
       Exmo. Sr. Ministro Ricardo de Aquino Salles:
       
       
       As posições manifestadas por V.Exa. em diversas entrevistas,
       antes e depois de assumir o Ministério do Meio Ambiente (MMA),
       reforçam a expectativa de que a sua gestão possa representar uma
       guinada determinante na orientação da política ambiental
       brasileira, visando ao enfrentamento dos problemas reais do País e
       à atuação do MMA como um catalisador de
       ações sinérgicas junto aos demais órgãos da
       administração pública, além de promover uma
       visão objetiva, pragmática e não ideológica das
       questões ambientais na sociedade em geral.
       
       
       Neste contexto, os signatários da presente reiteram que as
       discussões e a formulação das políticas
       públicas sobre as questões climáticas têm sido
       pautadas, predominantemente, por equivocadas e restritas
       motivações ideológicas, políticas, econômicas
       e acadêmicas, afastando-as não apenas dos princípios
       basilares da prática científica, mas também dos interesses
       maiores da sociedade.
       
       
       É perceptível que a extensão de tais interesses e dos
       compromissos internacionais assumidos pelo País com a agenda da
       "descarbonização" da economia mundial faz com que
       qualquer tentativa brusca de reorientação da pauta
       climática nacional, para fora do cenário
       "antropogênico" das mudanças climáticas, tenda a
       gerar oposição dos setores articulados em torno desse
       cenário, aí incluídos o poderoso movimento ambientalista
       internacional e grande parcela da mídia, dotados de considerável
       influência sobre a opinião pública interna e externa.
       
       
       Não obstante, algumas necessárias correções de rumo
       são factíveis, no sentido de se atribuir uma prioridade maior a
       certas iniciativas de importância fundamental, tanto na alçada do
       MMA como na de outros ministérios, para proporcionar uma melhora efetiva
       do conhecimento da dinâmica climática e um aumento da capacidade
       geral da sociedade para fazer frente aos mais diversos fenômenos
       meteorológicos e climáticos, que sempre ocorreram no passado e
       continuarão a ocorrer no futuro. Estamos convencidos de que tais
       iniciativas representariam aplicações melhores para grande parte
       dos recursos humanos e financeiros que têm sido equivocadamente
       orientados para a agenda da "descarbonização" – e
       desperdiçados com ela –, particularmente, o Fundo Nacional sobre
       Mudança Climática.
       
       
       Por conseguinte, oferecemos-lhe as considerações a seguir, com a
       expectativa de que possam aportar subsídios relevantes para a
       atuação do MMA, aproveitando o ensejo para formular votos de
       sucesso na sua gestão.
       
       
       
        1) Não há evidências físicas da influência
        humana no clima global
       
       
       
       Em termos estritamente científicos, a questão climática
       pode ser sintetizada em um único parágrafo:
       
       
       As mudanças constituem a característica fundamental do clima,
       como demonstram as evidências referentes a toda a história
       geológica da Terra – ou seja, o clima está sempre em
       mudança (pelo que a expressão "mudança
       climática"se torna um pleonasmo). Quanto à alegada
       influência humana no clima global, supostamente atribuída
       às emissões de compostos de carbono das atividades humanas, ela
       teria forçosamente que amplificar as taxas de variação
       (gradientes) das temperaturas atmosféricas e oceânicas e dos
       níveis do mar, registradas desde a Revolução Industrial do
       século XVIII. Como não há qualquer evidência
       física observada de que estas últimas variações
       sejam anômalas, em relação às registradas
       anteriormente, no passado histórico e geológico, simplesmente, a
       hipótese da influência humana não pode ser comprovada, a
       despeito de todo o alarido neste sentido.
       
       
       Todos os prognósticos que indicam elevações exageradas das
       temperaturas e dos níveis do mar nas décadas vindouras,
       além de outros impactos negativos atribuídos ao lançamento
       de carbono "antropogênico" na atmosfera, baseiam-se em
       projeções de modelos matemáticos, que constituem apenas
       simplificações bastante limitadas do sistema climático
       global. Portanto, tais cenários alarmistas não devem ser usados
       para fundamentar políticas públicas e estratégias de longo
       alcance, com grandes impactos socioeconômicos, tanto em âmbito
       nacional como global.
       
       
       A influência humana no clima se restringe às áreas urbanas
       e seus entornos (o conhecido efeito das "ilhas de calor"), sendo
       esses impactos muito localizados e sem influência na escala
       planetária.
       
       
       Segundo o quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre
       Mudanças Climáticas (AR5/IPCC), divulgado em 2014, as
       temperaturas médias globais aumentaram 0,85 C no período
       1880-2012, enquanto o nível médio do mar subiu 0,19 m entre 1901
       e 2010.
       
       
       Ora, mesmo dentro do período de existência da humanidade,
       há registros de números bem mais acentuados. Ao longo do
       Holoceno, a época geológica correspondente aos últimos
       11.700 anos em que a civilização humana tem se desenvolvido,
       houve diversos períodos com temperaturas mais altas que as atuais. No
       Holoceno Médio, há 6.000-8.000 anos, as temperaturas
       médias chegaram a ser 2°C a 3°C superiores às atuais,
       enquanto os níveis do mar atingiram até 3 metros acima dos
       atuais. Igualmente, nos períodos quentes conhecidos como Minoano
       (1500-1200 a.C.), Romano (séc. III a.C.-V d.C.) e Medieval (séc.
       X-XIII d.C.), as temperaturas médias do planeta foram entre 1-2 °C
       superiores às atuais. E dados paleoclimáticos (cilindros de gelo
       da estação de Vostok, Antártica) sugerem que as
       temperaturas da Terra já estiveram 6°C a 10°C mais elevadas
       que as atuais, nos últimos três interglaciais, há cerca de
       150 mil, 240 mil e 320 mil anos atrás.
       
       
       Entre 12.900 e 11.600 anos atrás, no período frio denominado
       Dryas Recente, as temperaturas atmosféricas caíram cerca de
       8°C em menos de 50 anos e, ao término dele, voltaram a subir na
       mesma proporção em pouco mais de meio século.
       
       
       Quanto ao nível do mar, ele subiu cerca de 120 metros, entre 18.000 e
       6.000 anos atrás, o que equivale a uma taxa média de 1 metro por
       século, suficientemente rápida para impactar visualmente as
       gerações sucessivas das populações que habitavam as
       margens continentais. No período entre 14.650 e 14.300 anos
       atrás, há registros de uma elevação ainda mais
       acelerada, atingindo cerca de 14 metros em apenas 350 anos, média de 4
       metros por século.
       
       
       Em outras palavras, tais variações representam valores superiores
       em uma ordem de grandeza às observações feitas desde o
       século XIX. Por conseguinte, essas últimas se enquadram com muita
       folga dentro da faixa de oscilações naturais dos parâmetros
       climáticos e, portanto, não podem ser atribuídas ao uso
       dos combustíveis fósseis ou a qualquer outro tipo de atividade
       vinculada ao desenvolvimento humano.
       
       
       Embora evidências como essas possam ser encontradas em, literalmente,
       milhares de estudos realizados em todos os continentes por cientistas de
       dezenas de países, devidamente publicados na literatura
       científica internacional (vide, p.ex., o excelente sítio 
       
 http://www.co2science.org
       ), é raro que algum desses estudos ganhe repercussão na
       mídia, quase sempre mais inclinada à promoção de um
       alarmismo sensacionalista e desorientador.
       
       
       
        2) A hipótese do aquecimento "antropogênico" é um
        desserviço para a Ciência e um risco para as políticas
        públicas
       
       
       
       A boa prática científica pressupõe uma
       correspondência entre hipóteses de trabalho e dados observados que
       as comprovem. A hipótese das mudanças climáticas
       "antropogênicas" não se fundamenta em evidências
       físicas observadas no mundo real, já que, no passado, ocorreram
       temperaturas altas com baixas concentrações de dióxido de
       carbono (CO2) e vice-versa. Em adição, de acordo com dados de
       satélites, a temperatura média global (se é que existe
       uma) tem estado estável nos últimos 20 anos, apesar de as
       emissões de CO2 terem aumentado em mais de 11% nesse mesmo
       período. Por conseguinte, apesar de agregar um certo número de
       cientistas, a sua construção passa ao largo da metodologia
       científica e a insistência na sua preservação
       representa um grande desserviço à Ciência e à sua
       necessária colocação a serviço do bem-estar da
       humanidade.
       
       
       A História registra numerosos exemplos dos efeitos nefastos do
       atrelamento da Ciência a ideologias e outros interesses restritos. O
       empenho prevalecente na imposição da hipótese
       "antropogênica" sem as evidências correspondentes tem
       custado caro à humanidade, em recursos humanos, técnicos e
       econômicos desperdiçados com um problema inexistente. O Brasil
       não está alheio a essa situação. Ao
       contrário, manifesta-se no País um despropositado empenho em
       colocá-lo em uma questionável posição de
       "liderança" nas negociações internacionais sobre
       o clima.
       
       
       Vale lembrar que vários países de peso têm manifestado
       posições contestatórias das diretrizes políticas
       baseadas em tal hipótese infundada, de forma a mitigar os seus impactos
       nas respectivas economias nacionais.
       
       
       Ademais, ao conferir ao CO2 e outros gases produzidos pelas atividades humanas
       o papel de protagonistas da dinâmica climática, a hipótese
       "antropogênica" simplifica e distorce processos naturais
       extremamente complexos, nos quais interagem fatores astrofísicos,
       atmosféricos, oceânicos, geológicos, geomorfológicos
       e biológicos, que a Ciência apenas começa a entender em sua
       abrangência e ainda está muito distante de poder
       representá-los em modelos matemáticos confiáveis.
       
       
       A propósito, o alegado limite de 2°C para a elevação
       das temperaturas sobre os níveis pré-industriais, que,
       supostamente, não poderia ser superado e tem justificado todas as
       restrições propostas para os combustíveis fósseis,
       em âmbito internacional, não tem qualquer base científica.
       Trata-se de uma criação "política" do
       físico Hans-Joachim Schellnhuber, diretor do Instituto Potsdam para a
       Pesquisa de Impactos Climáticos (PIK) e assessor científico do
       governo alemão, como admitido por ele próprio, em uma entrevista
       à revista 
       
        Der Spiegel,
       
        publicada em 17/10/2010.
       
       
       Um exemplo dos riscos dessa simplificação para a
       formulação das políticas públicas relevantes
       é a possibilidade real de que o período até a
       década de 2030 experimente um considerável resfriamento da
       atmosfera, em vez de aquecimento, devido ao efeito combinado de um ciclo de
       baixa atividade solar (Ciclo 25), à fase de resfriamento do Oceano
       Pacífico (Oscilação Decadal do Pacífico-ODP), em um
       cenário semelhante ao observado entre 1947 e 1976,e da tendência
       de aumento da cobertura de nuvens global nos últimos 16 anos. Vale
       observar que, naquele período, o Brasil experimentou uma
       redução de 10-30% nas chuvas, o que acarretou problemas de
       abastecimento de água e geração elétrica,
       além de um aumento das geadas fortes, que muito contribuíram, por
       exemplo, para erradicar o cultivo do café no oeste do Paraná. Se
       tais condições se repetirem, no futuro imediato, o País
       poderá ter sérios problemas, inclusive nas áreas de
       expansão da fronteira agrícola das regiões Centro-Oeste,
       Norte e Nordeste, e na geração hidrelétrica
       (particularmente, considerando a proliferação de
       reservatórios "a fio d'água", impostos pelas
       restrições ambientais das últimas décadas).
       
       
       
        3) A obsessão com o CO2 desvia atenções e recursos das
        emergências reais
       
       
       
       O Sol, a água e o CO2 são essenciais para a fotossíntese e
       para a vida como a conhecemos no planeta Terra. Ou seja, o CO2 não
       é um poluente, mas o gás da vida!
       
       
       Ademais, a obsessão com a redução das emissões de
       CO2 tem ensejado um indesejável desvio de atenções e
       recursos humanos e financeiros dos problemas ambientais reais que afetam a
       sociedade hoje, cujas soluções requerem iniciativas e
       investimentos públicos e a conscientização de amplos
       setores sociais. Para não alongar, citam-se alguns dos principais:
       
       
       – A falta de acesso a redes de saneamento básico para mais de 100
       milhões de brasileiros; cerca de 34 milhões não têm
       acesso à água tratada e apenas 45% do esgoto recolhido tem algum
       tipo de tratamento, o que gera prejuízos estimados em R$ 56
       bilhões por ano, segundo o Instituto Trata Brasil.
       
       – Apesar de pouco mais de 91% do lixo gerado no País ser recolhido
       regularmente, 41% dos resíduos sólidos recolhidos são
       destinados a lixões e aterros inadequados, gerando grandes impactos de
       saúde pública, poluição de aqüíferos e
       cursos d'água e outros problemas (seg. Panorama dos Resíduos
       Sólidos no Brasil 2017).
       
       – De acordo com o IBGE, 8,27 milhões de pessoas em 872
       municípios vivem em áreas de risco – encostas,
       várzeas de rios e outros terrenos inadequados para moradias
       (População em áreas de risco no Brasil, 2018).
       
       
       Infelizmente, a despeito da sua seriedade e urgência de enfrentamento,
       tais problemas não costumam ser percebidos como "ambientais"
       por uma considerável parcela da sociedade e, consequentemente,
       não recebem sequer uma fração das atenções e
       da publicidade geralmente dedicadas às questões climáticas.
       
       
       
        4) Melhor conhecimento e maior resiliência
       
       
       
       Em lugar do alarmismo sobre o aquecimento global e da pseudo-panaceia do
       "baixo carbono", a agenda climática teria muito a ganhar com
       uma reorientação de prioridades, que favoreça: a) um
       melhor conhecimento da dinâmica do clima, com ênfase nos estudos
       paleoclimáticos do território brasileiro; e b) um aumento da
       resiliência da sociedade para fazer frente aos eventos
       meteorológicos extremos e a quaisquer tendências climáticas
       que se manifestem no futuro.
       
       
       O estudo das mudanças climáticas do passado histórico e
       geológico (paleoclimas) constitui a base mais sólida para o
       entendimento da dinâmica climática e as suas
       projeções para o futuro. Uma atenção especial deve
       ser dada ao período Quaternário (os últimos 2,6
       milhões de anos), no qual o gênero Homo surgiu e tem
       evoluído. Dentro do Quaternário, os últimos 800 mil anos
       têm sido marcados por uma sucessão de ciclos glaciais (mais
       frios), com duração média de 90-100 mil anos, e
       interglaciais (mais quentes), com duração média de 10-12
       mil anos. Atualmente, o planeta se encontra em uma fase interglacial, que teve
       início há cerca de 11.700 anos, dentro da qual toda a
       civilização humana tem se desenvolvido. De forma significativa,
       pelo menos os três interglaciais anteriores foram mais quentes que o
       atual, e não há qualquer evidência de que o presente
       interglacial possa deixar de ser sucedido por uma nova glaciação.
       A explicação mais aceita sobre os fatores causadores dessa
       dinâmica se baseia em alterações de parâmetros
       orbitais terrestres que variam ciclicamente, como mudanças na
       inclinação do eixo de rotação e na forma da
       órbita terrestre ao redor do Sol. Portanto, é evidente que o
       homem é incapaz de causar qualquer ínfima influência nos
       fatores e forças cósmicas que a regem.
       
       
       No Brasil, os estudos do Quaternário, apesar de importantes e da
       existência de um número razoável de
       instituições de pesquisa e pesquisadores dedicados a eles, ainda
       são esparsos e insuficientes para permitir a configuração
       de um quadro paleoclimático do território nacional e do seu
       entorno continental, com a profundidade necessária para subsidiar um
       modelo consistente de mudanças climáticas a ser definido para o
       País, que possa proporcionar dados relevantes para subsidiar um modelo
       global mais condizente com a realidade. Portanto, esta é uma lacuna que
       precisa ser considerada na formulação de uma agenda
       climática realmente útil, em que o MMA poderia atuar em
       consonância com os órgãos específicos do MME e
       MCTIC. Além disso, manifesta-se uma necessidade de estudos locais e
       regionais, intermediários entre as escalas global/zonal e pontual dos
       microclimas, de grande relevância para o planejamento e ordenamento
       territorial e que deveriam receber atenção maior.
       
       
       Quanto à resiliência, esta pode ser entendida como a flexibilidade
       das condições físicas de sobrevivência e
       funcionamento da sociedade, além da sua capacidade de resposta às
       emergências, permitindo-lhe reduzir a sua vulnerabilidade aos
       fenômenos meteorológicos extremos, às
       oscilações climáticas e a outros fenômenos naturais
       potencialmente perigosos, que já ocorreram no passado e certamente
       ocorrerão no futuro.
       
       
       Neste aspecto, destacam-se dois conjuntos de fatores que contribuem para
       reduzir a vulnerabilidade da sociedade às adversidades
       meteorológicas e climáticas:
       
       a) um aprimoramento da capacidade de previsão meteorológica
       nacional;
       
       b) o estímulo de pesquisas referentes a novas fontes energéticas
       avançadas.
       
       
       No primeiro item, uma iniciativa primordial seria tirar do papel o projeto de
       um satélite meteorológico geoestacionário próprio,
       imprescindível para um país que ocupa a metade da América
       do Sul e tem a responsabilidade de distribuir informações
       meteorológicas sobre grande parte do Oceano Atlântico Sul (a
       chamada METAREA-V), nos termos da Convenção Internacional para a
       Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS).
       
       
       Outras iniciativas relevantes incluem:
       
       
       – a ampliação e melhor distribuição
       territorial da rede de estações meteorológicas, inferior
       aos padrões recomendados pela Organização
       Meteorológica Mundial (OMM) para um território com as
       dimensões do brasileiro, com ênfase especial no trabalho que vem
       sendo desenvolvido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET);
       
       – o aumento do número de radares meteorológicos e a sua
       interligação aos sistemas de defesa civil;
       
       – a aceleração da consolidação da base
       nacional de dados meteorológicos, parte dos quais ainda não foi
       digitalizada;
       
       – o estabelecimento de uma rede mais eficiente de divulgação
       de dados meteorológicos e oceanográficos para a METAREA-V.
       
       
       No segundo item, destaca-se o estabelecimento de linhas de pesquisa de novas
       fontes energéticas, como o uso de tório em reatores nucleares,
       fusão nuclear (com conceitos que deverão estar disponíveis
       comercialmente ao longo da próxima década) e fontes baseadas em
       novos princípios físicos, como as reações nucleares
       quimicamente assistidas (a chamada "fusão a frio"), energia do
       vácuo quântico (ou "ponto zero") e outras, objetos de
       pesquisas e desenvolvimento em vários países, mas praticamente
       ignoradas no País, que não pode dar-se ao luxo de ficar alheio a
       elas. Para tais pesquisas, o Brasil dispõe dos necessários
       recursos humanos qualificados, distribuídos entre centros de pesquisa
       acadêmicos, de empresas estatais (Cenpes, Cepel etc.), militares (IME,
       CTA, CTEx, IPqM) e algumas empresas de tecnologia privadas. Com
       relação às fontes renováveis, a energia solar pode
       ser explorada, particularmente no Centro Oeste e Nordeste, porém
       não com sistemas fotovoltáicos, de ineficiência comprovada,
       e sim com sistemas heliotérmicos (
       
        concentrated solar power,
       
        CSP), em particular, os de calhas parabólicas, além da
       produção de combustível líquidos a partir de algas
       e hidrogênio a partir de hidrogenase (enzima catalisadora da
       oxidação reversível de hidrogênio molecular).
       
       
       Todas essas iniciativas poderiam se beneficiar com a disponibilidade de parte
       dos recursos financeiros que têm sido alocados a programas vinculados
       às mudanças climáticas, segundo o enfoque equivocado da
       redução das emissões de carbono.
       
       
       Um grupo adicional de iniciativas relevantes para a "resiliência
       climática" envolve a infraestrutura física, em especial, a
       capacidade de armazenamento de alimentos, infraestrutura de transportes,
       energia e comunicações, além de outros tópicos,
       não diretamente na alçada do MMA, mas potencialmente
       influenciados pelas diretrizes e programas do Ministério.
       
       
       Em síntese, o caminho mais racional e eficiente para aumentar a
       resiliência da sociedade, diante das mudanças climáticas
       inevitáveis – aquecimento ou resfriamento –, é a
       elevação geral dos seus níveis de desenvolvimento humano e
       progresso aos patamares permitidos pela Ciência e pelo avanço do
       conhecimento e o processo de inovação.
       
       
       
        5) A "descarbonização" é desnecessária e
        deletéria
       
       
       
       Uma vez que as emissões "antropogênicas" de carbono
       não provocam impactos verificáveis no clima global, toda a agenda
       da "descarbonização" ou "economia de baixo
       carbono" se torna desnecessária e contraproducente – sendo, na
       verdade, uma pseudo-solução para um problema inexistente, pelo
       menos no tocante ao clima (programas de incentivo à mobilidade urbana,
       inclusos no Fundo Clima, por exemplo, se justificam por si próprios). A
       insistência na sua preservação, por força da
       inércia do status quo, não implicará em qualquer efeito
       sobre o clima, mas tenderá a aprofundar os numerosos impactos negativos
       de tais diretrizes.
       
       
       O principal deles é o encarecimento desnecessário de uma
       série de atividades econômicas, em razão de:
       
       
       – subsídios concedidos à exploração de fontes
       energéticas de baixa eficiência, como a eólica e solar
       fotovoltáica, já em retração na União
       Europeia (UE), que investiu fortemente nelas;
       
       – imposição de cotas e taxas vinculadas às
       emissões de carbono, como fizeram a UE para viabilizar o seu mercado de
       créditos de carbono, e países como a Austrália e a
       França, onde a grande rejeição popular forçou a sua
       retirada;
       
       – imposição a várias atividades econômicas de
       medidas de captura e sequestro de carbono (CCS), totalmente inúteis sob
       o ponto de vista climático e de saúde pública, uma vez que
       o CO2 não é um gás tóxico e poluente; vale
       insistir, trata-se do gás da vida. Os principais beneficiários de
       tais medidas têm sido os especuladores, fornecedores de equipamentos e
       serviços de CCS e participantes dos intrinsecamente inúteis
       mercados de carbono, que não têm qualquer fundamento
       econômico real e se sustentam tão-somente em uma demanda
       artificial criada a partir de uma necessidade inexistente.
       
       
       
        6) Mirando o futuro
       
       
       
       Pela primeira vez na História, a humanidade detém um acervo de
       conhecimentos e recursos físicos, técnicos e humanos, para prover
       a virtual totalidade das necessidades materiais de uma população
       ainda maior que a atual. Esta perspectiva viabiliza a possibilidade de se
       universalizar – de uma forma inteiramente sustentável – os
       níveis gerais de bem-estar usufruídos pelos países mais
       avançados, em termos de infraestrutura de água, saneamento,
       energia, transportes, comunicações, serviços de
       saúde e educação e outras conquistas da vida civilizada
       moderna. A despeito dos falaciosos argumentos contrários a tal
       perspectiva, os principais obstáculos à sua
       concretização, em menos de duas gerações,
       são mentais e políticos, e não físicos e
       ambientais. Definitivamente, a política ambiental brasileira (aí
       incluída a agenda climática) precisa enquadrar-se nessa
       perspectiva. 
 
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