segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Pilatos e Cavaco Silva!

Semelhança entre os "dois" Cavacos? Nenhuma, a não ser a ânsia desmedida pelo poder e o comportamento típico de Pilatos.


Eu não sou presidente da República. Não fui eu quem chamou a Belém os "partidos da oposição" para viabilizarem um Orçamento com cortes injustos nos salários dos funcionários públicos. Não fui eu quem convocou o Conselho de Estado para mostrar ao País que era urgente aprovar um Orçamento que dispensa os mais ricos de pagarem a factura da crise. Que fique, pois, bem claro: não sou nem presidente nem candidato a presidente da República, não apadrinhei nem assinei esse Orçamento injusto para funcionários públicos e reformados. Pelo contrário: votei contra o dito, denunciei todas essas injustiças e até apontei alternativas.

Nem sou Pilatos nem suporto os que se comportam como tal, sacudindo as mãos das suas próprias responsabilidades. Cavaco, presidente da República, apadrinhou e promulgou os cortes nos salários dos funcionários públicos, patrocinou e subscreveu as propostas do PS que isentavam os mais ricos e poderosos de pagarem a factura da crise. O mesmo Cavaco, candidato a presidente, disse, porém, num acto de caça ao voto que afinal "há injustiça nos cortes dos salários dos funcionários públicos" e verberou os que, com "muito maiores rendimentos, não foram chamados a dar o seu contributo" (...).

Semelhança entre os "dois" Cavacos? Nenhuma, a não ser a ânsia desmedida pelo poder e o comportamento típico de Pilatos. Eu não gosto de quem não assume a responsabilidade pelos seus actos. Eu não suporto "os pilatos" dos tempos modernos. Por isso, não voto Cavaco.

Para quem quer ter uma razão para votar em alguém sem atender ao foguetório nem às manipulações mediáticas da campanha, pergunte a si próprio qual dos candidatos denunciou claramente e votou contra o que Cavaco diz agora terem sido os injustos cortes dos salários dos funcionários públicos? Na resposta terá a razão do seu voto.


por Honorio Novo, JN, Jan 2011

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