Três quartos da rede dos correios assegurada por entidades externas. Tudo pronto para a privatização dos CTT, incluindo o famoso banco
JP Morgan,
especialista em intoxicações financeiras. A banca está sempre pronta
para prosperar à custa dos poderes públicos. Tudo então está pronto para
mais uma machadada nas instituições de que é feita uma comunidade
política digna desse nome. Assim se destrói um país. Cavaco, que iniciou
esta moda das privatizações sem fim, com os seus espectaculares
resultados, só pode apoiar, claro. De resto, e aplicando aqui os termos
de
Michael Sandel,
no seu último e muito recomendável livro sobre os limites morais dos
mercados, a privatização de mais um bem social não é apenas um problema
de geração de desigualdade no seu acesso, mas também é um problema de
corrupção, de subversão dos fins da instituição que o provisiona, de
corrosão das normas sociais que lhe dão sentido, da ética dos seus
profissionais e das relações laborais que a assegura, da confiança num
serviço público fundamental. Os serviços públicos são um momento em que
se conjuga a primeira pessoa do plural de que é feita uma comunidade. Se
eles conseguirem privatizar os CTT, nós teremos de voltar a
nacionalizá-los: esta é que é uma daquelas questões nacionais que tem de
merecer o compromisso de uma imensa maioria, para usar um termo muito
em voga ontem em Elvas. As verdadeiras questões nacionais são hoje
profundamente subversivas ou não estivéssemos sob tutela de fora através
das elites cá de dentro.
por João Rodrigues
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2013/06/eles-e-nos.html
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