quarta-feira, 8 de maio de 2013

PRESERVAR A MEMÓRIA


Em agosto de 1983, o governo do Bloco Central assinou um memorando de entendimento com o FMI. Os impostos subiram, os preços dispararam, a moeda desvalorizou, o crédito acabou, o desemprego e os salários em atraso tornaram-se numa chaga social e havia bolsas de fome por todo o país. Mário Soares era o primeiro-ministro.
[Tudo o que este sujeito diga ou possa ter dito não espanta ninguém, é no entanto obrigatório não esquecer o passado para nos situarmos e compreender o presente]

Os problemas económicos em Portugal são fáceis de explicar e a única coisa a fazer é apertar o cinto”.
DN, 27 de Maio de 1984

Não se fazem omeletas sem ovos. Evidentemente teremos de partir alguns”.
DN, 01 de Maio de 1984

Quem vê, do estrangeiro, este esforço e a coragem com que estamos a aplicar as medidas impopulares aprecia e louva o esforço feito por este governo.”
JN, 28 de Abril de 1984

Quando nos reunimos com os macro economistas, todos reconhecem com gradações subtis ou simples nuances que a política que está a ser seguida é a necessária para Portugal
JN, 28 de Abril de 1984

Fomos obrigados a fazer, sem contemplações, o diagnóstico dos nossos males colectivos e a indicar a terapêutica possível
RTP, 1 de Junho de 1984

A terapêutica de choque não é diferente, aliás, da que estão a aplicar outros países da Europa bem mais ricos do que nós
RTP, 1 de Junho de 1984

Portugal habituara-se a viver, demasiado tempo, acima dos seus meios e recursos”.
RTP, 1 de Junho de 1984

O importante é saber se invertemos ou não a corrida para o abismo em que nos instalámos irresponsavelmente”.
RTP, 1 de Junho de 1984

“[O desemprego e os salário em atraso], isso é uma questão das empresas e não do Estado. Isso é uma questão que faz parte do livre jogo das empresas e dos trabalhadores (…). O Estado só deve garantir o subsídio de desemprego
JN, 28 de Abril de 1984

O que sucede é que uma empresa quando entra em falência… deve pura e simplesmente falir. (…) Só uma concepção estatal e colectivista da sociedade é que atribui ao Estado essa responsabilidade.”
JN, 28 de Abril de 1984

Anunciámos medidas de rigor e dissemos em que consistia a política de austeridade, dura mas necessária, para readquirirmos o controlo da situação financeira, reduzirmos os défices e nos pormos ao abrigo de humilhantes dependências exteriores, sem que o pais caminharia, necessariamente para a bancarrota e o desastre”.
RTP, 1 de Junho de 1984

Pedi que com imaginação e capacidade criadora o Ministério das Finanças criasse um novo tipo de receitas, daí surgiram estes novos impostos”.
1ª Página, 6 de Dezembro de 1983

Posso garantir que não irá faltar aos portugueses nem trabalho nem salários”.
DN, 19 de Fevereiro de 1984

A CGTP concentra-se em reivindicações políticas com menosprezo dos interesses dos trabalhadores que pretende representar
RTP, 1 de Junho de 1984

A imprensa portuguesa ainda não se habituou suficientemente à democracia e é completamente irresponsável. Ela dá uma imagem completamente falsa.
Der Spiegel, 21 de Abril de 1984

Basta circular pelo País e atentar nas inscrições nas paredes. Uma verdadeira agressão quotidiana que é intolerável que não seja punida na lei. Sê-lo-á”.
RTP, 31 de Maio de 1984

A Associação 25 de Abril é qualquer coisa que não devia ser permitida a militares em serviço
La Republica, 28 de Abril de 1984

As finanças públicas são como uma manta que, puxada para a cabeça deixa os pés de fora e, puxada para os pés deixa a cabeça descoberta”.
Correio da Manhã, 29 de Outubro de 1984

Não foi, de facto, com alegria no coração que aceitei ser primeiro-ministro.  Não é agradável para a imagem de um politico sê-lo nas condições actuais
JN, 28 de Abril de 1984

Temos pronta a Lei das Rendas, já depois de submetida a discussão pública, devidamente corrigida”.
RTP, 1 de Junho de 1984

E para terminar em apoteose:

Dentro de seis meses o país vai considerar-me um herói”.

6 de Junho de 1984 

O TEMPO URGE, MOBILIZÊMO-NOS

Cid Simões

http://revolucionaria.wordpress.com/ 

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