segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"The show must go on".

Jardim teve este fim-de-semana uma iluminação de que deu conta aos apaniguados reunidos em Porto Santo para a "rentrée" do PSD/Madeira: sente-se mais à "esquerda" do que há 30 anos. Poderia ter recuado um pouco mais, sei lá, para há 40 anos, e os seus ouvintes ficariam boquiabertos com quanto Jardim virou, desde então, à "esquerda".


E como se manifesta a "viragem à esquerda" de Jardim? Exactamente como há 30 anos, quando era de direita: a pedir dinheiro aos "cubanos" do Cont'nente, pois "precisamos, urgentemente, de liquidez para poder pagar os fornecedores em atraso" (o português é seu, não é meu).

Justifica-se Jardim com um tal de "ataque financeiro" dos anteriores governos: "E eu só tinha duas hipóteses: ou fazia como no boxe, jogava a toalha ao chão ou então enfrentava-os como enfrentei (...) e aumentei a dívida da Madeira (...) para agora negociar com o Governo liderado pelo PSD".

A dívida da Madeira era, em finais de 2010, de 963,3 milhões de euros. Jardim conta agora com o amigo Passos Coelho para bater esse recorde e passar a dever, no mínimo, 1 000 milhões.

Ponhamos, portanto, reformas e salários de miséria de molho. Não tardará que o Governo "liderado pelo PSD" venha buscar o que resta do subsídio de Natal ou aumente outra vez os transportes ou o IVA da electricidade e do gás, pois o Carnaval orçamental madeirense precisa de "liquidez" e, com crise ou sem crise, "the show must go on".



Manuel António Pina, JN, Agosto 2011

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