domingo, 26 de agosto de 2012

Fundos comunitários não são utilizados, apesar da crise

A perseguição de Assange é um assalto à liberdade e um insulto ao jornalismo

por John Pilger

A ameaça do governo britânico de invadir a embaixada equatoriana em Londres e ali capturar Julian Assange tem significado histórico. David Cameron, o antigo homem de RP de um bufarinheiro da indústria da televisão e vendedor de armas para xeques, está bem colocado para desonrar convenções internacionais que têm protegido cidadãos britânicos em lugares sublevados. Assim como a invasão do Iraque cometida por Tony Blair levou directamente aos actos de terrorismo de Londres em 7 de Julho de 2005, das mesma forma Cameron e o secretário do Exterior William Hague comprometeram a segurança de representantes britânicos em todo o mundo.


Ao ameaçar abusar de uma lei concebida para expulsar assassinos de embaixadas estrangeiros, enquanto difama um homem inocente como "alegado criminoso", Hague fez pouco caso dos britânicos em todo o mundo, embora esta visão seja quase sempre ocultada na Grã-Bretanha. Os mesmos bravos jornalistas e radialistas que defenderam a actuação britânica em crimes sangrentos brutais, desde o genocídio na Indonésia até as invasões do Iraque e Afeganistão, agora atacam o "registo de direitos humanos" do Equador, cujo crime real é enfrentar os tiranos em Londres e Washington.

É como se os felizes aplausos olímpicos houvessem sido subvertidos da noite para o dia por uma exibição reveladora de selvajaria colonial. Testemunha disso é o oficial do Exército britânico-repórter da BBC Mark Urban ao "entrevistar" um vociferante Sir Christopher Meyer, antigo apologista de Blair em Washington, do lado de fora da embaixada equatoriana, ambos a explodirem com indignação ultra-conservadora porque o insociável (unclubbable) Assange e o insubmisso Rafael Correa estariam a desmascarar o sistema de ocidental de poder. Afronta semelhante é vivida nas páginas do Guardian, o qual aconselhou Hague a ser "paciente" e disse que assaltar a embaixada traria "mais perturbação do que isso vale". Assange, segundo declarou o Guardian, não era um refugiado político porque "nem a Suécia nem o Reino Unido em caso algum deportariam alguém que pode enfrentar tortura ou pena de morte".

A irresponsabilidade desta declaração vai a par com o pérfido papel do Guardian em todo o caso Assange. O jornal sabe muito bem que documentos divulgados pelo WikiLeaks indicam que a Suécia tem-se submetido sistematicamente à pressão dos Estados Unidos em matéria de direitos civis. Em Dezembro de 2001, o governo sueco revogou abruptamente o estatuto de refugiados políticos de dois egípcios, Ahmed Agiza e Mohammedel-Zari, que foram entregues a um esquadrão de sequestro da CIA no aeroporto de Estocolmo e levados ("rendered") para o Egipto, onde foram torturados. Uma investigação do defensor sueco para a justiça (ombudsman) descobriu que o governo havia "violado gravemente" os direitos humanos dos dois homens. Num telegrama de 2009 de embaixada dos EUA obtido pela WikiLeaks, intitulado "WikiLeaks coloca neutralidade no caixote de lixo da história", a louvada reputação de neutralidade da elite sueca é desmascarada como uma impostura. Um outro telegrama estado-unidense revela que "a extensão da cooperação [militar e de inteligência da Suécia com a NATO] não é amplamente conhecida" e se o segredo não for mantido "abriria o governo à crítica interna".

O ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, Carl Bildt, desempenhou um notório papel de proa no Comité para a Libertação do Iraque de George W. Bush e mantém laços estreitos com a extrema-direita do Partido Republicano. Segundo o antigo director sueco de processo públicos, Sven-Erik Alhem, a decisão sueca de pedir a extradição de Assange por alegações de má conduta sexual é "não razoável e não profissional, bem como injusta e desproporcionada". Tendo-se oferecido ele próprio para interrogatório, foi dada permissão a Assange para deixar a Suécia com destino a Londres onde, mais uma vez, ele se ofereceu para ser interrogado. Em Maio, num julgamento de recurso final sobre a extradição, o Tribunal Supremo britânico introduziu mais farsa ao referir-se a "acusações" não existentes.

A acompanhar isto tem havido uma campanha pessoal injuriosa contra Assange. Grande parte dela emanou do Guardian, o qual, como um amante rejeitado, voltou-se [contra] a sua antiga fonte, depois de ter aproveitado enormemente das revelações do WikiLeaks. Sem dar nem um centavo a Assange ou à WikiLeaks, um livro do Guardian levou a um lucrativo acordo cinematográfico com Hollywood. Os autores, David Leigh e Luke Harding, injuriaram Assange gratuitamente como "personalidade defeituosa" e "insensível". Eles também revelaram a password secreta que foi dada ao jornal em confiança, a qual era destinada a proteger um ficheiro digital contendo os telegramas de embaixadas dos EUA. Em 20 de Agosto, Harding estava do lado de fora da embaixada equatoriana, manifestando no seu blog o desejo de que "a Scotland Yard possa rir por último". É irónico, ainda que inteiramente adequado, que um editorial do Guardian a pisotear Assange tenha dado origem a uma semelhança incomum com a imprensa de Murdoch, com o seu previsível fanatismo sobre o mesmo assunto. Como a glória de Leveson , o Hackgate e o jornalismo honrado e independente desvanecem-se.

Os seus atormentadores chamam a atenção para a perseguição de Assange. Não acusado de qualquer crime, ele não é um fugitivo da justiça. Documentos do processo sueco, incluindo as mensagens textuais das mulheres envolvidas, demonstram para qualquer pessoa de mente razoável o absurdo das alegações sexuais – alegações quase inteiramente afastadas de imediato pelo promotor sénior em Estocolmo, Eva Finne, antes da intervenção de um político, Claes Borgstr? No pré julgamento de Bradley Manning, um investigador do Exército dos EUA confirmou que o FBI estava secretamente a mirar os "fundadores, proprietários ou administradores da WikiLeaks" por espionagem.

Quatro anos atrás, um pouco noticiado documento do Pentágono, revelado pela WikiLeaks, descrevia como a WikiLeaks e Assange seriam destruídos com um campanha de difamação (smear campaign) que levaria a "processo criminal". Em 18 de Agosto, o Sydney Morning Herald revelou, numa divulgação de ficheiros oficiais no âmbito da [lei de] liberdade de informação, que o governo australiano havia reiteradamente recebido confirmação de que os EUA estavamn a conduzir uma perseguição "sem precedentes" de Assange e não havia levantado objecções. Dentre as razões do Equador para conceder asilo está o abandono de Assange "pelo estado do qual ele é cidadão". Em 2010, uma investigação da Polícia Federal Australiana descobriu que Assange e a WikiLeaks não haviam cometido crime. A sua perseguição é um assalto a todos nós e à liberdade.

23/Agosto/2012

Ver também:
The British Siege of the Ecuadorian Embassy: Déjà Vu: Anglo-American disregard for International Law
O original encontra-se em www.johnpilger.com/...
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Hillary, missionária na África

por Manlio Dinucci


Ela visitou nove países africanos – Senegal, Uganda, Sudão do Sul, Quénia, Malawi, África do Sul, Nigéria, Gana, Benim – bendizendo as plateias com seus "God bless you" e jurando que o único objectivo de Washington na África é "reforçar as instituições democráticas, promover o crescimento económico, fazer avançar a paz e a segurança".

A secretária de Estado Hillary Clinto foi portanto à África, em pleno mês de Agosto, só para fazer boas obras. Ela foi acompanhada, nesta nobre missão, pelos executivos das maiores multinacionais estado-unidenses. Negócios, sim, mas conduzidos por um princípio ético que a sra. Clinton assim enunciou em Dacar: "No século XXI é preciso que cesse o tempo em que os estrangeiros vinham extrair a riqueza da África para si próprios, não deixando nada ou muito pouco atrás de si". Clinton, sabe-se, é uma apoiante convicta do comércio equitativo e solidário. Como aquele que é praticado na Nigéria, cuja indústria petrolífera é dominada pelas companhias estado-unidenses, que arrecadam para si a metade do petróleo bruto extraído, num montante de mais de US$30 milhões de milhões por ano. Para as multinacionais e para a elite nigeriana no poder, uma fonte de riqueza colossal, de que não sobra quase nada para a população. Segundo o Banco Mundial, mais da metade dos nigerianos encontram-se abaixo do nível de pobreza e a esperança de vida média é de apenas 51 anos. A poluição petroleira, provocada pela Shell, devastou o delta do Níger: para descontaminá-lo, segundo um relatório da ONU, seriam precisos pelo menos 25 anos e milhares de milhões de dólares.

A mesma coisa está em preparação no Sudão do Sul onde, após a cisão do resto do país, apoiada pelos EUA, se concentram 75% das reservas petrolíferas sudanesas, às quais se acrescentam matérias-primas preciosas e vastas terras cultiváveis. A companhia texana Nile Trading and Development, presidida pelo ex-embaixador estado-unidense E. Douglas, apropriou-se, com uma esmola de 25 mil dólares, de 400 mil hectares da melhor terra com direito de explorar os recursos (inclusive florestais) durante 49 anos. A apropriação das terras férteis na África, após expropriações das populações, tornou-se um negócio financeiro lucrativo, gerido pelo Goldman Sachs e o JP Morgan, sobre as quais especulam, com o seu dinheiro, mesmo Harvard e outras prestigiosas universidades estado-unidenses.

Entretanto, a estratégia económica estado-unidense depara-se na África com um obstáculo formidável: a China, que, em condições vantajosas para os países africanos, constrói portos e aeroportos, estradas e ferrovias. Para transpor este obstáculo, Washington avança o seu curinga: o Comando África ( Africom ), que "protege e defende os interesses da segurança nacional dos Estados Unidos, reforçando as capacidades de defesa dos estados africanos". Por outras palavras, apoiando-se sobre as elite militares (que o Pentágono tenta recrutar oferecendo-lhes formação, armas e dólares) para trazer o maior número possível de países à órbita de Washington. Quando isso não acontece, o Africom "conduz operações militares para proporcionar um ambiente de segurança adaptado ao bom governo". Como a operação Odissey Dawn, lançada pelo Africom em Março de 2011: o começo da guerra para derrubar o governo da Líbia (o país africano com as maiores reservas de petróleo) e sufocar os organismos financeiros da União Africana, nascidos sobretudo graças a investimentos líbios.

Assim, agora há na Líbia um "bom governo" às ordens de Washington.

15/Agosto/2012

Ver também:

The IMF and US African Command (AFRICOM) Join Hands in the Plunder of the African Continent

O original encontra-se em il manifesto , edição de 14/Agosto/2012 e a versão em francês em
http://www.legrandsoir.info/hillary-missionnaire-en-afrique-il-manifesto.html
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
http://resistir.info/africa/hillary_missionaria.html

Novos aumentos no preço dos combustíveis

- Preços em Portugal já são superiores aos preços médios da UE


- Conivência do governo, da troika e da AdC

- Lucros da GALP sobem 56,7% em 2012

por Eugénio Rosa     Os grupos económicos que dominam o mercado dos combustíveis (GALP, REPSOL, CEPSA e BP) preparam-se para aumentar esta semana novamente os preços agravando ainda mais a situação que é analisada neste artigo. E de tal forma sentem-se impunes que anunciaram antecipadamente, sem que a AdC dissesse uma palavra. A justificação umas vezes é o aumento do preço do petróleo, outras vezes é a desvalorização do euro em relação ao dólar. Tudo serve. E os principais media repetem, sem fazer qualquer investigação e sem contraditório, as justificações das petrolíferas criando, junto da opinião pública, a falsa ideia que elas são verdadeiras e únicas.

Por outro lado, o governo e a "troika" têm procurado fazer passar também junto da opinião pública a ideia que a liberalização dos preços, que agora estão a procurar impor no mercado da electricidade e do gás, traria mais concorrência e redução dos preços para os consumidores. Mas perante este escândalo de aumento semanal e simultâneo por parte de todas as empresas dos preços dos combustíveis – que desmente o que defendem e andam a fazer – mantêm-se coniventemente silenciosos. E a chamada Autoridade da Concorrência (AdC) que devia investigar a situação nada faz, mostrando que está totalmente refém das grandes petrolíferas. E quando o faz algo é para branquear o comportamento destes grupos económicos, pois conclui sempre que tudo está bem, e que não há combinação de preços entre elas. No entanto, recusa-se a investigar o que devia: POR QUE RAZÃO OS PREÇOS DOS COMBUSTIVEIS SEM IMPOSTOS EM PORTUGAL SÃO SISTEMÁTICAMENTE SUPERIORES AOS PREÇOS MÉDIOS DA UNIÃO EUROPEIA. Assim, a AdC mostra, objectivamente, que dá cobertura a esta política de preços dos grupos económicos deste sector permitindo a obtenção de sobrelucros, ou lucros excessivos.

Em Junho de 2012, que é o último mês cujos dados foram divulgados pela Direcção Geral de Energia do Ministério da Economia, o preço sem impostos , que é aquele que reverte na sua totalidade para as empresas, do gasóleo em Portugal era superior ao preço médio praticado na União Europeia em +6,6%, e o da gasolina era superior em +5%; mas o preço com impostos do gasóleo em Portugal era já inferior em -2,5% ao preço médio praticado na União Europeia, e o da gasolina era superior em apenas 1,8%, ou seja, quase três vezes menos que a diferença do preço sem impostos. Fica assim claro que a diferença de preços médios dos combustíveis entre Portugal e a União Europeia se deve aos preços que revertem na totalidade para as empresas (os preços sem impostos), e não aos impostos como estes grupos económicos e os seus defensores nos media afirmam e pretendem fazer crer . È esta diferença para mais em Portugal que tem permitido às petrolíferas arrecadar elevados sobrelucros. Nos 27 países da UE, em 23 o preço do gasóleo e da gasolina é inferior ao de Portugal. Até na Alemanha, na França e na Suécia, países em que os rendimentos da população e os salários são muito mais elevados do que os dos portugueses, os preços da gasolina e gasóleo sem impostos, são inferiores aos pagos pelos portugueses. Apesar desta situação ser fortemente lesiva para os consumidores portugueses, nem o governo, nem a "troika", que falam com insistência em moderação dos salários e na necessidade de baixar os custos do trabalho, nem a Autoridade da Concorrência dizem qualquer palavra, mantendo um silêncio comprometedor e conivente, mostrando que interesses defendem.


AS PETROLIFERRAS AUMENTAM SEMANALMENTE OS PREÇOS DOS COMBUSTIVEIS PARA OBTER SOBRE LUCROS.

 OS LUCROS DA GALP SUBIRAM 56,7% NO 1º SEMESTRE DE 2012

Contrariamente ao que afirmam os principais media, nomeadamente a TV, que veiculam, sem qualquer analise objectiva e sem contraditório, apenas as justificações dos grupos económicos dominantes neste sector, as petrolíferas estão aumentar praticamente todas as semanas os preços dos combustíveis com o objectivo de manter, e se possível aumentar, os lucros extraordinários (sobrelucros) que obtêm por vender os combustíveis em Portugal sistematicamente a um preço superior ao preço médio praticado na União Europeia.

Em todos os meses de 2012 (Jan/Jun), os preços sem impostos do gasolina e do gasóleo em Portugal foram sempre superiores aos preços médios da União Europeia: da gasolina entre +3,7% e +5%; e o do gasóleo entre +4,2% e + 6,3%. Mas já nos preços com impostos a diferença é menor no caso da gasolina (entre +1,8% e +2,3%), ou então no caso do gasóleo o preço em Portugal tem sido mesmo inferior ao preço médio praticado na UE (entre -1,7% e -3,1%). A diferença para mais dos preços sem impostos em Portugal, que nem as petrolíferas, nem o governo, nem a "troika", nem a Autoridade da Concorrência alguma vez esclareceram e tentaram por cobro (e a desculpa do preço do petróleo não colhe porque a quase a totalidade dos países da União da Europeia têm também, como Portugal, de importar o petróleo que consomem), deu as petrolíferas em Portugal, só no 1º semestre de 2012, um lucro extraordinário injustificado (sobrelucro) que estimamos, pelo menos, em 126,5 milhões € pagos pelos consumidores portugueses. A gravidade desta situação ainda se torna mais clara e chocante, quando analisamos o aumento escandaloso em plena crise dos lucros da GALP, que é o grupo económico dominante neste mercado. Como consta dos " Resultados – 1º semestre de 2012 " divulgados pela GALP, " No primeiro semestre de 2012, o resultado líquido RCA foi de 178 milhões €, mais 64 milhões € do que no primeiro semestre de 2011 ", o que corresponde a um aumento de +56,7% .


Existe ainda um outro aspecto na formação dos preços dos combustíveis, cujos efeitos quer o governo quer a Autoridade da Concorrência também nunca esclareceram. A GALP tem stocks de petróleo suficientes para a produção de três meses, por isso, contrariamente à ideia que os media têm procurado fazer passar junto da opinião, o combustível vendido em cada semana não foi produzido com o petróleo adquirido nessa semana. A GALP participa também na extracção de petróleo em Angola e no Brasil e, para além disso, tem contratos com fornecedores a médio prazo que garante um mínimo de estabilidade nos preços do petróleo que adquire. Tudo isto é sistematicamente esquecido nas justificações apresentadas pela empresa que os media transmitem sem qualquer investigação e sem contraditório contribuindo assim, objectivamente, para o engano e manipulação da opinião pública pelos grupos económicos que dominam este mercado.

19/Agosto/2012

[*] edr2@netcabo.pt

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

http://resistir.info/e_rosa/combustiveis_19ago12.html

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Presidente do Equador enfrenta a brutal Gestapo britânica

O outrora orgulhoso governo britânico, agora reduzido a uma puta servil de Washington, envergou as suas botas de Gestapo e declarou que se a Embaixada equatoriana em Londres não entregasse Julian Assange, da WikiLeaks, tropas de assalto britânicas invadiriam a embaixada pela força militar e arrastariam Assange para fora. O Equador manteve-se erecto. "Queremos ser muito claros, não somos uma colónia britânica", declarou o seu ministro das Relações Exteriores. Longe de se deixar intimidar, o presidente do Equador, Rafael Correa, replicou à ameaça pela concessão de asilo político a Assange. www.nytimes.com/2012/08/17/...


O governo britânico, outrora respeitador da lei, não teve vergonha de anunciar que violaria a Convenção de Viena e assaltaria a Embaixada Equatoriana, tal como os estudantes islâmicos, na Revolução de Khomeini no Irão em 1979, tomaram a Embaixada dos EUA e mantiveram cativa a equipe diplomática. Pressionados pelos seus senhores de Washington, os britânicos recorreram a tácticas de um estado pária. Talvez devêssemos preocupar-nos acerca das armas nucleares britânicas.

Deixe-me ser claro: Assange não é um fugitivo da justiça. Ele não foi acusado de qualquer crime em qualquer país. Ele não violou nenhuma mulher. Não tem processos pendentes em qualquer tribunal e nenhumas acusações foram produzidas contra ele, não há validade no pedido sueco de extradição. Não é normal que pessoas sejam extraditadas para interrogatório, especialmente quando, como no caso de Assange, ele exprimiu sua total cooperação para ser interrogado uma segunda vez por responsáveis suecos em Londres.

O que é tudo isto? Primeiro, segundo noticiários, Assange foi cativado por duas mulheres suecas caçadoras de celebridades que o levaram para as camas das suas casas. Depois, por razões desconhecidas, uma delas queixou-se de que ele não havia usado um preservativo, e a outra queixou-se de que ela havia oferecido um mas que ele havia tomado dois. Um promotor público sueco examinou o caso, descobriu que não havia nada e descartou-o.

Assange foi para a Inglaterra. Então outro promotor sueco, uma mulher, alegando uma autoridade que desconheço, reabriu o caso e emitiu uma ordem de extradição para Assange. Isto é um procedimento inabitual que tramitou através de todo o sistema judicial britânico até o Tribunal Supremo e a seguir retornou ao Tribunal Supremo em recurso. No fim a "justiça" britânica fez o que o senhor de Washington ordenou e aceitou o estranho pedido de extradição.

Assange, percebendo que o governo sueco se preparava para entregá-lo a Washington para ser mantido em detenção indefinida, torturado e enquadrado como espião, pediu a protecção da Embaixada do Equador em Londres. Por mais corruptos que sejam as autoridades britânicas, o governo do Reino Unido não desejava entregar Assange directamente a Washington. Ao transferi-lo para a Suécia, os britânicos poderiam achar que as suas mãos estavam limpas.

A Suécia, antigamente um país honrado como o Canadá foi outrora quando resistentes americanos à guerra ali podiam procurar asilo, foi subornada e submetida ao polegar de Washington. Recentemente, diplomatas suecos foram expulsos da Bielorússia onde tudo indica terem estado envolvidos em ajudar Washington a orquestrar uma "revolução colorida" pois governo dos EUA continua a tentar estender as suas bases e estados fantoches mais profundamente junto à Rússia tradicional.

O mundo inteiro, incluindo os servis estados fantoches de Washington, entendeu que quando Assange estivesse nas mãos dos suecos Washington apresentaria uma ordem de extradição, a qual a Suécia, ao contrário dos britânicos, cumpriria. O Equador entende isto. O ministro das Relações Exteriores, Ricardo Patiño, anunciou que o Equador concedeu asilo a Assange porque "há indicações para presumir que pode tratar-se de perseguição política". Nos EUA, reconheceu Patiño, Assange não obteria um julgamento justo e enfrentaria a pena de morte num processo fabricado.

O Estado Fantoche estado-unidense da Grã (sic) Bretanha anunciou que não permitiria que Assange deixasse o país. Já chega quanto à defesa da lei e dos direitos humanos por parte do governo britânico. Se os britânicos não invadirem a Embaixada Equatoriana e arrastarem Assange para fora, morto ou em grilhões, a posição britânica é que Assange viverá o resto da sua vida dentro da Embaixada do Equador em Londres. Segundo o New York Times, o asilo de Assange deixa-o "com protecção à prisão só no território equatoriano (o que inclui a embaixada). Para deixar a embaixada rumo ao Equador, ele precisaria da cooperação que a Grã-Bretanha disse não proporcionar". Quando se trata do dinheiro de Washington ou de se comportar honradamente de acordo com o direito internacional, o governo britânico inclina-se para o lado do dinheiro.

O mundo anglo-americano, que pretende ser a face moral da humanidade, agora revelou para todos verem que sob esta máscara está a cara da Gestapo.

16/Agosto/2012

por Paul Craig Roberts


Ver também:
Declaração do Governo da República do Equador sobre a solicitação de asilo de Julian Assange

http://www.mmrree.gob.ec/2012/com042.asp
O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/2012/08/16/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Aquecimento global " a farsa".

Palestra Dr Prof. Ricardo Augusto Felicio 2011 - USP.


VOCÊ VERÁ QUE O BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO É UMA GRANDE MENTIRA E QUE TODOS OS DADOS DO AQUECIMENTO GLOBAL FORAM MANIPULADOS, QUE O BRASIL PERTENCE AOS SENHORES DO MUNDO OS DONOS DA MAÇONARIA

QUE A POPULAÇÃO MUNDIAL CABE COM MUITA MAIS MUITA FOLGA NO TERRITÓRIO BRASILEIRO E QUE ESSA ESTÓRIA DE MATAR 90% DA POPULAÇÃO MUNDIAL PARA SOBREVIVÊNCIA DO PLANETA ,SÓ EXISTE NA CABEÇA DOS ILLUMINATIS,OS QUAIS ADORAM O DIABO E FREQUENTAM A MÁ-ÇONARIA.

O QUE REALMENTE ELES QUEREM É GANHAR MAIS DINHEIRO DO GADO ,QUE SOMOS NÓS...

http://youtu.be/oJTNJBZxX6E

A destruição da C.P.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Empresas sofrem calote do Estado de 5 mil milhões

Se o Estado pagasse as faturas em atraso, a indústria, o comércio e a hotelaria podiam saldar o malparado e sobravam 2 mil milhões, tanto quanto os subsídios cortados aos reformados e aos funcionários públicos.

As faturas vencidas há mais de 90 dias somam cinco mil milhões, valor da dívida em atraso do Estado a fornecedores. Se as pagasse, as empresas podiam saldar mais de metade crédito malparado à Banca. Os números referem-se só aos atrasos superiores a 90 dias, não soma as faturas com menor atraso, apesar de o Estado ele próprio cobrar coimas e juros de mora quando um contribuinte se atrasa um dia que seja.

por ALEXANDRA FIGUEIRA


http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=2721967

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Como evitar incêndios florestais e produzir energia

Em anos normais Portugal importa cerca de 80% do total da energia que consume. A parcela hídrica em anos húmidos pode ir até 20%. Podem considerar-se ainda as energias endógenas (solar, eólica, biomassa, marés, geotérmica) com pouca expressão estatística. De todas as citadas, a biomassa constitui a energia da época pré-industrial no interior do país, logo aquela em que há mais experiência, maior tradição de equipamentos e a que existe disponível em maior quantidade e todos os dias cresce


Devido a factores bem conhecidos, como a redução da agricultura de subsistência, a divisão da propriedade em minifúndio, a pequena rentabilidade de actividades florestais como a resinagem, a produção de carvão vegetal, a diminuição da pastorícia, a urbanização da população na Zona do Pinhal, entre o Tejo e o Douro, todos os anos o fogo faz grandes estragos e o mato e a acácia ocuparam os espaços possíveis.

No entanto, temos clima, terreno e regime de chuva de excelente equilíbrio permitindo o desenvolvimento anual de plantas que formam os matagais conhecidos de todos. Até parece que teremos de lamentar a benesse que temos. Qualquer dia até ambicionamos ter as condições desérticas do Marrocos ou da Argélia, onde não há incêndios florestais, só para não termos os gastos que se verificam aqui com eles... A atitude mais consequente será, logicamente, aproveitar toda esta riqueza com que a natureza nos brindou.

A via que, sob o ponto de vista energético, é possível apontar para superar o actual estado de coisas pode resumir-se na seguinte filosofia:

Transformar os incêndios descontrolados de Verão em incêndios controlados ao longo de todo o ano

Na verdade, antes da construção das centrais hidroeléctricas, também os rios descontrolados de Inverno produziam cheias, destruíam culturas e bens e no verão havia secas. Só com estudos e investimentos adequados, em obras hidráulicas, foi possível evitar as inundações de Inverno e as secas de Verão.

Desde há cerca de 30 anos que o país sofre o flagelo dos incêndios de Verão, que não permitem que as árvores (especialmente o pinheiro) entrem no circuito comercial normal da madeira por não atingirem a idade adulta. Na região Centro, onde se verifica a maior incidência de fogos florestais, os terrenos não são de 1ª classe agrícola, mas não de classes tão baixas como as encostas do Douro onde, no entanto, ao longo de dois séculos, se desenvolveu o valioso Vinho do Porto.

Se há incêndios é porque há produto combustível e esse produto combustível é a biomassa. É actualmente em pouca quantidade porque não se caminhou no sentido de a aproveitar, controlar, seleccionar, transportar e utilizar de forma eficiente. Não conheço estudos consistentes que permitam indicar quantas toneladas de matos, arbustos e restos de árvores se produzem anualmente nos sete distritos em referência (Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Castelo Branco, Santarém e Leiria). No entanto, estudos orientados para o eucalipto e o pinheiro com fins industriais (de que só se utilizam os rolos) indicam que ficam na floresta resíduos como pontas, ramos e cascas. O eucalipto constitui a única espécie relativamente acompanhada tecnicamente uma vez que constitui matéria-prima de um sector industrial importante: a pasta de papel.

O pinheiro bravo constitui na maior parte dos terrenos uma espécie espontânea, sem total projecto de plantação, defesa e aproveitamento. São muito poucos os proprietários que vêem as suas árvores atingirem a idade adulta de forma a permitir a sua venda no mercado da madeira sem sobressaltos. O mais frequente é a venda ao desbarato, após incêndios que secam a árvore. Como esta não resiste ao ataque dos insectos mais do que um inverno é vendida imediatamente ao desbarato aos madeireiros que compram pelo preço que querem. Aqui temos uma fraqueza do sector económico que prejudica gravemente a colectividade, situação que ao Estado compete ordenar.

Considerando o valor calorífico de biomassa como cerca de 1/3 do fuel, podemos admitir que perdemos anualmente milhares de tep (tonelada equivalente de petróleo) ao não aproveitar essa biomassa disponível e que arde descontroladamente.

De acordo com estudos desenvolvidos, cresce anualmente um quilo e meio de biomassa por metro quadrado. Será razoável admitir que um terço pode ser retirada da floresta e a seguir queimada em Central Termoeléctrica para produzir electricidade e permitir o pleno desenvolvimento dos restantes dois terços que constitui a floresta.

Fazendo contas, verifica-se que, por ano, estão disponíveis, por hectare, 5 toneladas de biomassa para a nossa Central Termoeléctrica. Se a recolha for feita de 5 em 5 anos poderíamos recolher 25 t. Como uma equipa de 4 operários pode trabalhar por dia 2000 m 2 , num ano teríamos:

2000 m 2 x 220 dias úteis = 440 000 m 2 , logo 44 ha

44 ha x 25 t = 1100 t, cujo valor pode ser de 33 000€

Essa equipa teria encargos de salários anuais de cerca de 28 000€, logo interessante sem mais verbas.

Para uma Central Termoeléctrica de 5 MW são necessárias 30 000 t de biomassa anualmente, o que significa trabalhar 1300 ha por ano. Dado que recolhíamos no mesmo local de 5 em 5 anos, seria necessário uma área de 6 500 ha para assegurar o funcionamento pleno da Central, o que não ultrapassa um raio de 5 km.

Verificamos assim que, mesmo sem pagamento por parte do proprietário, é rentável a recolha dos resíduos da floresta — desde que a Central Termoeléctrica funcione.

A Central exige um investimento de cerca de 12 M€ (milhões de euros) e pode vender para a Rede Eléctrica, anualmente, 4,620 M€, o que a torna economicamente interessante.

Há que reunir gente, esforços e investimentos para que a produção florestal deixe de estar exposta a tão grande risco de Junho a Outubro e à sua degradação durante o Inverno.

Milhões de euros de energia endógena é uma riqueza que pode ser aproveitada mesmo tendo em conta os factores negativos: o minifúndio, o acidentado do terreno, a falta de vias de acesso, a falta de equipamento próprio e a dureza de actividade. Na realidade há factores favoráveis: os terrenos produzem biomassa, e há gente disponível pelas aldeias para criar micro empresas de 4 a 5 trabalhadores que durante todo o ano façam as operações de corte, recolha trituração e entrega de produto na Central. Estas empresas têm viabilidade económica, já há experiência e para arrancar precisam de um investimento de 60 a 70 000 €. para tractores (2), estilhaçador, atrelados (2) e aparelhos de corte (5).

Considerando que para abastecer cada central seria suficiente um conjunto de 25 micro-empresas, cada uma com 4 a 5 trabalhadores, e um investimento de 70 mil euros amortizável em 3 a 4 anos teríamos que o conjunto de apoio a cada central pode envolver 1,75 M€.

Replicando esta Central 5 a 6 vezes, com potências unitárias até 10 MVA e queimando os resíduos de uma área circundante até 20 km seria possível apontar para um investimento de 100 M€ em centrais e empresas fornecedoras. Assim, seria possível minimizar os incêndios descontrolados e transferir para energia útil uma parcela significativa do material lenhoso actualmente queimado. Estas verbas podem ter origem no sistema de apoio florestal, no que se evita gastar em serviços de Bombeiros e no que se vinha a ganhar por o Produtor Florestal poder vender a sua madeira com plena maturidade.

EXTERNALIDADES DO PROJECTO

AMBIENTAIS

-Evitar a desertificação dos terrenos ardidos uma vez que diminuiriam os incêndios.

-Diminuição do efeito de estufa causado pelos incêndios descontrolados.

-Queima controlada e completa ao longo do ano evita os actuais resíduos da combustão incompleta e violenta concentrada em poucos dias do ano.

-Protecção do eco-sistema pela não destruição de plantas nativas, algumas aromáticas e de espécies raras bem como de animais e aves.

-Protecção da apicultura.

-Aproximação das deliberações das decisões das Conferências Mundiais sobre Ambiente do Rio de Janeiro, Quioto e Buenos Aires.

ECONÓMICAS

-Criação de uma área de desenvolvimento económico regional.

-Criação de riqueza no valor de milhões de euros anualmente na área energética ao invés da actual situação em que se exporta esse valor.

-Criação de possibilidade de entrarem na actividade económica as árvores que atinjam a maioridade já que não são queimadas pelos incêndios

-Criação de centenas de postos de trabalho permanentes em região deprimida economicamente, alguns deles especializados.

FISCAIS

-Obtenção de uma mais valia fiscal pela actuação de empresas na actividade económica.

SEGURANÇA

-O aumento da produção energética endógena melhora a segurança nacional no caso de possíveis problemas de fornecimento internacional.
-Protecção de populações do efeito dos incêndios.

POSSÍVEIS VIAS DE FINANCIAMENTO

-Central Termoeléctrica: Financiamento até 40% a fundo perdido através do Programa MAPE [1] .
-Empresas de Recolha de Biomassa: Financiamento até 50% a fundo perdido através do AGRIS [2] .
-Sistema de Protecção de Fogos Florestais: Estruturas em que todas as Câmaras têm posição.
-Os Proprietários poderiam participar com o pagamento de uma parte dos custos de trabalho.
-Venda da estilha à Central a 30 €/t, com 15% de humidade.
-Venda de electricidade à Rede Eléctrica a 0,11€/kWh
-Possibilidade de a Central ser em Cogeração e, assim, vender também calor além da venda de energia eléctrica à rede
-Hipótese de aproveitamento do calor em agricultura e agro-pecuária pois a região é de povoamento habitacional disperso e não há possibilidade de explorar a venda de calor doméstico.
-Hipótese de desenvolvimento da piscicultura, floricultura e agricultura específica pelo aproveitamento do calor remanescente das Centrais de Queima.

[1] MAPE = Medida de Apoio ao Aproveitamento do Potencial Energético e Racionalização de Consumos.

[2] AGRIS = Medida Agricultura e Desenvolvimento Rural dos Programas Operacionais Regionais.

[*] Engenheiro electrotécnico.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

por António José Lopes

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A ascendência de uma elite financeira criminosa

– As duas faces de um estado policial: Abrigar evasores fiscais, trapaceiros das finanças e lavadores de dinheiro enquanto policia os cidadãos.

"O coração apodrecido das finanças".

The Economist

"Há um grau de cinismo e cobiça que é realmente bastante chocante"
Lord Turner, Bank of England, Financial Service Authority
Nunca na história dos Estados Unidos testemunhámos crimes cometidos na escala e do âmbito dos dias actuais, tanto pela elite privada como estatal.

Um economista de credenciais impecáveis, James Henry, antigo economista chefe na prestigiosa firma de consultoria McKinsey & Company, investigou e documentou evasão fiscal. Ele descobriu que os super-ricos e suas famílias têm até US$32 milhões de milhões (trillion) de activos escondidos em paraísos fiscais offshore, o que representa mais de US$280 mil milhões de receita perdida no imposto sobre o rendimento! Este estudo excluía activos não financeiros tais como imobiliário, metais preciosos, jóias, iates, cavalos de corrida, veículos de luxo e assim por diante. Dos US$32 milhões de milhões de activos escondidos, US$23 milhões de milhões pertencem a super-ricos da América do Norte e da Europa.

Um relatório recente do Comité Especial das Nações Unidas sobre Lavagem de Dinheiro descobriu que bancos dos EUA e da Europa têm lavado mais de US$300 mil milhões por ano, incluindo US$30 mil milhões apenas dos cartéis de droga mexicanos.

Novos relatórios sobre trapaças financeiras de muitos milhares de milhões envolvendo os grandes bancos dos EUA e Europa são publicados a cada semana. Os principais bancos da Inglaterra, incluindo o Barclay's e um bando de outros, foram identificados como tendo manipulado o LIBOR, ou inter-bank lending rate, durante anos a fim de maximizar lucros. O Bank of New York, JP Morgan, HSBC, Wachovia e Citibank estão entre a multidão de bancos acusados de lavar dinheiro da droga e de outros fundos ilícitos segundo investigações do Comité Bancário do Senado dos EUA. Corporações multinacionais receberam fundos federais de salvamento e isenções fiscais e então, em violação dos acordos publicitados com o governo, relocalizam fábricas e empregos na Ásia e no México.

Grandes casas de investimento, como a Goldman Sachs, enganaram investidores durante anos investindo em acções "lixo" enquanto os correctores puxavam e afundavam ( pumped and dumped ) acções sem valor. Jon Corzine, presidente do MF Global (bem como antigo presidente da Goldman Sachs, antigo senador dos EUA e governador de Nova Jersey) afirmou que "não podia explicar" os US$1,6 mil milhões de perdas de clientes investidores de fundos no colapso de 2011 do MF Global.

Apesar do enorme crescimento do aparelho policial do estado, da proliferação de agências de investigação, das audiências no Congresso e dos mais de 400 mil empregados do Ministério da Segurança Interna (Department of Homeland Security), nem um único banqueiro foi para a cadeia. Nos casos mais chocantes, um banco como o Barclay pagará uma pequena multa por ter facilitado a evasão fiscal e efectuado trapaças especulativas. Ao mesmo tempo, de acordo com o princípio "canalha" [implícito] na trapaça LIBOR, o Director de Operações (Chief Operating Officer, COO) do Barclay's Bank, Jerry Del Missier, receberá uma indemnização de 13 milhões de dólares pelo seu afastamento.

Em contraste com a complacente aplicação da lei praticada pelo florescente estado policial em relação a trapaças da banca, das corporações e das elites bilionárias, tem-se intensificado a repressão política de cidadãos e imigrantes que não cometeram qualquer crime contra a segurança e ordem pública.

Milhões de imigrantes têm sido agarrados nas suas casas e lugares de trabalho, presos, batidos e deportados. Centenas de bairros hispânicos e afro-americanos têm sido alvo de raids policiais, tiroteios e mortes. Em tais bairros, a polícia local e federal opera com impunidade – como foi ilustrado por vídeos chocantes dos tiros e brutalidade da polícia contra civis desarmados em Anaheim, Califórnia. Muçulmanos, asiáticos do Sul, árabes, iranianos e outros são racialmente perfilados, arbitrariamente presos e processados por participarem em obras de caridade, de fundações humanitárias ou simplesmente por participarem de instituições religiosas. Mais de 40 milhões de americanos empenhados em actividade política legal são actualmente vigiados, espionados e frequentemente molestados.

As duas faces do governo dos EUA: Impunidade e repressão.

Documentação esmagadora confirma a deterioração total da polícia e do sistema judicial dos EUA no que respeita à aplicação da lei quanto a crimes entre a elite financeira, bancária e corporativa.

Evasores fiscais de triliões de dólares, trapaças financeiras bilionárias e lavadores de dinheiro multi-bilionários quase nunca são enviados para a cadeia. Se bem que alguns paguem uma multa, nenhum deles têm os seus ganhos ilícitos apreendidos, apesar de muitos serem criminosos reincidentes. A reincidência entre criminosos financeiros é comum porque as penalidades são leves, os lucros são altos e as investigações pouco frequentes, superficiais e sem consequências. O United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC) informou que, só em 2009, foram lavados US$1,6 milhão de milhões, principalmente em bancos ocidentais, um quinto vindo directamente do comércio de droga. O grosso do rendimento do comércio de cocaína foi gerado na América do Norte (US$35 mil milhões), dois terços dos quais foram lavados em bancos locais. O fracasso em processar banqueiros empenhados numa ligação crítica do comércio da droga não se deve à "falta de informação", nem tão pouco à "frouxidão" por parte dos reguladores e aplicadores da lei. A razão é que os bancos são demasiado grandes para processar e os banqueiros demasiado ricos para prender. A aplicação efectiva da lei levaria a serem submetidos a processo todos os principais bancos e banqueiros, o que reduziria lucros drasticamente. Encarcerar banqueiros de topo fecharia a "porta giratória", o portão dourado através do qual reguladores do governo asseguram a sua própria riqueza e fortuna pela entrada em casas de investimento privadas depois de deixarem o serviço "público". Os activos dos dez maiores bancos nos EUA constituem uma porção apreciável da economia estado-unidense. Os gabinetes dos directores dos maiores bancos entrecruzam-se com todos os principais sectores corporativos. Os responsáveis de topo e médios e seus confrades no sector corporativo, bem como seus principais accionistas e possuidores de títulos, estão entre os maiores evasores fiscais do país.

Se bem que a Security and Exchange Commission, o Departamento do Tesouro e o Comité Bancário do Senado finjam publicamente que investigam altos crimes financeiros, a sua função real é proteger estas instituições de quaisquer esforços para transformar a sua estrutura, as suas operações e o seu papel na economia estado-unidense. As multas recentemente impostas são altas pelos padrões anteriores mas ainda assim seus montantes, na maior parte, correspondem aos lucros de um par de semanas.

A falta de "vontade judicial", o colapso de todo o sistema regulamentar e a ostentação do poder financeiro manifestam-se nos "pára-quedas dourados" habitualmente concedidos a presidentes de conselho de administração criminosos após sua revelação e "renúncia". Isto se deve ao enorme poder político que a elite financeira exerce sobre o estado, o judiciário e a economia.

" Poder político e morte da lei e ordem"

Em relação a crimes financeiros, a doutrina que guia a política do estado é "demasiado rico para encarcerar, demasiado grande para falir", o que se traduz nos salvamentos pelo tesouro, com muitos triliões de dólares, de instituições financeiras cleptocráticas em bancarrota e num alto nível de tolerância do estado para com evasores fiscais, trapaceiros e lavadores de dinheiro. Devido ao colapso total da aplicação da lei em relação a crimes financeiros, há altos níveis de delinquentes contumazes. É o que um responsável financeiro britânico descreve como "cobiça cínica (e cíclica)".

A palavra de ordem sob a qual a elite financeira tomou o controle total do estado, do orçamento e da economia foi "mudança". Isto refere-se a desregulamentação do sistema financeira, à expansão maciça dos alçapões fiscais, a fuga livre de lucros para paraísos fiscais além-mar e a dramática comutação da "aplicação da lei" da prossecução dos bancos que lavam os ganhos ilícitos da droga e de cartéis criminosos para a perseguição dos chamados "estados terroristas". O "estado da lei" tornou-se um estado sem lei. "Mudanças" financeiras permitiram e mesmo promoveram trapaças reiteradas, as quais defraudaram milhões e empobreceram centenas de milhões. Há 20 milhões de hipotecados que perderam seus lares ou não são capazes de manter pagamentos; dezenas de milhões de contribuintes da classe média e da classe trabalhadora que foram forçados a pagar impostos mais altos e a perder serviços sociais vitais devido à evasão fiscal da classe superior e corporativa. A lavagem de milhares de milhões de dólares de cartéis da droga e de riqueza criminosa pelos maiores bancos levou à deterioração de bairros inteiros e à ascensão do crime, o que desestabilizou a vida familiar da classe média e trabalhadora.

Conclusão

A ascendência de uma elite financeira criminosa e a cumplicidade do estado complacente levaram ao colapso da lei e da ordem, à degradação e ao descrédito de toda a rede regulamentar e do sistema judicial. Isto levou a um sistema nacional de "injustiça desigual" onde cidadãos críticos são perseguidos por exercerem seus direitos constitucionais ao passo que elites criminosas operam com impunidade. As mais duras sanções do estado policial são aplicadas contra centenas de milhares de imigrantes, muçulmanos e activistas de direitos humanos, ao passo que trapaceiros financeiros são cortejados por colectores de fundos de campanhas presidenciais.

Não é de surpreender que hoje muitos trabalhadores e cidadãos da classe média considerem-se "conservadores" e serem "contra a mudança". Na verdade, a maioria quer "conservar" a Segurança Social, a educação pública, pensões, estabilidade de emprego e planos médicos federais tais como o MEDICARE e o MEDICAID em oposição aos advogados da "mudança" da elite "radical" que quer privatizar a Segurança Social e a educação, acabar com o MEDICARE e amputar o MEDICAID. Trabalhadores e classe média pedem estabilidade no emprego e nos bairros habitacionais, assim como preços estáveis contra a disparada de inflação nos cuidados médicos e na educação. Cidadãos assalariados apoiam a lei e a ordem, especialmente quando isto significa o processamento de evasores fiscais bilionários, banqueiros lavadores de dinheiro criminoso e trapaceiros, os quais, na maior parte, pagam uma pequena multa, emitem uma "desculpa" e a seguir prosseguem a repetição das suas trapaças.

As "mudanças" radicais promovidas pela elite devastaram a vida de milhões de americanos em todas as regiões, ocupações e grupos etários. Elas desestabilizaram a família ao minarem a segurança de emprego enquanto minavam bairros habitacionais com a lavagem dos lucros da droga. Acima de tudo elas perverteram totalmente todo o sistema de justiça no qual "os criminosos são tornados respeitáveis e os respeitáveis tratados como criminosos".

A primeira defesa da maioria é resistir à "mudança da elite" e conservar os remanescentes do estado previdência (welfare state). O objectivo da resistência "conservadora" será transformar todo o corrupto sistema legal de "criminalidade funcional" num sistema de "igualdade perante a lei". Isto exigirá uma alteração fundamental no poder político, ao nível local e regional, dos gabinetes dos banqueiros para os conselhos dos bairros populares e lugares de trabalho, dos juízes e reguladores acomodatícios nomeados pela elite para representantes reais eleitos pela maioria que geme sob o nosso actual sistema de injustiça.

05/Agosto/2012
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=32220
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

por James Petras

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Futebol português!!!!

O elo mais fraco

Obama autorizou operações secretas na Síria

O presidente norte-americano, Barack Obama, autorizou operações secretas da CIA e de outras agências na Síria para apoiar os rebeldes na sua luta contra o regime de Bashar al-Assad, avançou na quarta-feira a cadeia de televisão CNN.


De acordo com fontes citadas pelo canal norte-americano, a ordem presidencial assinada por Obama é semelhante à que foi concedida durante o conflito na Líbia.

A CNN não adiantou, porém, os detalhes desta autorização, designadamente quando ela foi assinada ou os planos para apoiar os rebeldes na sua luta.

A Casa Branca tem reiterado que prestará apenas assistência humanitária e que não fornecerá armas à oposição síria, considerando que o regime de Bashar al-Assad violou os direitos humanos e não cumpriu os seus compromissos de por fim à violência contra civis.


Por Agência Lusa, publicado em 2 Ago 2012 - 09:00


http://www.ionline.pt/mundo/siria-presidente-norte-americano-autorizou-operacoes-secretas

Publicação em destaque

Marionetas russas

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