A imprensa ocidental procurou mais uma vez denegrir e influenciar a
eleição de Hugo Chavez descrevendo-o como um ditador e a Venezuela um
caos. Em França, jornais como Le Monde, Libération ou Le Figaro
colocaram essa eleição nas primeiras páginas, hoje depois da sua
reeleição, a sua vitória foi relegada para as últimas páginas.
Um "progressista" contra Chavez.
O media ocidentais apresentaram Capriles Radonski como um democrata
progressista, alguns não hesitaram em qualificá-lo como um candidato de
"centro esquerda". Muito poucos jornais ou televisões falaram do seu
programa eleitoral, pudera, esse programa de 166 páginas é um programa
tipicamente neoliberal que nada tem de progressista.
Nele consta a privatização da companhia petrolífera nacional, mas foi
justamente à custa da redistribuição do dinheiro do petróleo que Hugo
Chavez conseguiu em poucos anos financiar a saúde e a educação para
todos, acabar com o analfabetismo, apoiar as pequenas e médias empresas,
promover o crescimento económico, aumentar o salário mínimo, ...As
reformas foram aumentadas, essas mesmas reformas que o programa de
Capriles queria ver privatizadas.
Capriles, o "progressista", queria desmantelar o Estado social o qual
permitiu tirar da pobreza 80% da população enquanto a elite beneficiava
no antigo regime de fortunas colossais com o dinheiro do petróleo, da
qual faz parte a família de Capriles.
Um candidato financiado pelos Estados Unidos.
Quem é Capriles que os media ocidentais consideram uma alternativa
democrática? Em 1998 foi eleito deputado pelo então partido democrata
cristão, partido ultra-neoliberal, depois fundou o "Primeiro Justicia",
partido de direita financiado pela CIA através da National Endowment for
Democracy (NED) e o International Republican Institute (IRI).
Em 2002, aquando da tentativa de golpe estado para derrubar Chavez,
financiado e desenhado pelos Estados Unidos, ele próprio participou no
ataque à embaixada de Cuba.
Chavez "o louco".
Os media ocidentais utilizam contra Chavez a mesma táctica que
utilizaram e utilizam noutras ocasiões: diabolizar. Nunca falam dos
extraordinários progressos sociais, fazem constantemente questão de
apresentar Chavez como um louco, um ditador e um anti-semita. Hugo
Chavez é dos poucos dirigentes que faz frente aos Estados Unidos, o que
incomoda muita gente, e cometeu o "pecado" de criticar publicamente
Israel.
Todos conhecemos a retórica: quem é contra o sionismo é apontado com o
dedo como sendo contra os judeus e portanto racista. Ora, é o Estado de
Israel que é racista e não os que o criticam, alias muito judeus
criticam Israel.
Chavez "o ditador".
Frequentemente os media ocidentais falam de restricções à liberdade de
expressão na Venezuela, por estar nas mão do estado, a verdade é que o
sector privado, hostil a Chávez, controla amplamente os meios de
comunicação. De 111 canais de
televisão, 61 são privados, 37 são comunitários e 13 públicos. Com a
particularidade de que a audiência dos canais públicos não passa de 5,4%
enquanto a dos privados supera 61%. O mesmo para os meios
radiofónicos. 80% da imprensa escrita está nas mãos da oposição,
sendo os dois diários mais influentes – El Universal e El Nacional –,
adversos ao governo.
Fala-se em manipulação eleitoral num regime ditatorial, mas alguém já
viu um “regime ditatorial” ampliar os limites da democracia em vez de os
restringir? E outorgar o direito de voto a milhões de
pessoas até então excluídas? As eleições na Venezuela só ocorriam a cada
quatro anos, mas Chavez passou a organizar mais de uma por ano (14 em
13 anos), em condições de legalidade democrática, reconhecidas pela
própria ONU,
pela União Europeia, pela OEA, e pelo Centro Carter.
13 anos de governo de Chavez:
- a taxa de pobreza passou de 50% para 24%
- a taxa de extrema pobreza passou de 22% para 10%
- a má-nutrição infantil de 8% para 3%
- analfabetismo de 9% para 5%
- 83% dos jovens frequentam o ensino superior
- a saúde e a educação são gratuitas
- o crescimento anual do PIB de 4,2%
- taxa de desemprego de 6,5%
mas também:
- a economia é baseada quase na sua totalidade no petróleo
- importa 2/3 do que consume
- a inflação ronda os 30%
- fecho de 170 000 empresas
- expropriação de 3 milhões de hectares
- 30 milhões de terras cultiváveis ao abandono
- importa 80% do seu consumo alimentar
- taxa de homicídios é elevada (50 por 100 000 habitantes)
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