quarta-feira, 8 de setembro de 2010

BANCOCRACIA

Maurice Allais, Prémio Nobel de Ciências Económicas 1988, escreveu um dia que "na sua essência, a criação monetária ex nihilo que os bancos praticam é semelhante, não hesito em dizê-lo, para que as pessoas compreendam bem o que está em jogo aqui, à fabricação de moeda por falsários, tão justamente reprimida pela lei".


O medo ainda aumenta quando se sabe que não são mais os produtores de riquezas materiais, capazes de alimentar, alojar, melhorar a existência das populações, mas sim os especuladores, através dos bancos e dos seus produtos financeiros cada vez mais arriscados, que dirigem a economia. Eles vampirizam a economia real no seu tudo – e doravante também os recursos públicos dos Estados. Esta reversão delirante dos papeis conduz forçosamente à espoliação dos povos, pelo desemprego, pela miséria, pelos recuos civilizacionais... 


O economista irlandês David McWilliams nota até que ponto passámos da democracia à "bancocracia". Por intermédio do Estado, com efeito, as riquezas são transferidas dos "não-iniciados", o povo, para os "iniciados" do sistema bancário. Ele acrescenta que não nos devemos enganar: isto que foi apresentado como o salvamento de um Estado fazendo apelo ao suposto sentimento de solidariedade europeia, não nada menos que uma transferência directa de dinheiro do bolso dos cidadãos para o dos credores estrangeiros de bancos franceses e alemães. Aqui está a receita da divisão e da instabilidade.

O Prémio Nobel Joseph Stiglitz diz a propósito da crise financeira de 2008-2009 nos Estados Unidos que os bancos conseguiram mutualizar as suas perdas com os contribuintes mas que privatizam os seus benefícios em proveito único dos seus accionistas. A Europa ajuda hoje a fazer o mesmo. O Estado pura e simplesmente não está mais no seu papel de defensor do bem comum pertencente a todos os cidadãos. Ao voar (!) em socorro dos rufiões e dos ricaços, o Estado tornou-se privado. Chegou o reino tirânico das novas feudalidades.



retirado de resistir.info

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