
Os media dominantes, sem complexos e muito para além da questão
europeia, mentem, deformam, dissimulam com mais ou menos subtileza, alinham
(quando não são dominados pelo recrutamento selectivo de seus
editorialistas) com os interesses dos grupos que os financiam. O resultado
é um desconhecimento grosseiro da opinião pública sobre a
realidade das relações internacionais e um confinamento mental
dos cidadãos no pré-estabelecido. Como pode alguém
surpreender-se com o periódico reavivar do chauvinismo estreito e do
nacionalismo arrogante, frequentemente acompanhado de racismo, pelas grandes
potências? Os poderes "ensinam" de facto o desprezo pelos
outros e um desejo de poder muito maior que a solidariedade internacional
[1]
O paradoxo é profundo num tempo de globalização desejada
pelo mundo dos negócios e seus auxiliares estatais, o que significa que
nenhuma economia nacional e nenhuma pessoa podem escapar à
interferência estrangeira e ao impacto dos interesses transnacionais
sempre presentes em todos os lugares: qualquer regime, qualquer que seja, passa
por uma espécie de "mestiçagem". O Estado mais apegado
à soberania nacional e o povo mais patriótico são
vítimas de um ambiente internacional desfavorável e, apesar de
tudo, são transformados pela penetração de interesses que
não são os seus. Este é particularmente o caso dos poucos
bastiões que se reivindicam do socialismo, muitas vezes degradado por
sanções de todos os tipos (embargos, bloqueio de activos
financeiros, discriminações comerciais, pressões
políticas e ideológicas etc.), que podem chegar até
à sabotagem e intervenção militar.
Os grandes media ocidentais ocultam o que pode constituir suas culpas ou seus
vexames, por causa dos equilíbrios de poder com os regimes de que
não gostam: a forma como apresentam a Coreia do Norte desde há
mais de meio século torna-se a caricatura mais básica. O mesmo
acontece com o chavismo na Venezuela, com o Vietname e com Cuba! A
desinformação é a regra: um simplismo doentio domina a
luta que opõe um "campo" a outro, num nevoeiro mantido por uma
conversa incessante sobre "valores" e "ideias"! A
adesão à ideologia dos gestores capitalistas, associada a uma
"cultura descuidada, atrevida, faladora e narcisística", como
escreve A. Accardo,
[2]
caracteriza certos espécimes das escolas de jornalismo, produtoras mais
de habilidade do que de saber. Esse não é o caso de todo os
jornalistas, mas, na precariedade, quase todos concordam em sofrer a trela
mantida pelos "patrões"!
[3]
(...)
Para todas as questões internacionais é feita quase que
sistematicamente uma avaliação binária baseada nas
noções (primárias e quase religiosas) do Bem e do Mal,
regularmente confirmadas pelas correntes doutrinárias dos EUA. A
transposição para a ordem interna é evidente: os media
dominantes servem o Bem e aqueles que discordam situam-se no campo do Mal!
Enfim, todas as informações macroeconómicas situam-se
dentro do quadro exclusivo do capitalismo e da sua gestão: os problemas
peculiares ao socialismo, considerado "contra-natura", são
sempre objecto de uma rejeição global. As controvérsias
admitidas nos media dominantes situam-se apenas dentro do único sistema
permitido, ou seja, na economia de mercado e na sua lógica à qual
ninguém pode escapar sob pena de desastre social. Não existe
nenhuma alternativa e a história económica não tem lugar:
está concluída. A prova deste fim da evolução foi
trazida pelo fracasso das outras experiências que seria absurdo querer
reproduzir "em casa": está fora de questão ter em conta
as múltiplas agressões económicas e financeiras sofridas
pela URSS, Cuba, Chile, Coreia do Norte, Venezuela, etc.
Denunciar a penúria "noutros lugares" (ou, em alguns casos, o
sucesso de tal ou tal medida que seria necessário tomar "em
casa") é o caminho para descartar as propostas das
oposições na própria economia do país! Inclusive se
os contextos estrangeiros são muito diferentes e racionalmente
não transponíveis. Assim, favorece-se nos espíritos o
conceito de "modelo" e "modelo-a-rejeitar". Todos os
"especialistas" (seleccionados) convocados pelos editores principais
obviamente confirmam-no em todas as ocasiões!
As regras seguidas
As notícias internacionais dos grandes media estão sujeitas a
certas regras de "eficácia" propagandística, embora a
equipe editorial se defenda declarando-se "ofendida" e vítima
de populismo inaceitável quando questionada.
Uma breve exposição dos métodos seguidos é, no
entanto, dificilmente contestável com boa fé.
O descritivo prevalece sistematicamente. Os eventos do dia não têm
nem raiz nem história. O flash privilegiado, buscando a
emoção, exclui a explicitação. Usa-se a imagem
simbólica (por exemplo, uma criança ferida nas ruínas de
um bombardeamento) ou um testemunho individual escolhido, como bastando para
fazer sentido!
(...)
Cada acontecimento mediático é martelado durante um ou mais dias
seguidos, com uma forte intensidade para impregnar os espíritos,
desaparece abruptamente para dar lugar a outro que desaparece por sua vez:
não há acompanhamento. O objectivo não é fazer as
pessoas compreenderem o que se passa, mas "impressionar" a mente para
fabricar a opinião desejada pelos poderes. Pode-se imaginar o dano
intelectual que esse método produziria no campo da pedagogia escolar!
Todos os dias, existem vários acontecimentos nos ou entre os 200 estados
que compartilham o planeta. Os media dominantes "vão às
compras", à ordem do dia monopolizada pelas autoridades
públicas e privadas, a fim de influenciar a opinião, seja para
reforçar uma ideia geral recebida seja para agir sobre uma
questão específica sobre a qual é necessário
orientar. São escolhidos, por exemplo, eventos que reforcem a
hostilidade à China ou à Rússia ou demonstrem que a
polícia argelina sabe usar o bastão como a francesa e que
não nos podemos deter nas condenações do governo
francês pronunciadas pelas Nações Unidas ou o Parlamento
Europeu por ocasião da repressão dos Coletes Amarelos em Paris!
Os acontecimentos não são retidos diariamente pelo seu interesse
intrínseco, novidade, o seu significado maior ou menor, mas por sua
"utilidade" na batalha local do momento (social, ideológica,
institucional, etc). Trata-se de ilustrar com imagens internacionais
"significativas" o que é "apropriado" pensar na
ordem interna: o exercício mediático, de perfeita
má-fé, é antes de tudo "pedagógico".
Na ordem internacional, as redacções dispõem de uma grande
"liberdade": os cidadãos, na sua maior parte, não
estão em condições de verificar o que é dito, ao
contrário do que pode ser afirmado na ordem interna. Na massa de
acontecimentos que ocorrem em todos os continentes, onde os cidadãos
têm alguns meios de avaliação, sempre há alguns que
basta referenciar e desenvolver para legitimar qualquer causa!
Ninguém é imposto objectivamente em detrimento de todos os
outros! Jornalistas "responsáveis"
[4]
por serem hábeis, capazes de escolher os factos, mais os
"sabedores" que oferecerão um pouco de música de
objectividade, para bem orientar os debates e eventualmente desestabilizar o
convidado com maus pensamentos, por excepção convidado
expressamente para tornar credíveis os "habituais" "bem
pensantes" porque a posição destes é conhecida com
antecedência!
Está obviamente excluído que os dominantes sejam dominados, mesmo
que acidentalmente (daí a raridade de uma passagem de TV ou rádio
de um Bourdieu (no passado), um Onfray ou um Badie (actualmente), ou mais
geralmente académicos em número capaz (desde que sejam
solicitados) para fazerem frente a "avençados" do estilo Minc,
Finkelkraut, BH Lévy e outros Zémour ou Ménard e de uma
coorte de falsos especialistas mais ou menos economistas ou políticos,
saídos de fundações e organizações
fantasmas, sempre que sejam necessários!
Repetição é outra regra quando o facto tratado é
potencialmente "persuasivo". (...) Assim, a maior ou menor
intensidade repetitiva e o domínio dos horários e da
preparação criam as condições para um respeito
fictício por uma pseudo-"objectividade", altamente
reivindicada pelos profissionais dos media. No entanto, o pluralismo não
é essa "objectividade" inacessível, mas uma honestidade
básica tendo em conta o maior número possível de eventos
internacionais, dando-lhes um conteúdo explicativo.
O facto de, nos diversos canais de TV e rádio, a selecção
das notícias internacionais estar estandardizada não seria a
prova de uma vontade de formatar a opinião, mas, pelo contrário,
o respeito por uma "Verdade" única face aos vendedores
ambulantes de "notícias falsas", o que é uma triste
farsa. Bastaria demonstrar a história das várias
"verdades" falsas amplamente divulgadas e repetidas, por exemplo,
sobre o exército iraquiano e "suas armas de
destruição massiva" ou o "massacre" de Benghazi
por mercenários do sr. Kadafi, origem da destruição da
Líbia pela NATO.
Eventos internacionais "preferidos" pelos grandes media não
são os movimentos populares quando carregam reivindicações
sociais, a menos que ocorram em países "inimigos". O que
é apresentado não são as pessoas, mas seus líderes
que seriam "bons" ou "maus"!
(...)
Um facto nunca é "puro". Ele é sempre
"tratado" pelo informante, que fabrica a impressão que o
"informado" terá. O tom do comentarista, as palavras que ele
usa, possivelmente a música de fundo que acompanha a imagem, a
proximidade de outras informações que a contaminam,
disfarçando segundo o critério dos media uma realidade crua que
é dificilmente acessível.
Uma escrita "boa" é por função manipuladora: os
adjectivos de qualificação são usados com oportunidade (um
líder odiado que não se deixará de chamar
"ditador"), a ironia é bem-vinda (especialmente para os
pequenos Estados do Sul em que alguns aspectos podem parecer
folclóricos), uma prudência austera é necessária
(seja para o Vaticano ou para Israel). O estilo deve ir até à
indignação (por violações de direitos humanos num
país não ocidental ou por guerras destrutivas quando não
são "justas" por exemplo, as da Rússia, e não as
de uma coligação pró-ocidental, como no Iémen,
cujos "danos colaterais" devem ser admitidos.
(...)
Para os media dominantes, um atirador de pedras contra a polícia de
Paris ou contra a polícia da sra. Park (agora na prisão) em Seul
[5]
é um bandido, mas será um cidadão lúcido e
corajoso. se for "gaseado" em Argel
[6]
ou em Caracas! Um manifestante morto ou ferido em Paris é apenas um
"erro grave" de um comportamento individual no âmbito da
manutenção da "ordem republicana", nos países
menos apreciados como a Venezuela é o resultado da natureza repressiva
do poder!
Estas práticas significam que os media dominantes estão
necessariamente cada vez mais desacreditados (só 10% dos franceses ainda
confiam neles), seja o
Pravda
do fim da URSS ou a BFMTV (canal de notícias francês) sob a
presidência de Macron. No entanto, eles têm o "dever" de
superar, através de uma variedade de diversões a sua falta de
princípios, a incoerência dos seus julgamentos de valor e o
enfraquecimento da cultura democrática de muitos jornalistas, muitas
vezes seleccionados pela sua adequação às
"normas" e ao seu servilismo oportunista!
[7]
Algumas ilustrações
Na ordem interna, é o social que é objecto de todas as censuras e
autocensuras, mas reivindicações diferentes, mesmo com reflexos
no orçamento, contradizem de facto a lógica de um capitalismo sem
escrúpulos que nunca cede quando se trata de dinheiro!
Na ordem internacional, da mesma forma, é neutralizado tudo o que diz
respeito às transacções financeiras, imposto de
"optimização", fenómenos de
concentração, concorrência nunca livre e sempre distorcida!
Convém tornar credível uma sociedade internacional
"equilibrada", graças ao "livre jogo das leis do
mercado" como sendo o melhor para o crescimento e o progresso. O
coração do sistema é, portanto, cuidadosamente protegido
pelos media dominantes.
A ordem da UE é objecto de todas as "precauções"
dos media sejam quais forem as críticas que alguns lhe fazem. A UE, a
Comissão e o BCE beneficiam da condescendência mediática,
isto foi constatado quando o Estado grego se lhe opôs, também por
ocasião do Brexit e das disputas italianas. Na França, o
episódio do "Não" ao Referendo de 2005, apesar do apoio
total e quase unânime dos media ao "Sim" e depois a
manipulação parlamentar, foram apresentados de forma caricatural.
O tratamento dos paraísos fiscais e da evasão fiscal é
extremamente complacente: há críticas dos media apenas contra
algumas "ovelhas negras", mas nunca o julgamento feito ao sistema de
fraude "legal" tolerado pelos Estados. Os casos "Paradise
Papers" ou "Panama Papers" foram despolitizados ao máximo
possível e as propostas de medidas para impedir estes movimentos
financeiros não foram apoiadas.
Os jornalistas sujeitos às classes decadentes e corruptas têm,
como elas, medo da verdade, como disse Jaurès em 1904! Eles pertencem a
esse "extremo centro", no coração da ideologia servil
do sistema mediático, uma opção que permite sucessivamente
todas as adesões (Sarkozy, Holland e Macron, este último
omnipresente em todas as suas facetas e em todos os canais), expressão
de um "novo" mundo, perfeitamente análogo ao antigo.
Envergando as vestes da "moderação" sobre as
questões financeiras mais "delicadas", os media dominantes
salvaguardam o liberalismo financeiro e o seu lugar fora de qualquer
controvérsia política!
Para os observadores "honestos", como são os jornalistas dos
grandes media, o mundo está dividido sem distinção entre
dois tipos de Estado, dois tipos de sistemas socioeconómicos, liderados
por dois tipos de líderes: os "bons" (EUA, mesmo com Trump, o
capitalismo e os responsáveis alemães e britânicos...) e os
"maus" (Rússia, China, Irão, além de Putin, os
dirigentes do PC da China, etc). Os meios de comunicação
não estabelecem diferenças: estes nunca conseguem nada,
estão em permanente crise e ameaçam-nos perigosamente! Em suma,
tudo ficaria bem no mundo se eles não existissem.
O delírio às vezes atinge novos patamares: nas últimas
décadas, somam-se os absurdos acumulados contra a Coreia do Norte ou a
Líbia!
Os media ocidentais não cessaram, por exemplo, de anunciar a morte do
regime de Pyong Yang brandindo a ameaça que representava para a paz no
mundo, encarnada pelo desfile militar, apresentado em todos os ecrãs,
visivelmente a única actividade dos norte-coreanos fanatizados. A este
espectáculo edificante, foram adicionados, até à
reviravolta de Trump, comentários na televisão e na rádio
pelos "especialistas" mais analfabetos sobre os horrores sem paralelo
do regime norte-coreano.
A evolução dos Estados Unidos sobre o assunto colocou em reverso
a desinformação europeia que então, com pesar, mudou de
tom e ... de "especialistas", sem no entanto lembrarem os danos
económicos, políticos e humanos de 70 anos de embargo!
Kaddafi, comparado a um louco perigoso, e a Jamahiriya líbia, não
foram melhor tratados até a guerra de Sarkozy e B-H. Levy destruindo
todo o país que oito anos depois ainda vive no caos! Os media preferem
ainda hoje manter um silêncio quase total sem o menor arrependimento.
Por outro lado, o menor sobressalto positivo na Arábia Saudita, como a
carta de condução para mulheres, é saudado como um grande
avanço democrático! Dólares e petróleo assim
obrigam!
Na África (especialmente de língua francesa), onde se multiplicam
eleições presidenciais fraudulentas, os media ocidentais
dominantes fazem prova de discrição: a indignação
por fraude eleitoral é orientada noutras direcções!
É que os media devem ser prudentes com os Bolloré e outros
grandes grupos como o Total com interesses nessas terras difíceis e,
portanto, são complacentes com as autoridades locais mais corruptas.
[9]
Quando as tropas da NATO destruíram todo o Médio Oriente e
continuam a fazê-lo com a Arábia Saudita no Iémen, é
"explicado" que essas guerras são conduzidas de acordo com o
direito humanitário, o que não é o caso dos russos na
Síria, por exemplo, "aliado incondicional" do carrasco de
Damasco! Os jornalistas não precisam se perguntar sobre o custo
das"guerras justas", mas apenas sobre o das
intervenções russas ou iranianas, cuja maleficência
é óbvia!
A nova ditadura brasileira não preocupa os jornalistas especialistas da
América do Sul. Por outro lado, a Venezuela chavista merece todas as
acusações, embora o regime bolivariano tenha tirado, antes de
sofrer a crise actual em grande parte devido às políticas
americanas, milhares de venezuelanos de miséria!
Está claro para os media dominantes que nenhuma experiência de
orientação socialista pode beneficiar do mínimo de
crédito, porque, é desnecessário dizer, nenhuma
"deve" ter sucesso!
De Allende a Maduro, passando pelo regime cubano, foi mediaticamente proclamado
que o fracasso estava programado. E são tantos os golpes na esquerda
ocidental quando esta é solidária!
(...)
Tendo necessidade de inimigos, o sistema mediático cultiva um
espírito de "guerra fria" e um mundo unipolar cujo centro
é o Ocidente, contra qualquer avanço de uma multipolaridade, no
entanto favorável às trocas e à manutenção
de uma paz justa.
A NATO (ao contrário das Nações Unidas) nunca é
questionada, apesar do protagonismo desempenhado pelos Estados Unidos e pelo
seu unilateralismo agressivo (800 bases militares em todo o mundo). Pelo
contrário, é apoiada pelos media, como vimos na crise ucraniana,
na reintegração da Crimeia na Rússia e na agressividade
polaca ou báltica em relação ao Kremlin.
Quanto aos direitos humanos e humanitários, são tratados de
maneira muito diferente, conforme os casos.
Às vezes, ocupam o essencial ao ponto de subordinarem qualquer outro
problema; são esquecidos quando os poderes que os violam estão
associados ao Ocidente, como é o caso da Turquia de Erdogan, um
pivô da Aliança Atlântica, inclusive quando massacrou o povo
curdo. O mesmo vale para os direitos dos migrantes dos quais se esquece que
são humanos, postos de parte perante uma política
securitária cada vez mais invasiva.
Estas orientações gerais não excluem expressões
pontuais de posições críticas, fazendo acreditar que
não há monolitismo, ilusão que tem o
"mérito" de reforçar a credibilidade de um pensamento
conformista, mas renovado, se o compararmos, por exemplo, com a época
gaulista dos primórdios da V República Francesa. A falsa
"elite" que exerce a sua hegemonia através dos media tem,
é necessário reconhecê-lo, a capacidade de inovar e
oferecer à opinião pública as variações que
lhe permitem perdurar.
[9]
Assim, dia após dia, desenvolve-se em contínuo a
desinformação que formata os cidadãos, utilizando o
subterfúgio do internacional, para adoptarem uma posição
"politicamente correcta" na ordem interna. É este o
único objectivo do tempo e lugar limitados concedidos às
relações internacionais. Essa propaganda intensa é na
"sociedade democrática", como diz Noam Chomsky, o que a
matraca é no Estado totalitário! Se a matraca é dolorosa,
a prática dos media ocidentais tem a "virtude" de fabricar em
cadeia imbecis e ignorantes que é difícil de curar.
Parafraseando G. Bachelard que afirmava "não há
ciência, apenas crítica", podemos concluir "não
há informação autêntica, apenas
crítica", ou seja, em ruptura com o Estado e o dinheiro.
Mas como conseguir isso? No contexto do sistema, é óbvio que o
realismo proíbe qualquer solução.
Mas "realismo", responde Bernanos, "é o bom senso dos
patifes".
Aqui chegámos!