quinta-feira, 30 de maio de 2013

Povos unidos contra a troika! (Sábado)


“Espero que no dia 1 de Junho toda a gente na Europa saia à rua para protestar contra a troika.
Porque é que devemos protestar contra a troika? Porque estamos perante três instituições completamente anti-democráticas.
A primeira é, claro, o Fundo Monetário Internacional, que veio dizer que agora já sabe que a austeridade vai criar desemprego massivo e será extremamente dispendiosa para a economia, não fomentando qualquer crescimento! Eles sabem isto. Eles estudaram isto. Publicaram-no. Mas ainda assim não mudam as políticas.
A segunda é o Banco Central Europeu, que funciona por nomeação. A liderá-lo está um homem muito inteligente, Mario Draghi, que foi também empregado da Goldman Sachs. Quem é que acham que ele vai privilegiar nas suas decisões? Serão os povos ou será o sistema bancário?
A terceira é a Comissão Europeia, que também não é eleita.
As três em conjunto encarregaram-se de chamar a si as decisões políticas dos estados-membros. Ninguém alguma vez aceitou isto.
Agora temos tratados que nos estão a pôr num colete de forças; dizem-nos que a Comissão Europeia e essas outras pessoas não eleitas decidirão acerca dos nossos orçamentos, das nossas dívidas e das nossas formas de pagamento; que irão tratar de tudo, das funções mais importantes que competem aos governos e, em particular, aos parlamentos que nós elegemos. Podem ser bons ou maus, mas pelo menos foram eleitos.
Temos de dizer não a esta destruição, a esta destruição sistemática da democracia. Temos de dizer não às medidas que estas pessoas estão a implementar, pois são medidas inventadas em nome da indústria financeira, das grandes empresas e duma pequeníssima minoria de europeus, para quem a crise tem sido uma oportunidade para enriquecer. Trata-se de uma política anti-democrática, anti-pessoas e anti-humana, a que todos os europeus têm de se opor, pois, se não o fizerem, serão eles as próximas vítimas.”


“Quem quer ser pobre, excluído, desempregado? Parecem acreditar os membros da troika que há pessoas que nascem com vocação para sofredoras e por isso cortam e recortam direitos legalmente adquiridos como se de relva se tratasse, ignorando, na sua suprema ignorância, que cada vida é um projecto único, portentoso, mil vezes mais estimado que os planos de ajustamento que estupidamente desenham em papéis os funcionários de negro.
No entanto, ninguém nasce para pobre, excluído, desempregado. A razão humana tem vindo a servir para dominar a besta que habita no seio das sociedades (próximo do poder quando a besta não é o próprio poder), regulando com objectividade e procurando o bem comum. Hoje, nestes dias decisivos, é necessário combater o monstro com forças redobradas, porque se apetrechou de ferramentas subtis e está a gerar a percepção de que se desfrutava de privilégios concedidos, não de direitos conquistados e invioláveis, consequência de séculos de pensamento e da acção dos melhores.
Querem, os contabilistas de negro que nunca geraram empregos nem beleza, desenhar um mundo de pobres, excluídos, desempregados porque milhões de pessoas não são úteis para os planos dos ricos. Não vamos permiti-lo. No mundo herdado das melhores tradições cabemos todos, cada ser humano tem um lugar e um papel a desempenhar. Por isso, alto e bom som, vamos dizê-lo no dia 1 de junho nas ruas da Europa:
Não aceitamos os planos excludentes de organismos que não elegemos;
Não queremos que gente sem rosto e sem alma nos governe;
Não permitimos que entrem nas nossas vidas;
Não têm carta branca dos cidadãos, ainda que os governos se tenham entregado;
Não os queremos nos nossos países;
Que voltem para os seus gabinetes sem janelas e sem oxigénio: nós optamos pela vida;
Não nos lixarão: dizemos, sim, Que Se lixe a Troika!”


“Numa entrevista ao jornal Wall Street, o presidente do BCE, Mario Draghi, declarou ufanamente que o estado social europeu, um dos maiores contributos da Europa moderna para a civilização actual, está “obsoleto” e tem de ser descartado. Eis uma das previsíveis consequências dos cruéis e selvagens programas de austeridade impostos às populações mais vulneráveis da Europa, juntamente com o também previsível agravamento da crise causado sobretudo pelas instituições financeiras, corruptas e predatórias.
Chegou o tempo de as vítimas se erguerem e unirem em protesto, abrindo caminho para o futuro mais justo que está, seguramente, ao seu alcance.”


“Os ataques às pessoas da classe trabalhadora estão a acontecer por toda a Europa. Desemprego massivo, redução de apoios sociais, falta de segurança em todos os aspectos da vida – tudo isto exige uma resposta. Os velhos partidos do centro-esquerda estão agora comprometidos com o apoio aos programas de austeridade. A sua ideia de um capitalismo com compaixão que pode trabalhar para os interesses de todos é claramente uma fraude. Previsivelmente, quando confrontados com esta verdade, alinham com os partidos da direita.
Temos de começar de novo. Temos de ter novos partidos da esquerda que compreendam e defendam os interesses das pessoas comuns. Temos de nos unir à volta deste projecto em toda a Europa. Só poderemos ser bem sucedidos se conseguirmos que a “Internacional” se torne uma realidade!
Desejos de boa sorte e solidariedade”



por Tiago Mota Saraiva

http://blog.5dias.net/

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