terça-feira, 29 de abril de 2014

O aproximar da guerra

por Paul Craig Roberts [*]


O regime Obama, revolvendo-se no orgulho e na arrogância, escalou desenfreadamente a crise ucraniana numa crise com a Rússia. Deliberadamente ou por estupidez, as mentiras propagandísticas de Washington estão a conduzir a crise a uma guerra. Relutante em ouvir mais ameaças sem sentido vindas de Washington, Moscovo já não aceita chamadas telefónicas de Obama e de altos responsáveis estado-unidenses.
A crise na Ucrânia foi origida pelo derrube por Washington do governo democrático eleito e sua substituição pelos seus sequazes escolhidos a dedo. Os sequazes trataram de actuar por palavras e acções contra as populações nos antigos territórios russos que líderes do Partido Comunista Soviético haviam anexado à Ucrânia. A consequência desta política louca é a agitação por parte das populações que falam russo para retornarem à Rússia. A Crimeia já se reincorporou à Rússia e a Ucrânia oriental e outras partes do sul da Ucrânia provavelmente se seguirão.

Ao invés de perceber o seu erro, o regime Obama encorajou seus sequazes instalados em Kiev a usarem violência contra aqueles nas áreas que falam russo, os quais estão a agitar-se por referendos de modo a poderem votar o seu retorno à Rússia. O regime Obama encorajou a violência apesar da declaração clara do Presidente Putin de que os militares russos não ocuparão a Ucrânia a menos que seja utilizada violência contra os manifestantes.

Podemos seguramente concluir que Washington ou não ouve quando lhe falam ou deseja a violência.

Como Washington e a NATO não estão posicionadas neste momento para levar forças militares significativas para dentro da Ucrânia com que confrontar os militares russos, porque o regime Obama está a tentar provocar acções dos militares russos? Uma resposta possível é que o plano de Washington para desalojar a Rússia da sua base naval no Mar Negro tendo fracassado, o plano de retirada de Washington é sacrificar a Ucrânia a uma invasão russa de modo a que possa demonizar a Rússia e forçar um grande incremento em gastos militares da NATO e em posicionamentos de tropas.

Por outras palavras, o prémio de retirada é uma nova guerra fria e milhões de milhões (trillions) de dólares mais em lucros para o complexo militar/segurança de Washington.

O punhado de tropas e aviões que Washington enviou para "reconfortar" os regimes incompetentes naqueles pontos permanentes de perturbação para o Ocidente – Polónia e países bálticos – e os vários navios com mísseis enviados para o Mar Negro representam nada mais do que provocações simbólicas.

As sanções económicas aplicadas a responsáveis individuais russos assinalam apenas a impotência de Washington. Sanções reais prejudicariam os estados da NATO, fantoches de Washington, muito mais do que prejudicariam a Rússia.

É claro que Washington não tem intenção de chegar a qualquer solução com o governo russo. As exigências de Washington tornam esta conclusão inevitável. Washington está a exigir que o governo russo puxe o tapete sob as populações que protestam no leste e sul da Ucrânia e que force as populações russas na Ucrânia a submeterem-se aos seus sequazes em Kiev. Washington também pede que a Rússia volte atrás na reunificação com a Crimeia e a entregue a Washington de modo a que o plano original de expulsar a Rússia da sua base naval no Mar Negro possa avançar.

Por outras palavras, a exigência de Washington é que a Rússia ponha outra vez o ovo partido no seu estado original e que o entregue a Washington.

Esta exigência é tão irrealista que vai muito além do significado de arrogância. O Louco da Casa Branca está a dizer a Putin: "Eu fracassei na minha tomada do seu quintal. Quero que você conserte a situação para mim e assegure o êxito da ameaça estratégica que pretendo levar ao seu quintal".

Os media presstitutos ocidentais e os estados europeus fantoches de Washington estão a apoiar esta exigência irrealista. Consequentemente, os líderes russos perderam toda a confiança na palavra e nas intenções do Ocidente e é assim que as guerras começam.

Políticos europeus estão a colocar seus países em grande perigo e o que ganham? Será que estes políticos europeus são chantageados, ameaçados, subornados com sacos de dinheiro, ou estarão tão habituados a seguir a liderança de Washington que são incapazes de fazer qualquer outra coisa? Como a Alemanha, Reino Unido e França têm benefícios por serem forçados por Washington a uma confrontação com a Rússia?

A arrogância de Washington é sem precedentes e é capaz de conduzir o mundo à destruição. Onde está o sentido de auto-preservação da Europa? Por que a Europa não emitiu ordens de prisão para cada membro do regime Obama? Sem a cobertura proporcionada pela Europa e pelos media presstitutos, Washington não seria capaz de conduzir o mundo à guerra.
26/Abril/2014
Ver também:

  • Moscow calls US, NATO military buildup near Russian borders ‘unprecedented’

    [*] Autor de The Failure of Laissez Faire Capitalism e Economic Dissolution of the West and How America Was Lost .

    O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/2014/04/26/moving-closer-war-paul-craig-roberts/


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
  •  
  • aqui:http://resistir.info/eua/roberts_26abr14.html 
  • domingo, 27 de abril de 2014

    Cientistas publicam livro com 15 verdades que abalam o ambientalismo

    O professor Istvan Marko, coordenador do trabalho conjunto
    Um grupo de cientistas publicou em 2013, na Bélgica, o livro Climat: 15 vérités qui dérangent (“Clima: 15 verdades que perturbam”).

    Porém, segundo “Nouvelles de France”, a grande mídia censurou esse livro como se fosse “herético”.

    O coordenador da obra é o doutor Istvan Marko, presidente da European Chemical Society e professor na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica.

    O trabalho coletivo não pretende ser exaustivo, mas põe o dedo na chaga de 15 realidades que patenteiam a fragilidade das teses dos adeptos da luta contra o CO2.

    Eis essas 15 verdades:

    1. O IPCC não é um organismo científico, mas político.

    2. O IPCC alimenta uma constante confusão entre ciência e política.

    3. O IPCC está no centro de uma coalizão de poderosos interesses particulares.

    4. O IPCC recusa todo debate científico racional com cientistas opostos às suas teses.

    5. O IPCC denigre os argumentos apresentados em sentido contrário e põe obstáculo à liberdade de expressão, tratando os cientistas que não compartem suas posições como dissidentes do tempo da URSS.

    6. O CO2 não aumentou em função das emissões de combustíveis fósseis desde 1750.

    7. A elevação da temperatura média global no último meio século não foi atípica em relação aos últimos 1300 anos.

    8. O CO2 proveniente de combustíveis fósseis não contribui significativamente para o aumento da temperatura desde a metade do século XX.

    9. A teoria do “aquecimento global causado pelo homem” se baseia em modelos ou simulações fundadas em hipóteses e aproximações.
     
    10. As observações da realidade fornecem dados naturais (atividade do sol, vulcões, correntes oceânicas, nuvens, etc.) que pesam na evolução do clima, mas os modelos do IPCC não as levam apropriadamente em consideração.

    11. As teorias do IPCC não recolhem o consenso científico.

    12. A imprensa não apresenta a problemática do aquecimento global com o recuo crítico e a imparcialidade requeridos pela deontologia jornalística.

    13. As contribuições dos governos ao IPCC geralmente aumentam o viés criticado acima.

    14. A popularidade das teorias do IPCC resulta de uma difusão midiática unilateral e do apoio de certos partidos e líderes de opinião.

    15. Os encarregados de tomar decisões econômicas e financeiras tiveram que adaptar suas políticas às imposições da luta contra o aquecimento global, com prejuízo de sua produtividade e competitividade.

    O Dr Istvan Marko, professor de Química Orgânica,
    com colegas da Universidade Católica de Louvain
    Istvan Marko, editor do livro, explicou em entrevista no dia 7 outubro de 2013:

    “Desde 1998, jamais aumentaram tanto as emissões de CO2, porém a temperatura do globo ficou estável. Nesse período foi emitido um terço do CO2 produzido desde o início da era industrial, sem causar nenhum efeito na temperatura mundial. Porém, o IPCC espalha que o aquecimento global se deve ao aumento das emissões de gás estufa de origem humana com uma probabilidade 90 a 95%. Na verdade, o CO2 aumenta após a elevação da temperatura, e nunca o inverso. Se a temperatura sobe nos trópicos, o CO2 aumenta por volta de 8 a 11 meses mais tarde. (…)

    “Se o aquecimento global não é devido principalmente à atividade humana, qual é a sua causa?

    “Há muitas. Por exemplo, a influência direta da atividade solar e uma correlação com as manchas solares. Se essas forem numerosas, em geral vai ficar quente.

    “Se o sol apresenta menor número de manchas, um número maior de raios cósmicos atingirá a terra, criando nuvens de baixa altitude que impedirão os raios solares de atingir a terra e fazendo abaixar a temperatura”.

    aqui:http://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.pt/2014/04/cientistas-publicam-libro-com-15.html
     

    quinta-feira, 24 de abril de 2014

    A “Fraude” do PISA e outras histórias. Nova Revista Rubra

    por  

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    O PISA é um instrumento de medir a redução da educação total, polivalente, dos trabalhadores, a uma educação para tarefas/competências no quadro da divisão do trabalho. Portugal está melhor no PISA do que a Suécia porque a Suécia não aceitou fazer dos seus jovens, futuros trabalhadores, uma força de trabalho sem uma visão ampla de conjunto. O cheque ensino na Suécia é minoritário. Bolonha foi feitar para produzir mais rapidamente concorrência no mercado de trabalho (um número de desempregados formados). A falácia dos rankings, entre outros temas estão abordados neste número especial da Revista Rubra, coordenado pelo Pedro A. Ferreira e pelo Pedro Bravo, que entrevista 3 dos mais destacados pensadores da educação da actualidade, Gaudêncio Frigoto, Roberto Leher e Teresa Seabra.

    A educação ao serviço dos baixos salários fez de Portugal um sucesso no PISA. E dos jovens portugueses futuros trabalhadores com escasso raciocínio abstracto, indiferenciados, e incapazes de trabalhar sem um gerente que domina o processo de trabalho a controlá-los. Conseguem fazer – bem e cada vez melhor uma tarefa específica – e cada vez têm menos domínio sobre o conjunto do trabalho onde estão envolvidos.
    A Rubra é uma revista trimestral, de que sou directora, e faz amanhã 6 anos, ao lado e com o pensamento crítico. A sua redacção conta hoje com 30 pessoas que fazem a revista em regime exclusivo de voluntariado. Pelo prazer de ajudar a pensar o mundo. E mudá-lo.
    Pode-se adquirir a revista em bancas de rua no Carmo, na Livraria Letra Livre, na Calçada do Combro, e pela internet. revistarubra@gmail.com, http://www.revistarubra.org.

    aqui:http://5dias.wordpress.com/2014/04/24/a-fraude-do-pisa-e-outras-historias-nova-revista-rubra/

    terça-feira, 22 de abril de 2014

    A privatização é uma porta para a corrupção e a indiferença uma porta para a guerra

    por Paul Craig Roberts


    A ideologia libertária favorece a privatização. Contudo, na prática habitual a privatização dá resultados muito diferentes dos postulados pela ideologia libertária. Quase sempre, a privatização torna-se um caminho para que interesses com boas ligações saqueiem tanto os fundos públicos como o bem-estar geral.

    A maior parte das privatizações, tais como aquelas verificadas em França e no Reino Unido durante a era neoliberal [NR] e na Grécia hoje e na Ucrânia amanhã, são saqueios de activos públicos por interesse privados com conexões políticas.

    Prisão e lucro. Outra forma de privatização é entregar funções tradicionais de governo, tais como a operação de prisões e muitas funções de abastecimento dos serviços armados, tais como alimentar as tropas, a companhias privadas com um grande aumento no custo do serviço. Basicamente, a ideologia libertária é utilizada para providenciar contratos públicos lucrativos para umas poucas pessoas favorecidas as quais então retribuem aos políticos. Isto é chamado de "livre empresa".

    A privatização de prisões nos EUA é um exemplo do extraordinário custo e injustiça da privatização. A privatização de prisões exige taxas de encarceramento mais altas a fim de proporcionar lucratividade. Os EUA, supostamente "uma terra de liberdade", tem de longe a mais alta de encarceramento de todos os países do mundo. Os "livres" EUA têm não só a mais alta percentagem da sua população na prisão como também o mais alto número absoluto.

    A "autoritária" China, com quatro vezes a população dos EUA, tem menos cidadãos na prisão.

    Este artigo mostra quão bem a privatização das prisões funciona para interesses privados com boas ligações:
    www.globalresearch.ca/privatization-of-the-us-prison-system/5377824

    Ele mostra também a vergonha extraordinária, a corrupção e o descrédito que a privatização das prisões trouxe para os EUA.

    Alguns anos atrás escrevi acerca da condenação de dois juízes que eram pagos por centros privatizados de detenção juvenil para sentenciar garotos a destinados às suas instalações.

    Como disseram Alain de Lille e posteriormente Karl Marx, "Dinheiro é tudo". Na América, o dinheiro é tudo o que é importante para o sistema político e para a maior parte da população. Basicamente, a América não tem outros valores.

    Outra grande fantasia libertária é a Wall Street. Na mitologia libertária a Wall Street é a mãe dos empresários e do arranque de companhias que florescem em gigantes industriais, manufactureiros e comerciais. Nos factos reais, a Wall Street é a mãe de enorme corrupção. Como mostra Nomi Prins em All The President's Bankers, isto sempre se verificou.

    Ultimamente tem havido uma enchente de denunciantes da Wall Street. Muitos são relatados por Pam Martens, no seu sítio Wall Street On Parade:
    wallstreetonparade.com/...

    Ao contrário dos ideólogos libertários, Prins e Martens são antigos iniciados da Wall Street e sabem do que estão a falar.

    Todos os mercados financeiros americanos são manipulados em benefício de uns poucos. Tivemos a revelação do trading de alta frequência a correr na frente [dos outros] ordens de compra e venda. Tivemos a revelação dos grandes bancos a manipularem a taxa de juro LIBOR e a cotação (fix) do preço do ouro em Londres. Tivemos a revelação da manipulação do Federal Reserve, através dos seus bancos dependentes, a manipularem o preço do ouro nos mercados de futuros. Tivemos a revelação em audiências no Congresso da manipulação de preços de metais e de commodities. O valor cambial do dólar é manipulado. E assim por diante. Mas nenhuma cabeça rolou. Recentemente um promotor da SEC, James Kidney, aposentou-se. Após a sua aposentação, ele proclamou que os seus casos contra grandes bancos criminosos haviam sido suprimidos pelas mais altas instâncias da SEC, as quais tinham os olhos cravados em grandes empregos junto aos bancos que estavam a proteger enquanto permaneciam ao serviço do governo.

    Assim são as coisas. O governo dos Estados Unidos é tão esmagadoramente corrupto que mesmo as agências reguladoras das finanças foram corrompidas pelo dinheiro dos capitalistas privadas que elas deveriam regular.

    América, a corrupta. Foi no que se tornou.

    Nem mesmo Vladimir Putin entende quão totalmente corrupta e insensível para com a humanidade é Washigton.

    A resposta de Putin à crise criada na Ucrânia pelo golpe de Washington em Kiev é confiar nos "parceiros ocidentais da Rússia", na ONU, no regime Obama, em John Kerry, etc, para elaborar uma solução razoável para a crise.

    A esperança de Putin numa solução diplomática é irrealista. Os governos da NATO são comprados e pagos por Washington. Exemplo: a Alemanha não é um país. A Alemanha é uma mera peça do império de Washington. O governo alemão fará como Washington disser. O governo alemão representa a agenda de Washington. Os governos europeus a quem Putin está a falar não estão a ouvir.

    Paul Wolfowitz, o neoconservador que como vice-secretário da Defesa presidiu a orquestração da falsa evidência utilizada pelo regime Bush para lançar guerra de Washington no Médio Oriente, declarou a minimização do poder russo como o "primeiro objectivo" da política externa e militar dos EUA.

    "Nosso primeiro objectivo é impedir a re-emergência de um novo rival, tanto no território da antiga União Soviética como alhures, que apresente uma ameaça da ordem daquela apresentada pela antiga União Soviética. Isto é uma consideração dominante subjacentes à nova estratégia de defesa regional e exige que nos esforcemos para impedir qualquer poder hostil domine uma região cujos recursos, sob controle consolidado, seriam suficientes para gerar poder global".

    O que Wolfowitz quer dizer com "poder hostil" é qualquer poder independente da hegemonia de Washington.

    Washington derrubou o governo eleito da Ucrânia a fim de orquestrar uma crise que distrairia a Rússia das aventuras washingtonianas na Síria e no Irão e a fim de demonizar a Rússia como um invasor a reconstruir um império que é um perigo para a Europa. Washington utilizará esta demonização a fim de romper os crescentes relacionamentos económicos entre a Rússia e a Europa. O objectivo das sanções não é punir a Rússia, mas sim romper relacionamentos económicos.

    A estratégia de Washington é audaciosa e implica risco de guerra. Se no Ocidente os media fossem independentes, o plano de Washington falharia. Mas o Ocidente tem um Ministério da Propaganda ao invés de media. O New York Times encontrou mesmo um substituto para Judith Miller. Como pode ter esquecido ou nunca sabido, Judith Miller era a repórter do New York Times que recheou o jornal com mentiras neoconservadoras do regime Bush acerca de armas iraquianas de destruição em massa. Ao invés de examinar e denunciar as afirmações falsas do regime Bush, o New York Times reforçou a argumentação do regime em favor da guerra ao utilizar a credibilidade do jornal para promover a agenda de guerra neoconservadora.

    O novo Judith Miller é David M. Herszenhorn, tendo como cúmplices Andrew Roth, Noah Sneider, and Andrew Higgins. Herszenhorn descarta a totalidade dos relatos dos media russos quanto aos acontecimentos na Ucrânia como "uma extraordinária campanha de propaganda" destinada a ocultar da população russa o facto de que toda a crise ucraniana é culpa do governo russo. "E assim começou mais um dia de arrogância e hipérbole, de desinformação, exageros, teorias conspiratórias, retórica acalorada e, ocasionalmente, absolutas mentiras acerca da crise política na Ucrânia que provêm dos mais altos escalões do Kremlin e repercutem na televisão russa controlada pelo estado, hora após hora, dia após dia, semana após semana".
    www.nytimes.com/...

    Nunca havia lido uma peça de propaganda tão descarada como esta de Herszenhorn. Ele baseia sua reportagem em duas "autoridades": Lilia Shevtsova do Carnegie Moscow Center, financiado pelos EUA, e Mark Galeotti, professor da Universidade de Nova York.

    Segundo Herszenhorn, os protestos generalizados no Leste da Ucrânia são totalmente por culpa dos manifestantes que estão a encenar um show para finalidades de propaganda. Os protestos não são uma resposta às palavras e feitos do governo fantoche que Washington instalou em Kiev. Herszenhorn descarta relatos de extrema russofobia neonazi como "afirmações sinistras" e encara o governo não eleito imposto por Washington em Kiev como legal. Contudo, Herszenhorn encara governos constituídos em resultado de referendos como sendo ilegais a menos que aprovados por Washington.

    Se acreditar em Herszenhorn, terá de descartar todas as reportagens como mentiras e propaganda, como estas abaixo:

  • rt.com/news/eu-no-russian-interference-ukraine-844/
  • news.antiwar.com/...
  • news.antiwar.com/...
  • news.antiwar.com/...
  • rt.com/news/ukrainian-tanks-kramatorsk-civilians-840/
  • rt.com/news/putin-ukraine-military-operation-740/
  • www.globalresearch.ca/...

  • rt.com/news/ukraine-troops-withdraw-slavyansk-940/

    O Mundo Ocidental e o Mundo da Matrix protegido pelo Ministério da Propaganda. As populações ocidentais são subtraídas à realidade. Elas vivem num mundo de propaganda e desinformação. A situação real é muito pior do que a realidade do "Big Brother" descrita por George Orwell no seu livro, 1984.

    A ideologia conhecida como neoconservadorismo, a qual tem controlado os governos dos EUA desde o segundo mandato de Clinton, atiçou o mundo num caminho de guerra e destruição. Ao invés de levantar perguntas acerca deste caminho, os media ocidentais apressam nesse caminho. Leia o que médicos relataram, resultado da crença dos neoconservadores do regime Obama de que a guerra nuclear pode ser vencida:
    original.antiwar.com/lawrence-wittner/2014/04/14/your-doctors-are-worried/

    O governo chinês apelou à "desamericanização" do mundo. Os parlamentares russos entendem que fazer parte do sistema de pagamentos dólar é um subsídio russo ao imperialismo americano. O legislador russo Mikhail Degtyaryov disse ao Izvestia que "O dólar é diabólico. É um papel verde sujo tingido com o sangue de centenas de milhares de cidadãos civis do Japão, Sérvia, Afeganistão, Iraque, Síria, Líbia, Coreia e Vietname":
    rt.com/politics/russian-dollar-abandon-parliament-085/

    Contudo, porta-vozes da indústria russa, possivelmente na folha de pagamento de Washington mas mais provavelmente apenas pessoas despistadas, disseram que a Rússia estava obrigada por contratos para com o sistema dólar e que talvez em 10 ou 15 anos a Rússia pudesse adoptar uma abordagem mais inteligente. Isso é assumir que a Rússia ainda seria capaz de actuar nos seus próprios interesses depois de sofrer mais 10 ou 15 anos do imperialismo financeiro dos EUA.

    Todo país que deseje ter uma existência independente sem ter de viver sob o polegar de Washington deveria imediatamente afastar-se do sistema de pagamento dólar, o qual é uma forma de os EUA controlarem outros países. Este é o único objectivo a que serve o sistema dólar.

    Muitos países são afligidos por economistas treinados nos EUA na tradição liberal.

    Sua educação estado-unidense é uma forma de lavagem cerebral que assegura que os seus conselhos tornem seus governos impotentes contra o imperialismo de Washington.

    Apesar das ameaças óbvias que Washington apresenta, muitos não reconhecem as ameaças por causa da pose de Washington como "a maior democracia". Contudo, académicos à procura da democracia não conseguem encontrá-la nos EUA. A evidência é de que os EUA são uma oligarquia, não uma democracia:
    www.globalresearch.ca/the-u-s-is-not-a-democracy-it-is-an-oligarchy/5377765

    Uma oligarquia é um país que é dirigido por interesses privados. Estes interesses privados – Wall Street, o complexo militar/segurança, petróleo e gás natural e agronegócio – procura a dominação, um objectivo bem servido pela ideologia neoconservadora da hegemonia estado-unidense.

    Os Oligarcas Americanos ganham mesmo quando perdem. Finalmente, a infame prisão de torturas de Washington, Abu Ghraib, foi encerrada. Mas não por Washington. A cidade iraquiana caiu na semana para a "derrotada" al-Qaeda. Lembre-se, nós vencemos a guerra no Iraque. US3 milhões de milhões desperdiçados, mas esse não é modo como o complexo militar/segurança vê as coisas. A guerra foi uma grande vitória para os lucros.
    news.antiwar.com/...

    Quanto tempo mais americanos estúpidos sucumbirão à fraude da bandeira a tremular?

    Os republicanos utilizaram as guerras a fim de criar enormes défices orçamentais e dívida nacional que agora estão a ser utilizadas para desmantelar a rede de segurança social, incluindo a Segurança Social e o Medicare. Há conversas de privatizar a Segurança Social e o Medicare. Mais lucros para Oligarcas em oferenda. A credulidade da população americana é realmente sem igual.

    A credulidade do público americano condenará o mundo à extinção.
    17/Abril/2014

    [NR] E em Portugal também.

    O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

  • aqui:http://resistir.info/crise/roberts_17abr14.html

    segunda-feira, 21 de abril de 2014

    Acabando com a propaganda norte-americana

    por Thierry Meyssan

    O Império anglo-saxão está baseado, desde há um século, na propaganda. Ela conseguiu convencer-nos que os Estados Unidos são «o país da liberdade», e que não travam guerras senão para defender os seus ideais. Mas, a crise actual, a propósito da Ucrânia, acaba de mudar as regras do jogo: agora Washington e os seus aliados não são mais os únicos locutores. As suas mentiras são, abertamente, contestadas pelo governo e pelos média de um outro grande Estado, a Rússia. Na época dos satélites, e da Internet, a propaganda anglo-saxónica não funciona mais como antes.

     Desde sempre os governantes procuram convencer da justeza dos seus actos, já que as multidões jamais seguem homens que sabem não prestar. O século XX foi cenário de métodos novos de propagação de ideias, que não se incomodavam com a verdade. Os Ocidentais fazem remontar a propaganda moderna ao ministro nazi Joseph Goebbels. É uma maneira de fazer esquecer que a arte de falsificar a percepção das coisas foi desenvolvida, antes disso, pelos Anglo-Saxónicos.

    Em 1916, o Reino-Unido criou a Wellington House em Londres, seguida pela Crewe House.
    Simultaneamente, os Estados Unidos criam o Committee on Public Information (CPI). Considerando que a Primeira Guerra mundial opunha as massas, e não mais os exércitos, estes organismos tentaram intoxicar a sua própria população, tanto quanto as dos seus aliados e as dos seus inimigos.

    A propaganda moderna começa com a publicação, em Londres, do relatório Bryce sobre os crimes de guerra alemães, que foi traduzido em trinta línguas. De acordo com este documento o exército alemão tinha violado milhares de mulheres na Bélgica, os exércitos britânicos lutaram, pois, contra a barbárie.

    Descobriu-se, no final da Primeira Guerra Mundial, que o relatório inteiro era uma aldrabice, feita de falsos testemunhos com a colaboração de jornalistas.

    Pelo seu lado, nos Estados Unidos, George Creel inventou um mito, segundo o qual a Guerra mundial era uma cruzada das democracias, para alcançar uma paz que realizasse os direitos da humanidade.

    Os historiadores mostraram que a Primeira Guerra Mundial respondeu tanto a causas imediatas como profundas, tendo sido a mais importante delas a competição entre as grandes potências para aumentar os seus impérios coloniais.

    Os gabinetes britânicos e americano eram organismos secretos, trabalhando por conta dos seus Estados. Ao contrário da propaganda leninista, que ambicionava «revelar a verdade» às massas ignorantes, os Anglo-Saxónicos procuravam enganá-las para as manipular. E para isto, os organismos estatais anglo-saxónicos tinham que se esconder e assumir falsas identidades.

    Após o desaparecimento da União Soviética, os Estados Unidos negligenciaram a propaganda e preferiram as relações públicas. Não se tratava mais de mentir, mas antes de controlar os jornalistas, de forma a que eles não vejam o que não se lhes mostra. Durante a Guerra do Kosovo, a Otan chamou Alastair Campbell, um conselheiro do Primeiro-Ministro britânico, para contar à imprensa uma história edificante por dia. Enquanto os jornalistas a reproduziam, a Aliança podia bombardear «em paz». O conto da carochinha visava mais desviar a atenção do que mentir.

    Porém, a história da carocha voltou em força com o 11-de-Setembro: tratava-se de concentrar a atenção do público nos atentados de Nova Iorque e Washington, de forma a que ele não perceba o golpe de Estado militar organizado nesse dia: transferência dos poderes executivos do presidente Bush para uma entidade militar secreta, e colocação em residência vigiada de todos os parlamentares. Esta intoxicação foi, sobretudo, obra de Benjamin Rhodes, actual conselheiro de Barack Obama.

    No decurso dos anos seguintes, a Casa Branca instalou um sistema de intoxicação com os seus principais aliados (Reino Unido, Canadá, Austrália e, claro, Israel). Diáriamente estes quatro governos receberam instruções, até mesmo discursos pré- escritos, do Gabinete da média (mídia-Br) global para justificar a guerra no Iraque ou para caluniar o Irão (Irã-Br) [1].

    Para difundir rápidamente as suas mentiras, Washington apoiou-se, desde 1989, sobre a CNN. Com o passar do tempo, os Estados Unidos criaram um cartel de canais de informação de satélite (Al-Arabiya, Al-Jazeera, BBC, CNN, França 24, Sky). Em 2011, aquando do bombardeio de Tripoli, a Otan conseguiu, de surpresa, convencer os líbios que tinham perdido a guerra, e que era inútil resistir mais. Mas, em 2012, a Otan falhou ao reproduzir este modelo e tentar convencer os Sírios que o seu governo ia, inevitavelmente, tombar. Esta táctica falhou porque os Sírios tiveram conhecimento da manipulação efectuada, pelas cadeias de televisão internacionais, na Líbia e puderam preparar-se para isso [2]. E, este fracasso marca o fim da hegemonia deste cartel de «informação».

    A crise atual entre Washington e Moscovo(Moscou-Br), a propósito da Ucrânia, forçou a administração Obama a rever o seu sistema. Com efeito, de agora em diante Washington não é o único a falar, tem que contradizer o governo e os média russos, acessíveis em todo o mundo via satélites e Internet. O secretário de Estado John Kerry indicou, pois, um novo assistente para a propaganda, na pessoa do antigo redator-chefe da Time Magazine (Revista Time), Richard Stengel [3].

    Antes mesmo de prestar juramento, no dia 15 de abril, ele iniciou já as suas funções e, no dia 5 de março, enviou aos principais média atlantistas uma «nota documental», sobre as «10 mentiras» que Vladimir Putin teria enunciado quanto à Ucrânia [4]. Ele repetiu isto novamente, a 13 de abril, com uma segunda nota apresentando «10 outras inverdades» [5].

    O que salta à vista ao ler esta prosa é a sua inépcia. Ela visa validar a história oficial de uma revolução em Kiev, e desacreditar o discurso russo sobre a presença de nazis no novo governo. Ora, sabemos hoje que, por meio de revolução, se tratou de um golpe de Estado fomentado pela Otan, e implementado pela Polónia e Israel, misturando receitas de «revoluções coloridas» e de «primaveras árabes» [6]. Os jornalistas que receberam estas Notas e as divulgaram, conheciam, perfeitamente, as gravações das conversas telefónicas da assistente do secretário de Estado Victoria Nuland, sobre o modo como Washington ia mudar o regime em detrimento da União Europeia, e do Ministro Estónio dos Negócios Estrangeiros(Relações Exteriores-Br), Urmas Paets, sobre a verdadeira identidade dos snaipers da praça Maidan. Além disso, eles tomaram conhecimento, ulteriormente, das revelações do semanário polaco (polonês-Br) Nie sobre a formação, dois meses antes do início dos eventos, dos agitadores nazis na Academia da polícia polaca.

    Quanto a negar a presença de nazis no seio do novo governo ucraniano, é o mesmo que gritar que a noite é feita de luz. Não é necessário ir a Kiev, basta ler os escritos dos actuais ministros, ou escutar as sua declarações para o constatar [7].

    No final de contas, se estes argumentos permitem dar a ilusão sobre um consenso dos grandes média atlantistas, eles não têm nenhuma hipótese de convencer os cidadãos curiosos. Pelo contrário, é tão fácil com a Internet descobrir a aldrabice, que este tipo de manipulação só pode estropiar um pouco mais a credibilidade de Washington.

    O unanimismo dos média atlantistas no 11-de-Setembro permitiu convencer a opinião pública internacional, mas o trabalho realizado por um grupo numeroso de jornalistas e cidadãos, dos quais eu fui o precursor, mostrou a impossibilidade material da versão oficial. Treze anos depois, centenas de milhões de pessoas deram-se conta destas mentiras. O novo dispositivo de propaganda norte-americano não fará senão crescer, ainda mais, este processo. Definitivamente, todos aqueles que propagam os argumentos da Casa-Branca, nomeadamente os governantes e os média da Otan, destroem eles próprios a sua credibilidade.

    Barack Obama e Benjamim Rhodes, John Kerry e Richard Stengel agem, apenas, no curto prazo. A sua propaganda convence as massas apenas algumas semanas, e contribui para as revoltar quando percebem a manipulação. Involuntariamente, eles minam a credibilidade das instituições dos Estados da Otan que as propagam conscientemente. Eles olvidaram que a propaganda do século XX só podia ter êxito porque o mundo estava dividido em blocos, que não comunicavam entre eles, e que o seu princípio monolítico é incompatível com os novos meios de comunicação.

    A crise na Ucrânia não está terminada, mas já mudou profundamente o mundo: contradizendo, em público, o presidente dos Estados Unidos, Vladimir Putin cruzou uma barreira que previne agora o triunfo da propaganda americana.
    Tradução
    Alva




    aqui:http://www.voltairenet.org/article183377.html 

    quarta-feira, 16 de abril de 2014

    Guerra e morte do dólar americano? Os EUA ou o mundo estão a chegar ao fim?

    por Paul Craig Roberts [*]


    2014 está a perfilar-se como o ano de ajuste de contas para os Estados Unidos.

    Duas pressões estão a acumular-se sobre o dólar americano. Uma decorre da declinante capacidade do Federal Reserve para manipular o preço do ouro quando as reservas ocidentais encolhem e se espalha no mercado o conhecimento da ilegal manipulação de preços feita pelo Fed. É inequívoca a evidência de quantidades maciças de vendas a descoberto a serem despejadas no mercado de futuros do ouro numa altura em que a comercialização é fraca. Tornou-se óbvio que o preço do ouro está a ser manipulado no mercado de futuros a fim de proteger o valor do dólar das consequências da quantitative easing (QE).

    A outra pressão provém das loucas ameaças do regime de Obama, de sanções contra a Rússia. Outros países já não estão dispostos a tolerar o abuso de Washington quanto ao padrão dólar mundial. Washington utiliza os pagamentos internacionais com base no dólar para prejudicar as economias de países que resistem à hegemonia política de Washington.

    A Rússia e a China já estão fartas. Conforme noticiei e conforme Peter Koenig noticia, a Rússia e a China estão a desligar do dólar o seu comércio internacional. Daqui em diante, a Rússia efectuará o seu comércio, incluindo a venda de petróleo e de gás natural à Europa, em rublos e nas divisas dos seus parceiros do BRICS.

    Isto significa uma grande quebra na procura de dólares americanos e uma queda correspondente no valor cambial do dólar.

    Conforme John Williams ( shadowstats.com ) deixou claro, a economia dos EUA não recuperou dos maus tempos de 2008 e tem continuado a enfraquecer. A grande maioria da população americana há anos que está a ser fortemente pressionada pela falta de crescimento dos rendimentos. Como actualmente os EUA são uma economia dependente quanto a importações, uma queda no valor do dólar aumentará os preços nos EUA e fará baixar o nível de vida.

    Todos os indícios apontam para o fracasso económico dos EUA em 2014, e é essa a conclusão do relatório de John William, de 9 de Abril.

    Este ano também pode vir a assistir ao colapso da NATO e talvez mesmo da UE. O golpe imprudente de Washington na Ucrânia e a ameaça de sanções contra a Rússia empurraram os estados marionetes da NATO para um terreno perigoso. Washington avaliou mal a reacção na Ucrânia quando derrubou o seu governo democraticamente eleito e impôs um governo fantoche. A Crimeia separou-se rapidamente da Ucrânia e juntou-se à Rússia. Poderão seguir-se em breve outros territórios outrora russos.

    Os descontentes em Lugansk, Donetsk e Kharkov estão a exigir referendos. Os descontentes promulgaram a República Popular de Donetsk e a República Popular de Kharkov. O governo fantoche de Washington em Kiev ameaçou dominar os protestos com a violência. ( rt.com/news/eastern-ukraine-violence-threats-405/ )

    Washington afirma que as manifestações de protesto são organizadas pela Rússia, mas ninguém em Washington acredita, nem mesmo os seus fantoches ucranianos.

    Notícias na imprensa russa identificaram mercenários americanos entre as forças de Kiev enviadas para dominar os separatistas na Ucrânia oriental. Um membro da extrema-direita, o neo-nazi Partido Patriota no parlamento de Kiev defendeu que os manifestantes fossem abatidos a tiro.

    A violência contra os manifestantes provocará provavelmente a intervenção do exército russo e o regresso da Rússia aos seus antigos territórios na Ucrânia oriental que foram anexados à Ucrânia pelo Partido Comunista soviético.

    Com Washington a aventurar-se a proferir ameaças em crescendo, Washington está a empurrar a Europa para duas confrontações altamente indesejáveis. Os europeus não querem uma guerra com a Rússia por causa do golpe de Washington em Kiev e entendem que quaisquer sanções contra a Rússia, se concretizadas, serão muito mais prejudiciais para eles próprios. Na UE, a crescente desigualdade económica entre os países, o alto desemprego, e a rigorosa austeridade económica imposta aos membros mais pobres têm provocado enormes tensões. Os europeus não estão dispostos a suportar o fardo dum conflito com a Rússia orquestrado por Washington. Enquanto Washington oferece à Europa guerra e sacrifícios, a Rússia e a China propõem comércio e amizade. Washington fará os possíveis para manter os políticos europeus comprados-e-pagos e alinhados com as políticas de Washington, mas para a Europa os riscos de alinhar com Washington são agora muito maiores.

    Em muitas frentes, Washington está a surgir aos olhos do mundo como aldrabão, inconfiável e completamente corrupto. James Kidney, promotor público da Securities and Exchange Comission [SEC], aproveitou a ocasião da sua aposentação para revelar que superiores seus haviam arquivado os seus processos da Goldman Sachs e de outros "bancos demasiado grandes para falir", porque os seus patrões da SEC não estavam preocupados com a justiça mas "em arranjar empregos com altas remunerações após o seu serviço público", protegendo os bancos contra processos pelas suas acções ilegais. ( www.counterpunch.org/2014/04/09/65578/ )

    A Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional foi apanhada a tentar usar meios de comunicação sociais para derrubar o governo de Cuba. ( rt.com/news/cuba-usaid-senate-zunzuneo-241/ )

    Esta imprudência audaciosa aparece a seguir ao derrube do governo ucraniano incitado por Washington, ao escândalo da espionagem da NSA, ao relatório de investigação de Seymour Hersh de que o gás sarin na Síria foi um incidente clandestino organizado pela Turquia, membro da NATO, a fim de justificar um ataque militar dos EUA à Síria, a seguir à imposição de Washington de fazer aterrar e passar busca ao avião presidencial do presidente boliviano Evo Morales, às "armas de destruição maciça" de Saddam Hussein, à má utilização da resolução de zona de exclusão aérea da Líbia para um ataque militar, etc. etc. Essencialmente, Washington conseguiu minar de tal modo a confiança de outros países quanto ao discernimento e integridade do governo americano que o mundo perdeu a fé na liderança dos EUA. Washington está reduzido a ameaças e subornos e aparece cada vez mais como um agressor.

    Estes tiros no pé reflectiram-se na credibilidade de Washington. O pior de todos é a crescente percepção generalizada de que a louca teoria de conspiração de Washington sobre o 11/Set é falsa. Grande número de especialistas independentes, assim como mais de cem prestadores de primeiros socorros contradisseram todos os aspectos da absurda teoria da conspiração de Washington. Nenhuma pessoa esclarecida acredita que meia dúzia de árabes sauditas, que não sabiam pilotar aviões, e a funcionar sem a ajuda de qualquer agência de informações, pudesse iludir todo o estado de Segurança Nacional, não apenas as 16 agências de informações americanas, mas também todas as agências de informações da NATO e de Israel.

    Nada funcionou no 11/Set. A segurança do aeroporto falhou quatro vezes numa hora, mais falhas numa hora do que ocorreram durante as 116.232 horas do século XXI, todas juntas. Pela primeira vez na história, a Força Aérea dos EUA não conseguiu interceptar inimigos no chão e nos céus. Pela primeira vez na história, o Controlo de Tráfego Aéreo perdeu aviões comerciais durante mais de uma hora e não o comunicou. Pela primeira vez na história, incêndios de baixas temperaturas, de vida curta, nalguns pisos, provocaram o enfraquecimento e colapso de estruturas de aço maciças. Pela primeira vez na história, três arranha-céus caíram em queda livre acelerada, sem o benefício de demolição controlada que eliminasse a resistência por baixo.

    Dois terços dos americanos acreditaram nesta patranha. A esquerda acreditou porque encarou-a como uma história de oprimidos a vingarem-se do império maléfico da América. A direita acreditou na história, porque interpretaram-na como de muçulmanos diabólicos a atacar a boa América. O presidente George W. Bush exprimiu muito bem a visão da direita: "Eles odeiam-nos por causa da nossa liberdade e democracia".

    Mas mais ninguém acreditou nela, muito menos os italianos. Os italianos tinham sido informados, anos antes, de incidentes secretos, quando o seu presidente revelou a verdade sobre a secreta Operação Gládio . A Operação Gládio foi chefiada pela CIA e pelos serviços secretos italianos durante a segunda metade do século XX, para colocação de bombas que mataram mulheres e crianças europeias a fim de acusar os comunistas e, a partir daí, minarem o apoio aos partidos comunistas europeus.

    Os italianos foram dos primeiros a fazer apresentações em vídeo contestando a história bizantina de Washington sobre o 11/Set. A última desta contestação é o filme "Zero", de 1 hora e 45 minutos.

    Podem vê-lo aqui: www.youtube.com/watch?v=QU961SGps8g&feature=youtu.be

    "Zero" foi produzido pela companhia italiana Telemaco como um filme de investigação sobre o 11/Set. Nele aparece muita gente ilustre, juntamente com especialistas independentes. Em conjunto, contestam todas as afirmações feitas pelo governo dos EUA, relativas à sua explicação do 11/Set.

    O filme foi exibido no parlamento europeu.

    É impossível que alguém que veja este filme acredite numa só palavra da explicação oficial do 11/Set.
    A conclusão é que cada vez é mais difícil desmentir que elementos do governo dos EUA tenham feito ir pelos ares três arranha-céus de Nova Iorque a fim de destruir o Iraque, o Afeganistão, a Líbia, a Somália, a Síria, o Irão, e o Hezbollah, e de lançar o programa dos neoconservadores dos EUA para uma hegemonia mundial dos EUA.

    A China e a Rússia protestaram mas aceitaram a destruição da Líbia embora tenha sido em seu próprio prejuízo. Mas o Irão é uma linha vermelha. Washington ficou bloqueado, por isso decidiu provocar grandes problemas à Rússia na Ucrânia a fim de desviá-la do programa de Washington noutros locais.

    A China tem estado hesitante sobre os compromissos entre os seus excedentes comerciais com os EUA e o crescente cerco de Washington que lhe é feito com as suas bases navais e aéreas. A China chegou à conclusão de que a China e a Rússia têm o mesmo inimigo – Washington.

    Pode acontecer uma de duas coisas: ou o dólar americano será posto de lado e o seu valor entra em colapso, acabando assim com a situação de superpotência de Washington e a ameaça de Washington à paz mundial, ou Washington empurrará os seus fantoches para um conflito militar com a Rússia e a China. O resultado duma guerra dessas será muito mais devastador do que o colapso do dólar americano.
    10/Abril/2014
     
    Do mesmo autor:

  • Washington Drives The World To War. CIA Intervention in Eastern Ukraine , 15/Abril/2014

    O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Margarida Ferreira.


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
  •  
  • aqui:http://resistir.info/financas/morte_do_dolar_p.html 
  • quinta-feira, 10 de abril de 2014

    A ética do dinheiro e o dinheiro da ética (2)

    por Daniel Vaz de Carvalho [*]

    "Quando se diz que alguma coisa é importante e sensata, mas politicamente impraticável, deve compreender-se que esta é a forma mais comum de proteger um interesse socialmente adverso".
    A Sociedade Desejável, John Kenneth Galbraith, Ed. Europa América, 1999, p. 22.

    "Considerações de interesse estritamente financeiro e pessoal autorizam um pequeno grupo de indivíduos a retirar aos outros os seus meios de subsistência e a infligir ao meio natural danos consideráveis. "
    A ilusão neoliberal, René Passet, Ed. Terramar, 2002, p.155. 


    5 – O ESTADO DESPESISTA

    Um escandalo… Não, não se trata dos perdões fiscais, dos 7 ou 8 000 M€ para BPN, BPP, BANIF, ou swaps, ou dos mais de 1000 M€ ano para PPP. Os espíritos neoliberais que nada se incomodam com o aumento de riqueza dos multimilionários são muito sensíveis ao dinheiro da ética: o grande problema são as prestações sociais que em percentagem aumentaram mais que o PIB.


    Não enxergam que as prestações sociais e o investimento público são uma forma de compensar ciclos recessivos da economia capitalista. Pode dizer-se que o seu efeito foi reduzido, pois a gangrena económica do euro e dos iníquos tratados da UE minavam e minam o país: a economia foi progressivamente privatizada e entregue a monopólios anulando o que de outra forma poderia ter efeitos estruturalmente positivos.

    Para entendermos o significado em termos de degradação das condições de vida – para enriquecimento de uns quantos e maior glória da Alemanha, "über alles" – a que estas políticas conduzem, vejamos o que se esconde.

    Em 2011 as despesas de proteção social representavam na UE 19,6% do PIB; 39,9% das despesas dos Estados, (40,7% na zona euro) contra 36,7% em Portugal. As despesas em educação e saúde eram média na UE 26,9% (27,6% na zona euro) contra 24,9% em Portugal. O gasto por habitante em proteção social era na UE em 2011, 4 932 €,19,6% do PIB (5 716 € e 20,2% na zona euro) e em Portugal, 2 910 € e 18,1% do PIB! Os gastos em saúde eram na UE 1 843€, por habitante 7,3% do PIB (2 094, 7,4% na zona euro) em Portugal 1 097 € e 6,8 % do PIB. [5]

    A deformação ideológica é não querer ver que "despesas do Estado", como salários, prestações sociais, investimento público, se patriótica e corretamente aplicadas, são consumo e investimento, direto e indireto. Representam além disto um fator imaterial com vastas repercussões no futuro: o investimento social, na educação, na saúde, no desenvolvimento do mercado interno.

    Depois das pessoas serem iludidas com a eficácia do neoliberalismo e a bondade dos tratados da UE, é-lhes dito que "metade dos portugueses são asilados do Estado, à custa dos contribuintes" [6] . Afirmando que salários e prestações sociais representam um peso incomportável na despesa do Estado: 68,8% em 2013, 33,8% do PIB. Omite-se que neste montante estão englobados impostos, taxas e outros descontos que são receita.

    Mas os "contribuintes" não serão utentes dos serviços públicos? E um médico, um professor, um enfermeiro, um tratador de lixo, um engenheiro, um operário, um militar, qualquer deles com 40 anos de trabalho produtivo ou serviço, são "asilados"? É como se funcionários públicos e pensionistas não pagassem e não tivessem pago impostos. Um funcionário público que receba líquido 1 700 €, 12 meses, (um dos "ricos"!) desconta por mês mais de 45% do seu ordenado bruto. E um pensionista não anda longe disto.

    Falemos então dos verdadeiros "asilados" do Estado, os dos perdões fiscais, das dívidas de milhóes que prescrevem, dos benefícios fiscais à finança e monopolistas, dos contratos das PPP, swaps, etc., das sedes dos oligopólios nacionais que se localizam em paraísos fiscais. Pois é, "o mundo mudou"… (ver 1ª parte )

    A "insustentabilidade da segurança social" e "o Estado Social acabou" são daquelas mentiras que mesmo repetidas mil vezes não passam a ser verdade. Tudo isto tem sido rigorosamente desmontado em textos de Eugénio Rosa e em livros como "A Segurança Social é Sustentável" e "Quem paga o Estado Social". [7] A censura vigente, esconde do grande público a discussão sobre o assunto.

    Com o objetivo de desfigurar ou mesmo liquidar as funções sociais do Estado, dito numa formulação pouco rigorosa o "Estado Social", a propaganda desenvolve-se sobre a sua "insustentabilidade" e "crescimento descontrolado". Oculta-se que os fundos de pensões do sector bancário, fundos que a banca mantinha descapitalizados, foram transferidos para o OE, não para a Segurança Social, embora as verbas pagas aos trabalhadores reformados saiam da Caixa Geral de Pensões.

    Refira-se também que no período 2003/2012, a receita perdida pela Segurança Social devido à fraude, evasão e isenções, calculada com base no ganho médio mensal indicado pelo Ministério da Solidariedade e Segurança Social atingiu um total de € 34 877 milhões €, sendo em 2012, 4 172 M€. [8]

    . As despesas de educação foram e são objeto de ataques carregados de sobranceria: "resultados desastrosos", "reprodução da ignorância". É falso. Portugal só depois do 25 de Abril encarou seriamente e criou condições para a educação pública generalizada com décadas de atraso em relação aos países mais desenvolvidos. Dizer que os resultados são desastrosos é infamante para trabalhadores e alunos da escola pública, sobretudo quando se aponta como exemplo de "boa gestão" da despesa os anos 60 de século passado. É não perceber que o investimento social só tem resultados a médio e longo prazo como qualquer outro, exceto o especulativo e…o das privatizações.

    6 - FAZER O QUE ERA PRECISO SER FEITO: A AUSTERIDADE…

    Assim falavam – e falam – os propagandistas do sistema. "Se não fosse a austeridade, sentávamo-nos à sombra e não fazíamos nada". "A diferença é entre austeridade e fazer dívida". (sr. José Gomes Ferreira, 12/12/2013, SIC Noticias).

    Será mesmo? Entre 2010 e 2013, a austeridade representou 23 400 M€, a dívida aumentou 51 157,4 M€, (17 052,5 M€ por ano) o PIB decresceu em termos reais 5,2%; o défice público reduziu-se 4,9 pontos percentuais. Isto é, por cada ponto percentual de redução do défice, houve 4 775 M€ de austeridade, mais 10 440 M€ de dívida.

    Valeu a pena? Em 2012, 27,4% da população estava em risco de pobreza ou exclusão social. Em relação a 2009, mais 700 mil pessoas caíram para a linha pobreza, com base na mediana de 2009. Claro que valeu para os que em 2013 aumentaram as suas fortunas em 10 000 M€! Almeida Garrett questionava sobre quantos pobres seriam necessários para fazer um rico. As contas podem ser feitas, em 2013 os multimilionários passaram a ser mais 80…

    A razão pela qual a austeridade não funciona está à vista, mas é para continuar, assim ordenam "os países amigos" com que os devotos do "europeísmo" iludiram os portugueses, menosprezando os interesses nacionais. Talvez seja conveniente recordar dois aspetos da "coisa", na expressão causídica. Primeiro, as despesas do Estado produzem efeitos positivos quando direta ou indiretamente se refletem no sector produtivo nacional. Para isto, é preciso renegociar a dívida, promover o investimento público inclusive produtivo e ter um plano de desenvolvimento económico.

    Segundo, o salário não é em termos macroeconómicos um custo. Tem de ser analisado em termos de custos e benefícios sociais É um fator de equilíbrio económico. Há que considerar que o salário de subsistência representa o que é necessário para a reprodução da força de trabalho com melhoria das suas qualificações. O que se passa em Portugal é justamente o contrário e a troika quer que os salários se reduzam ainda mais. [9]

    Note-se que as prestações sociais representam para as famílias formas de salário indireto, daí a sua importância inclusive para a competitividade. Se as prestações sociais não forem efetuadas pelo Estado terão de ser aumentados os salários. A austeridade da troika e os tratados da UE não permitem nem uma coisa nem outra. A vantagem de ser o Estado a realiza-las, por exemplo na saúde e na educação, é a garantia de um maior nível de igualdade e oportunidades para todos os cidadãos, o que é socialmente vital.

    7 – VIVEM À CONTA DO ESTADO

    Dizer que 5 milhões de portugueses vivem à custa do Estado é um insulto à dignidade alheia. Um insulto a quem honestamente trabalhou toda uma vida. Apontar os anos 60 do século passado como exemplo de "rigor", é ter como ideal um país de miséria, opressão analfabetismo, mortalidade. Acrescente-se que segundo o INE, 10,5% dos trabalhadores com salário estão abaixo do nível de pobreza. Sem proteção social, 87% dos maiores de 65 anos seria pobre em 2012. Note-se que a referência de pobreza em 2012 é 4,8% inferior à de 2009.

    A riqueza criada só não é questionada se for para os "mercados", as pessoas não contam, estão a mais, são um mal necessário, descartáveis: emigrem ou morram mais cedo. É a estigmatização paranóica do trabalhador, prevaricador potencial, a culpabilização do desempregado, o desprezo pelo pensionista.

    Um salário não é uma retribuição, apesar de injusta e insuficiente, pelo valor criado, veem-no como uma espécie de esmola retirada ao lucro. Os direitos dos trabalhadores são "privilégios" a anular "por uma questão de justiça e igualdade" ou porque "os tempos mudaram" e "já não existem condições". Mas os privilégios dos oligarcas nunca são contestados. É esta a essência do fascismo e do seu "ersatz" (sucedâneo, substituto) neoliberal. Diz-se que quando entrámos para o euro devíamos ter desde logo feito "as reformas". O empobrecimento do país e das pessoas, para o enriquecimento de uma minoria, mostra em que consistem.

    Sem prestações sociais, em 2012, quase metade da população ficaria em risco de pobreza (46,9%), mesmo com prestações sociais 1 milhão de pessoas está em condições de severa privação material. Em relação à mediana de rendimentos de 2009, 2,6 milhões de pessoas estão em condições de pobreza. Perante isto, o ministro CDS da "Solidariedade Social" oferece confrangedores delírios retóricos para esconder a sua não existência.

    Para salvar o que o PR disse sobre 20 anos (ou mais) de austeridade o sr. Camilo Lourenço, afirma que depois de aplicada austeridade até 2017 (uns 7,5 ou 8 mil M€ em quatro anos) "podemos seguir em velocidade de cruzeiro" e "temos a sorte acrescida de estarmos sob fiscalização externa" (RTP Informação, 31/03/2013, programa 360º). Pasme-se da verve destes "nacionalistas". Mas é falso, o que teríamos nesta "velocidade de cruzeiro" seria um país de pobreza estrutural, empobrecendo para não ter défices e a pagar dívidas para sempre. É a realidade dos países de exploração e miséria, sacrificados pelo capital-imperialismo, apesar de, muitos deles, com "crescimento e emprego"…

    A política de direita, a política do euro e da "Europa connosco" falhou e continuará a falhar. É incapaz de assegurar segurança, níveis de vida humanamente adequados, progresso social, desenvolvimento económico. A propaganda semeia ilusões, para impedir uma política de soberania nacional e depois serve-se do resultado dessas mesmas ilusões para destruir o que de progressista exista na sociedade.

    Não querem que se questione o euro e os tratados da UE porque pode "traumatizar" os mercados. Algo perante o qual o primeiro-ministro treme como varas verdes. A tese é: o problema é só nosso, por "falta de disciplina" e "Estado Social". O representante do FMI em Portugal considera que o consumo dos portugueses é excessivo. Deve como a sua "boss" achar um exagero não estarmos ao nível do Uganda.

    O sr. Medina Carreira considerava em 2007, que seria necessário que na despesa do Estado os salários não ultrapassassem 10% do PIB e as prestações sociais, 16%. Em 2013 este total representou 33,8% do PIB um total de 55 900 M€, pelo que seria necessário aplicar mais 12 900 M€ de austeridade. Ao que parece as consequências humanas e económicas não pesam nesta lógica. A compreensão pelo que se passa no mundo pode verificar-se por se considerar casos de "comportamentos muito positivos" a Grécia, a Irlanda, a Espanha, além dos "progressos notáveis" dos países do Leste europeu. [10] A miséria humana trazida pelo crime organizado, vulgo máfias, estará certamente incluída neste "progresso".

    As teorias económicas vigentes procuram iludir e culpabilizar o comum dos trabalhadores, responsabilizando os seus direitos, a própria democracia, pela crise. A origem da crise está na desregulação económica e financeira, nas distorções da fiscalidade, na desigualdade da repartição do rendimento nacional. São consequências da falência do sistema capitalista-imperialista.

    Eliminar as causas da crise implica a superação deste modelo económico e social. Entre nós as soluções podem ser encontradas no espírito antimonopolista e antifascista do 25 de Abril, cujos 40 anos comemoramos.

     

    Notas
    5- Eurostat statistics in focus – 9/2013
    6- O dever da Verdade, Medina Carreira, Ricardo Costa, Dom Quixote, p. 41 ou 37, 104,126, sobre o "Estado asilo".
    7- "A Segurança Social é Sustentável" e "Quem paga o Estado Social", vários, coordenação de Raquel Varela, Bertrand Editora.
    8- Há alternativas ao corte brutal da despesa pública essencial que o governo e "troika"pretendem fazer, Eugénio Rosa, www.odiario.info/b2-img/H_alternativa.pdf
    9- Tenth review under the extended arrangement and request for waivers of applicability of end December performance criteria , staff report; p.21, 24, 32, 34, etc.; FMI / Troika: prosseguir a destruição do país , Daniel Vaz de Carvalho,
    10 - O dever da Verdade, obra citada, p. 80 e 47.

    A primeira parte deste artigo encontra-se aqui .

    [*] Autor de "Girassóis", uma saga de antes, durante e depois do 25 de Abril. A obra pode ser obtida na secção livros para descarregamento .


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
       
     

    A ética do dinheiro e o dinheiro da ética (1)

    por Daniel Vaz de Carvalho [*]

    "Não está no poder dos ricos fornecer aos pobres ocupação e pão e consequentemente os pobres pela própria natureza das coisas não têm obrigação de lhos pedir. Os pobres não têm quaisquer direitos a serem mantidos".
    R. Malthus. História das Ideias Políticas, J. Touchard, Ed. Europa-América, T II, p. 198.

    Mas quê, meu Jacinto! A tua Civilização reclama insaciavelmente regalos e pompas que só obterá, nesta amarga desarmonia social, se o Capital der ao Trabalho, por cada arquejante esforço, uma migalha ratinhada. (…) E um povo chora de fome, e da fome dos seus pequeninos, para que Jacintos, debiquem bocejando, sobre pratos de Saxe, morangos gelados em champanhe e avivados de um fio de éter.
    A Cidade e as Serras, Eça de Queiroz, Ed. Círculo de Leitores, p. 76

    Agradecimento.
    Ao Exmo. Sr. Dr. Medina Carreira pelo valioso contributo prestado pelos seus escritos e dissertações televisivas para a elaboração deste texto.  

    1 – OTIMISMO E PESSIMISMO

    O sr. Medina Carreira (MC) é considerado um pessimista. Mário Soares qualificou-o de "cassandra" (profetiza da desgraça de Troia). Acho justamente o contrário. O sr MC é um otimista: o mais panglossiano que possamos imaginar. Para Pangloss, com o qual Voltaire ridicularizava as teses de Leibnitz, no mundo embora exista o mal, este é compensado por um bem sempre maior, superior ao de qualquer outro mundo possível, este é portanto o melhor dos mundos possíveis e o mal que contém não é argumento contra a bondade de Deus. Substitua-se Deus pelo mercado (é o novo deus ao qual querem que a humanidade se curve) e eis-nos na ética atual. O argumento satisfez totalmente a nobreza do passado, tal como satisfaz hoje a oligarquia e seus epígonos.

    O sr. MC tem uma vantagem sobre os comentadores-propagandistas que pululam como cogumelos sobre matéria apodrecida: é sincero, diz muito honestamente o que pensa ao contrário de outros cuja missão é passar ilusões e adormecer consciências. Isto não impede que no essencial exiba um conservantismo social extremo e uma arrogância própria da nobreza reacionária de outros tempos.

    2 - CONSERVADORES E REACIONÁRIOS

    Um conservador diz: "Assim deveriam ser construídas as sociedades em tempo de paz: uma força esmagadora e opressiva da parte da classe dominante, inumeráveis objeções à utilização de qualquer parte dessa autoridade". [1] Um reacionário suprime a segunda parte da frase.

    Um conservador dirá: "fico satisfeito por ter tido a minha parte de responsabilidade em toda aquela estrutura de pensões e seguros especialmente pensada para elas" [1] (mulheres velhas e pobres). Um reacionário dirá que não há dinheiro para o "Estado Social", que isso acabou, que pobres e pensionistas são o estigma do Estado "asilo", enfim "o mundo mudou".

    Para o reacionário, sindicatos, direitos laborais, normas constitucionais, são "privilégios", "obstáculos ao progresso", como já foram "forças de bloqueio" ou, na visão do sr César das Neves, "os poderes" que obviamente é preciso abater, como a troika mais ordena, já não é o povo, para o…"progresso", este entendido como o poder absoluto da classe dominante: a oligarquia monopolista e financeira.

    O reacionário dirá: a economia não tem nada que ver com conceitos morais. Claro que não, se assim o definirem à partida… Mas do que querem falar não é de ciência económica e sim de econometria – "ciência" de manipulação de dados económicos. Porém quando se trata de países, de nações, o que tem de se considerar é a economia política e aqui sim, é a ética, ou a falta dela, que conduz a gestão económica.

    3 – O MUNDO MUDOU

    Ao usar-se o argumento de que o mundo mudou para justificar todas as iniquidades, está-se à partida a afastar a ética da discussão.

    Desde o final da Idade Média (para não ir mais longe) que o mundo está sempre em mudança. E esta mudança sempre se fez limitando o poder dos poderosos, fosse pelos títulos nobiliárquicos, fosse pelo dinheiro. Para o reacionário a "mudança" é o retorno ao passado, instituir sem "objeções" a "força esmagadora e opressiva da classe dominante". Isto é, destruir o presente, substitui-lo pelo passado, impedir o progresso a que humanamente cada pessoa aspira e tem direito.

    Com a tese, que tudo pretende justificar, "o mundo mudou, é como é" e tudo o que fizermos para o contrariar só piora, nunca teríamos tido Erasmo, Giordano Bruno, Galileu, o "nosso" Espinosa, Hobbes, Helvetius, Voltaire, Montesquieu, Diderot. Viveríamos ainda com o "direito divino dos reis" de Bossuet ou Robert Filmer, a jornada de trabalho seria de 14 ou 16 horas, vigoraria a lei Chapelier, que criminalizava a formação de sindicatos.

    Se o mundo mudou para melhor não foi porque nobres ou banqueiros fizessem alguma coisa por isso, foi porque o povo (artesãos e comerciantes juntos com o proletariado) lutou e porque intelectuais progressistas lhes mostraram as vias do progresso humano e os acompanharam nas suas lutas, como Owen, Hodgskin, Fourrier, Sain-Simon, Marx, Engels, entre tantos outros, não esquecendo os artistas.

    O que importa é questionar, como seres racionais e gregários, se o mundo mudou para melhor coletivamente ou se foi para pior. E se não se fizer esta pergunta cai-se no campo do amoralismo – para alguns do oportunismo.

    Uma simples digressão pela História europeia mostraria como os países não se engrandeceram sujeitando-se ao poder temporal da burocracia da Cúria Romana, ao poder de Carlos V e Filipe II, da Santa Aliança, dos nazis. Nem os portugueses teriam sido o que são se não lutassem contra Castela, contra o fascismo, pela sua liberdade.

    Diz-se que o Estado perdeu instrumentos de intervenção económica, que as soluções keynesianas estão esgotadas. É tomar como axioma a conclusão a que se quer chegar. É recusar uma avaliação qualitativa de uma situação social e sociológica.

    Além do mais é falso. O Estado, submetido ao neocolonialismo da UE dominada pela Alemanha, usa os poderes de intervenção no sentido de proteger a especulação e desregulação financeira, a dependência dos mercados, com Bancos Centrais a funcionarem ao serviço da finança privada, colocando os povos à sua mercê. Não, "o mundo não é o que é", o mundo está a ser o que as oligarquias querem que seja.

    4 - ÉTICA E ECONOMIA

    Dizia o ministro Pires de Lima que a trajetória de crescimento económico do país se traduzirá em melhores condições de vida dos portugueses e que os empresários não precisam de estar à espera do governo para melhorar salários.

    Assim fala um ministro de um governo que se comprometeu com a troika a garantir que com a redução do desemprego não aumentam os salários, a encorajar a flexibilidade salarial e – sem pejo – reduzir incentivos para contestar demissões individuais em tribunal. "Estas propostas serão discutidas na 11ª avaliação". [2]

    Que dizer em termos políticos? Inconsciência, ignorância ou hipocrisia? Enfim, esta é a ética do dinheiro. Se nos dizem que a "economia é cega e surda" para que serve a política? E qual o lugar da ética? Não, a economia só não vê nem ouve as desigualdades, nem a injustiça fiscal, submetida aos dogmas neoliberais, em que "os ricos nunca são demasiado ricos para investir, nem os pobres demasiado pobres para trabalhar mais", como bem disse John Kenneth Galbraith.

    Se um Estado em nome da dita "economia" ignora ou compromete o futuro dos seus jovens, despreza os seus idosos tratando-os como parasitas do "Estado asilo", deixou de ser o garante da felicidade coletiva, como aspiravam os primeiros liberais, o garante do contrato social e da igualdade, como proclamava o iluminismo do século XVIII, passou a ser um opressor ao serviço de interesses espúrios.

    A economia política, que deveria traduzir o conceito social e agregador do Estado, é mascarada com uma escolástica neofascista baseada nos ditames ideologicamente pervertidos e desumanizados do neoliberalismo, para eliminar os conceitos e as práticas da democracia real e, entre nós, do espírito do 25 de Abril.

    5 – NÃO HÁ DINHEIRO?

    Se o "mundo é o que é" nunca há dinheiro. A questão é saber para quem. Dizer que não há dinheiro, pode parecer uma evidência quando é repetida à exaustão pelos teólogos neoliberais. Porém, é uma evidência do tipo segundo a qual é o Sol que se move à volta da Terra. A questão é: para onde vai o dinheiro, como é distribuído?

    Se não há dinheiro como é que, em 2013, 870 multimilionários deste país aumentaram as suas fortunas em 11,1%, atingindo 100 mil milhões de euros? A pobreza e o desemprego efetivo aumentaram, a recessão continuou e o investimento regrediu.

    O "sucesso" de "estar a ser feito o que tinha de ser feito" avalia-se pelo facto da pobreza atingir em 2012, 24,7% da população em relação ao nível de 2009; 661 694 pessoas tinham prestações em atraso; 15% das famílias corria o risco de ficar sem nada por dívidas. Depois disto a situação só terá piorado.

    Para se ter uma perceção para onde vai o dinheiro, podemos verificar com base nos relatórios do Banco de Portugal que o saldo do que sai do país em juros privados, dividendos, lucros e transferências com a UE atingiu de 2000 a 2013 (inclusive) um total de cerca de 11 mil milhões de euros, isto é, em média cerca de 715 M€, porém de 2007 a 2013, atinge o dobro, mais de 1 400 M€ por ano. [3]

    A estes valores devemos somar os juros pagos pelo Estado: entre 2000 e 2013, 69 500 M€, uma média de mais de 4 600 M€ ano, agravando-se nos três anos de "ajuda" da troika para 7 100 M€. Note-se que desde a entrada para o euro em 2000, os défices do Estado acumulados atingiram 118 200 M€, o Estado pagou de juros 69 500 M€, porém a dívida pública passou de 61 500 para mais de 210 500 M€! Chamam a isto "ajustamento". É tão só o processo aplicado em países sujeitos ao neocolonialismo.

    6 – CORTAR NA DESPESA…

    …E não aumentar impostos, proclamam propagandistas da austeridade. Para estes "cortar na despesa" é reduzir salários da função pública e prestações sociais do Estado, ao mesmo tempo que com o aumento de impostos e taxas cresce a pobreza e se destroem as camadas médias. Eis o que é repetido à exaustão, pois não há alternativa. A CGTP e os partidos à esquerda do PS têm apresentado propostas de cortes na despesa sem causar austeridade. Alguém as viu serem apresentadas e discutidas na comunicação social?

    Vejamos. A renegociação da dívida permitiria libertar 5 600 M€ (Paulo Sá, PCP, na AR em 22/11/2013); em 2013 foram entregues por conta das swap 1 008 M€ existindo 1 200 M€ de perdas potenciais neste instrumento financeiro que o Supremo Tribunal de Justiça confirmou ser uma dívida ilegítima. Em 2012 os benefícios fiscais às SPGS, escondidos pelo governo, mas revelado pelo Tribunal de Contas, ascenderam a 1 045 M€.

    Relativamente ao orçamento de 2014 a CGTP elaborou um estudo em que sem a conhecida "austeridade" poderia haver um aumento de receita do Estado de 10 313,5 M€. Tratava-se nomeadamente de tributar o grande capital, grandes lucros, as transferências financeiras, progressividade do IRC. O documento previa também um desagravamento fiscal sobretudo sobre o IRS e o IVA permitindo aumentar o rendimento disponível das famílias em 3.482,4 M€, ou seja, um saldo de 6.831,1 M€. [4]

    Mesmo que apenas 80% daquele montante se concretizasse, não seria necessária mais austeridade em 2014, seria possível para repor o que foi anteriormente cortado ("roubado") e concretizar investimento público produtivo. Em abril de 2013 também a CGTP tinha elaborado um estudo com um aumento da receita (então 10 198 M€) e redução da despesa, no valor de 10.373 M€, com poupança nos juros da dívida, eliminação da sobretaxa da "ajuda" da troika (1.744,9 M€), eliminação de potenciais perdas do Estado com o BPN, eliminação dos benefícios fiscais e da dedução de prejuízos no sector financeiro, redução da TIR das PPP rodoviárias. [4]

    Perante tudo isto, o que perturba os que "falam verdade", são os "asilados do Estado": os funcionários públicos e os que têm direito a pensões e outras prestações sociais. Trata-se de uma total insensibilidade não entendendo que o que dizem é um insulto à dignidade de quem trabalha ou trabalhou toda a vida. É esta a ética do dinheiro e o dinheiro da ética.
     
    Notas
    1- Os meus primeiros anos, Winston Churchill, Ed Guerra e Paz, p. 142 e 82
    2- Tenth review under the extended arrangement and request for waivers of applicability of end December performance criteria , staff report; p. 23, 25, 21, 24, 32, 34, etc. ; FMI / Troika: prosseguir a destruição do país , Daniel Vaz de Carvalho,
    3- Com base em dados elaborados por Carlos Carvalhas para um colóquio sobre a renegociação da dívida, na AR, promovido pelo PCP, segundo Relatórios do Banco de Portugal.
    4 - Propostas da CGTP-IN Para a Política Fiscal, Por uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza, Contra a Exploração e o Empobrecimento, 25 de Outubro de 2013; Propostas da CGTP in Contra a Exploração e o Empobrecimento, Abril 2013.


    [*] Autor de "Girassóis", uma saga de antes, durante e depois do 25 de Abril. A obra pode ser obtida na secção livros para descarregamento .

    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

    aqui:http://resistir.info/v_carvalho/etica_do_dinheiro_1.html

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