quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Hipocrisia das campanhas de Natal!

Antes de mais, acho que cabe ao estado, através das suas receitas fiscais, promover a equidade na sua redistribuição das riquezas, prioritariamente aos mais necessitados. Como infelizmente isto nem sempre é feito, a sociedade civil e algumas empresas podem contribuir para uma maior igualdade social.

Cronicamente, na época natalícia surgem campanhas, sobretudo na televisão, com vista à angariação de donativos para ajudar esta ou aquela organização necessitada. Como veremos, quem ganha com essas campanhas não são só os seus destinatários.

Doar o dinheiro dos outros.

As campanhas de donativos em dinheiro nos hipermercados, por exemplo com o famoso arredondamento no preço final das compras, beneficia sobretudo os próprios hipermercados. Estes fazem publicidade gratuita à sua marca, aumentam as vendas, fazem a doação de dinheiro que não é deles, ficando com a fama, e por fim ainda deduzem esse dinheiro nos impostos. Só benefícios!

Assim, é fácil fazer caridade com o dinheiro dos outros.
Se esses grandes supermercados, Continente, Worten e outros, querem dar dinheiro a organizações carenciadas, porque é que não o fazem directamente dos seus cofres?
A Jerónimo Martins, quando das inundações da Madeira, não precisou deste tipo de subterfúgio para doar um milhão de euros à região, e isto parafraseando a sua publicidade: "sem talões, cartões e outras complicações".

A propósito da Madeira, sabem porque é que os madeirenses só receberam 2 milhões e não 2 milhões e 880 mil euros doados na campanha de chamadas telefónicas a favor do temporal?
Porque essa diferença foi para os cofres da PT e do estado.
Quando de boas fé as pessoas ligavam para doar os 60 centimos por chamada + IVA, esse total era então de 72 centimos, mas o donativo real que chegou à Madeira era de 50 centimos.
Os 22 centimos de diferença, ou seja 33% do total, foram para a PT (10 centimos) e para o estado (12 centimos representando o IVA cobrado).

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