segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A crise em Vila Real

A tão falada e sentida crise económica levou a autarquia de Vila Real a incluir várias medidas de contenção financeira no próximo orçamento. “Estamos a fazer um orçamento muito restritivo em relação ao anterior, vamos baixar alguns milhões de euros”, garantiu o presidente da Câmara Municipal, Manuel Martins.


O objectivo do orçamento para 2011 passa por “manter a saúde das finanças municipais”. “Não queremos cair na situação de sermos ‘chamados à pedra’ por ultrapassarmos o que, legalmente, está estabelecido em termos de dívidas”, defendeu o edil vila-realense. Actividades de enriquecimento escolar, horas extraordinárias dos funcionários da autarquia, transportes urbanos, refeições escolares ou iluminação das fontes ornamentais estão entre as despesas menos essenciais, um “pacote” onde também se inclui o Circuito de Vila Real.

“Se não fizermos as corridas, não gastamos 500 mil euros”, frisou o autarca, que deixou antever que há uma forte possibilidade de não haver corridas em 2011. “Não há foguetes nas festas da Cidade, não há iluminação de Natal, as fontes ornamentais só funcionam uma hora por dia, excepto a do Seixo, e funcionam apenas para não deixar degradar os equipamentos e manter a qualidade da água, senão estavam mesmo paradas”, garantiu. Segundo Manuel Martins, o orçamento para 2011 está “praticamente concluído” e deverá ir a votação na Assembleia Municipal de 17 de Dezembro.

“As contas não estão ainda totalmente arrumadas mas posso dizer que vamos poupar milhões de euros”, assegurou Manuel Martins, sem querer avançar com números. Em alusão às propostas apresentas pelos vereadores socialistas e que permitiriam uma poupança de 1,5 milhões de euros, Manuel Martins sublinhou que “é preciso estar lá dentro e perceber como é que aquilo funciona para se perceber como é que se pode poupar”. “De outra maneira, são conversas da treta”, disse. Uma das propostas socialistas passava pela extinção das empresas municipais. Manuel Martins lembrou que “quem criou as empresas municipais foi o Governo”.

“Agora já há uma visão diferente sobre esta questão, mas não devo ser eu a ‘arrumar’ com elas, digam quais são as novas regras que depois resolvo a questão”, sustentou. O autarca revelou que o contrato com a empresa responsável pelos transportes públicos urbanos em Vila Real, a Corgobus, está a ser renegociado. “Temos um contrato por 10 anos que previa o máximo de 800 mil passageiros por ano, mas já ultrapassamos os 1,5 milhões de passageiros por ano, o que quer dizer que os pressupostos que levam à compensação de 600 mil euros estão ultrapassados”, revelou. Manuel Martins adiantou que a autarquia pretende diminuir para “metade” o valor dessa subvenção, o que poderá levar ao ajustamento dos tarifários.

Já se sabe que este ano a autarquia não vai assegurar as actividades de enriquecimento escolar (AEC). “Vamos passar a bola para quem é o dono da bola, que é o Estado”, frisou. Manuel Martins afirmou que o município gastou “para cima de um milhão de euros no ano anterior” e que, neste momento, não está em “condições financeiras” de voltar a assegurar as AEC. A nível interno, o edil vila-realense admitiu ter colocado “algumas reservas à saída de funcionários para cursos de actualização, ajudas de custos e horas extraordinárias”.

A partir de Janeiro, a iluminação exterior da Câmara passará a estar desligada. “Vamos instalar aparelhos que permitem reduzir a intensidade da energia lançada na rede a partir de determinada hora”, revelou. Manuel Martins admitiu também que “há muitas restrições” em termos de pessoal, mas não haverá despedimentos. Quanto a prioridades, o presidente da câmara destacou “a conservação e manutenção de estradas, valetas e iluminação pública, que precisa de ser melhorada”. “Vamos ter de melhorar os nossos passeios e a iluminação das passadeiras, são pequenas obras que permitem dar mais qualidade de vida em especial aos mais idosos”, realçou Manuel Martins, que garantiu ainda que as obras em curso serão acabadas.



Sandra Borges, Noticias de Vila Real - Novembro 2010

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