Excerto
A supressão do fascínio natural que sentem os seres humanos pelos estados
alterados de consciência está ligada de forma íntima e causal com a actual
situação de perigo em que se encontra toda a vida na terra. Ao
suprimirmos o acesso ao êxtase xamânico, represamos as refrescantes
águas emocionais que fluem de um relacionamento profundamente
ligado, quase simbiótico, com a terra. Em consequência disso
desenvolvem-se e perpetuam-se estilos sociais mal adaptados
que encorajam a sobrepopulação, o desperdício de recursos e
a intoxicação ambiental.
alterados de consciência está ligada de forma íntima e causal com a actual
situação de perigo em que se encontra toda a vida na terra. Ao
suprimirmos o acesso ao êxtase xamânico, represamos as refrescantes
águas emocionais que fluem de um relacionamento profundamente
ligado, quase simbiótico, com a terra. Em consequência disso
desenvolvem-se e perpetuam-se estilos sociais mal adaptados
que encorajam a sobrepopulação, o desperdício de recursos e
a intoxicação ambiental.
(...)
A televisão, pela sua natureza, é a droga dominadora por excelência.
O controle do conteúdo, a uniformidade do conteúdo e a repetição
do conteúdo tornaram-na um instrumento inevitável de coerção,
lavagem cerebral e manipulação. A televisão induz no espectador
um estado de transe que é a pré-condição necessária à lavagem
cerebral. À semelhança de todas as outras drogas e tecnologias,
o carácter básico da televisão não pode ser modificado; a televisão
não é mais reformável do que a tecnologia produtora de espingardas
automáticas de assalto.
O controle do conteúdo, a uniformidade do conteúdo e a repetição
do conteúdo tornaram-na um instrumento inevitável de coerção,
lavagem cerebral e manipulação. A televisão induz no espectador
um estado de transe que é a pré-condição necessária à lavagem
cerebral. À semelhança de todas as outras drogas e tecnologias,
o carácter básico da televisão não pode ser modificado; a televisão
não é mais reformável do que a tecnologia produtora de espingardas
automáticas de assalto.
(...)
De um ponto de vista histórico, restringir a disponibilidade
de substâncias viciantes deve ser visto como um exemplo
particularmente perverso de pensamento dominador calvinista
- um sistema no qual o pecador deve ser punido neste mundo
ao ser transformado num consumidor explorável e
impotente, punido pelo seu vício ao ser despojado do seu
dinheiro pela combinação entre o crime e o governo que
proporciona as substâncias viciantes. A imagem é mais
horrífica do que a da serpente que se devora a si própria
- é mais uma vez a imagem dionisíaca da mãe que devora
os filhos, a imagem de uma casa dividida contra si mesma.
de substâncias viciantes deve ser visto como um exemplo
particularmente perverso de pensamento dominador calvinista
- um sistema no qual o pecador deve ser punido neste mundo
ao ser transformado num consumidor explorável e
impotente, punido pelo seu vício ao ser despojado do seu
dinheiro pela combinação entre o crime e o governo que
proporciona as substâncias viciantes. A imagem é mais
horrífica do que a da serpente que se devora a si própria
- é mais uma vez a imagem dionisíaca da mãe que devora
os filhos, a imagem de uma casa dividida contra si mesma.
(...)
A súbita introdução de um poderoso agente descondicionante
como o LSD teve o efeito de criar uma deserção em massa
dos valores comunitários, em especial os valores baseados
numa hierarquia dominadora acostumada a suprimir a
consciência e a percepção.
como o LSD teve o efeito de criar uma deserção em massa
dos valores comunitários, em especial os valores baseados
numa hierarquia dominadora acostumada a suprimir a
consciência e a percepção.
(...)
Que significado tem o facto do esforço da
farmacologia no sentido de reduzir a mente à máquina
molecular confinada ao cérebro nos ter levado,
na volta, a uma visão da mente que argumenta em
favor das suas proporções quase cósmicas? As
drogas parecem ser os agentes potenciais
tanto da nossa involução até ao estado animal
quanto da nossa metamorfose na direcção de
um sonho luminoso de perfeição possível.
"Para o homem, o homem é como uma fera errante",
escreveu o filósofo social Thomas Hobbes,
"e para o homem, o homem é como um deus".
A isto poderíamos acrescentar: "E nunca o é
tanto como quando usa drogas".
farmacologia no sentido de reduzir a mente à máquina
molecular confinada ao cérebro nos ter levado,
na volta, a uma visão da mente que argumenta em
favor das suas proporções quase cósmicas? As
drogas parecem ser os agentes potenciais
tanto da nossa involução até ao estado animal
quanto da nossa metamorfose na direcção de
um sonho luminoso de perfeição possível.
"Para o homem, o homem é como uma fera errante",
escreveu o filósofo social Thomas Hobbes,
"e para o homem, o homem é como um deus".
A isto poderíamos acrescentar: "E nunca o é
tanto como quando usa drogas".
(...)
O próprio tráfico de escravos era uma espécie de vício.
O início da importação de mão-de-obra escrava para o
Novo Mundo teve somente um objectivo, o de
sustentar uma economia agrícola baseada no açúcar.
A loucura pelo açúcar era tão avassaladora que
mil anos de condicionamento ético cristão nada
significaram. Uma explosão de crueldade e
bestialidade humanas de proporções incríveis foi
placidamente aceite pelas instituições da sociedade
educada.
O início da importação de mão-de-obra escrava para o
Novo Mundo teve somente um objectivo, o de
sustentar uma economia agrícola baseada no açúcar.
A loucura pelo açúcar era tão avassaladora que
mil anos de condicionamento ético cristão nada
significaram. Uma explosão de crueldade e
bestialidade humanas de proporções incríveis foi
placidamente aceite pelas instituições da sociedade
educada.
(...)
Quantas mulheres têm as suas primeiras experiências
sexuais numa atmosfera de uso de álcool, assegurando
que essas experiências cruciais se desenrolem totalmente
em termos dominadores? O argumento mais forte
para a legalização de qualquer droga é a sociedade
ter conseguido sobreviver à legalização do álcool.
Se podemos tolerar o uso legal do álcool, qual a
droga que não poderá ser absorvida pela estrutura social?
sexuais numa atmosfera de uso de álcool, assegurando
que essas experiências cruciais se desenrolem totalmente
em termos dominadores? O argumento mais forte
para a legalização de qualquer droga é a sociedade
ter conseguido sobreviver à legalização do álcool.
Se podemos tolerar o uso legal do álcool, qual a
droga que não poderá ser absorvida pela estrutura social?
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