quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

ANO FATAL PARA A UNIÃO EUROPEIA

Breve perfil científico e político de Einstein


por Jorge Rezende [*]
 
De Albert Einstein (1879, Ulm, Alemanha – 1955, Princeton, EUA) aquilo que todos sabem é que formulou a teoria da relatividade, que foi um dos maiores cientistas de sempre e pouco mais. Mas Einstein publicou mais de 300 artigos científicos e de 150 artigos sobre outras matérias. Relembremos apenas alguns dos seus resultados mais importantes.

Produção científica

Em 1905, o seu ano "annus mirabilis", publicou quatro artigos fundamentais sobre o efeito fotoeléctrico (sugere que a energia é apenas trocada em pequenas quantidades, "quanta", o que levou ao desenvolvimento da mecânica quântica), o movimento browniano (explicava o resultado experimental da teoria atómica), a relatividade especial (baseado no conhecimento experimental de que a velocidade da luz é finita) e a equivalência entre a massa e a energia (E = mc², que esteve na base da energia nuclear) que o tornariam famoso.

Entre 1907 e 1915, desenvolveu a relatividade geral segundo a qual a atracção gravitacional entre massas resulta da deformação do espaço e do tempo provocada por essas massas, o que se revelou muito importante no desenvolvimento da astrofísica. Em 1919, na ilha do Príncipe, Arthur Eddington, por ocasião de um eclipse solar, verificou experimentalmente a curvatura da luz em volta do sol, confirmando assim a previsão de Einstein.

Em 1921 recebeu o prémio Nobel da Física, não pela teoria da relatividade, que ainda era controversa, mas pelos seus "serviços na física teórica", com destaque para a descoberta da lei do efeito fotoeléctrico.

Einstein trabalhou ainda na teoria da radiação, mecânica estatística, na construção de teorias do campo unificado, na interpretação probabilística da teoria quântica, em probabilidades de transição atómicas, na cosmologia relativista, etc.

Percurso

Quando o pequeno Albert tinha seis semanas a família mudou-se para Munique. Mais tarde, os pais foram para Itália e Einstein foi estudar para a Suíça, onde, em 1896, se inscreveu na Escola Politécnica Federal, em Zurique, para vir a ser professor de Física e Matemática. Em 1901 terminou o curso e adquiriu a nacionalidade suíça. Não encontrando lugar como professor, foi trabalhar para o Instituto Suíço de Patentes, em Berna. Foi aí que ele produziu muito do seu notável trabalho inicial. Em 1905 obteve o doutoramento. Em 1908, foi designado "Privatdozent" em Berna. Em 1909 foi nomeado Professor Extraordinário em Zurique, e em 1911 e 1912 tornou-se Professor de Física Teórica, primeiro em Praga e depois em Zurique. Em 1914 foi nomeado director do Instituto Kaiser Guilherme e Professor da Universidade de Berlim, tendo readquirido a nacionalidade alemã. Quando, no início de 1933, Hitler subiu ao poder, Einstein estava nos EUA, nunca mais regressando à Alemanha e renunciando, mais uma vez, à nacionalidade. Acabou por aceitar a posição de Professor de Física Teórica em Princeton, EUA.

Uma Europa em ebulição

Einstein dedicou também a vida a uma intensa actividade social tendo sido um militante do pacifismo, dos direitos humanos e da luta contra a segregação racial. Uma pergunta óbvia se coloca: o que esteve na origem da sua actividade política tantas vezes ignorada nas suas biografias?

Para nos situarmos bem no espaço e no tempo, notemos que Einstein tinha 4 e 16 anos, quando morreram os seus compatriotas Marx e Engels. No seu tempo, na Europa, imperavam os nacionalismos, o militarismo e o racismo (com a perseguição aos judeus, e não só) e circulavam revolucionários de todas as nacionalidades.

Einstein foi estudar para a Suíça com 15 anos, em parte devido à sua aversão ao militarismo alemão. Em Zurique, frequentava o Café Odeon por onde passaram também revolucionários russos como Alexandra Kollontai (1898), Trotsky (1914) e, mais tarde, Lénine (1916-1917) e muitas outras personalidades históricas. Kollontai foi contemporânea de Einstein em Zurique, mas Lénine não. Lénine passava pelo Odeon para ler avidamente os jornais nas vésperas da revolução de Outubro. De Lénine diria, anos mais tarde, a propósito de 5.º aniversário da sua morte: "Em Lénine eu admiro um homem que, em total sacrifício da sua própria pessoa, dedicou toda a sua energia a realizar a justiça social. Eu não acho os seus métodos aconselháveis. Todavia, uma coisa é certa: homens como ele são os guardiões e renovadores da consciência da humanidade".

O pacifismo de Einstein revelou-se, mais uma vez, quando, em 1914, 93 proeminentes intelectuais alemães (incluindo Max Planck) assinaram o manifesto de apoio inequívoco às acções militares no início da I Guerra Mundial: ele e mais três responderam com um contra-manifesto. Na Europa, Einstein participou em muitas outras iniciativas pacifistas tais como o congresso da "Liga contra o Imperialismo", em 1927.

Quando foi trabalhar para Berlim, Einstein, pelo facto de ser judeu, sofreu ameaças e humilhações de origem nazi, o que acabou por robustecer as suas convicções sociais e políticas e influenciar a sua acção futura.

A bomba atómica

Em 1939, instado por Leó Szilárd, Einstein escreveu uma carta ao presidente Roosevelt prevenindo-o de que os alemães estavam a planear desenvolver uma nova e destruidora arma, a bomba atómica; havia a informação de que, em 1938, em Berlim, cientistas tinham conseguido a fissão nuclear. Essa iniciativa veio dar origem ao "projecto Manhattan" que levaria à construção, pelos EUA, das primeiras bombas com as trágicas consequências que se conhecem. Curiosamente, Einstein nunca conseguiu a credencial para poder trabalhar nesse projecto por constituir um "risco para a segurança", e os cientistas que aí trabalhavam foram proibidos de o consultar por ser um activista de esquerda. Einstein veio a arrepender-se de ter escrito a carta. Entrevistado pela revista Newsweek, disse "tivesse eu sabido que os alemães não conseguiriam desenvolver uma bomba atómica, nada teria feito".

Israel

Num discurso em Nova Iorque, em 1938, Einstein disse: "Eu prefiro um razoável entendimento com os árabes na base de viverem juntos em paz do que a criação de um estado judaico. O meu entendimento da natureza essencial do judaísmo resiste à ideia de um estado judaico com fronteiras, um exército, e um poder temporal nem que seja modesto. Tenho receio do dano interno que o judaísmo venha a suportar – especialmente devido ao desenvolvimento de um nacionalismo mesquinho dentro das nossas próprias fileiras, contra o qual já tivemos que lutar firmemente mesmo sem um estado judaico… Se necessidades externas finalmente nos compelirem a assumir esse fardo, suportemo-lo com tacto e paciência." Contudo, ele não se manteve rigorosamente fiel a estas ideias o que se compreende à luz dos acontecimentos subsequentes, independentes da sua vontade. A Palestina foi dividida em 1947 pelas Nações Unidas e daí resultou a criação de Israel (coisa a que Einstein se tinha oposto em 1938), o que conduziu à guerra na região. Einstein e outros criticaram firmemente o massacre de Deir Yassin, em carta aberta ao New York Times, perpetrado pelo partido de Menachem Begin, Herut, equiparando-o aos "partidos nazis e fascistas" (Menachem Begin viria a ser primeiro ministro de Israel entre 1977 e 1983…). Em Maio de 1948 Israel tornou-se independente e Einstein declarou que se tratava da "realização dos nossos [dos judeus] sonhos". Quando, em 1952, lhe foi oferecida a presidência de Israel, Einstein, polidamente, recusou.

A luta contra o racismo

Para Einstein, que tinha sofrido humilhações racistas na Europa, a sua fixação em Princeton, foi um deslumbramento. Mas depressa verificou que aquilo que sucedia aos judeus na Alemanha nessa época (no início dos anos 1930), via ele então acontecer aos negros nos EUA.

'. Einstein conheceu Paul Robeson, o famoso cantor e actor conhecido pelas suas simpatias comunistas, em 1935, quando este foi cantar a Princeton e o cientista o foi saudar aos bastidores. A amizade entre os dois durou vinte anos. Ambos apoiaram as forças republicanas contra o golpe fascista (seguido da guerra apoiada por Hitler e Mussolini) do general Franco em Espanha. Ambos integraram a "Cruzada Americana contra o Linchamento" (ACAL) organização constituída na sequência dos assassinatos de soldados americanos negros regressados da II Guerra Mundial.

Em 1937, quando a contralto Marian Anderson foi dar um concerto a Princeton e não encontrou alojamento por ser negra, foi convidada por Einstein a pernoitar em sua casa. Assim continuou a ser daí em diante, mesmo depois de ter acabado a segregação nos hotéis.

Einstein raramente aceitava honrarias, mas, em 1946, deslocou-se à Universidade de Lincoln, na Pensilvânia, a primeira nos EUA a conferir diplomas a negros, para receber um grau honorário. Aí discursou afirmando que o racismo era uma "doença dos brancos" e acrescentou "não tenciono ficar quieto a propósito disso".

Quando, em 1951, W.E.B. Du Bois, sociólogo e historiador, fundador da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), foi acusado de ser um "agente soviético" por um "grande júri" federal, Einstein prontificou-se para ser sua primeira testemunha e, por esse motivo, a meio do julgamento, o juiz deixou cair a acusação.

A firme oposição de Einstein ao racismo não o deixou intimidar pelo ambiente ferozmente anticomunista nos EUA na época e, consequentemente, não só defendeu os seus amigos Robeson e Du Bois, como apoiou campanhas (organizadas pelo Congresso dos Direitos Cívicos (CRC)) para salvar as vidas de negros rapidamente condenados à morte por tribunais constituídos só por brancos tais como Willie McGee, os seis de Trenton e outros.

A luta contra o Macartismo

Carta a Corliss Lamont. Em 1952, Paul Robeson entrou para a lista negra do senador McCarthy. Foi proibido de dar concertos e foi-lhe retirado o passaporte e assim impedido de refazer a sua vida no estrangeiro tendo o seu rendimento descido 90%. Como gesto público de solidariedade, Einstein, ainda que doente, convidou-o a ir a sua casa, depois de almoço, o que representava obviamente um desafio à autoridade. Robeson apareceu acompanhado por Lloyd L. Brown, um sindicalista americano, pertencente ao Partido Comunista, que veio a ser biógrafo do cantor. Passaram toda a tarde a discutir os assuntos que os apaixonavam: ciência, música e política. Brown, que conta o episódio, relata que a determinada altura em que Robeson se ausentou, disse para Einstein que era para ele uma grande honra estar ali na presença de um grande homem, ao que este replicou: "mas foi você que trouxe o grande homem".

Quando William Frauenglass, em 1953, professor de liceu em Nova Iorque, foi chamado a depor no período da "caça às bruxas", recusou e, como daí resultaria a sua demissão, escreveu a Einstein pedindo-lhe apoio. Este respondeu-lhe em carta aberta publicada na primeira página do New York Times (entre parêntesis rectos, uma parte não incluída no jornal mas publicada mais tarde):
"O problema com o qual os intelectuais deste país estão confrontados é muito sério. Os políticos reaccionários conseguiram instilar no público a suspeição sobre todas as actividades intelectuais agitando um perigo vindo do estrangeiro. Tendo sido bem sucedidos, pretendem agora suprimir a liberdade de ensinar e privar dos seus postos de trabalho todos aqueles que se mostrem insubmissos, i.e., matá-los à fome. O que deve fazer a minoria de intelectuais contra este mal? Francamente, eu só vejo a maneira revolucionária da não cooperação no sentido de Gandhi. Todo o intelectual que seja chamado perante uma das comissões deve recusar-se a depor, i.e., tem que estar preparado para ser preso e ficar arruinado economicamente, o que significa o sacrifício do seu bem-estar pessoal no interesse do bem-estar cultural deste país. [Todavia] esta recusa a depor [não] deve ser baseada [no conhecido subterfúgio de invocar a Quinta Emenda contra uma possível auto incriminação mas] na posição de que é vergonhoso para um inocente cidadão submeter-se a tal inquisição e que esta espécie de inquisição viola o espírito da constituição. Se muitas pessoas estiverem dispostas a dar este passo, serão bem sucedidas. Caso contrário, os intelectuais deste país nada melhor merecem do que a escravatura que lhes é destinada."
Pouco tempo depois, outra testemunha que se recusou a depor, Al Shadowitz, alegou que estava "a seguir o conselho do Doutor Einstein". As recusas passaram a ser frequentes até que, em finais dos anos 1950, o Supremo Tribunal pôs fim ao Macartismo, embora a sua sombra se estenda até à actualidade.

Desde 1932, antes da fixação de Einstein nos EUA, até à data da sua morte, o FBI organizou um ficheiro que atingiu 1800 páginas. O seu telefone foi posto sob escuta, as suas cartas abertas, o lixo vasculhado. Ainda hoje (2015) o FBI diz que os seus "agentes investigaram a vida do famoso cientista Albert Einstein devido à sua associação com alguns grupos testa-de-ferro dos comunistas e as ligações da sua secretária com a inteligência soviética na Alemanha nos anos 1930". Diga o FBI o que quiser. Einstein, além de ser um genial cientista, limitou-se a praticar o seu próprio programa: desenvolver um alto "sentido de responsabilidade pelos outros homens, em lugar da glorificação do poder e do sucesso na nossa sociedade actual".

A citação que finaliza este artigo foi retirada do texto de Albert Einstein "Porquê o Socialismo?", saído no primeiro número da Monthly Review, de Maio de 1949, do qual O Militante publica um excerto assinalando o centenário da Teoria da Relatividade Geral [NR] .
Porquê o Socialismo?

"(...) Cheguei agora ao ponto em que posso indicar brevemente o que para mim constitui a essência da crise do nosso tempo. Diz respeito à relação do indivíduo com a sociedade. O indivíduo tornou-se mais consciente do que nunca da sua dependência da sociedade. Mas não experimenta esta dependência como um bem positivo, como um laço orgânico, como uma força protectora, antes como uma ameaça aos seus direitos naturais, ou até à sua existência económica. Além disso, a sua posição na sociedade é tal que os impulsos egoístas da sua constituição estão constantemente a ser acentuados, enquanto os seus impulsos sociais, que por natureza são mais fracos, se deterioram progressivamente. Todos os seres humanos, qualquer que seja a sua posição na sociedade, sofrem este processo de deterioração. Inconscientemente prisioneiros do seu próprio egoísmo, sentem-se inseguros, sós e privados do inocente, simples e desafectado gozo da vida. O homem só pode encontrar sentido na vida, curta e arriscada como é, dedicando-se à sociedade.

A anarquia económica da sociedade capitalista como existe hoje é, na minha opinião, a verdadeira fonte do mal. Vemos diante de nós uma enorme comunidade de produtores cujos membros se empenham sem cessar em privar-se uns aos outros dos frutos de seu trabalho colectivo – não pela força, mas no seu conjunto em fiel cumprimento de regras legalmente estabelecidas. A este respeito, é importante apercebermo-nos de que os meios de produção – quer dizer, toda a capacidade produtiva que é necessária para produzir bens de consumo, assim como bens de capital adicionais – podem legalmente ser, e na sua maior parte são, propriedade privada de indivíduos.

Por uma questão de simplicidade, na discussão que se segue chamarei "trabalhadores" todos aqueles que não partilham a propriedade dos meios de produção – embora isso não corresponda inteiramente ao uso costumeiro do termo. O proprietário dos meios de produção está em posição de comprar a força de trabalho do trabalhador. Usando os meios de produção, o trabalhador produz novos bens que se tornam propriedade do capitalista. O ponto essencial deste processo é a relação entre aquilo que o trabalhador produz e aquilo que lhe pagam, num caso e noutro medidos em termos de valor real. Na medida em que o contrato de trabalho é "livre", aquilo que o trabalhador recebe é determinado não pelo valor real dos bens que produz mas sim pelas suas necessidades mínimas e pelos requisitos de força de trabalho dos capitalistas em relação ao número de trabalhadores que competem por empregos. É importante compreender que mesmo em teoria o pagamento do trabalhador não é determinado pelo valor do seu produto.

O capital privado tende a ficar concentrado em poucas mãos, em parte devido à concorrência entre os capitalistas e em parte porque o desenvolvimento tecnológico e a crescente divisão do trabalho encorajam a formação de unidades de produção maiores, em prejuízo das mais pequenas. O resultado desses desenvolvimentos é uma oligarquia do capital privado, cujo enorme poder não pode ser eficazmente controlado nem sequer por uma sociedade política democraticamente organizada. Isto é verdade, uma vez que os membros dos corpos legislativos são seleccionados por partidos políticos, largamente financiados ou de algum outro modo influenciados por capitalistas privados que, para todos os efeitos práticos, separam o eleitorado da legislatura. A consequência é que os representantes do povo de facto não protegem de modo suficiente os interesses dos sectores menos privilegiados da população. Além disso, nas condições actuais os capitalistas privados inevitavelmente controlam, directa ou indirectamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É assim extremamente difícil, e de facto na maioria dos casos perfeitamente impossível, ao cidadão individual chegar a conclusões objectivas e fazer uso inteligente dos seus direitos políticos.

A situação existente numa economia baseada na propriedade privada do capital é assim caracterizada por dois princípios centrais: primeiro, os meios de produção (capital) são de propriedade privada, e os proprietários dispõem deles como acham melhor; segundo, o contrato de trabalho é livre. É claro que não existe sociedade capitalista pura neste sentido. Em especial, é preciso registar que os trabalhadores, através de longas e amargas lutas políticas, conseguiram assegurar uma forma um tanto melhorada do "livre contrato de trabalho" para certas categorias de trabalhadores. Mas, tomada em seu conjunto, a economia actual não difere muito de um capitalismo "puro".

A produção é realizada com a finalidade do lucro, não com a do uso. Não está assegurado que todos aqueles que são capazes e desejam trabalhar consigam sempre achar emprego; existe quase sempre um "exército de desempregados". O trabalhador vive constantemente no receio de perder o emprego. Uma vez que os desempregados e os trabalhadores mal pagos não constituem um mercado lucrativo, a produção de bens de consumo é restringida, o que tem por consequência grandes sofrimentos. O progresso tecnológico resulta frequentemente em mais desemprego e não num alívio da carga de trabalho para todos. O lucro como motivação, conjugado com a concorrência entre os capitalistas, é responsável por uma instabilidade na acumulação e utilização do capital que conduz a depressões cada vez mais severas. A concorrência ilimitada conduz a um gigantesco desperdício de trabalho e também àquela deformação da consciência social dos indivíduos que mencionei anteriormente.

Considero essa deformação dos indivíduos o pior dos males do capitalismo. Todo o nosso sistema educativo sofre desse mal. Uma atitude competitiva exagerada é inculcada no estudante, que, como preparação para a sua futura carreira, é treinado para idolatrar o êxito aquisitivo.

Estou convencido de que existe apenas um caminho para eliminar estes graves males, a saber, através do estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada por um sistema educativo que seja orientado para objectivos sociais. Em tal economia, os meios de produção são propriedade da própria sociedade e são utilizados de modo planificado. Uma economia planificada, que ajusta a produção às necessidades da comunidade, distribuiria o trabalho a ser feito entre todos aqueles capazes de trabalhar e garantiria o sustento a cada homem, mulher e criança. A educação do indivíduo, além de promover as suas próprias capacidades inatas, tentaria desenvolver nele um sentido de responsabilidade pelos outros homens, em lugar da glorificação do poder e do sucesso na nossa sociedade actual.

Contudo, é preciso lembrar que uma economia planificada ainda não é socialismo. Uma economia planificada como tal pode ser acompanhada por uma escravização completa do indivíduo. A realização do socialismo requer a solução de alguns problemas sociopolíticos extremamente difíceis: como é possível, tendo em conta a centralização abrangente do poder político e económico, impedir que a burocracia se torne omnipotente e arrogante? Como podem os direitos do indivíduo ser protegidos e desse modo ser assegurado um contrapeso democrático ao poder da burocracia?

A clareza quanto aos objectivos e aos problemas do socialismo é do mais alto significado na nossa era de transição. Uma vez que, nas circunstâncias actuais, a discussão livre e sem barreiras destes problemas caiu sob um poderoso tabu, considero a fundação desta revista um importante serviço público."

[NR] O texto integral encontra-se em resistir.info/mreview/porque_o_socialismo.html

Do mesmo autor em resistir.info:
  • Matemática aprisionada

  • Sobre as perseguições a cientistas durante o fascismo

    [*] Do Grupo de Física-Matemática (GFMUL) e Departamento de Matemática (DMFCUL) da Universidade de Lisboa.

    O original encontra-se em O Militante , nº 339, Nov-Dez/2015.


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • sábado, 19 de dezembro de 2015

    O colapso da ordem financeira global começa dia 21

    – O fim do caos administrável e o início daquele não-administrável
    – O dia 21/Dez promete ser o mais vergonhoso da história do FMI
    – A morte do FMI pode vir a seguir

    por Valentin Katasonov [*]
     
    O mundo está a entrar numa fase caótica. Recentemente tem havido afirmações de que os EUA começaram a criar globalmente um "caos administrável". Mas os acontecimentos no Médio Oriente afastaram a ilusão de que o instigador deste caos seja capaz de administrá-lo. E o caos não administrável pode muito em breve surpreender o mundo da finança internacional. Os EUA são mais uma vez culpados de terem liderado o caos financeiro não administrável e os US$3 mil milhões da dívida da Ucrânia à Rússia servirão como detonador do processo.

    Não é coincidência que os problemas estejam a agravar-se quanto àquela dívida. Washington está deliberadamente a explorar esta dívida a fim de tentar infligir dano à Rússia. A destruição final da ordem financeira global que foi estabelecida durante a conferência internacional de Bretton Woods em 1944 poderia acabar por ser um dano colateral desta política anti-russa.

    Os EUA conceberam o sistema monetário de Bretton Woods, a seguir infligiram-lhe o dano inicial durante a década de 1970 quando Washington cessou de trocar dólares por ouro. O ouro foi desmonetizado, o mundo transitou para o papel-moeda e as taxas de câmbio fixas foram eliminadas. Os mercados financeiros, bem como a especulação financeira, começaram a expandir-se a um ritmo frenético, o que reduziu significativamente a estabilidade da economia global e da finança internacional. O caos financeiro já estava à mão, mas naquele tempo ainda a um nível administrável. O Fundo Monetário Internacional, criado em Dezembro de 1945, continuava a ser a ferramenta para administrar a finança internacional.

    Mas hoje somos testemunhas oculares da destruição do FMI, a qual ameaça ampliar a instabilidade da finança global em meio ao caos financeiro global. O papel do FMI na manutenção da relativa ordem financeira no mundo consistia não só em emitir empréstimos e créditos para países específicos com também no facto de que actuava como a autoridade final, escrevendo as regras do jogo para mercados financeiros globais. Depois de os Estados Unidos – o principal accionista do FMI (controlando aproximadamente 17% do poder de voto dentro do fundo) – arrastarem o Fundo para os jogos que fazia na Ucrânia, aquela instituição financeira internacional foi forçada a romper as próprias regras que havia desenvolvido e aperfeiçoado ao longo de décadas. As recentes decisões do Fundo criaram um precedente para um jogo sem regras e é quase impossível calcular as suas consequências para a finança internacional.


    Poroshenko e a sua protectora Lagarde. A mais recente decisão deste tipo foi emitida em 8 de Dezembro. Ela foi cronometrada de modo a corresponder com a data de maturidade final da dívida de US$3 mil milhões da Ucrânia à Rússia – 20 de Dezembro. Mas se Kiev falhar no reembolso do que deve, isto quase automaticamente levará a um incumprimento soberano em plena escala e portanto o FMI, de acordo com as regras que foram estabelecidas quase desde o nascimento do Fundo, não mais terá o direito de fazer empréstimos à Ucrânia. A fim de continuar a transferir fundos do empréstimo do FMI à Ucrânia (em Abril de 2015 fora assinado um acordo para o empréstimo de US$17,5 mil milhões), Washington ordenou ao Fundo que reescrevesse as regras de modo a que mesmo se Kiev incumprir o que deve a Moscovo o FMI ainda possa emprestar dinheiro à Ucrânia. O Fundo – sempre submisso – acatou esta ordem de comando aparentemente não acatável.

    Aleksei Mozhin, o director do FMI para a Federação Russa, informou que em 8 de Dezembro o Conselho de Administração do Fundo aprovou reformas que permitiriam emprestar a devedores mesmo no caso de um incumprimento de dívida soberana. Toda a gente sabe perfeitamente bem que o Fundo tomou uma decisão tão extraordinária a fim especificamente de sustentar o regime moribundo em Kiev e alfinetar a Rússia. Falando a repórteres, o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, declarou : "A decisão de mudar as regras parece apressada e enviesada. Isto foi feito unicamente para prejudicar a Rússia e legitimar a possibilidade de Kiev não pagar suas dívidas".

    Tem havido poucas decisões de natureza tão radical na história do FMI. Em 1989, por exemplo, o fundo ganhou o direito de fazer empréstimos a países mesmo que os receptores daqueles fundos não houvesse pago dívidas a bancos comerciais. E em 1998 foi permitido ao Fundo emprestar a países com passivos pendentes sobre títulos soberanos mantidos por investidores privados. Contudo, o reembolso de dívidas de credores soberanos sempre foi um dever sagrado para os clientes do FMI. Os credores soberanos são os salvadores de último recurso, os que vêm em ajuda de estados que são deixados de lado por prestamistas e investidores privados.

    Sob as regras do FMI, passivos de um estado para com um credor soberano (isto é, um outro estado) são simplesmente tão "sagradas" quanto passivos para com o próprio Fundo. Isto é, por assim dizer, uma pedra angular da finança internacional. E aqui vemos como, numa reunião ordinária do Conselho de Administração do FMI, esta pedra angular foi precipitadamente retirada do edifício da finança internacional. O ministro das Finanças russo, Anton Siluanova, chamou atenção particular a este aspecto da decisão do Conselho de Administração: "As regras para financiar os programas do Fundo existiram durante décadas e não mudaram. Credores soberanos sempre tiveram prioridade sobre credores comerciais. As regras enfatizavam o papel especial de credores oficiais, o que é especialmente importante em tempos de crise, quando prestamistas comerciais deixam países de lado, privando-os do acesso a recursos".

    '. A postura submissa do Fundo e a audácia do seu principal accionista (os EUA) pode ser vista no modo como a decisão de 8 de Dezembro foi rapidamente carimbada, ao passo que durante cinco anos Washington bloqueou esforços para reformar o Fundo (rever as quotas dos estados membros e duplicar o capital do Fundo). De acordo com Siluanov, dada a decisão de 8 de Dezembro do Conselho de Administração do FMI, "a relutância dos EUA para tratar a questão da ratificação do acordo para reforçar o capital do FMI parece particularmente chocante, especialmente quando o capital seria muito útil para resolver problemas de dívida da Ucrânia".

    Em 10 de Dezembro foi publicado um relatório de 34 páginas contendo pormenores da reforma que fora aprovada em 8 de Dezembro pelo Conselho de Administração do FMI. De acordo com esse documento, algumas daquelas mudanças aplicam-se à dívida para com credores soberanos que não é coberta pelos acordos do Clube de Paris . Contudo, um país devedor deve cumprir um certo número de condições a fim de manter o seu acesso a fundos do FMI, incluindo "fazer esforços de boa fé" para reestruturar sua dívida.

    A referência a "esforços de boa fé" levanta um ponto muito interessante. Até agora Kiev não fez de todo quaisquer esforços enquanto estado devedor. As declarações do primeiro-ministro ucraniano Arseniy Yatsenyuk não contam. Estas não foram tentativas como "esforços de boa fé" mas, ao invés, ultimatos feitos à Rússia, um credor soberano: por outras palavras, ou você se associa a conversações de reestruturação que estamos a efectuar com nossos credores privados ou então não lhes pagaremos nada. Também é típico que estas declarações não tenham sido feitas através dos canais oficiais de correspondência mas sim apresentadas verbalmente na televisão. Encontrei uma declaração de Yatsenyuk particularmente comovente, quando afirmava que não recebera quaisquer propostas formais respeitantes à dívida da Ucrânia.

    Isto é algo novo nas relações intergovernamentais em geral e nas relações internacionais monetárias e de crédito em particular. Quase desde o nascimento do FMI existiu a regra (e ainda existe) segundo a qual: a) qualquer iniciativa para alterar os termos originais de um empréstimo deve vir do devedor, não do credor; e b) aquela iniciativa (pedido) deve ser emitida por escrito e enviada ao credor através de canais oficiais.

    Se o sr. Yatsenyuk está inconsciente destas regras, talvez os responsáveis do FMI pudessem explicar-lhe. Contudo, nada disto foi feito.

    Vamos retornar à decisão de 8 de Dezembro. Quer Kiev queira ou não, se é para continuar a obter crédito através do Fundo a Ucrânia deve pelo menos mostrar evidência de uma tentativa de negociar com o seu credor, isto é, com Moscovo. Ela deve apresentar evidência de "um esforço de boa fé", por assim dizer. E no que deveria consistir esta evidência? Ela deve ter pelo menos três passos: a) um pedido formal para começar conversações para rever os termos do empréstimo deve ser minutado e enviado ao credor; b) o devedor deve receber uma resposta oficial do prestamista; e c) se o credor concordar, devem ser efectuadas negociações para rever os termos.

    Naturalmente as negociações de Kiev com os seus credores privados quanto à reestruturação da sua dívida começaram quase imediatamente depois de ter sido assinado o mais recente acordo de empréstimo do FMI, isto é, elas perduraram de Março de 2015 até o fim de Agosto de 2015. O processo de negociação perdurou até Outubro, o que significa que a reestruturação da dívida arrastou-se durante seis meses.

    Não esquecer que o prazo final para reembolsar a dívida à Rússia (20/Dez) cai num domingo. Resta muito pouco tempo a Kiev para demonstrar "um esforço de boa fé" e mesmo na melhor das hipóteses possivelmente não poderia efectuar mais do que os primeiros dois dos três passos que listei. Já não há tempo para o terceiro passo e o mais importante.

    Será muito interessante ouvir o que o FMI tem a dizer na segunda-feira, 21/Dez. Será ele capaz de descobrir evidência de "esforços de boa fé" de Kiev? Ou esperará por uma sugestão do seu principal accionista? Embora aquele accionista principal não seja famoso pelo seu refinamento mental, ele compensa a sua estupidez com o descaramento absoluto.

    A dualidade merkeliana. O dia 21/Dez promete ser o mais vergonhoso da história do FMI e poderia ser seguido pela morte desta instituição financeira internacional. Infelizmente, o FMI ainda seria capaz de explodir o sistema financeiro global antes da sua própria morte, utilizando a dívida da Ucrânia à Rússia como detonador. Naturalmente, é Washington que está realmente a jogar o jogo – o Fundo é meramente um brinquedo nas suas mãos. Mas por que Washington desejaria que isto acontecesse? Falando termos estritos, nem sequer é Washington que quer isto, mas os "mestres do dinheiro" (os accionistas principais do Federal Reserve) e todos os responsáveis conectados com a Casa Branca, o Departamento do Tesouro e outras agências do governo que estão na sua folha de pagamento. Os mestres do dinheiro têm sido forçados a defender o enfraquecimento do dólar utilizando ferramentas bem provadas – a criação do caos fora das fronteiras da América. Qualquer espécie de caos funcionará – político, militar, económico ou financeiro.


    Após a decisão de 08/Dez/2015 do Conselho de Administração do FMI, a qual foi tomada a fim de sustentar o regime em bancarrota de Kiev e unicamente com o propósito de prejudicar a Rússia, alguns peritos financeiros exprimiram cautelosamente a opinião de que em breve haverá pouca razão para a Rússia permanecer no FMI. Só posso endossar esta posição, embora a retirada da Rússia do FMI fosse uma pré-condição necessária mas insuficiente para reforçar a soberania russa. A Rússia ainda deve criar uma defesa confiável contra o caos financeiro global, o qual, depois de 21/Dez, rapidamente se tornará não administrável.
    17/Dezembro/2015 
     
    Ver também:
  • IMF Dithers as Ukraine Defaults on Russia Loan

    [*] Professor, membro associado da Academia Russa de Ciência Económica e Negócios.

    O original encontra-se em www.strategic-culture.org/... . Tradução de JF.


    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
  • segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

    Como os EUA e a UE manipulam a consciência pública – O caso de Montenegro


    por Ion Todescu 
     
    Trabalhei neste texto durante longo tempo, coleccionando meticulosamente bocados de informação peça por peça a fim de apresentar um quadro abrangente.

    É bem sabido que os EUA utilizam uma rede complexa de organizações não governamentais para manipular a consciência pública em múltiplos países por todo o mundo. As ONGs também desempenham um papel chave na preparação de revoluções coloridas.

    Nestes últimos meses acompanhei de perto os acontecimentos no Montenegro, um pequeno país apreensivo quanto aos esforços que fazem os seus "parceiros" da NATO para integrar aquele estado balcânico na aliança. Bem, ficará muito surpreendido ao descobrir a escala desses esforços.

    Seria insuficiente dizer que uma rede de organizações controladas do estrangeiro está activa no Montenegro. Não se trata apenas de uma rede, é um sistema por si próprio, uma "rede de redes".

    Este esquema ilustra a ligações estruturais entre os agentes de influência que tentam manipular e lavar os cérebros dos cidadãos montenegrinos:

    '.
    Como pode ver, estruturas governamentais, ONGs, media e entidades comerciais estão envolvidas no processo contra natura de puxar o Montenegro para dentro da NATO.

    O processo é coordenado pelo Congresso dos EUA e pelo Departamento de Estado através da USAID, NED, NDI, Open Society Foundation, companhias consultoras Orion Strategies e RIF Group, enquanto a NATO utiliza a sua Divisão de Diplomacia Pública e os países europeus actuam através das suas embaixadas.

    O organismo coordenador sobre o terreno é representado pelo Conselho para o Ingresso na NATO do Parlamento com o conselheiro do primeiro-ministro para Assuntos Estrangeiros, Vesko Garcevic, como Coordenador Nacional para a NATO.

    O Conselho estabeleceu um grupo de comunicação de 12 membros directamente responsável por criar apoio público do Montenegro para o acesso à NATO. Os membros chave são os seguintes:

    -Olivera Dukanovic, coordenador de relações com os media
    -Ana Dragic, administrador do sector ONGs
    -Valentina Radulovic Scepanovic, administrador de partidos políticos e administração local

    O grupo de comunicação assinou um memorando com mais de 60 ONGs montenegrinas para impulsionar suas iniciativas e criar ferramentas para manipular a opinião pública. Portanto, criou uma rede em grande escala e em desenvolvimento constante. Ele continua a atrair novos membros e a constituir unidades para atingir as mentes do público montenegrino a partir de múltiplos ângulos sob a cobertura de actividades sociais. Isto resultou numa complexa estrutura hierárquica com grandes ONGs a distribuírem tarefas entre organizações mais pequenas.

    Eis as maiores ONGs no Montenegro:

    -Network for Affirmation of the NGO Sector (MANS), director executivo Vanja Calovic
    -Atlantic Council of Montenegro, presidente Savo Kentera
    -Youth Atlantic Treaty Association (YATA) in Montenegro, presidente Vladan Balaban
    -Center for Democratic Transition, director executivo Dragan Koprivica
    -Center for Monitoring and Research
    -Alfa Center
    -Foundation for the Development of Northern Montenegro

    Naturalmente, nenhuma campanha de informação pode ter êxito sem os media. A cada dia as cabeças dos montenegrinos são lavadas a fundo com programas de entrevistas, vídeos promocionais, artigos de jornais e mensagens na net advogando a ideia da adesão à NATO.

    A opinião pública é trapaceada pelos canais nacionais de TV, TVCG 1 e TVCG 2, Pink Media Group, TV Vijesti, Prva crnogorska televizija, MBC, RTV Atlas, NTV Montena; pelos jornais Dan, Vijesti, Pobjeda, Dnevne Novine, Blic Montenegro, Informer; pelos sítios web de notícias Cafe Del Montenegro, Vijesti, Radio and Television of Montenegro, etc.

    Mensalmente, o conjunto dos canais de TV apresenta 15 a 25 programas de apoio à NATO e o conjunto de todos os jornais publicam não menos do que 40-50 editoriais por mês.

    O dinheiro vem das embaixadas dos EUA e de países europeus (especificamente do Reino Unido, Holanda e Noruega), USAID, NED, NDI, Konrad Adenauer Foundation, Marshall Foundation, Rockefeller Foundation, Open Society Foundation, Balkan Trust for Democracy, ONGs globais tais como Transparency International, etc.

    O acesso do Montenegro à NATO também é considerado benéfico pelas corporações multinacionais. Esta é a razão porque a Coca-Cola, Microsoft, Diners Club, T-mobile and Media Developmetn Loan Fund estão a financiar agressivamente o sector não-governamental do país e as campanhas de publicidade da NATO.

    Para entender o papel dos investimentos estrangeiros na propaganda do ingresso na NATO pode-se dar uma olhadela à escala de financiamento estrangeiro de uma das ONGs montenegrinas, como o Center for Democratic Transition. Obtive os dados para 2009. Apenas oito mil euros, do total de 160 mil, foram concedidos pelas estruturas governamentais do Montenegro.

    Fonte de financiamento
    Montante
    National Democratic Institute US$60.000
    Embaixada da Holanda €36.140
    Foundation Open Society in Montenegro €12.000
    OSCE mission to Montenegro €16.000
    NATO Public Diplomacy Division €8.000
    USAID US$30.000
    Governo do Montenegro €3.000
    Parlamento do Montenegro €5.000
    Companhias privadas €20.000
    Total Cerca de €160.000
    As campanhas publicitárias contínuas louvando a NATO e ignorando os bombardeamentos do Montenegro em 1999 não são a única coisa em que investidores estrangeiros gastam dinheiro. Os manipuladores não receiam jogar sujo.

    A ONG MANS colecciona informação que compromete responsáveis do governo e autoridades. Assim, o interesse de governos ocidentais e europeus e de estruturas não governamentais no funcionamento desta organização poderia ser explicado pelo seu desejo de obter informação que lhes permita influenciar a liderança do Montenegro.

    Além disso, este ano vídeos de eminente figuras públicas montenegrinas a apelarem à adesão à NATO foram difundidas na TV e distribuídas na web. Posteriormente muitos dos que falaram retrataram-se das suas palavras, declarando que estavam desinformados acerca do objectivo real dos vídeos. Aqui está um trecho da retratação feito pelo conhecido dono de restaurantes Krsto Niklanovic: https://www.youtube.com/watch?v=I90nWUuWY6U

    As autoridades do Montenegro perseguem aqueles que se opõem à orientação pró NATO e pune os dissidentes. Em Abril último, Marko Milacic, um activista do Movimento pela Neutralidade do Montenegro, foi preso. Os que se opõem à adesão à NATO vivem sob constante supervisão da polícia e são detidos periodicamente.

    Entretanto, protestos em massa na capital montenegrina mostram que o processo de remoldagem da opinião pública no sentido de apagar estereótipos anti-NATO não é tão simples.

    Isso é confirmado pelos inquéritos de opinião efectuados pela companhia de internacional de pesquisa IPSOS Strategic Marketing no período de Fevereiro de 2013 a Outubro de 2015. Quando indagada, "se efectuado hoje, como votaria num referendo sobre a adesão à NATO", a maioria dos montenegrinos manifestou-se contra a adesão.

     
    Dez 2013
    Jan 2014
    Fev 2014
    Mar 2014
    Abr 2014
    Mai 2014
    Jun 2014
    Jul 2014
    Ago 2014
    Set 2014
    Por 36% 37% 41% 42% 43% 39% 39% 37% 36% 33%
    Contra 46% 43% 42% 45% 44% 47% 43% 44% 46% 50%
    Abst. 18% 20% 17% 13% 13% 14% 18% 19% 18% 17%

     
    Out 2014
    Nov 2014
    Dez 2014
    Jan 2015
    Fev 2015
    Mar 2015
    Abr 2015
    Mai 2015
    Jun 2015
    Jul 2015
    Por 32% 35% 34% 32% 37% 32% 36% 36% 47% 52%
    Contra 50% 48% 51% 49% 48% 54% 53% 53% 41% 46%
    Abst. 18% 17% 15% 19% 15% 14% 11% 11% 12% 2%
    Deve-se prestar atenção às medidas tomadas pelo IPSOS antes da reunião de ministros de Negócios Estrangeiros da NATO, em 1 de Dezembro, quando o Montenegro foi oficialmente convidado a aderir à NATO. Os dados do IPSOS afirmam que o número de votos pela adesão à NATO subiu drasticamente em Outubro, ao passo que o número de abstenções declinou. Tudo aponta para uma fraude.

    Desde que o Montenegro recuperou sua independência os EUA e a UE criaram um sistema hierárquico de camadas múltiplas que compreende estruturas e organizações múltiplas a fim de reformular a consciência pública dos montenegrinos e garantir que o país adira à NATO. Esta complexa "rede de redes" engolfou estruturas governamentais, ONGs e companhias comercial a trabalharem para um objectivo único. Este método demonstrou ter êxito na Ucrânia, onde os EUA e a UE alcançaram seus objectivos. Quanto ao Montenegro, só o tempo dirá.
    12/Dezembro/2015 
     
    O original encontra-se em thesaker.is/how-u-s-and-eu-manipulate-public-consciousness-montenegro/

    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

    domingo, 6 de dezembro de 2015

    PETRÓLEO DE SANGUE




    Camiões cisterna na fronteira entre a Síria e a Turquia
    O chamado Estado Islâmico, ou ISIS, ou Daesh – um dos muitos heterónimos da rede terrorista mundial de índole “islâmica” – é uma espécie de inimigo público nº 1, autor putativo de toda e qualquer acção de violência que seja praticada, monstro de mil e uma cabeças que atingiu uma dimensão criminosa dir-se-ia imbatível e que, para admiração geral, nasceu do nada, ninguém apoia, nem sustenta, nem financia, nem arma, nem protege, nem dele se serve. O terror dos terrores nasceu por geração espontânea, de um ovo vazio, de um ventre estéril.
    A Al-Qaida, por exemplo, teve um embrião, um lugar de gestação e nascimento, procriadores conhecidos. Fale-se em CIA, MI6, serviços secretos paquistaneses e sauditas, Afeganistão, Bin Laden e resumem-se os primórdios da rede que haveria de simbolizar o terrorismo mercenário “islâmico” até à emersão relampejante do Estado Islâmico.
    Em relação a este sabe-se, por exemplo, que o general norte-americano Wesley Clark, antigo comandante supremo da NATO, acusa os próprios Estados Unidos e Israel de terem as mãos sujas na sua origem. Clark deve saber do que fala, não só pelo cargo que ocupou como pela folha de serviços pouco recomendável no processo de invenção do Kosovo.
    Digamos que estas informações, mesmo significativas, são avulsas: faltam dados globais que ajudem a sistematizar o processo de criação e desenvolvimento de uma seita terrorista que conseguiu avançar num ápice do Leste da Síria quase até Bagdade, a capital do Iraque, ao mesmo tempo que se coligava com os nazis ucranianos para tentarem destruir o Leste da Ucrânia e “libertar” a Crimeia, ao mesmo tempo que pretende desmantelar a Síria, manter o caos na Líbia, solidificar o “califado” proclamado em vastos territórios sírio e iraquiano, onde controla o generoso maná petrolífero de Mossul, “capital” dos curdos do Iraque.
    Petróleo, uma palavra-chave para se conhecer o ISIS, como agora se vai sabendo no meio de um ruído de comunicação gerado para que a realidade se dissolva na mentira, como muitas vezes acontece neste mundo quando os assuntos são problemáticos e as cumplicidades incómodas.
    O ISIS ou Estado Islâmico vive e desenvolve-se a petróleo, petróleo de sangue tendo em conta as suas actividades. Há elementos suficientes para não existirem dúvidas de que os seus principais financiadores são petroditaduras como a Arábia Saudita e o Qatar, íntimos aliados militares, políticos e económicos de entidades que se consideram faróis da civilização como os Estados Unidos da América e a União Europeia.
    Sabe-se agora também, desde que as tropas russas empenhadas em salvar a Síria como país o denunciaram com provas abundantes, que o ISIS ou Estado islâmico se financia através de contrabando de petróleo que “lava”, por exemplo, através da chancela oficial da região autónoma do Curdistão iraquiano.
    É surpreendente que não tenhamos sabido deste processo antes de os russos se envolverem na Síria, porque os movimentos deste contrabando nada têm de discretos aos olhos da nuvem de satélites. Envolvem comboios de 8500 camiões cisterna por dia em direcção a portos e refinarias da Turquia – membro da NATO como todos sabemos – entrando neste país a partir de regiões ocupadas pelo Estado Islâmico na Síria e sem qualquer controlo fronteiriço das autoridades turcas. Na Turquia, o extenso e quotidiano desfile cai sob o controlo da mafia do “dr. Farid”, de dupla nacionalidade grega e israelita, e de outras mafias de outros drs. Farids, seguindo depois a mercadoria para o mundo a partir de portos israelitas e turcos. Ao que parece, segundo o Financial Times, Israel assegura assim cerca de três quartos das suas necessidades energéticas. Cada barril de petróleo clandestino é traficado a cerca de metade do preço dos mercados – até estes são burlados – proporcionando ao Estado Islâmico receitas por baixo de 3,2 milhões de dólares por dia, quase cem milhões por mês, mil e duzentos milhões por ano. O movimento envolve também navios de bandeira japonesa da empresa BMZ pertencente a Bilal Erdogan, filho do presidente da Turquia Recepp Tayyp Erdogan, e a outros membros da família. Acresce que parte do petróleo roubado na Síria e no Iraque transita através da região de Sanliurfa na Turquia, onde funcionam campos de treino da Al-Qaida e do Estado Islâmico e existe também um hospital clandestino para tratar terroristas feridos em combate na Síria, por sinal gerido pela senhora Summyie Erdogan, filha do presidente turco e irmã de Bilal. A família presidencial de Ancara, que a União Europeia encarregou agora de travar o fluxo de refugiados em troca de mais uns milhares de milhões de dólares e da promessa de adesão à confraria, desmente a pés juntos estas realidades, tal como negou ter negócios ilegais e acolher frequentemente o príncipe saudita conhecido por ser o tesoureiro da Al-Qaida. Facto mais do que confirmado pela comunicação social turca e que esteve na origem de um saneamento brutal nos aparelhos judicial e policial, vitimando quem tinha as provas e os responsáveis pelas investigações e processos.
    Ocorrendo estas práticas terroristas sob o chapéu de um membro da NATO não será difícil perceber as razões pelas quais o tráfico de petróleo em favor do Estado Islâmico tenha sido poupado durante mais de um ano pela “guerra” que os Estados Unidos dizem conduzir contra esse mesmo grupo terrorista. Até ao dia em que Moscovo demonstrou os factos durante a cimeira do G20 e o Pentágono decidiu agir pontualmente, tal como a França fez a seguir aos atentados de Paris, violando aliás a soberania síria porque ambos o fizeram à revelia do governo de Damasco.
    Porque os resultados das investigações às vezes também são como as cerejas, conhecem-se agora outras fontes de financiamento do Estado Islâmico: o tráfico de escravos sexuais, assaltos a bancos da Síria e do Iraque, mercado negro de produtos cultivados nas terras férteis que confiscou no interior do “califado”. Mas as chaves da sua existência e da sua actividade são o petróleo de sangue em conjunto com enredadas cumplicidades onde avultam pessoas e entidades que se miram ao espelho e nos ecrãs como gente de bem e assim entendem defender o nosso “civilizado modo de vida.”
     

    Cientista alemão mostra que a NASA manipula dados climáticos

    terça-feira, 1 de dezembro de 2015

    TRÁFICOS




     
    As negociações em curso entre o regime fundamentalista islâmico e pró-terrorista da Turquia e a União Europeia podem resumir-se numa palavra: tráfico.
    Tráfico de conveniências inconfessáveis, tráfico de influências, tráfico de seres humanos desprotegidos, tráfico de mentiras. Nada que tenha a ver com democracia e muito menos com direitos humanos.
    É impossível que os dirigentes da União Europeia e dos 28 Estados membros desconheçam o regime autoritário e corrupto de Erdogan, família, amigos e comparsas, o seu apoio aos mais sanguinários dos grupos terroristas – Estado Islâmico e Al-Qaida -, a sua perseguição à minoria curda, o modo como falsifica eleições, o processo de instauração gradual de uma ditadura político-religiosa. Impossível, entre outras razões, porque a Turquia é membro da NATO e, hoje em dia e cada vez mais, o que diz respeito à NATO di-lo também em relação à União Europeia.
    Relembro agora alguns argumentos que fazem parte da história da União Europeia e que até agora têm travado, ano-após-ano, as negociações para admissão da Turquia na comunidade dos 28. O principal obstáculo invocado tem sido o das contradições entre o regime turco e as normas democráticas exigidas pela União Europeia, pesem embora os “passos” que em Bruxelas se admite terem sido dados por Ancara em direcção à democracia, isto antes da entrada e enraizamento no poder dos fundamentalistas islâmicos “moderados” de Erdogan & Cia. Outro inconveniente muito conhecido, esgrimido principalmente por xenófobos “democratas-cristãos” do Partido Popular Europeu, é o de que a Turquia não se enquadra no perfil cultural, religioso e civilizacional da União Europeia. Além disso, argumenta-se, a Turquia não é apenas um país europeu, cultiva estruturas económicas que não se compadecem com o liberalismo imposto no interior da União, na Turquia permanecem estruturas desrespeitadoras da “economia de mercado”, sem contar com a perseguição à minoria curda, grosseira violação dos direitos humanos.
    Isto era o que se argumentava até agora. Assim se escondendo, convenientemente para quem usa a União Europeia a seu belo prazer, como é o caso da Alemanha, as verdadeiras e incómodas razões, que têm a ver com a dimensão geográfica, demográfica e económica da Turquia e o impacto da livre circulação dos cidadãos turcos no espaço comunitário.
    A situação alterou-se de uma penada. O que ontem era argumento contra tornou-se vantagem de hoje, tudo se mantendo enovelado em mentiras enquanto se desenvolve uma descarada traficância.
    A Alemanha e o séquito de dirigentes que segue a senhora Merkel como se fora o flautista de Hamelin redescobriram a Turquia como um prometedor membro da União, a prazo muito mais curto do que antes se dizia embora Ancara esteja agora muito mais próximo da ditadura político-religiosa do que há cinco, dez anos. Para isso, de acordo com os raciocínios interesseiros de Bruxelas, Berlim, Paris e Londres, deve a Turquia travar o fluxo de refugiados para o espaço comunitário no quadro do combate “à praga”, como diz o senhor Cameron, e das medidas correspondentes ao estado de lotação esgotada de imigrantes, como invoca o também xenófobo Manuel Valls, primeiro ministro de Hollande em França.
    Em troca desses úteis e bons serviços dispõe-se a União Europeia a bonificar a Turquia em mais de três mil milhões de euros – provavelmente a extorquir aos contribuintes dos 28 – e a acelerar com o regime de Ancara o processo de negociações para a admissão plena.
    Toma-lá-dá-cá. Onde antes se invocavam a democracia e os direitos humanos deixaram de ser inconvenientes algumas realidades turcas, como a violação flagrante de normas democráticas, a repressão sem dó de minorias, o uso e abuso do confessionalismo como regime político, o apoio comprovado da Turquia aos mais cruéis dos grupos terroristas, que, por sinal, a União Europeia diz combater. Na União Europeia nenhum dirigente ignora que o regime turco infiltra mercenários ditos “islâmicos” na Síria, arma, financia e treina bandos do Estado Islâmico e da Al-Qaida, mantém em actividade serviços de recrutamento de terroristas em todo o mundo.
    No fundo, nada disto destoa. A União Europeia que trafica nestes termos com a Turquia é a mesma que dispara troikas contra os povos dos países membros menos favorecidos, a mesma que invoca poder de veto sobre os orçamentos dos Estados nacionais.
    Na União Europeia, a exemplo do que acontece na Turquia, há muito que os princípios deixaram de vigorar. O que conta são os fins, ao alcance de um qualquer diktat e de oportunos tráficos de conveniências.

    aqui:http://mundocaohoje.blogspot.pt/2015/12/traficos.html

    O que determina o clima? Parte I: Os fatores Extraterrestres!

    Os fatores extraterrestes!

     Quais são os principais fatores que determinam o clima da terra? O que faz o clima oscilar , variar, conduz a eras do gelo ou períodos quentes?

    Podemos dividir os fatores em três grupos, cada um deles terá um post com um resumo de seu funcionamento e efeitos no clima. O grupo do primeiro escalão são os fatores extraterrestres, seguidos pelos fatores naturais e em ultimo lugar e menos expressivos os relativos a ação humana.
    Vá na janela e (se for dia) olhe para o céu. Lá está o principal fator que determina o clima, o Sol! Rá para os egípcios, Kinich Ahau para os maias, uma esfera gasosa queimando hidrogênio a temperaturas altíssimas, esse é o cara que fornece à Terra 99% da energia que circula em sua superfície!

    Além do Sol, podemos ainda listar a grande importância dos raios cósmicos e dos movimentos astronômicos. Quais movimentos? Basicamente os movimentos que a Terra faz em torno do Sol (que causam as estações) e de si mesma (dia e noite), e das perturbações que a Terra sofre por conta do torque gravitacional do Sol, Lua, Júpiter e Saturno.
    Então vamos começar. O Sol antes de qualquer outro fator é o determinante que fornece a energia que a terra vai utilizar em seus processos físicos, químicos e também biológicos. Porém a radiação solar é sempre constante? Não.

    A radiação varia conforme muda seu ciclo de atividade, onde ocorre uma distorção em seu campo magnético. Aí, ocorre o aparecimento de manchas solares! De fato o Sol não esquenta de forma expressiva quando está com mais manchas e sua atividade está maior, estudos apontam que o calor não varia efetivamente mais que 1%. Porém a presença de manchas solares indica a variação de outro fator importante, os raios cósmicos!

    Mas que diabos são raios cósmicos você irá perguntar. Os raios cósmicos são partículas de alta energia que viajam pela espaço sideral a velocidade semelhantes a da luz e uma faixa de seu espectro pode interagir com a atmosfera terrestre! Quando você liga sua TV, 1% daquele chuvisco feio que atrapalha sua partida de futebol ou o jornal da tarde é interferência da radiação de raios cósmicos. (Raios cósmicos são formados a partir de explosões de supernovas!)

    Ok. Eu ainda não respondi como os raios influenciam na atmosfera. Basicamente esta faixa de raios cósmicos eletrizam as moléculas de água na atmosfera, aumentam sua ionização vamos dizer assim. Facilitando a formação de núcleos de condensação da umidade atmosférica. E o efeito disso é o aumento da nebulosidade e das chuvas!

    E o que acontece quando está mais nebuloso? A superfície da Terra recebe menos energia solar! As nuvens tem alto poder de refletir a radiação solar e por conta disso a temperatura na superfície cai!
    Agora retomando as manchas solares, tanto Galileu quando observou as primeiras manchas como também outros cientistas posteriores, imaginaram que as manchas pudessem influenciar no clima da terra e isso permaneceu inexplicado por longo tempo. Mas em pesquisas do final do século XX, notou-se que: Quando o sol tem maior números de manchas solares o vento solar produzido por elas impede a entrada de boa parte dos raios cósmicos que viajam na direção da terra. Portanto aquele empurrãozinho que a atmosfera têm para formar nuvens diminui em muito, assim a nebulosidade cai e a temperatura sobe! O mesmo peso é verificado com o campo magnético solar, que também aumenta sua intensidade, bloqueando os raios cósmicos.

    Os ciclos solares que alternam momentos com grandes quantidades de manchas a outros com pouquíssimas são vários, há um ciclo com 200 anos outro com 11 anos e outro importante ciclo de 90 anos, chamado ciclo de “Gleissberg”. O impacto exato de cada ciclo precisa de aprimoramentos de estudos devido a complexidade da natureza do fenômeno, contudo ignorar qualquer um deles é no mínimo grande imprudência.

    Por falar em imprudência, prática comum do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) é ignorar os ciclos solares e a nebulosidade em suas equações devido a grande dificuldade que é estimar o efeito das mesmas na superfície terrestre, essa também é uma tentativa bastante clara de tentar jogar mais importância nos gases ditos “estufa”. Coisa feia IPCC!!! Assim fica fácil inventar aquecimento global…

    Quer saber mais sobre as machas solares e os raios cósmicos. Não se estresse! Artigo delicioso explicando por A+B cada processo. É só clicar em querosabermaisobreissoaí.


                           (Este é o “ciclo 24” do sol, manchas solares x tempo x temperatura)

    De acordo com o gráfico nota-se que, a oscilação no numero de manchas causa oscilação na temperatura. Mais manchas é sinal de menos nebulosidade e as temperaturas sobem.

    Ciclos de Milankovitch

    Agora, na segunda parte, tentarei explicar o segundo fator cósmico que influencia o clima terrestre. Os movimentos orbitais ou “ciclo de Milankovitch”.
    Milankovitch foi um Sérvio que estudou quatro movimentos terrestres que causariam efeitos no clima da Terra, o entendimento desses ciclos hoje é bastante conhecido embora pouco divulgado na mídia de massa.

    Os movimentos que compõe o ciclo são:

    Precessão – A precessão é um fenômeno que tem tempo estimado de duração em torno de 14 a 28 mil anos. Os efeitos são mais sentidos no equador aonde a variação de energia é maior, alterando assim o equador térmico. Para exemplificar o movimento de precessão tente imaginar um pião quando girado e começa a perder rotação, ele se inclina e ”bambeia” em nesse eixo inclinado por algum tempo antes de parar. A Terra faz algo semelhante, nunca se esqueça que a Terra já possuí essa inclinação e o bambear é a precessão que demora longo período para acontecer.

    Nutação – A nutação é nada mais que uma combinação de mais de 200 movimentos que a Terra faz devido às perturbações que a gravidade dos grandalhões Júpiter e Saturno exercem. Isso causa transferência de energia e facilita outros movimentos. A nutação é a real precessão, pois o giro de pião não é perfeitinho, mas cambaleante, oscilatório, feito uma passista de escola de samba.




    Excentricidade da Órbita – A órbita da Terra não é circular, mas elíptica, e sua excentricidade não é constante. Seu valor atual é de 0,015, mas ela pode variar entre 0 e 0,06, segundo uma periodicidade de aproximadamente 100.000 anos, com um ciclo maior de cerca de 400.000 anos. Essas variações na excentricidade da órbita terrestre interferem na recepção de energia solar pela Terra, de maneira que, quanto menor a excentricidade da órbita, menor é a diferença na duração das estações. Ao contrário, quanto maior a excentricidade, maior a diferença entre as estações.



    Atualmente, quando a Terra está no periélio, ou seja, mais próxima do Sol, a recepção de energia é aproximadamente 6% maior que no afélio, quando a Terra está mais distante do Sol, mas esse valor pode chegar a 20% em momentos de excentricidade elevada.

    Daqui a cerca de 50.000 anos, o periélio ocorrerá em julho, e não em janeiro. Como consequência, no hemisfério norte, os verões poderão se tornar mais quentes e os invernos, mais frios.

    Obliquidade do Eixo – A Terra não forma um ângulo reto com o plano da eclíptica, mas sim mantém uma inclinação que, atualmente, vale cerca de 23,5 graus. Este valor também sofre variações, entre 21,5 e 24,5 graus, com uma periodicidade de 41 mil anos. As variações na obliquidade do plano da eclíptica determinam a diferenciação entre as estações do ano, de maneira que, se a obliquidade da eclíptica diminui, diminui o contraste entre as estações, porém aumenta-se a distinção entre as zonas. Ou seja, se a obliquidade do eixo cai, teremos zona climáticas mais bem definidas, zonas próximas ao equador ainda mais quentes e regiões polares ainda mais frias.



    Os efeitos de todos os ciclos identificados por Milankovitch ainda são passíveis de grande análise, pois a mudança de insolação de uma área da terra para outra ou a maior concentração de energia no equador aceleram ou desaceleram os fluxos entre as baixas latitudes e as latitudes médias. Também é possível que os períodos glaciais ocorram quando há grande déficit de energia no hemisfério norte com a região equatorial mais quente fornecendo assim umidade ao sistema e causando a precipitação de neve principalmente nas latitudes médias.

    Por fim, como o IPPC poderia criar prognósticos para cenários futuros ignorando todos esses fatores? E sim, é isso que o IPCC descaradamente faz, tentando nos enfiar goela abaixo cenários absurdos que ignoram a presença dos raios cósmicos, dos movimentos orbitais, precessões e até mesmo a cobertura de nuvens!

    Nunca se esqueça, há muito que se saber ainda sobre o clima! Mal conseguismos prever o tempo para daqui 6 dias imagine então a margem de erro dos cenários de longo prazo que o IPCC cria baseado em modelos aonde se ignoram tantos fatores!

    Ainda tem dúvidas? O texto deixou questões? Pergunte na postagem FAQ ou Consulte diretamente as fontes e tire suas dúvidas, clicando aqui você tem acesso ao doutorado da Daniela Onça, e clicando aqui você tem acesso ao seu artigo sobre raios cósmicos.
    E por fim clicando aqui você acessa o mitos-climáticos aonde encontra outra explicação para os ciclos de Milankovich feita pelo próprio Rui G. Moura.

    Abraços Tropicais!

    aqui:https://fakeclimate.wordpress.com/2012/05/14/o-que-determina-o-clima-parte-i-os-fatores-extraterrestres/

    Publicação em destaque

    Marionetas russas

    por Serge Halimi A 9 de Fevereiro de 1950, no auge da Guerra Fria, um senador republicano ainda desconhecido exclama o seguinte: «Tenh...