sexta-feira, 15 de abril de 2011

Agências de notação financeira na origem da crise mundial de 2008

A Moody's e a Standard & Poors estão na origem da crise financeira mundial de 2008. A conclusão é de um relatório do senado norte-americano.



Mais do que qualquer outro evento, foi a maré súbita de revisões em baixa de produtos estruturados relacionados com os famosos crédito "subprime", ou seja, empréstimos para comprar casa concedidos a pessoas com poucos recursos que esteve na origem do dilúvio financeiro a que o mundo ocidental tem assistido desde 2008.


A investigação dos senadores norte-americanos conclui que a Moody's e a Standard & Poors continuaram a dar "ratings" de triplo A, isto é, a melhor nota a produtos derivados deste tipo de créditos, durante demasiado tempo, mesmo meses depois da implosão da bolha imobiliária norte-americana.

Posteriormente, quando reagiram, quiseram compensar o atraso com revisões em baixa repentinas e sucessivas, o que levou à paragem do sistema circulatório da alta finança.

O senado revelou documentos das duas agências que mostram como a Moody's e a S&P estavam, já em 2006, avisadas quanto ao problema do mercado hipotecário e não fizeram nada para evitar o problema.

A situação agravou-se, escrevem os relatores, porque não houve incentivo para que as agências não reviram em baixa os "ratings" de produtos que, ao mesmo tempo, lhes davam lucro.

O relatório inclui mensagens de correio electrónico de funcionários de ambas as agências, os "mails" mostram que a pressão sobre elas veio de bancos de investimento, que comercializam pacotes de crédito "subprime" que queriam ver bem cotados.


Numa reacção ao relatório, a S&P diz que a empresa já levou a cabo reformas internas para melhorar a qualidade das avaliações, a Moody's prefere não reagir.

Por seu turno, em declarações à TSF, João Cantiga Esteves, professor de Economia do ISEG, aplaudiu o relatório, considerando que as conclusões apontam para responsabilidades repartidas pelas agências de "rating" e pela inacção dos reguladores.

Hugo Neutel






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