sábado, 24 de setembro de 2016
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Os explosivos e-mails de Hillary Clinton
por Manlio Dinucci
Uma comissão do parlamento britânico criticou David Cameron pela
intervenção militar na Líbia quando ele era premiê em 2011: não o
criticou, porém, pela guerra de agressão que demoliu um Estado soberano,
mas porque foi desencadeada sem uma adequada “inteligência”, nem um
plano para a “reconstrução” [1].
O presidente Obama fez o mesmo quando, em abril passado, declarou ter cometido na Líbia o seu “pior erro”, não por tê-la destruído com as forças da Otan sob comando estadunidense, mas por não ter planificado o “day after”.
Ao mesmo tempo, Obama reafirmou seu apoio a Hillary Clinton, hoje candidata à presidência: a mesma que, na condição de secretária de Estado, convenceu Obama a autorizar uma operação clandestina na Líbia ( inclusive o envio de forças especiais e o armamento de grupos terroristas), na preparação do ataque aeronaval dos EUA /Otan.
Os e-mails de Hillary Clinton, que vieram sucessivamente à luz, provam qual era o verdadeiro escopo da guerra: bloquear o plano de Kadafi de usar o fundo soberano líbio para criar organismos financeiros autônomos da União Africana e uma moeda africana em alternativa ao dólar e ao franco CFA.
Logo depois de ter demolido o Estado líbio, os EUA e a Otan iniciaram, juntamente com monarquias do Golfo, a operação secreta para demolir o Estado sírio, infiltrando nele forças especiais e grupos terroristas que deram vida ao chamado Estado Islâmico (EI). Uma mensagem de e-mail de Hillary, uma das tantas que o Departamento de Estado desarquivou depois do clamor suscitado pelas revelações do Wikileaks, demonstra qual é um dos escopos fundamentais da operação ainda em curso.
Na mensagem, desarquivada como “case number F-2014-20439, Doc No. C05794498” [2], a secretária de Estado Hillary Clinton escreve em 31 de dezembro de 2012: “É a relação estratégica entre o Irã e o regime de Bashar Assad que permite ao Irã minar a segurança de Israel, não através de um ataque direto mas por meio de seus aliados no Líbano, como o Hezbolá”. Sublinha, portanto, que “a melhor maneira de ajudar Israel é ajudar a rebelião na Síria que já dura mais de um ano”, ou seja desde 2011, sustentando que para dobrar Bashar Assad, é necessário “o uso da força”, a fim de “pôr em risco a sua vida e a da sua família”.
E Hillary Clinton conclui: “A derrubada de Assad constituiria não só um imenso benefício para a segurança de Israel, mas também faria diminuir o compreensível temor israelense de perder o monopólio nuclerar”. A então secretária de Estado admite, portanto, o que é oficialmente silenciado: o fato de que Israel é o único país do Oriente Médio a possuir armas nucleares.
O apoio da administração Obama a Israel, para além de alguns dissensos mais formais do que substanciais, foi confirmado pelo acordo, assinado em 14 de setembro em Washington, com o qual os Estados Unidos se comprometem a fornecer a Israel os mais modernos armamentos por um valor de 38 bilhões de dólares em dez anos, por meio de um financiamento anual de 3,3 bilhões de dólares, mais meio milhão para a “defesa de mísseis”.
Enquanto isso, depois que a intervenção russa bloqueou o plano de destruir a Síria por dentro com a guerra, os Estados Unidos obtêm uma “trégua” (imediatamente por eles violada), lançando ao mesmo tempo uma nova ofensiva na Líbia, camuflada de operação humanitária na qual a Itália participa com seus “paramédicos”. Enquanto Israel, na sombra, reforça o seu monopólio nuclear tão caro a Hillary Clinton.
Fonte
Il Manifesto (Itália)
aqui:http://www.voltairenet.org/article193384.html
De tempos em tempos, para fazer um pouco de “limpeza
moral” com objetivos político-midiáticos, o Ocidente tira alguns
esqueletos do armário.
O presidente Obama fez o mesmo quando, em abril passado, declarou ter cometido na Líbia o seu “pior erro”, não por tê-la destruído com as forças da Otan sob comando estadunidense, mas por não ter planificado o “day after”.
Ao mesmo tempo, Obama reafirmou seu apoio a Hillary Clinton, hoje candidata à presidência: a mesma que, na condição de secretária de Estado, convenceu Obama a autorizar uma operação clandestina na Líbia ( inclusive o envio de forças especiais e o armamento de grupos terroristas), na preparação do ataque aeronaval dos EUA /Otan.
Os e-mails de Hillary Clinton, que vieram sucessivamente à luz, provam qual era o verdadeiro escopo da guerra: bloquear o plano de Kadafi de usar o fundo soberano líbio para criar organismos financeiros autônomos da União Africana e uma moeda africana em alternativa ao dólar e ao franco CFA.
Logo depois de ter demolido o Estado líbio, os EUA e a Otan iniciaram, juntamente com monarquias do Golfo, a operação secreta para demolir o Estado sírio, infiltrando nele forças especiais e grupos terroristas que deram vida ao chamado Estado Islâmico (EI). Uma mensagem de e-mail de Hillary, uma das tantas que o Departamento de Estado desarquivou depois do clamor suscitado pelas revelações do Wikileaks, demonstra qual é um dos escopos fundamentais da operação ainda em curso.
Na mensagem, desarquivada como “case number F-2014-20439, Doc No. C05794498” [2], a secretária de Estado Hillary Clinton escreve em 31 de dezembro de 2012: “É a relação estratégica entre o Irã e o regime de Bashar Assad que permite ao Irã minar a segurança de Israel, não através de um ataque direto mas por meio de seus aliados no Líbano, como o Hezbolá”. Sublinha, portanto, que “a melhor maneira de ajudar Israel é ajudar a rebelião na Síria que já dura mais de um ano”, ou seja desde 2011, sustentando que para dobrar Bashar Assad, é necessário “o uso da força”, a fim de “pôr em risco a sua vida e a da sua família”.
E Hillary Clinton conclui: “A derrubada de Assad constituiria não só um imenso benefício para a segurança de Israel, mas também faria diminuir o compreensível temor israelense de perder o monopólio nuclerar”. A então secretária de Estado admite, portanto, o que é oficialmente silenciado: o fato de que Israel é o único país do Oriente Médio a possuir armas nucleares.
O apoio da administração Obama a Israel, para além de alguns dissensos mais formais do que substanciais, foi confirmado pelo acordo, assinado em 14 de setembro em Washington, com o qual os Estados Unidos se comprometem a fornecer a Israel os mais modernos armamentos por um valor de 38 bilhões de dólares em dez anos, por meio de um financiamento anual de 3,3 bilhões de dólares, mais meio milhão para a “defesa de mísseis”.
Enquanto isso, depois que a intervenção russa bloqueou o plano de destruir a Síria por dentro com a guerra, os Estados Unidos obtêm uma “trégua” (imediatamente por eles violada), lançando ao mesmo tempo uma nova ofensiva na Líbia, camuflada de operação humanitária na qual a Itália participa com seus “paramédicos”. Enquanto Israel, na sombra, reforça o seu monopólio nuclear tão caro a Hillary Clinton.
Il Manifesto (Itália)
aqui:http://www.voltairenet.org/article193384.html
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
Enganados novamente…
por Chris Hedges
[*]
A extravagância de milhares de milhões de dólares do nosso circo eleitoral é parte da cortina de fumo que cobre a devastação em curso promovida pela globalização: desindustrialização, acordos de comércio como a Parceria do Transpacífico (TPP), guerras sem fim, alterações climáticas [NR] e a intrusão em cada recanto das nossas vidas pela segurança e vigilância do Estado. A nossa democracia está morta.
Clinton e Donald Trump não têm o poder ou o interesse em reaviva-la. Eles ajoelham-se diante da máquina de guerra, que consome milhões de milhões de dólares para travar guerras inúteis e exibir um poder militar exagerado. Desafiar a força do Estado é suicídio político, porém para a Wall Street os políticos não passam de cortesãos. Os candidatos enchem a boca de frases feitas sobre justiça, melhorias na igualdade de rendimentos e escolhas democráticas, mas é um jogo cínico. Assim que termina, os vencedores vão para Washington trabalhar com lobistas e elites financeiras levando a cabo os verdadeiros processos de decisão.
Embora haja uma diferença no temperamento dos dois principais candidatos presidenciais, essa diferença influi apenas na forma como o veneno nos será ministrado. As personalidades da política servem os centros do poder empresarial global, não os controlam. Barack Obama ilustra isto mesmo.
Para os neoliberais tudo e todos são descartáveis. Os Estados falhados que criaram em todo o Médio Oriente, África, Cáucaso e Ásia com o fim da guerra fria representam o que há a esperar de um mundo neoliberal, impulsionado pela ganância, corrupção, violência e desespero.
Os traficantes de drogas, contrabandistas, piratas, sequestradores, jihadistas, gangues criminosas e milícias que vagueiam em enormes áreas de território onde a autoridade central desapareceu são os verdadeiros rostos da globalização. Estes niilistas constituem o Estado islâmico, assim como constituem o Estado das transnacionais. A corrupção pode estar mais à vista e ser mais rudimentar no Afeganistão ou no Iraque, mas tem seu paralelo na venda dos políticos e partidos políticos que dominam nos Estados Unidos e na Europa. O bem comum – a construção de comunidade e solidariedade – foi substituído por décadas de doutrinação a favor da empresa privada com apelos para se acumular tudo o que se puder para si próprio e deixar os outros a sangrar na berma da estrada.
Será a Goldman Sachs, que manobra os preços futuros de arroz, trigo, milho, açúcar e gado para os fazer subir no mercado global, deixando as pessoas pobres e vitimas da fome na África, Ásia, Oriente Médio e América Latina, moralmente menos repugnante do que o traficante de drogas? Serão os pilotos de F-16 que incineram famílias em Raqqa moralmente distintos dos jihadistas que queimaram numa gaiola um piloto jordaniano capturado? Será a tortura num dos nossos locais secretos ou em colônias penais offshore menos bárbara que a tortura às mãos do estado islâmico? Será a decapitação de crianças por drones militares mais defensável do que a decapitação de trabalhadores egípcios numa praia da Líbia por autodesignados guerreiros sagrados? É Heather Bresch, o administrador executivo da Mylan, que aumentou os preços do salva-vidas EpiPen em 400% ou mais, e que passou desde 2007 a auferir mais 600% – acima de 18 milhões de dólares por ano – menos venal do que um traficante que envia um barco sobrecarregado e seus ocupantes para a morte ao largo da Líbia.
Há uma nova ordem mundial. Está baseada na exploração nua e crua. Não na democracia, é o que nós temos exportado em todo o globo. E isto se parece muito com o Estado anárquico que Hobbes temia . As gangues que entregam os migrantes para a Europa fazem aproximadamente 100 milhões de dólares por mês pelo seu trabalho. Exploram o tráfego de seres humanos como apenas os altamente pagos executivos das grandes empresas fazem.
Os Estados falhados do Iraque, da Síria e da Líbia, um resultado direto da globalização, têm a sua contrapartida em Detroit, St Louis, Oakland, Memphis, Baltimore, Atlanta, Milwaukee e o lado sul de Chicago. Eles são as nossas versões de Mogadíscio, com ilegalidade, mortes sem sentido, bandos armados, fome generalizada, medo, uma população que se abandona no abraço entorpecente de opiáceos, crescente pobreza, instituições de um Estado disfuncional, o crescimento de empresas de segurança privadas para protegerem as elites e violência indiscriminada da polícia que cria um reinado de terror visando os pobres.
Quanto mais as forças do capitalismo transnacional extraem de nós em nome da austeridade e da maximização do lucro, mais zonas dos EUA vão decair para versões domésticas dos Estados falhados no exterior. O mesmo sistema existe aqui e no exterior. E tem o mesmo resultado aqui e no exterior. Pode aparecer primeiro na Somália, Mali, Guiné-Bissau e Líbia, mas em breve virá a caracterizar grande parte da América. A proliferação de armas fará na nossa sociedade o que tem feito em todos ou outros Estados falhados onde houve acesso descontrolado aos arsenais – entregar o poder àqueles com pendor para a violência.
Escreveu Elias Canetti em Multidões e poder (Crowds and Power):
"Quem queira governar os homens tem primeiro que tentar humilhá-los, enganá-los acerca dos seus direitos e sua capacidade de resistência, até que eles se tornem tão impotentes como animais. Ele depois usa-os como animais e, mesmo que não lhes diga isso, sabe muito claramente que significam muito pouco para ele; quando fala aos seus mais próximos chamará os outros de carneiros ou gado. Seu objetivo final é incorporá-los em função dos seus interesses e sugar-lhes toda a substância. O que resta deles depois, não importa. Quanto pior os tratou mais os despreza. Quando não têm mais utilidade, descarta-os como faz com excrementos, bastando saber que não envenenam o ar da sua casa".
A História demonstrou amplamente como isto vai acabar. A persistente
exploração por uma elite descontrolada, o aumento dos
níveis de pobreza e insegurança, desencadeará uma
legítima revolta entre os desesperados. Eles vão perceber o que
se passa para além das mentiras e da propaganda das elites. Vão
exigir redistribuição de rendimentos. Voltarão para
aqueles que expressam o ódio que sentem pelos poderosos e pelas
instituições que foram projetadas para dar-lhes voz, mas que
agora servem para os enganar. Buscarão não reformas, mas a
destruição de um sistema que os traiu. Estados falhados – a
Rússia czarista, a República de Weimar, a antiga
Jugoslávia – podem dar origem a monstruosidades políticas.
Connosco não será diferente.
Formas de fascismo já tomaram conta de duas nações da UE, a Hungria e a Polónia. Partidos de extrema-direita, reagindo à vaga de mais de 1 milhão de migrantes que caiu sobre a Europa no ano passado, estão a ganhar terreno na França, Áustria, Suécia, Alemanha e Grécia. O nacionalismo, alimentado por uma deificação das forças armadas, será usado para compensar a impotência individual e a perda da identidade nacional. Nos EUA a dissidência tornar-se-á "antiamericana", uma forma de traição. Os inimigos internos vão ser vilipendiados juntamente com os inimigos externos. E isto levará a mais guerras no Médio Oriente. Os partidos políticos de extrema-direita da Europa Oriental alardeiam uma retórica de conflito militar com a Rússia. Devido à sua associação com a NATO, os EUA seriam obrigados a apoiar quaisquer hostilidades.
Votar em Hillary Clinton não irá interromper este deslize para o
apocalipse. Só vai acelerá-lo. Donald Trump pode desaparecer do
cenário político, mas alguém ainda mais venal e
provavelmente mais inteligente, vai tomar seu lugar. Nosso trabalho é
desmontar os mecanismos que nos estão a empurrar para o abismo. E isto
significa sustentada e maciça desobediência civil, como se tornou
evidente pelos protestos na
Reserva de Sioux Rock
e pelas
paragens de trabalho
de sexta-feira passada realizadas pelos presos de toda a nação.
Significa fazer todo o possível para não cooperar com os
elementos da autoridade. Significa interromper os mecanismos do poder.
Significa superar o medo. Significa não acreditar nas mentiras que nos
são ditas.
Formas de fascismo já tomaram conta de duas nações da UE, a Hungria e a Polónia. Partidos de extrema-direita, reagindo à vaga de mais de 1 milhão de migrantes que caiu sobre a Europa no ano passado, estão a ganhar terreno na França, Áustria, Suécia, Alemanha e Grécia. O nacionalismo, alimentado por uma deificação das forças armadas, será usado para compensar a impotência individual e a perda da identidade nacional. Nos EUA a dissidência tornar-se-á "antiamericana", uma forma de traição. Os inimigos internos vão ser vilipendiados juntamente com os inimigos externos. E isto levará a mais guerras no Médio Oriente. Os partidos políticos de extrema-direita da Europa Oriental alardeiam uma retórica de conflito militar com a Rússia. Devido à sua associação com a NATO, os EUA seriam obrigados a apoiar quaisquer hostilidades.
13/Setembro/2016
[NR] Sempre houve alterações climáticas ao longo de toda a história do planeta Terra. Assim, é incorrecto atribuí-las à globalização. As referidas alterações são apenas um outro nome para o hipotético aquecimento global. Ver A impostura global .
[*] Jornalista. Passou quase duas décadas como correspondente estrangeiro na América Central, Médio Oriente, África e Balcãs. Fez reportagens em mais de 50 países. Trabalhou para o The Christian Science Monitor, National Public Radio, The Dallas Morning News e The New York Times, do qual foi correspondente no estrangeiro durante 15 anos.
O original encontra-se em www.informationclearinghouse.info/article45448.htm . Tradução de DVC.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
terça-feira, 13 de setembro de 2016
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
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