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Nessa comunicação, as palavras já não têm importancia nenhuma. A repetição fastidiosa, o martelar das mesmas coisas ou o emprego quantificado dos vacábulos dão-lhe um conteúdo efémero. Muitas palavras desaparecem como se a realidade que designam se tivesse sumido. É assim que já não há exploradores nem explorados. É assim que capitalismo se tornou um termo fora de moda. É assim que a burocracia, tal como a máfia, precisa de mostrar que não existe. Outras palavras mudam de natureza, como sob o efeito de manipulações genéticas. É assim que falar de «privilégios» remete, não para os prebendados da administração gestora, mas para os trabalhadores e desempregados, cujos salários, reformas e subsídios prejudicam a rendibilidade dos investimentos estatais e privados.
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