e até de ex-primeiros-ministros… Vamos ter tudo, tudo o que tivemos em vezes que tais… (perdoa-me Gedeão, a mal amanhada paráfrase…).

Vamos ter pena dos mortos, das árvores que arderam (até o eucalipto vai ter o seu avé-maria), dos coelhos e raposas, e até dos calhaus que com o calor racharam (só é pena que outros calhaus não rachem, mesmo de frio, já servia!).

Senhores, senhores, já tudo foi dito e escrito. Há muito. Há décadas. Já não posso mais ouvir falar de certas coisas. Já não aguento tanta repetição. Tanto disco riscado! Tanto relatório. Tanta comissão.
Tanta chuva onde já choveu. Tanto sol na eira e chuva no nabal! Por que razão não se quer gritar alto, tão alto, que as trombetas do Apocalipse parecerão ronronar de gato… que não se fez nem faz o que se tem de fazer, porque isso custa pilim… porque isso no Orçamento do Estado implica com o défice, com a dívida, com o grupo do euro, com o Semestre Europeu e o Programa de Estabilidade, com o Moscovici e o Juncker, com o Schäuble e a Merkel, com as e os… a todos!

Porque isso, chegado Outubro, vêm umas pingas e tudo fica resolvido, cai no borralho, e até serve para assar castanhas… E lá vêm mais umas reformas da floresta, mais uma catrefa de decretos-leis, portarias e despachos, oh sim muitos despachos, que a despachar para o dia de S. Nunca em Fevereiro com 30 dias, é fácil, é barato e não chateia os senhores de Bruxelas… Haverá até, para entreter os senhores deputados umas propostas de lei, em assuntos que são da competência legislativa da Assembleia da República… Senhores, não há paciência para tanto estrume…

Pobre do Diário da República, que não há folhas que lhe cheguem para tanta lei… para tanta decisão oficial e legal… para tanta recomendação… E quatro vezes pobre, a floresta, que não lhe bastando os incêndios, ainda tem o Diário da República nas suas três séries, mais o Diário da Assembleia da República a consumir o papel das árvores que sobraram dos incêndios para escrutinar e registar os incêndios florestais…

Vamos repetir tudo de novo outra vez? Oiçam os dentes a ranger! Vejam os olhos a deitar lume. Vejam a boca a espumar. Só não dou coices porque… mas é o que apetecia. E o problema não é ser assemelhado ao animal… mas porque não tenho à beira quem os merece.

Vamos ver:

Conhece-se o que são os matos, os pinhais, as bouças, a dita floresta do Norte e Centro de Portugal? Sabe-se que é uma floresta de pequenos proprietários. Imbricada até ao sabugo com as também pequenas explorações agrícolas. Sabe-se? Então se se sabe porque não se actua em conformidade?

Sabe-se que é «abandonada» porque a madeira nada dá… e sabe-se quem compra a «madeira», ou a cortiça… o Belmiro, o Queiroz Pereira, o Amorim… E senhores, gastam-se milhões de euros de dinheiros públicos – nacionais e comunitários – a subsidiar as fábricas desses senhores, e depois não há massa para os sapadores florestais, para o cadastro, para as equipas de análise do fogo, para as faixas de gestão de combustível???

Por favor, não brinquem com a gente, feitos sátrapas de meia tigela. Por que razão não se recompõe o corpo de guardas florestais, constatado o crime público que foi a sua liquidação? Custa dinheiro ao erário público? Pois custa, que ninguém trabalha de borla. Nem os da Santa Casa… Cresce o número de funcionários públicos, e isso mexe com a despesa orçamental, e sobretudo com os bonzos de Bruxelas? Pois mexe, mas a não ser que os convençam a ingressar nos corpos de bombeiros voluntários – e podia ser uma forma da burocracia bruxelense fazer férias activas – não há maneira…

Por que razão o número de Equipas de Sapadores Florestais – 500 – previsto num Plano oficial de técnicos florestais da passagem do século, 2000, se me não engano, há tanto tempo foi, continua a meio pau? Porquê? Falta de graveto? Mas ele há tanto na nossa floresta…

(Mas não se seja injusto. Os que liquidaram o corpo de guardas florestais, os mesmos que nada fazem para que o número de Equipas de Sapadores chegue aos 500, previsto há quase duas décadas, gente que passa os dias a falar da qualificação dos portugueses, têm avançado com a interessante hipótese de resolver o problema da carência de recursos humanos da floresta portuguesa pelo recurso (repetição adequada) a trabalhadores desempregados e reclusos! Como quem diz, para quem é, (a floresta portuguesa) bacalhau basta, isto quando o bacalhau era a pataco… É claro que nem os desempregados nem os reclusos têm alguma responsabilidade nesta miserável instrumentalização…).

Por que razão as faixas de gestão de combustível, as primárias pelo menos, constando de sucessiva legislação – desde o Decreto-Lei 124/2006 – não estão concretizadas? Não acham que 10 anos deviam chegar? Falta de quê? De vontade? De verba? De um comando único e eficaz de todos estes processos da floresta portuguesa, prevenção e combate, espartilhados por não sei quantos ministérios, certamente para que ninguém verdadeiramente possa assumir as responsabilidades dos desastres que, fatais como o destino, fatais como dizem que era o fado, fatais como a brutalidade da morte que tão brutalmente cortou cerce a vida a 64 homens e mulheres deste país!

Quem destruiu o aparelho do Estado para as Florestas portuguesas? E em nome de quê? E por ordem de quem? Estando tudo ou quase tudo cadastrado neste país, os homens, as casas, os carros, os contribuintes, porque nunca avançou o cadastro florestal, que todos, suma hipocrisia, diziam e dizem ser condição necessária para a boa gestão florestal. Quem fez avançar a ideia de que o problema dos incêndios florestais é da floresta abandonada? De terra sem dono? Dos pequenos proprietários que não cuidam das suas terras?

E logo, faz-se uma lei para que essa terra possa ser roubada, faz-se outra lei para criar uma bolsa ou banco de terras, dão-se uns «incentivos fiscais» a uns fundos de investimento, que vem a correr da Bolsa de Nova Iorque para a arrendar/comprar e plantar rosas e orquídeas… (Senhor, Senhor porque lhes não dais juizinho!!!).

Poderão alguns, com alguma razão, dizer que não se deve brincar com coisas sérias. Mas o que dizer do sucedido com o anterior governo PSD/CDS e a ministra Cristas que, depois de excluir do Regime Florestal total a Herdade do Ribeiro do Freixo, de 320 hectares, e desanexá-la da tutela pública para dar movimento (privatizá-la!) à sua bolsa de terras, devolveu à tutela pública a Mata da Margaraça de 67,578 hectares de propriedade pública para «compensar». Baralhados?
Como bem percebem os especialistas em algoritmos, 320 hectares na Floresta 4.0 valem o mesmo que 67,578 hectares, dos antigos agrimensores. E que o público se compensa com público, mesmo que em escala reduzida! Foi o Decreto 9/2015, diploma que também ninguém sabe bem o que é…

Quem são os responsáveis pela floresta em mancha contínua de pinheiro ou eucalipto? (E agora parece que já não lhes serve esse eucalipto…) Quem sacudiu os povos dos baldios do que era seu, para lá pôr pinheiro? Quem defendeu uma política agrícola de liquidação da pequena agricultura para lá pôr eucalipto? E o problema é que acham, continuam a achar, depois de tudo o que aconteceu, e do que vai acontecer ainda, que estão com o passo certo… E, contrariamente à bem conhecida anedota, sabem que não vão com o passo trocado, mas a toque de caixa de quem considera a floresta portuguesa o seu banco Fort Knox! A quem devem preito de menagem…

Dizemos isto, mas não nos sai da boca este sabor a raiva e lama, a raiva e carvão negro, a raiva e a um infinito lamento… Eram as horas certas em todos os relógios (perdoa-me Garcia Lorca), mas nos nossos relógios só podem rimar a raiva e a dor pelo que não podia ter acontecido… no sábado 17 de Junho de 2017, em Pedrógão Grande.

Que raiva e dor não poder fazer nada, quando tanto podia ter sido feito!

aqui:http://www.abrilabril.pt/pedrogao-uma-raiva-sem-fim

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Terrorismo na Grã-Bretanha: O que é que a primeira-ministra sabia?


por John Pilger
 
O indizível na campanha eleitoral britânica é isto. As causas da atrocidade de Manchester – na qual 22 pessoas, jovens na maior parte, foram assassinadas por um jihadista – estão a ser omitidas a fim de proteger segredos da política externa britânica.

Questões críticas – tais como porque o serviço de segurança MI5 manteve "activos" terroristas em Manchester e porque o governo não advertiu o público da ameaça em seu meio – permanecem sem resposta, desviadas pela promessa de uma "revisão" interna.

O alegado bombista suicida, Salman Abedi, fazia parte de um grupo extremista, o Libyan Islamic Fighting Group (LIFG), que prosperou em Manchester e foi cultivado e utilizado pelo MI5 durante mais de 20 anos.

O LIFG está proscrito na Grã-Bretanha como uma organização terrorista que pretende um "estado islâmico linha dura" na Líbia e "faz parte de um movimento extremista global mais vasto, inspirado pela al Qaida".

Há uma "arma fumegante": quando Theresa May foi secretária do Interior permitiu aos jihadistas da LIFG viajarem desembaraçadamente por toda a Europa e foram encorajados a empenharem-se na "batalha": primeiro para remover Muammar Kadafi da Líbia, a seguir para juntarem-se a grupos filiados à al Qaida na Síria.

No ano passado, o FBI confirmadamente colocou Abedi numa "lista de terroristas a observar" e advertiu o MI5 de que o seu grupo estava à procura de um "alvo político" na Grã-Bretanha. Por que não foi ele detido e a rede em torno dele impedida de planear e executar a atrocidade de 22 de Maio?

Estas questões levantam-se por causa de uma fuga do FBI que demoliu a interpretação do "lobo solitário" apresentada após o ataque de 22 de Maio – daí o pânico e o ultraje não característico de Londres em relação a Washington e as desculpas de Donald Trump.

A atrocidade de Manchester põe em causa a política externa britânica ao revelar a sua aliança faustiana com o Islão extremista, especialmente a seita conhecida como Waabismo ou Salafismo, cujo principal guardião e banqueiro é o reino petrolífero da Arábia Saudita, o maior cliente de armas da Grã-Bretanha.

Este casamento imperial remonta à Segunda Guerra Mundial e aos primeiros dia da Fraternidade Muçulmana no Egipto. O objectivo da política britânica era travar o pan-arabismo. Estados árabes desenvolviam então um laicismo moderno, afirmando sua independência em relação ao ocidente imperial e controlando seus recursos. A criação de um Israel voraz destinava-se a apressar isto. O pan-arabismo foi então esmagado, o objectivo agora é a divisão e conquista.

Em 2011, segundo o Middle East Eye , o LIFG em Manchester era conhecido como os "rapazes de Manchester". Implacavelmente opostos a Muammar Kadafi, eles eram considerados de alto risco e um certo número deles estava sob control orders [1] do Ministério do Interior – prisão domiciliar – quando estalaram as manifestações anti-Kadafi na Líbia, um país forjado a partir de uma miríade de inimizades tribais.

Subitamente as control orders foram levantadas. "Permitiram-me ir, sem fazerem perguntas", disse um membro da LIFG. O MI5 devolveu seus passaportes e a polícia anti-terrorismo no aeroporto de Heathrow foi instruíd para que os deixassem embarcar nos seus voos.

O derrube de Kadafi, que controlava as maiores reservas de petróleo da África, fora planeado há muito em Washington e Londres. Segundo a inteligência francesa, o LIFG fez várias tentativas de assassinato de Kadafi na década de 1990 – financiadas pela inteligência britânica. Em Março de 2011, a França, Grã-Bretanha e EUA agarraram a oportunidade de uma "intervenção humanitária" e atacaram a Líbia. Eles foram acompanhados pela NATO sob a cobertura de uma resolução da ONU para "proteger civis".

Em Setembro último, um inquérito do Comité Especial de Negócios Estrangeiros da Câmara dos Comuns concluiu que o então primeiro-ministro David Cameron havia levado o país à guerra contra Kadafi com base numa série de "suposições erróneas" e que o ataque "levara à ascensão do Estado Islâmico na África do Norte". O comité da Câmara dos Comuns citou a chamada descrição "concisa" de Barack Obama quanto ao papel de Cameron na Líbia: um "espectáculo de merda" ("shit show").

De facto, Obama foi um actor principal no "espectáculo de merda", pressionado pela sua belicista secretária de Estado Hillary Clinton e pelos media que acusavam Kadafi de planear "genocídio" contra o seu próprio povo. "Sabemos... que se esperarmos mais um dia", disse Obama, "Bengazi, uma cidade da dimensão de Charlotte, poderia sofrer um massacre que teria repercutido por toda a região e manchado a consciência do mundo".

A estória do massacre foi fabricada pelas milícias salafistas que se defrontavam com a derrota diante das forças do governo líbio. Eles disseram à Reuters que seria "um banho de sangue real, um massacre como o que vimos em Ruanda". O comité da Câmara dos Comuns relatou: "A proposta de que Muammar Kadafi teria ordenado o massacre de civis em Bengazi não era confirmada pelas evidências disponíveis".

A Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos efectivamente destruíram a Líbia como um estado moderno. Segundo os seus próprios registos, a NATO lançou 9.700 "incursões de bombardeamento", das quais mais de um terço atingiram alvos civis. Eles incluíram bombas de fragmentação e mísseis com ogivas de urânio [empobrecido]. As cidades de Misurata e Sirte sofreram bombardeamento em tapete. A UNICEF, a organização das Nações Unidas para a Infância, informou que uma alta proporção das crianças mortas "tinham menos de dez anos de idade".

Mais do que "provocar a ascensão" do Estado Islâmico – o ISIS já havia fincado raízes nas ruínas do Iraque após a invasão de Blair e Bush em 2003 – estes supremos medievalistas agora tinham todo o Norte da África como base. O ataque também desencadeou uma debandada de refugiados a fugirem para a Europa.

Cameron foi celebrado em Tripoli como um "libertador", ou imaginou que era. As multidões a aplaudirem-no incluíam aqueles SAS abastecidos e treinados pela Grã-Bretanha e inspirados pelo Estado Islâmico, tais como os "rapazes de Manchester".

Para os americanos e britânicos, o verdadeiro crime de Kadafi era a sua independência iconoclasta e o seu plano de abandonar o petrodólar, um pilar do poder imperial americano. Ele audaciosamente havia planeado financiar uma divisa comum africana apoiada pelo ouro, estabelecer um banco para toda a África e promover uma união económica entre países pobres com recursos valiosos. Quer isto pudesse ou não acontecer, a própria ideia era intolerável para os EUA quando se preparavam para "entrar" na África e subornar governos africanos com "parcerias" militares.

O ditador caído escapava. Um avião da Royal Air Force localizou seu comboio e nas ruínas de Sirte ele foi sodomizado com uma faca por um fanático descrito nos noticiários como "um rebelde".

Tendo saqueado o arsenal de US$30 mil milhões da Líbia, os "rebeldes" avançaram para o Sul, aterrorizando cidades e aldeias. Ao atravessarem o Mali sub-saariano, destruíram a frágil estabilidade daquele país. Os sempre-ansiosos franceses enviaram aviões e tropas à sua antiga colónia "para combater a al Qaida", ou a ameaça que haviam ajudado a criar.

Em 14 de Outubro de 2011, o presidente Obama anunciou que estava a enviar tropas de forças especiais para o Uganda para ingressar na guerra civil dali. Nos meses seguintes, tropas de combate dos EUA foram enviadas para o Sul do Sudão, Congo e República Centro-Africana. Com a Líbia garantida, uma invasão americana do continente africano estava em curso, amplamente não noticiada.

Em Londres, uma das maiores feiras de armas do mundo foi encenada pelo governo britânico. O burburinho nos stands era o "efeito demonstração na Líbia". A Câmara de Comércio e Indústria de Londres efectuou uma apresentação prévia intitulada "Médio Oriente: Um vasto mercado para companhias de defesa e segurança do Reino Unido". O hospedeiro era o Royal Bank of Scotland, um grande investidor em bombas de fragmentação (cluster), as quais foram utilizadas extensamente contra alvos civis na Líbia. A publicidade das armas feitas pelo banco louvava as "oportunidades sem precedentes para companhias de defesa e segurança do Reino Unido".

No mês passado, a primeira-ministra Theresa May esteve na Arábia Saudita, a vender mais de £3 mil milhões [€3,4 mil milhões] de armas britânicas que os sauditas têm utilizando contra o Iémen. Baseados em salas de controle em Riad, conselheiros militares britânicos assistem os sauditas nos raids de bombardeamento, os quais mataram mais de 10 mil civis. Há agora sinais claros de fome ali. Uma criança iemenita morre a cada 10 minutos de doenças evitáveis, afirma a UNICEF.

A atrocidade de 22 de Maio em Manchester foi o produto deste estado de violência implacável em lugares distantes, muitos deles com patrocínio britânico. As vidas e os nomes das vítimas quase nunca são por nós conhecidos.

Esta verdade custa a ser ouvida, assim como custa a ser ouvida quando o Metro de Londres foi bombardeado em 7 de Julho de 2005. Ocasionalmente, um membro do público rompe o silêncio, tal como o londrino do Leste que se postou frente à câmara e ao repórter da CNN e disse: "Iraque! Nós invadimos o Iraque. O que esperávamos nós? Vão em frente".

Numa grande assembleia dos media a que compareci, muitos dos importantes hóspedes diziam "Iraque" e "Blair" como uma espécie de catarse do que não ousavam dizer profissionalmente e publicamente.

Contudo, antes de invadir o Iraque, Blair foi advertido pelo Joint Intelligence Commitee de que "a ameaça da al Qaida aumentará desde o princípio de qualquer acção militar contra o Iraque... A ameaça mundial de outros grupos e indivíduos terroristas islâmicos aumentará significativamente".

Assim como Blair trouxe para a Grã-Bretanha a sua violência e o banho de sangue de George W Bush, também David Cameron apoiado por Theresa May agravou o seu crime na Líbia e a suas horrendas consequências, incluindo aqueles mortos e estropiados na Manchester Arena em 22 de Maio.

Não surpreendentemente, as consequências retornam. Salman Abedi actuou sozinho. Ele era um pequeno criminoso, não mais do que isso. Desvaneceu-se a rede extensa revelada na semana passada pela fuga americana. Mas as perguntas não.

Como é que Abedi foi capaz de viajar livremente através da Europa até a Líbia e voltar a Manchester só poucos dias antes de cometer seu crime terrível? Foi Theresa May informada pelo MI5 que o FBI o havia rastreado como fazendo parte de um planeamento de célula islâmica para atacar um "alvo político" na Grã-Bretanha?

Na actual campanha eleitoral, o líder trabalhista Jeremy Corbyn fez uma referência cautelosa a uma "guerra ao terror que fracassou". Como ele sabe, isto nunca foi uma guerra ao terror mas sim uma guerra de conquista e subjugação. Palestina, Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria. Dizem que o Irão será a seguir. Antes disso haverá uma outra Manchester, quem terá a coragem de dizer isso? 

31/Maio/2017 
 
[1] Control order: é uma ordem dada pela Secretaria do Interior do Reino Unido para restringir uma liberdade individual com o objectivo de "proteger membros do público de um risco de terrorismo. Sua definição e poderes foram estabelecidos pelo Parlamento no Prevention of Terrorism Act 2005.

O original encontra-se em johnpilger.com/articles/terror-in-britain-what-did-the-prime-minister-know

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Terroristas que se prezam deixam sempre assinatura...

Documentos de identificação descobertos no rastro de ataques terroristas
– Manchester, Berlim, Paris, Nice, Londres, Nova York

por Michel Chossudovsky 
 
Este artigo faz a revisão do "misterioso" fenómeno dos documentos de identificação e passaportes que são rotineiramente descobertos (muitas vezes no entulho) junto a suspeitos de terrorismo após um ataque terrorista.

Na maior parte dos casos, o alegado suspeito já era conhecido das autoridades.

Segundo os governos e informações dos media, os referidos suspeitos são sem excepção ligados a uma entidade filiada à Al Qaeda.

Nenhum destes suspeitos de terrorismo sobreviveu. Homens mortos não falam.

No caso dos eventos trágicos de Manchester, o cartão bancário do alegado bombista suicida Salman Abedi foi encontrado no seu bolso após a explosão.

Legitimação das narrativas oficiais? O Reino Unido é tanto uma "vítima do terrorismo" como um "Estado patrocinador de terrorismo". Sem excepção, os governos de países ocidentais que são vítimas de ataques terroristas têm apoiado, directa ou indirectamente, o grupo de organizações terroristas Al Qaeda – incluindo o chamado Estado Islâmico (ISIS), o qual é alegadamente responsável por perpetrar estes ataques terroristas. Como está amplamente documentado, a Al Qaeda é uma criação da CIA.

Abaixo está uma revisão das circunstâncias e provas respeitantes aos passaportes e documentos de identificação descobertos após ataques terroristas seleccionados, com links para artigos do Global Research e informações dos media (2001-2017). (Esta lista não é de modo algum exaustiva)

Do 11/Set em Nova York à Manchester de Maio/2017
Em ordem cronológica inversa


O ataque terrorista de Manchester, Maio/2017
Suspeito da bomba de Manchester dizem ter ligações à Al Qaeda...

NBCNews.com, 23/Maio/2017, Manchester, Inglaterra — Salman Abedi, o britânico de 22 anos... num ataque bombista suicida, tinha ligações à Al Qaeda e havia recebido treino terrorista... foi identificado por um cartão bancário descoberto no seu bolso na cena do...

Ataque de Manchester como ricochete(blowback) do Mi6?
Por Evan Jones, 26/Maio/2017
"Um cartão bancário foi convenientemente descoberto no bolso do... O Daesh responsabilizou-se pelo ataque de Manchester, mas sem..."
MANCHESTER, Inglaterra – Salman Abedi, o britânico de 22 anos que se acredita ter morto 22 pessoas num ataque bombista suicida , tinha ligações à Al Qaeda e havia recebido treino terrorista no exterior, informou quinta-feira um responsável da inteligência dos EUA à NBC News quando o Reino Unidos aumentou seu nível de ameaça terrorista para a categoria mais alta.

O responsável da inteligência dos EUA, o qual tem conhecimento directo da investigação, diz que Abedi, cuja família é de ascendência líbia, foi identificado por um cartão bancário descoberto no seu bolso na cena da explosão após um concerto Ariana Grande na Manchester Arena. A identificação foi confirmada por tecnologia de reconhecimento facial, disse o responsável.

Abedi havia viajado para a Líbia nos últimos 12 meses, um dos múltiplos países que visitou, disse o responsável. E apesar de ter "ligações claras à Al Qaeda, acrescentou o responsável, Abedi também podia ter conexões a outros grupos.
Nenhuma imagem do alegado cartão bancário está disponível.

Ironicamente, o suspeito Abedi foi primeiramente identificado por Washington ao invés da polícia e segurança do Reino Unido. Como é que eles podiam saber quem era o culpado três horas após a explosão? Segundo Graham Vanbergen :

Nas primeiras horas da manha de 23 de Maio – aproximadamente 02:35 BST , a NDTV via The Washington Post declarava bastante categoricamente que:
"Responsáveis estado-unidenses, falando na condição de anonimato, identificaram o atacante como Salman Abedi . Eles não forneceram informação acerca da sua idade ou nacionalidade e responsáveis britânicos não quiseram comentar acerca da identidade do suspeito".

Isto foi publicado no momento em que a polícia e os serviços de segurança britânicos estavam a recusar-se a fazer quaisquer declarações acerca de quem pensavam que fossem os perpetradores porque naquele momento eles estavam a tratar das consequências imediatas do evento.

O ataque terrorista de Berlim com camião, Dezembro/2016

'. O suspeito terrorista do camião em Berlim e a curiosa questão dos documentos de identificação deixados atrás de si
Por WhoWhatWhy , 22/Dezembro/2016
O suspeito do ataque terrorista com camião e a curiosa questão dos documentos de identificação deixados atrás de si. Por WhoWhatWhy. Global Research, 22/Dezembro/2016. Who What Why 21….:

Os documentos de identidade do suspeito foram encontrados dentro do camião utilizado no ataque de segunda-feira num mercado de Natal, o qual resultou em 12 mortos, disseram responsáveis alemães da segurança.

O suspeito era conhecido dos serviços de segurança alemães como alguém em contacto com grupos islâmicos radicais e havia sido avaliado como apresentando um risco, informou o ministro da Westphalia a Norte do Reno, Ralf Jaeger, a repórteres.

O ataque terrorista de Nice, Julho/2016 Fonte: Daily Mail, 15/Julho/2016

O ataque terrorista de Nice: Rumo a um estado permanente de Lei Marcial em... o alegado perpetrador está morto e convenientemente deixou seus documentos de identidade atrás de si.

Nice, Massacre de 14 de Julho: Rumo à Lei Marcial? O Estado Islâmico (ISIS-Daesh) assume responsabilidade?
Por Peter Koenig , 15/Julho/2016
De acordo com Peter Koenig em relação ao ataque terrorista de Nice:
Durante a celebração noturna do Feriado Nacional Francês, cerca das 23 horas, um camião veloz acometeu violentamente uma multidão de milhares de pessoas que assistiam aos fogos de artifício ao longo do Boulevard Anglais mediterrânico. O condutor do camião estava simultânea e indiscriminadamente a atirar-se à multidão. Ele conseguiu andar cerca de 2 quilómetros antes de ser travado pela polícia, a qual instantaneamente disparou e matou-o.

Um horrendo ataque terrorista, matando multidões de pessoas, propagando sofrimento, miséria, medo e ultraje em França, na Europa – no mundo todo. Todas as indicações assinalam o Grande Roteiro (Big Script) de mais um ataque de falsa bandeira, mais uma vez em França.

O jovem condutor do camião foi identificado como um francês de 31 anos, residente em Nice, com origens tunisinas. Como nos casos anteriores, por "coincidência" seus documentos de identidade foram encontrados no camião.

'. 
 
O jovem foi morto instantaneamente pela polícia. Os mortos não podem falar. Um padrão já bem conhecido.

Ataque terrorista ao Charlie Hebdo, em Paris, Janeiro/2015

A polícia encontrou o documento de identificação de Said Kouachi na cena do tiroteio no Charlie Hebdo. Será que isto soa familiar?
Por Dr. Paul Craig Roberts , 10/Janeiro/2015
"De acordo com o noticiário, a política encontrou o documento de identidade de Said Kouachi na cena do tiroteio no Charlie Hebdo. Será que isto soa familiar? Recordem: as autoridades afirmam terem encontrado o passaporte intacto de um dos alegados sequestradores do 11/Set entre as maciças ruínas pulverizadas das Torres Gémeas".

Ataque terrorista do Bataclan, Paris, Novembro/2015
Os ataques terroristas do 11/Set e de Paris: "Provas" semelhantes tornam-se suspeitas
Por Timothy Alexander Guzman , 20/Novembro/2015
O Estado Islâmico (ISIS/ISIL) declarou ser responsável pelos ataques mais recentes em Paris, tal como o fez a Al Qaeda que também se responsabilizou pelo 11/Set. ... Contudo, há semelhanças entre os ataques terroristas em Paris e na cidade de Nova York no 11 de Setembro.

Primeiro, os passaportes sírio e egípcio de dois dos bombistas suicidas foram encontrados na cena do ataque no estádio na parte norte da cidade. Mesmo depois de ambos os terroristas detonarem seus dispositivos explosivos, os seus passaportes ainda foram encontrados.

Isto traz-nos de volta aos ataques terroristas do 11 de Setembro, em que responsáveis dos EUA recuperaram um passaporte intacto a uns poucos quarteirões do World Trade Center , pertencente a um dos sequestradores.

Passaportes mágicos recorrentes: O passaporte sírio alegadamente descoberto no bombista suicida de Paris
Por 21st Century Wire , 14/Novembro/2015

No contexto do inquérito acerca dos massacres de Paris, um passaporte sírio (imagem à direita) foi encontrado junto a um dos bombistas kamikazes do Stade de France. Depois de ser apontado pelo presidente Hollande como responsável pelos ataques, o Estado Islâmico afirmou que havia engendrado a carnificina. O executivo francês, que já havia declarado pretender entrar em acção na Síria, alegadamente contra o ISIS mas realmente contra Bachar El Assad, o qual "tinha de ir", encara isto como uma pista significativa que incentiva sua expedição militar.

Ataque terrorista de Londres, 7/Julho/2005
As explosões londrinas de 7/Julho e a Operação "Stepford Four" do MI5: Como as explosões de Londres em 2005 transformaram todo muçulmano num "suspeito de terrorismo"

Por Karin Brothers , 26/Maio/ 2017

Na terça-feira, 12 de Julho, a esposa de Lindsay, Samantha Lewthwaite, telefonou à polícia para informar o desaparecimento do seu marido Germaine ("Jamal"). A polícia investigou a sua casa imediatamente. No dia seguinte, 14 de Julho, a polícia anunciou que tinha o documento de identificação de Lindsay e que ele era o quarto bombista. Lewthwaite ficou incrédula e recusou-se a acreditar na acusação sem prova do DNA. A identificação da polícia foi espantosa porque eles tinham estado a afirmar que todos os suspeitos pareciam paquistaneses; não havia maneira de alguém poder confundir o grande e negro Lindsay com um asiático. Para a polícia estivera a olhar?

Ataques terroristas do 11/Set: 11/Setembro/2001

Será que a América foi atacada por muçulmanos em 11/Set?
Por David Ray Griffin , 11/Setembro/2016

A verdade do 11/Set e o inquérito conjunto do Congresso: 28 páginas de orientação errada sobre o papel da Arábia Saudita
Por Dick Atlee e Ken Freeland , 11Setembro/2015
Durante anos o movimento 9/11 Truth (9TM) esteve a implorar em vão ... ao agente do FBI Dan Coleman para que explicasse como o passaporte do sequestrador do 11/Set ...

Contradições do 11/Set: o Mitsubishi de Mohamed Atta e sua bagagem
Por David Ray Griffin , 09/Maio/2008
Contradições do 11/Set: o Mitsubishi de Mohamed Atta e sua bagagem ... Ele também continha um passaporte saudita, um carta internacional de condução, ...

" Na versão oficial do 11/Set o FBI afirmou que havia encontrado o passaporte incólume de um dos pilotos próximo a uma das torres que haviam sido reduzidas a cinzas pelas explosões, cujo calor fundira mesmo o aço das colunas na estrutura dos edifícios. O crash do quarto avião perto de Shanksville também rendeu um passaporte o qual, embora ligeiramente queimado, ainda permitiu ler o primeiro nome e o sobrenome e ver a sua foto de identificação. Isto é o mais perturbante de tudo pois nada restou na cratera, nenhuma parte do avião ou das pessoas que nele viajavam, só este passaporte parcialmente queimado.
Confirmado por Dan Rather, da CBS News: "um transeunte encontrou o passaporte de um dos sequestradores" na rua, apenas horas depois dos ataques do 11/Set. (Vídeo aos 1'.23'').

Segundo Who What Why :
 
 
O [documento] de Visto (Visa) de Satam al-Suqami : Este documento de identidade de um dos alegados sequestradores do 11/Set de algum modo sobreviveu incólume a uns poucos quarteirões das Torres Gémeas, embora o próprio avião fosse virtualmente aniquilado.

'. 
 
Os passaportes pertencentes a Ziad Jarrah e Saeed al-Ghamdi: Os passaportes dos dois alegados sequestradores do Voo 93 da United Airlines supostamente sobreviveram ao crash ardente na Pennsylvania que deixou o próprio avião carbonizado e amplamente disperso – com um passaporte inteiramente intacto.

'.
Passaporte of Saeed al-Ghamdi
 
Matéria para meditação

Podemos nós acreditar na narrativa oficial do governo?

Podemos nós acreditar nos media ocidentais?
27/Maio/2017 
 
O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...

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