quinta-feira, 22 de julho de 2010

Guantanamo: direitos Humanos!???

O marroquino Lahcen Ikassrien, 40 anos, chegou à Espanha em 1990 em busca de trabalho. Trabalhou em váriascidades espanholas até que em 2000 se mudou para o Afeganistão, “pois como muçulmano, queria viver a experiência de morar naquele país, apesar do regime talibã“.
Um ano mais tarde, após o fatídico 11 de setembro, foi capturado, desarmado em seu estabelecimento comercial próximo a cidade de Kunduz, pelas tropas da Aliança do Norte, aliada dos EUA, que o vendeu junto a centenas de outros prisioneiros para as forças norte-americanas assegurando que todos ali eram combatentes.
Foram transportados até uma fortaleza perto de Mazar-i-Sharif em caminhões superlotados, onde muitos morreram asfixiados. Devido a esse e outros abusos, aconteceu um motim e soltados norte-americanos mataram centenas de prisioneiros bombardeando o local. “Cerca de 40 sobreviveram, eu fiquei muito ferido”, recorda Ikassrien.

Finalmente em 2002 ele foi enviado para uma prisão em Guantánamo. “Durante o trajeto, não foi permitido ir ao banheiro uma única vez e as necessidades eram feitas de qualquer jeito. Durante os primeiros seis meses ficamos em células sob o sol, separados por um alambrado, onde era possível assistir as torturas praticadas aos demais“.
Entre 22 e 25 de julho de 2002, foi interrogado por agentes espanhóis pela primeira vez, segundo consta em relatório. “Estava a sós com eles e aproveitei para explicar as condições que vivíamos, mas não fizeram nada. Não me acusavam de nada. Mostravam fotos de suspeitos de várias partes do mundo e pediam informações sobre eles”.
Segundo o preso, “quando os agentes espanhóis iam ao presídio, a sessão de tortura piorava. Os espanhóis nos disseram que você era traficante de drogas que com o dinheiro que ganhava financiava o terrorismo, me diziam os soldados americanos”.
Em 2004, possivelmente em maio, segundo seus cálculos, fora a última vez que recebeu a visita das autoridades espanholas. “Depois fui interrogado por policiais de vários países, sempre com uso de tortura, da mesma forma que os espanhóis e americanos”. A Anistia Internacional tem convicção que um dos interrogadores era um diplomata dos EUA.
Sem receber nenhuma explicação, Ikassrien foi finalmente extraditado para a Espanha em 18 de julho de 2005, novamente encapuzado e acorrentado, após permanecer 3 anos e meio em Guantánamo. Em audiência no Tribunal Nacional foi interrogado pelo juiz Grande Marlaska, que sucedeu Baltazar Garzón. Ficou sob custódia por mais um ano, até que em 2006 a Divisão Criminal do Tribunal de Justiça ordenou sua libertação. A Câmara considerou que a acusação teve por base os elementos fornecidos pelas autoridades militares de Guantánamo, semelhante às que já tinham sido anuladas pelo Supremo Tribunal em outro veredicto.
Em outubro de 2006 eu estava finalmente absolvido e inocentado, porém me deixaram num ‘limbo’. Desde então estou sem documentos e o governo do Marrocos também se nega a me dar um passaporte para eu poder voltar ao meu país e ficar com a minha família. Dizem que é responsabilidade da Espanha providenciar a documentação”.


Sem comentários:

Publicação em destaque

Marionetas russas

por Serge Halimi A 9 de Fevereiro de 1950, no auge da Guerra Fria, um senador republicano ainda desconhecido exclama o seguinte: «Tenh...