segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A responsabilidade do EUA na perigosa vaga de terrorismo

por Os Editores

 



Os trágicos atentados terroristas de Paris foram condenados a nível mundial pela humanidade solidária com o povo francês, alvo da monstruosa e repugnante chacina.

Milhões de palavras sobre o acontecimento foram escritas ou pronunciadas em dezenas de países em muitas línguas.

Dirigentes políticos, personalidades destacadas, politólogos de serviço nos grandes media, comentaram os atentados.

Chama a atenção o facto de na Comunidade Europeia nenhum chefe de estado ou de governo ter nas suas intervenções abordado a questão fundamental das causas da vaga de terrorismo que assola o mundo. Obama também se absteve de tocar no tema.

Qual o motivo de tão estranha omissão? Resposta é simples, mas incómoda para os detentores do poder.

O principal responsável pelo alastramento do terrorismo que condenam e dizem combater é o imperialismo americano.

Antes da primeira Guerra do Golfo não existiam praticamente organizações terroristas que preocupassem o Ocidente capitalista e os crimes desse tipo eram pouco frequentes.

Durante o governo de Carter, Brzezinsky persuadiu o presidente a criar no Afeganistão uma situação caótica que forçasse a União Soviética a enviar um contingente militar para aquele país. Nas suas memórias o assessor de Carter assume com orgulho essa responsabilidade. Foi a CIA, com o aval da Casa Branca, quem criou no Paquistão os acampamentos onde foram treinados, financiados e armados os lideres mujahedines que dirigiram a luta contra a Revolução Afegã. Reagan recebeu em Washington como hóspedes de honra os dirigentes das Sete Organizações Sunitas de Peshawar - alguns traficantes de droga milionários – designando-os como «novos Bolívares» e «combatentes da liberdade»

Quando esse bando, destruída a Revolução Afegã, se envolveu em guerras civis intermitentes, os EUA criaram, também no Paquistão, os Talibans. Armados por Washington, os «estudantes de teologia» invadiram e conquistaram o Afeganistão. Retiraram o ex-presidente Najibullah da sede da ONU onde se tinha asilado, enforcaram-no num poste e impuseram ao país um regime islâmico medieval.

Os antigos aliados passaram a ser considerados pela Casa Branca uma perigosa ameaça. O Afeganistão, graças aos mestres norte americanos, emergiu no mundo muçulmano como «a universidade do terrorismo».

Após os atentados do 11 de Setembro de 2001,os EUA invadiram e ocuparam o país quando o mulah Omar, líder taliban, recusou entregar-lhes Osama Bin Laden.

Transcorridos 14 anos, o balanço dessa agressão é desastroso. Hoje o Afeganistão é o maior produtor mundial de heroína e dali saem fornadas de terroristas para a Africa, o Médio Oriente, a Europa e os EUA.

De alunos, os afegãos passaram a professores. Na Argélia, no Egito, no Iraque, no Irão, «especialistas» afegãos participaram de muitas ações criminosas.

Porventura renunciaram os EUA a utilizar terroristas islâmicos nas suas guerras de agressão? Não.

Na Líbia, as milícias que tiveram papel decisivo na luta contra Kadhafi (por elas assassinado) foram criadas e treinadas pela CIA e pelos serviços secretos britânicos. Em breve se tornaram também incontroláveis, gerando o caos num país destruído pelo imperialismo.

Na Síria, Washington, na tentativa de derrubar Bashar al Assad e recolonizar o país, armou e financiou os grupos terroristas que combatem o regime de Damasco.

Quando irrompeu na Região a praga do jihadismo, e as noticias sobre os crimes monstruosos cometidos pelos seguidores do autointitulado Estado Islâmico começaram a correr pelo mundo, a humanidade, horrorizada, teve dificuldade em compreender como surgira e se formara aquela seita de fanáticos assassinos.

Prestigiados media de «referência» dos EUA contribuíram para que gradualmente se dissipasse o véu de mistério que envolvia os criminosos do EI. Sabe-se hoje – graças em parte a artigos publicados naquele país - que muitos dos atuais lideres jihadistas foram formados por mestres da CIA com outros fins.

Não há como negar a evidência: o imperialismo estado-unidense é o principal responsável pela perigosa vaga de terrorismo que alastra pelo mundo.

A sua resposta – já principiou em França - será, na América e na Europa, como aconteceu após o 11 de Setembro, intensificar a repressão contra os seus próprios povos.

OS EDITORES DE ODIARIO.INFO

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