A
Rússia reagiu à guerra económica que lhe faz a Otan do mesmo modo
como o teria feito numa guerra clássica. Ela deixou-se atingir pelas
sanções unilaterais para melhor levar o seu adversário, para o
terreno que ela própria escolheu. Simultaneamente, ela concluiu acordos
com a China para preservar o seu futuro, depois com a Turquia para
desorganizar a Otan. Como no passado, face à França ou à Alemanha, a
sua derrota inicial poderá ser a garantia da sua vitória final.
Segundo a imprensa atlantista, a Rússia teria sido severamente atingida pelas «sanções» unilaterais —na realidade acções de guerra económica— tomadas por ocasião da anexação da Crimeia à Federação, ou da destruição do Boeing da Malaysia Airlines, e pela queda dos preços do petróleo. O rublo perdeu 40% do seu valor, os investimentos desperdiçados no gasoduto South Stream custaram US $ 4,5 biliões, e o embargo alimentar custou US $ 8,7 biliões. Em última análise, garante a média (mídia-br) atlantista, a Rússia está agora arruinada e isolada politicamente.
Contrariamente, por outro lado, a imprensa atlantista esquece as consequências desta guerra económica na União Europeia. Para além da proibição das exportações de bens alimentares que é susceptível de destruir blocos inteiros da sua agricultura, a renúncia ao South Stream pesará gravemente no futuro da União pelo aumento do preço da energia.
A Turquia actual é, hoje, um país em vias de se tornar uma terrível ditadura. De acordo com o Departamento de Estado –portanto complacente “vis-à-vis” a um membro da Otan-– a internet é censurada; o governo abusou do seu poder para impedir as investigações de corrupção, realizadas contra os seus membros e suas famílias; sancionou os polícias e os magistrados judiciais que conduziram estes inquéritos; as minorias não têm nenhuns direitos, à excepção de três minorias designadas no Tratado de Lausanne em 1923; o governo Erdoğan deteve centenas de prisioneiros políticos (principalmente oficiais superiores —do Exército/ndT— culpados de terem tido contactos com o Exército chinês, políticos da oposição, jornalistas e advogados); A tortura é generalizada, as detenções arbitrárias e assassinatos extrajudiciais são às carradas.
O Presidente Erdoğan fez construir o maior palácio do mundo para si próprio. Ele fê-lo num parque natural, quando a Justiça o havia proibido de tal. O que custou 615.000 milhões de dólares aos seus contribuintes.
A deriva criminosa da administração Erdogan tornou-se um assunto de grande preocupação no seio da Otan. Tanto mais que a Turquia revela tornar-se também um aliado recalcitrante. Assim, ela continua a ajudar os jiadistas na sua luta contra o povo curdo (muito embora este de maioria predominantemente sunita) em vez de se juntar activamente à coligação dos Estados Unidos contra o Emirado Islâmico. Foi por isso que o vice-presidente Joe Biden se dirigiu, em 22 de novembro, a Ancara, obviamente, para ameaçar o Presidente Erdoğan se ele não reentrasse na linha norte- americana.
No entanto, a 1 de Dezembro, Vladimir Putin também se dirigiu a Ancara. Separando as questões económicas das políticas, ele apresentou uma proposta longamente preparada: uma aliança económica, sem precedentes, entre as duas nações. Compreendendo que esta oferta inesperada era a sua única saída face a Washington, o presidente Erdoğan assinou todos os documentos que tinham sido redigidos pelos Russos. Ele aceitou o reforço do gasoduto submarino que liga o seu país à Rússia, via Mar Negro; ele comprou, a um bom preço, gás russo e até centrais(usinas-br) de energia nuclear civil para alimentar a sua indústria; ele fornecerá os seus produtos agrícolas à Rússia, apesar do embargo de todos os outros Estados da Otan; etc.
Para a Otan, o problema turco torna-se um pesadelo.
É certo que Vladimir Putin não mudou de ideias quanto a Recep Tayyip Erdoğan. É um pequeno criminoso que, tendo entrado para a Irmandade Muçulmana, foi projectado para o poder com a ajuda da CIA, e, que agora se comporta como um verdadeiro chefe mafioso. Mas, o presidente russo está acostumado a lidar com oligarcas ou chefes de Estado da Ásia central que não são melhores do que ele. Ele próprio atingiu o Kremlin ao infiltrar-se no círculo de Boris Yeltsin e de Boris Berezovsky.
Pelo seu lado, R.T. Erdoğan sabe que deve o seu poder à Otan, e que actualmente ela lhe pede contas. Ele não tem nenhuma dificuldade para fazer as grandes escolhas: aliado de Washington em política, e de Moscovo em economia. Ele sabe que nenhum Estado pôde jamais sair da Aliança, mas, ele imagina poder manter-se no poder através deste jogo duplo. Agora, olhemos a estratégia de Vladimir Putin.
O poder dos Estados Unidos reside, ao mesmo tempo, na sua moeda, que eles impõem ao resto do mundo via contrôlo do mercado do petróleo, e no seu exército.
A Otan acaba de lançar uma guerra económica contra a Rússia. Para efeitos da propaganda ela mascara os seus ataques sob o vocábulo «sanções». No entanto, sanções suporiam uma acusação, um julgamento e um veredicto. Não neste caso. As «sanções», as mais importantes, foram mesmo decididas após a destruição de um avião civil na Ucrânia, enquanto que, com toda a probabilidade, ele foi abatido pelas novas autoridades de Kiev.
Para responder a isto Vladimir Putin, primeiro, fez virar o futuro do seu país da Europa Ocidental para o Extremo-Oriente, assinando os contratos mais importantes da história com os seus parceiros chineses. Depois, ele utilizou a Turquia contra a Otan para contornar as «sanções» comerciais ocidentais. Seja com a China, ou com a Turquia, a Rússia vende a sua energia em moedas correntes locais ou em permuta, nunca em dólares.
Os peritos russos calcularam que Washington interviria se o preço do petróleo permanecesse, mais de seis meses, numa cotação abaixo dos 60 dólares, por barril. Há dois meses, o governador do Banco central russo, Elvira S. Nabiullina, atestava perante a Duma estar preparada para este cenário, com a sua instituição detendo as suficientes reservas.
Por consequência, se de momento a Rússia está a ser gravemente atingida pelo ataque económico da Otan, a situação poderá se inverter dentro de seis meses. Para manter a sua dominação mundial Washington seria, então, obrigada a intervir para fazer elevar os preços do petróleo. Mas, no entretanto, esta guerra terá afundado a União Europeia e a Otan, enquanto a Rússia terá mutacionado a sua economia para o lado do seu aliado chinês.
Em última análise, a Rússia está agindo, aqui, como ela sempre o fez. Anteriormente, ela utilizou a «estratégia de terra queimada» quando a França de Napoleão ou a Alemanha de Adolf Hitler a invadiram. Ela destruiu, por si mesmo em vez das tropas do inimigo, as suas próprias riquezas, e recuou sempre para o Extremo Oriente. Em seguida, ela contra-atacou os invasores esgotados pela sua demasiada profunda penetração.
Fonte
Odnako (Rússia)
Aquando da cimeira anual sobre Segurança,
organizada pela Fundação Bertelsmann e pela Otan em Munique, em 2007, o
presidente Vladimir Putin sublinhara que o interesse dos europeus
ocidentais não estava apenas além Atlântico mas também, e sobretudo,
com a Rússia. Desde então, ele cessou de tentar construir relações
económicas, entre as quais a construção do gasoduto North Stream
(Corrente do Norte-ndT) sob a direcção do antigo chanceler alemão
Gerhard Schröder. Por seu lado, os Estados Unidos tudo fizeram para
impedir esta aproximação, daí a organização do golpe de Estado em
Kiev e a sabotagem do gasoduto South Stream (Corrente do Sul-ndT).
Segundo a imprensa atlantista, a Rússia teria sido severamente atingida pelas «sanções» unilaterais —na realidade acções de guerra económica— tomadas por ocasião da anexação da Crimeia à Federação, ou da destruição do Boeing da Malaysia Airlines, e pela queda dos preços do petróleo. O rublo perdeu 40% do seu valor, os investimentos desperdiçados no gasoduto South Stream custaram US $ 4,5 biliões, e o embargo alimentar custou US $ 8,7 biliões. Em última análise, garante a média (mídia-br) atlantista, a Rússia está agora arruinada e isolada politicamente.
Contrariamente, por outro lado, a imprensa atlantista esquece as consequências desta guerra económica na União Europeia. Para além da proibição das exportações de bens alimentares que é susceptível de destruir blocos inteiros da sua agricultura, a renúncia ao South Stream pesará gravemente no futuro da União pelo aumento do preço da energia.
- A baixa do valor de câmbio do rublo em relação ao dólar
- Fonte : Boursorama
- A queda dos preços do petróleo.
- Fonte : Boursorama
A Turquia actual é, hoje, um país em vias de se tornar uma terrível ditadura. De acordo com o Departamento de Estado –portanto complacente “vis-à-vis” a um membro da Otan-– a internet é censurada; o governo abusou do seu poder para impedir as investigações de corrupção, realizadas contra os seus membros e suas famílias; sancionou os polícias e os magistrados judiciais que conduziram estes inquéritos; as minorias não têm nenhuns direitos, à excepção de três minorias designadas no Tratado de Lausanne em 1923; o governo Erdoğan deteve centenas de prisioneiros políticos (principalmente oficiais superiores —do Exército/ndT— culpados de terem tido contactos com o Exército chinês, políticos da oposição, jornalistas e advogados); A tortura é generalizada, as detenções arbitrárias e assassinatos extrajudiciais são às carradas.
O Presidente Erdoğan fez construir o maior palácio do mundo para si próprio. Ele fê-lo num parque natural, quando a Justiça o havia proibido de tal. O que custou 615.000 milhões de dólares aos seus contribuintes.
A deriva criminosa da administração Erdogan tornou-se um assunto de grande preocupação no seio da Otan. Tanto mais que a Turquia revela tornar-se também um aliado recalcitrante. Assim, ela continua a ajudar os jiadistas na sua luta contra o povo curdo (muito embora este de maioria predominantemente sunita) em vez de se juntar activamente à coligação dos Estados Unidos contra o Emirado Islâmico. Foi por isso que o vice-presidente Joe Biden se dirigiu, em 22 de novembro, a Ancara, obviamente, para ameaçar o Presidente Erdoğan se ele não reentrasse na linha norte- americana.
No entanto, a 1 de Dezembro, Vladimir Putin também se dirigiu a Ancara. Separando as questões económicas das políticas, ele apresentou uma proposta longamente preparada: uma aliança económica, sem precedentes, entre as duas nações. Compreendendo que esta oferta inesperada era a sua única saída face a Washington, o presidente Erdoğan assinou todos os documentos que tinham sido redigidos pelos Russos. Ele aceitou o reforço do gasoduto submarino que liga o seu país à Rússia, via Mar Negro; ele comprou, a um bom preço, gás russo e até centrais(usinas-br) de energia nuclear civil para alimentar a sua indústria; ele fornecerá os seus produtos agrícolas à Rússia, apesar do embargo de todos os outros Estados da Otan; etc.
Para a Otan, o problema turco torna-se um pesadelo.
É certo que Vladimir Putin não mudou de ideias quanto a Recep Tayyip Erdoğan. É um pequeno criminoso que, tendo entrado para a Irmandade Muçulmana, foi projectado para o poder com a ajuda da CIA, e, que agora se comporta como um verdadeiro chefe mafioso. Mas, o presidente russo está acostumado a lidar com oligarcas ou chefes de Estado da Ásia central que não são melhores do que ele. Ele próprio atingiu o Kremlin ao infiltrar-se no círculo de Boris Yeltsin e de Boris Berezovsky.
Pelo seu lado, R.T. Erdoğan sabe que deve o seu poder à Otan, e que actualmente ela lhe pede contas. Ele não tem nenhuma dificuldade para fazer as grandes escolhas: aliado de Washington em política, e de Moscovo em economia. Ele sabe que nenhum Estado pôde jamais sair da Aliança, mas, ele imagina poder manter-se no poder através deste jogo duplo. Agora, olhemos a estratégia de Vladimir Putin.
O poder dos Estados Unidos reside, ao mesmo tempo, na sua moeda, que eles impõem ao resto do mundo via contrôlo do mercado do petróleo, e no seu exército.
A Otan acaba de lançar uma guerra económica contra a Rússia. Para efeitos da propaganda ela mascara os seus ataques sob o vocábulo «sanções». No entanto, sanções suporiam uma acusação, um julgamento e um veredicto. Não neste caso. As «sanções», as mais importantes, foram mesmo decididas após a destruição de um avião civil na Ucrânia, enquanto que, com toda a probabilidade, ele foi abatido pelas novas autoridades de Kiev.
Para responder a isto Vladimir Putin, primeiro, fez virar o futuro do seu país da Europa Ocidental para o Extremo-Oriente, assinando os contratos mais importantes da história com os seus parceiros chineses. Depois, ele utilizou a Turquia contra a Otan para contornar as «sanções» comerciais ocidentais. Seja com a China, ou com a Turquia, a Rússia vende a sua energia em moedas correntes locais ou em permuta, nunca em dólares.
Os peritos russos calcularam que Washington interviria se o preço do petróleo permanecesse, mais de seis meses, numa cotação abaixo dos 60 dólares, por barril. Há dois meses, o governador do Banco central russo, Elvira S. Nabiullina, atestava perante a Duma estar preparada para este cenário, com a sua instituição detendo as suficientes reservas.
Por consequência, se de momento a Rússia está a ser gravemente atingida pelo ataque económico da Otan, a situação poderá se inverter dentro de seis meses. Para manter a sua dominação mundial Washington seria, então, obrigada a intervir para fazer elevar os preços do petróleo. Mas, no entretanto, esta guerra terá afundado a União Europeia e a Otan, enquanto a Rússia terá mutacionado a sua economia para o lado do seu aliado chinês.
Em última análise, a Rússia está agindo, aqui, como ela sempre o fez. Anteriormente, ela utilizou a «estratégia de terra queimada» quando a França de Napoleão ou a Alemanha de Adolf Hitler a invadiram. Ela destruiu, por si mesmo em vez das tropas do inimigo, as suas próprias riquezas, e recuou sempre para o Extremo Oriente. Em seguida, ela contra-atacou os invasores esgotados pela sua demasiada profunda penetração.
Odnako (Rússia)