quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Os mais ricos entre os ricos não pagam os impostos devidos

por Paulo Sá [*]


Em Portugal, os mais ricos entre os ricos não pagam os impostos devidos e o prejuízo para o Estado estima-se na ordem dos 3 mil milhões de euros!

A denúncia foi feita por um ex-Director da Autoridade Tributária e Aduaneira numa recente entrevista a um órgão de comunicação social e confirmada num Memorando enviado à Assembleia da República pela própria Autoridade Tributária. Não é nada que o PCP não venha afirmando há muito tempo, mas agora temos a confirmação deste facto pelo próprio organismo público que procede à cobrança dos impostos.

A Autoridade Tributária, recorrendo às suas bases de dados e a informação externa, procedeu ao levantamento dos contribuintes que detêm um património superior a 25 milhões de euros e/ou têm rendimentos anuais superiores a 5 milhões de euros, ou seja, os mais ricos entre os ricos. Numa primeira abordagem, foram identificados nesta categoria 240 pessoas, que, em 2014, pagaram em sede de IRS apenas 48 milhões de euros. Um valor verdadeiramente insignificante, tendo em conta os elevadíssimos rendimentos e património destas pessoas.

Esta é uma situação escandalosa! Não se pode aceitar que aqueles que mais têm fujam ao pagamento dos impostos, sonegando ao Estado receitas fiscais essenciais para assegurar as suas funções, em particular as funções sociais, e exigindo aos restantes contribuintes, em particular aos trabalhadores, um esforço fiscal desmesurado.

A Autoridade Tributária, com os seus escassos recursos, conseguiu até ao momento identificar 240 contribuintes que se enquadram nesta categoria dos muito ricos. Mas são mais, muitos mais! Um estudo internacional, que a Autoridade Tributária identifica como sendo um estudo de referência, estima que em Portugal são cerca de 930. Uma empresa que vende serviços de consultadoria fiscal a estes contribuintes, considera um universo de 1.000 pessoas. Um milhar de cidadãos que, tendo um património e/ou rendimento muito elevado, foge ao pagamento dos impostos devidos.

Um simples cálculo permite estimar em cerca de 3 mil milhões de euros a receita fiscal anual que resultaria da tributação adequada em sede de IRS deste grupo de 1.000 milionários. Mas esta receita potencial tem sido desperdiçada, por opções políticas que favorecem uma ínfima minoria de privilegiados à custa da esmagadora maioria que vive do seu trabalho.

Importa recordar que, em 2013, o anterior Governo PSD/CDS impôs um brutal saque fiscal sobre os rendimentos do trabalho, incluindo os rendimentos mais baixos. Num só ano, a receita de IRS aumentou 35%, mais de 3.200 milhões de euros. Esta medida de ataque aos rendimentos de quem vive do seu trabalho, acompanhada de muitas outras medidas de austeridade, contribuiu para o alastramento da pobreza e para a degradação das condições de vida de largas camadas da população.

Este brutal aumento de impostos não era inevitável. Foi uma opção! Uma opção do anterior Governo PSD/CDS, que, podendo tributar de forma adequada uma ínfima minoria de milionários, arrecadando milhares de milhões de euros de receita fiscal adicional, preferiu ir buscar esses milhares de milhões de euros aos trabalhadores, aos reformados, às famílias e às micro e pequenas empresas.

Estas opções são bem reveladoras da natureza da política de direita tão diligentemente aplicada pelo anterior Governo PSD/CDS, uma política que os portugueses, de forma tão expressiva, rejeitaram nas eleições legislativas do passado dia 4 de outubro.

A falta de vontade política e de eficácia no combate ao incumprimento fiscal dos mais ricos entre os mais ricos contrasta com a sanha persecutória do anterior Governo PSD/CDS dirigida contra os pequenos e médios contribuintes, sejam eles particulares ou empresas. Se os milionários pagam de impostos uma pequeníssima fracção do que deveriam pagar, encolhe-se os ombros e fala-se das dificuldades e dos obstáculos a uma tributação adequada. Se o pequeno contribuinte comete uma infracção, mesmo que involuntária, ou se atrasa no pagamento dos impostos, aplica-se uma coima exorbitante, penhora-se o salário, o carro e até a casa.

No que diz respeito aos contribuintes de elevada capacidade patrimonial, os tais com rendimento anual superior a 5 milhões de euros e/ou património superior a 25 milhões de euros, exigem-se medidas urgentes que dotem a Autoridade Tributária e Aduaneira de meios e instrumentos que lhe permitam proceder à cobrança dos impostos devidos.

Porque não nos conformamos com uma política fiscal injusta e iníqua, porque não nos conformamos com o esmagamento fiscal dos trabalhadores e das pequenas empresas para favorecer um ínfimo grupo de contribuintes milionários, o Grupo Parlamentar do PCP irá apresentar na Assembleia da República uma iniciativa com um conjunto de medidas decisivas no combate à fuga e evasão fiscais dos contribuintes mais ricos.

É necessário considerar medidas ao nível da legislação fiscal, mas também dos meios humanos e tecnológicos colocados à disposição da Autoridade Tributária e Aduaneira, da criação de parcerias com outras organizações e entidades que acedam ou estudem informação considerada sensível em termos do apuramento da realidade patrimonial e de rendimentos dos contribuintes mais ricos, assim como de uma intervenção no seio das organizações internacionais, nomeadamente na União Europeia, FMI, ONU e Organização Mundial do Comércio, de forma a combater a chamada competitividade fiscal cujo objectivo é a captura de receitas fiscais com origem em patrimónios e rendimentos obtidos em países terceiros.

O PCP reafirma aqui a necessidade de uma nova e alternativa política fiscal, mais justa e mais adequada às necessidades do País. Uma política fiscal, articulada com a dimensão orçamental, que tribute de forma adequada as grandes empresas, os grupos económicos e financeiros, os rendimentos e patrimónios mais elevados, ao mesmo tempo que desonere os trabalhadores, os reformados, as famílias, assim como as micro e pequenas empresas.

É com esse objectivo que nos iremos bater por estas propostas.
 
[*] Deputado. Intervenção na AR em 21/Janeiro/2016

O original encontra-se em http://www.pcp.pt/node/290679


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

domingo, 17 de janeiro de 2016

Ricardo Felício desmistifica causas do efeito estufa I Identidade Geral

Você já ouviu falar em efeito estufa, aquecimento global e derretimento das calotas polares? Pois o professor do departamento de Geografia da USP e que estuda há mais de 20 anos a climatologia Antártida, Ricardo Augusto Felício, defende que boa parte destas questões defendidas pelos ambientalistas não passam de grandes mitos. Nesta entrevista, ele defende seu ponto de vista e comenta ainda sobre os desastres naturais que vem acontecendo em todo o mundo.


sábado, 16 de janeiro de 2016

O governo dos EUA é a mais completa organização criminosa da História da humanidade


por Paul Craig Roberts
 
Centro de tortura da CIA na Polónia. Único entre os países da Terra, o governo dos EUA insiste em que as suas leis e ditames têem prioridade sobre a soberania das nações. Washington assevera o poder de tribunais estado-unidenses sobre estrangeiros e reclama jurisdição extra-territorial de tribunais dos EUA em relação a actividades estrangeiras que Washington ou grupos de interesses americanos desaprovam. Talvez o pior resultado do desdém de Washington para com a soberania de países seja o poder que tem exercido sobre estrangeiros unicamente com base em acusações de terrorismo destituída de qualquer evidência.

Considere alguns exemplos. Washington primeiro forçou o governo suíço a violar as suas próprias leis bancárias. A seguir forçou a Suíça a revogar as suas leis de segredo bancário. Alegadamente a Suíça é uma democracia, mas as leis do país são determinadas em Washington por pessoas não eleitas pelos suíços para representá-las.

Considere o "escândalo do futebol" que Washington cozinhou, aparentemente para embaraçar a Rússia. A sede da organização do futebol é a Suíça, mas isto não impediu Washington de enviar agentes do FMI à Suíça para prender cidadãos suíços. Tenta imaginar a Suíça a enviar agentes federais suíços aos EUA para prender americanos.

Considere a multa de US$9 mil milhões que Washington impôs a um banco francês por deixar de cumprir plenamente as sanções de Washington contra o Irão. Esta afirmação do controle de Washington sobre uma instituição financeira estrangeira é ainda mais audaciosamente ilegal tendo em vista o facto de que as sanções que Washington impôs ao Irão e que exige que outros países soberanos obedeçam são ela próprias estritamente ilegais. Na verdade, neste caso temos uma tríplice ilegalidade pois as sanções foram impostas com base em acusações cozinhadas e falsificadas que eram mentiras.

Ou considere que Washington afirmou sua autoridade sobre o contrato entre um estaleiro naval francês e o governo russo e forçou a companhia francesa a violar um contrato com um prejuízo de milhares de milhões de dólares para a empresa francesa e de grande número de empregos para a economia do país. Isto fazia parte do ensinamento de Washington aos russos, uma lição por não seguirem as ordens de Washington na Crimeia.

Tente imaginar um mundo em que cada país afirme a extra-territorialidade das suas leis. O planeta seria um caos permanente com o PIB mundial gasto em batalhas legais e militares.

A Washington dos neocons afirma que como a História escolheu a América para exercer a sua hegemonia sobre o mundo, nenhuma outra lei é relevante. Só a vontade de Washington é que conta. A própria lei não é sequer necessária pois Washington muitas vezes substitui ordens por leis, como quando Richard Armitage, vice-secretário de Estado (uma posição não electiva) disse ao presidente do Paquistão para fazer como ele lhe dizia ou "nós o bombardearemos até [levá-los] à idade da pedra ".

Tente imaginar os presidentes da Rússia ou da China a darem uma tal ordem a uma nação soberana.

De facto, Washington bombardeou grandes áreas do Paquistão, assassinando milhares de mulheres, crianças e idosos aldeões. A justificação de Washington era a afirmação da extra-territorialidade de acções militares dos EUA em outros países com os quais Washington não está em guerra.

Tão horrendo como tudo isto, o pior dos crimes de Washington contra outros povos, é quando Washington sequestra cidadãos de outros países e transporta-os para Guantanamo em Cuba ou para masmorras secretas em estados criminosos tais como o Egipto e a Polónia para serem ali mantidos e torturados em violação tanto da lei estado-unidense como do direito internacional. Estes crimes chocantes provam para além de qualquer dúvida que o governo dos EUA é o pior empreendimento criminal que alguma vez existiu sobre a Terra.

Quando o criminoso regime neoconservador de George W. Bush lançou sua invasão ilegal do Afeganistão, o regime criminoso em Washington precisava desesperadamente de "terroristas" a fim de providenciar uma justificação para uma invasão ilegal que constitui um crime de guerra grave sob o direito internacional. Contudo, não havia quaisquer terroristas. Assim Washington despejou folhetos sobre territórios dos senhores da guerra a oferecer milhares de dólares em prémios de dinheiro por "terroristas". Os senhores da guerra respondiam a essa oportunidade e capturavam qualquer pessoa desprotegida, vendendo-as aos americanos em troca do prémio.

A única evidência de que os "terroristas" eram terroristas é que as pessoas inocentes foram vendidas aos americanos pelos senhores da guerra como sendo "terroristas".

Ontem Fayez Mohammed Ahmed Al-Kandari foi libertado depois de 14 anos de tortura pela "América da liberdade e da democracia". O oficial dos EUA, Cor. Barry Wingard, que representou Al-Kandari disse que "simplesmente não há evidência além de que ele é um muçulmano no Afeganistão no momento errado, além de duplas e triplas declarações de rumores, algo que nunca foi visto como justificação para encarceramento". Muito menos, disse o Cor. Wingard, era causa para muitos anos de torturas num esforço para forçar uma confissão das alegadas ofensas.

Não espere que os media presstitutos do ocidente o informe destes factos. Para descobrí-los deve ir à RT ou ao sítio web de Stephen Lendman ou a este sítio.

Os media presstitutos do ocidente fazem parte da operação criminosa de Washington.
09/Janeiro/2016 
 
O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Ucrânia: Heil, mein Nato!

por Manlio Dinucci

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O presidente Poroshenko anunciou para esse efeito um "referendo" cuja data está por definir, prenunciando uma clara vitória do "sim" sobre a base de uma pesquisa já realizada. Por seu lado, a Otan garantiu que a Ucrânia, "um dos mais sólidos parceiros da Aliança", está "firmemente comprometida a realizar a democracia e a legalidade".

Os fatos falam claramente. A Ucrânia de Poroshenko – o oligarca que enriqueceu com o saque das propriedades do Estado e a quem o primeiro-ministro italiano Renzi louva como "sábia liderança" - decretou por lei em dezembro o banimento do Partido Comunista da Ucrânia, acusado de "incitação ao ódio étnico e violação dos direitos humanos e das liberdades". Estão proibidos por lei mesmo os símbolos comunistas : cantar A Internacional resulta numa pena de 5 a 10 anos de prisão.

É o ato final de uma campanha de perseguição semelhante à que marcou o advento do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha. Sedes de partidos destruídas, dirigentes linchados, jornalistas torturados e assassinados, militantes queimados vivos na Bolsa do Trabalho de Odessa, civis sem armas massacrados em Marioupol, bombardeados com fósforo branco em Slaviansk, Lougansk e Donetsk.

Um verdadeiro golpe de Estado sob a direção da dupla EUA/Otan, com o objetivo estratégico de provocar na Europa uma nova guerra fria para golpear e isolar a Rússia e, ao mesmo tempo, fortalecer a influência e a presença militar dos Estados Unidos na Europa. Como força assalto, foram utilizados, no golpe da Praça Maidan e nas ações sucessivas, grupos neonazistas treinados e armados para esse efeito, como provam as fotos de mlitantes de Uno-Unso treinados em 2006 na Estônia. As formações neonazistas foram em seguida incorporadas na Guarda Nacional, adestradas por centenas de instrutores estadunidenses da 173ª divisão aerotransportada, transferida de Vicenza para a Ucrânia, acompanhada por outras da Otan.

A Ucrânia de Kiev foi assim transformada no "viveiro" do nazismo renascente no coração da Europa. Chegam a Kiev neonazistas de toda a Europa (inclusive da Itália) e dos EUA, recrutados sobretudo pelo partido de extrema direita Pravy Sektor e pelo batalhão Azov, cuja identidade nazista é representada pelo emblema decalcado das SS do Reich. Depois de terem sido treinados e postos à prova nas ações militares contra os russos da Ucrânia e no Donbass, retornam a seus países com o "salvo-conduto" do passaporte ucraniano. Simultaneamente difunde-se na Ucrânia a ideologia nazista entre as jovens gerações. Disto, ocupa-se em particular o batalhão Azov, que organiza campos de treinamento militar e de formação ideológica para crianças e adolescentes, aos quais se ensina antes de tudo o ódio aos russos.

Isto advém da conveniência dos governos europeus: por iniciativa de um parlamentar da República Tcheca, o chefe do batalhão Azov, Andriy Biletsky, aspirante a "Führer" da Ucrânia, foi recebido pelo parlamento europeu como "orador convidado". Tudo no quadro do "Apoio prático da Otan à Ucrânia", compreendendo o "Programa de potencialização da educação militar", no qual participaram em 2015, 360 professores ucranianos, instruídos por 60 experts da Otan. Num outro programa da Otan, "Diplomacia pública e comunicações estratégicas", ensina-se às autoridades como "contrapor-se à propaganda russa" e aos jornalistas como "gerar histórias factuais desde a Crimeia ocupada e a Ucrânia oriental".


Tradução
José Reinaldo Carvalho
Editor do site Resistência
Fonte
Il Manifesto (Itália)
aqui:http://www.voltairenet.org/article189851.html 

 

sábado, 9 de janeiro de 2016

Como a Bulgária forneceu drogas e armas à Al-Qaida e ao Daesh

por Thierry Meyssan

 Mesmo os melhores segredos têm um fim. O cartel mafioso que governa a Bulgária foi preso enquanto fornecia, a pedido da CIA, drogas e armas à al-Qaida e ao Daesh (E.I.), ao mesmo tempo na Líbia e na Síria. O assunto é tanto mais grave quanto a Bulgária é membro da Otan e da União Europeia.

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Chefe de um de dois cartéis mafiosos búlgaros, a SIC, Boïko Borissov chegou a Primeiro-ministro. Ao mesmo tempo que o seu país é membro da Otan e da União Europeia, ele fornecia drogas e armas à al-Qaida e ao Daesh, na Líbia e na Síria.

Parece que tudo começou por acaso. Durante trinta anos, a fenetilina foi usada como dopante nos meios desportivos da Alemanha Ocidental. Segundo o treinador Peter Neururer mais da metade dos jogadores tomavam-na regularmente [1]. Traficantes búlgaros viram aí uma oportunidade. No período entre a dissolução da União Soviética e a entrada na União Europeia eles começaram a produzi-la e a exportar ilegalmente para a Alemanha, sob o nome de Captagon.

Dois grupos mafiosos assumiram uma feroz concorrência, o Vasil Iliev Security (VIS) e a Security Insurance Company (SIC), da qual dependia o karateca Boyko Borisov. Este atleta de alto nível, professor na Academia de Polícia, criou uma empresa de proteção de VIPs e tornou-se o guarda-costas tanto do antigo presidente pró-soviético Todor Zhivkov, como do pró-americano Simeão II de Saxe-Cobourg-Gotha. Quando este último se tornou Primeiro-ministro, Borisov foi nomeado director-chefe do Ministério do Interior, e, depois foi eleito presidente da câmara (prefeito-br) de Sofia.

Em 2006, o embaixador dos E.U. na Bulgária (e futuro embaixador na Rússia), John Beyrle, retrata-o num telegrama confidencial revelado pelo Wikileaks. Apresenta-o como ligado a dois grandes chefes mafiosos, Mladen Mihalev (dito «Madzho») e Roumen Nikolov (dito «Pacha») [2], os fundadores da SIC.

Em 2007, a fazer fé num relatório elaborado por uma grande empresa suíça, a US Congressional Quarterly garante que ele tinha abafado numerosas investigações no Ministério do Interior e estava, ele próprio, envolvido em 28 assassinatos mafiosos. Ele teria se tornado parceiro de John E. McLaughlin, o diretor-adjunto da CIA. Ele teria instalado na Bulgária uma prisão secreta da “Agência”, e teria ajudado a providenciar uma base militar, no quadro do projecto de ataque ao Irão, acrescentava o jornal [3].

Em 2008, o especialista alemão sobre o crime organizado, Jürgen Roth, qualifica Boïko Borisov de «Al Capone búlgaro» [4].

Tendo-se tornado Primeiro-ministro, e quando o seu país era já um membro da Otan e da UE, ele foi solicitado pela “Agência” (Cia-ndT) para ajudar na guerra secreta contra Muammar el-Qaddafi. Boyko Borisov forneceu Captagon, fabricado pela SIC, aos jiadistas da al-Qaida na Líbia. A CIA tornou esta droga sintética mais atraente e mais eficiente misturando-o com uma droga natural, o haxixe, o que permite manipular os combatentes mais facilmente e torná-los mais temíveis, na linha dos trabalhos de Bernard Lewis [5]. Logo depois, Borisov estendeu o seu negócio à Síria.

Mas, o mais importante veio quando a CIA, utilizando as particularidades de um antigo Estado-membro do Pacto de Varsóvia que havia aderido à Otan, lhe comprou, por 500 milhões de dólares, armamento de tipo soviético e o transportou para a Síria. Tratando-se, sobretudo, de 18.800 lança-granadas anti-tanque portáveis e de 700 sistemas de mísseis anti-tanque Konkurs .

Ora, quando o Hezbolla enviou uma equipe à Bulgária para se informar sobre esse tráfico um autocarro (ônibus de -br) de turistas israelitas foi alvo de um atentado em Burgas, causando 32 feridos. Imediatamente, Benjamin Netanyahu e Boyko Borisov acusaram a Resistência libanesa, enquanto a media (mídia-br) atlantista difundia inúmeras imputações sobre o suposto kamikaze do Hezbolla. No fim, a médico-legista, a Dr.ª Galina Mileva, observou que o seu cadáver não correspondia ás descrições de testemunhas; um responsável da contra-espionagem, o coronel Lubomir Dimitrov, salientou que não se tratava de um suicida, mas de um simples portador, e que a bomba havia sido accionada à distância, provavelmente sem o seu conhecimento ; enquanto a imprensa acusava dois árabes, de nacionalidade canadiana e australiana, a Sofia News Agency acrescentou um cúmplice norte-americano, conhecido sob o pseudónimo de David Jefferson. De tal modo que, quando a União Europeia se apropriou do caso para classificar o Hezbolla como «organização terrorista», o ministro dos Negócios Estrangeiros do curto período em que Borissov foi excluído do poder executivo, Kristian Vigenine, sublinhou que, na realidade, nada permitia ligar o atentado à Resistência libanesa [6].

A partir do fim de 2014, a CIA parou as suas encomendas e foi substituída pela Arábia Saudita, que pode assim comprar, não mais armas de tipo soviético, mas, sim material da Otan, como mísseis anti-tanque guiado-a-fios BGM-71 TOW. Rapidamente Riade foi apoiada pelos Emirados Árabes Unidos [7]. Os dois estados do Golfo asseguraram, eles próprios, o fornecimento à al-Qaida e ao Daesh, via companhias Saudi Arabian Cargo e Etihad Cargo, quer em Tabuk, na fronteira saudo-jordana, ou na base franco-americana-emirati de Al-Dhafra.

Em junho de 2014, a CIA adiciona mais uma etapa. Tratava-se, desta vez, de interditar a Bulgária de deixar passar pelo seu território o gasoduto russo South Stream, que poderia abastecer a Europa Ocidental [8]. Esta decisão, que privou a Bulgária de receitas muito importantes, permite por um lado abrandar o crescimento da União Europeia, conforme o plano Wolfowitz [9]; por outro lado aplicar as sanções europeias contra a Rússia, decididas sob o pretexto da crise ucraniana; em seguida, desenvolver a extracção de gás de xisto na Europa de Leste [10], por fim manter o objectivo de derrubar a República árabe síria, possível futuro grande exportador de gaz [11].

Segundo as últimas informações, a Bulgária —Estado-membro da Otan e da U.E.— persiste em fornecer ilegalmente drogas e armas à al-Qaida e ao Daesh, apesar da recente resolução 2253 adoptada, por unanimidade, pelo Conselho de Segurança da ONU.

Tradução
Alva

aqui:http://www.voltairenet.org/article189800.html

Banksters



Entrevista com Marc Roche, autor do livro "O Banco: como o Goldman Sachs dirige o mundo" , publicado recentemente em Portugal pela Esfera dos Livros. O livro relata o papel fulcral do banco Goldman Sachs nas políticas económicas mundiais e nos processos de endividamento público e privatizações.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Bombas de fim de ano

por Manlio Dinucci

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Dr. Estranho Amor (1964)

Para a segurança das pessoas e dos animais, são proibidos em diversos casos os fogos de artifício durante o fim de ano, sobretudo os petardos mais fortes. Os meios de comunicação têm divulgado bastante este tipo de notícia. Os mesmos que escondem outras notícias que, se fossem divulgadas, fariam explodir a bolha da realidade virtual em que estamos aprisionados.

Um exemplo: os National Archives and Records Administration (Nara) - os arquivos do governo estadunidense - publicaram em 22 de dezembro um dossiê de 800 páginas, até o presente bastante secreto, com uma lista de milhares de alvos na URSS, Europa Oriental e China, que os EUA se preparavam para destruir com armas nucleares durante a guerra fria.

Em 1959, o ano a que se refere a « lista de alvos », redigida em 1956, os EUA possuíam mais de 12 mil ogivas nucleares com uma potência de 20 mil megatoneladas, o equivalente a um milhão e meio de bombas de Hiroshima, quando a URSS possuía cerca de mil ogivas e a China ainda não tinha armas nucleares. Sendo superior inclusive em vetores (bombardeiros e mísseis), o Pentágono considerava realizável um ataque nuclear. O plano previa a « destruição sistemática » de 1.100 campos de aviação e 1.200 cidades. Moscou teria sido destruída por 180 bombas termonucleares; Leningrado, por 145; Pequim, por 23. Numerosas « zonas habitadas » teriam sido destruídas por « explosões nucleares ao nível do solo com aumento de radiação ». Entre elas, Berlim Oriental, cujo bombardeio nuclear teria comportado « desastrosas implicações para Berlim Ocidental ».

O plano não foi executado porque a URSS, que tinha efetuado sua primeira prova nuclear em 1949 quando os EUA já tinham acumulado desde 1945 cerca de 230 bombas, adquiriu rapidamente a capacidade de atingir os EUA.

Por que os arquivos estadunidenses decidiram publicar hoje « a mais ampla e detalhada lista de alvos nucleares como nunca antes arquivos haviam sido abertos » ? A escolha não foi casual, considerando que o arquivista-chefe dos Nara é nomeado pelo presidente dos Estados Unidos. A publicação da « lista de alvos » é uma clara advertência à Rússia e à China, sobre a potência nuclear dos EUA. Os quais lançaram um plano, ao custo de um trilhão de dólares, para potencializar as forças nucleares com 12 submarinos de ataque suplementares, cada um armado com 200 ogivas nucleares, e 100 novos bombardeiros estratégicos, cada um armado com mais de 20 ogivas nucleares. E enquanto eles estão ao ponto de estocar na Itália e em outros países da Otan as novas bombas B61-12 para o first strike nuclear, os EUA desenvolvem o «escudo anti-mísseis » que deveria « defender » a Europa. Em 12 de dezembro foi ativada, na base de Deveselu na Romênia, a primeira bateria de mísseis terrestres estadunidenses da « defesa » da Otan, que será seguida por uma outra, semelhante, na Polônia, composta de 24 mísseis Aegis, já instalados a bordo de quatro navios de guerra estadunidenses no Mediterrâneo e no Mar Negro.

Moscou advertiu em 25 de dezembro que essas baterias, estando em condições de lançar também mísseis nucleares Tomahawk de médio porte, constituem uma evidente violação do Tratado INF, que proíbe o deslocamento para a Europa de mísseis nucleares de médio porte com bases em terra.

A Rússia anuncia contramedidas, entre as quais novos mísseis intercontinentais móveis sobre veículos e trens em movimento constante para evitar um fisrt strike nuclear. E, para atingir os alvos do chamado Estado Islâmico na Síria, ela utiliza bombardeiros estratégicos que servem igualmente para ataques nucleares.

Não se sabe qual é hoje a « lista de alvos » para ataques nucleares dos EUA. Entretanto, é certo que na « lista de alvos » se encontram também as bases dos EUA e Otan na Itália. Os meios de comunicação silenciam, enquanto fazem alarde sobre os fogos de artifício.




Tradução
José Reinaldo Carvalho
Editor do site Resistência
Fonte
Il Manifesto (Itália)
aqui:http://www.voltairenet.org/article189780.html

Publicação em destaque

Marionetas russas

por Serge Halimi A 9 de Fevereiro de 1950, no auge da Guerra Fria, um senador republicano ainda desconhecido exclama o seguinte: «Tenh...