sexta-feira, 19 de novembro de 2010

É a "praxe" dizem eles!

Com o cair da folha e o início do ano lectivo, começam a ver-se por aí, onde existam universidades e aparentados, os habituais espectáculos de bandos de imberbes caloiros apascentados por não menos imberbes "doutores" ministrando-lhes todo o tipo de boçalidades e indignidades que a rasca imaginação lhes permite, com o devido enquadramento de bebedeiras, comas alcoólicos e música pimba que ilustram o nível moral e intelectual não só dos futuros caixas de supermercado da Nação mas igualmente das escolas que os formam.
Pôr jovens estudantes de joelhos e obrigá-los a suportar com um sorriso nos lábios as prepotências fascistas, nem sempre "soft", dos mais velhos é, alega-se da parte dos por assim dizer responsáveis de algumas universidades, uma forma de "integrar" os alunos recém-chegados na vida e no espírito universitários. E, Deus nos valha, se calhar é. Não restem dúvidas de que, de tal ponto de vista, as universidades cumprem até à excelência a missão que, de há uns tempos para cá, alegremente pretendem assumir, não de lugares de estudo e investigação, mas de fornecedores de mão-de-obra qualificada (na circunstância em despotismo e docilidade acrítica) ao mundo empresarial e do trabalho.

Ontem vi, nos "Leões", uma rapariga de pés e mãos no chão cavalgada por um futuro "doutor à bolonhesa" que simulava chicoteá-la. Que melhor imagem da Universidade (ou de alguma Universidade) que temos?



por Manuel António Pina, JN 11/2010

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