terça-feira, 9 de novembro de 2010

Divida e usura!

Ao abrigo do artigo 123 do Tratado de Lisboa, os estados membros da União Europeia não podem recorrer ao Banco Central Europeu (BCE) para contrair dívidas, têm de o fazer através dos bancos privados.


Mas a banca financia-se junto do BCE pagando uma taxa de juro de apenas 1% e depois essa mesma banca empresta esse mesmo dinheiro às famílias, às empresas e ao estado cobrando taxas de juros de cerca de 5%.

A divida da banca portuguesa ao BCE corresponde a cerca de 30% do PIB, ou seja perto de 50 000 milhões de euros. A soma dos vários empréstimos da banca a operar em Portugal ao estado português já totaliza 10 500 milhões de euros, com taxas de juros a 4 anos de 4,5% e a 10 anos de 6,4%.

Por outras palavras, o estado português paga 574 milhões de euros de juros à banca mas só pagaria 105 milhões se podesse financiar-se directamente junto do BCE.

O mesmo se passa com as famílias e as empresas.

Não admira que os quatro grandes da banca privada portuguesa lucraram 4,1 milhões de euros por dia no terceiro trimestre deste ano.

O economista Eugénio Rosa questiona: se não seria justo lançar um imposto sobre estes lucros extraordinários e sem risco da banca? Isto para já não falar no valor real do IRC pago pela banca, que é de cerca de 4,3%.

As medidas sociais e económicas drásticas que os governos tomam para pagar as dívidas, foram na realidade criadas pelos próprios, autorizando a criação monetária privada e a obrigação por partes dos estados a que os empréstimos sejam feitos pela banca privada. São os bancos e os grandes grupos financeiros que mais beneficiam com as crises.

Como dizia Henry Ford: "Ainda bem que as pessoas não compreendem o nosso sistema monetário e bancário, porque, se compreendessem, eu acredito que haveria uma revolução antes do amanhecer."

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