A indiferença do mundo ocidental é extraordinária.
Não são só os americanos que se permitem terem os
cérebros lavados pela CNN, MSNBC, NPR,
New York Times
e
Washington Post,
são também os seus comparsas na Europa, Canadá,
Austrália e Japão, que confiam na máquina da propaganda de
guerra que se apresenta como media.
http://www.bbc.com/news/world-us-canada-39573526
Os "líderes" ocidentais, isto é, os fantoches na ponta
dos cordéis puxados pelos grupos de interesses privados poderosos e pelo
Estado Profundo, estão igualmente indiferentes. Trump e seus comparsas
no Império Americano devem estar inconscientes de que estão a
provocar guerra com a Rússia e a China, se não são
psicopatas.
Um novo Louco da Casa Branca substituiu o velho louco. O Novo Louco enviou o
seu secretário de Estado à Rússia. Para que? Para
apresentar um ultimato? Para fazer mais acusações falsas? Para se
desculpar pelas mentiras?
Considerem a audácia do secretário de Estado Tillerson. Ele
passou a semana anterior à sua visita a Moscovo a corroborar mentiras
incríveis e alegações falsas de que Assad da Síria
utilizou armas químicas com permissão da Rússia, o que
justificava o inequívoco crime de guerra de Washington de um ataque
militar a um país ao qual os EUA não declararam guerra. Com menos
de 100 dias no gabinete Trump já é um criminoso de guerra,
juntamente com o resto do seu governo belicista.
Todo o mundo sabe isto, mas ninguém diz. Ao invés disso,
Tillerson, pejado de mentiras e ameaças, tem confiança para ir a
Moscovo a fim de dizer aos russos que têm de entregar Assad ao poder
único americano.
A missão de Tillerson demonstra a completa e total irrealidade do mundo
em que vive Washington. Tente imaginar a arrogância de Tillerson. Se voce
caluniou e ameaçou grosseiramente pessoas importantes, será que
se sentiria confortável em ir às suas casas e jantar com elas?
Pensará Tillerson que agora que a Rússia em grande medida
libertou a Síria do ISIS apoiado pelos EUA, esta irá
entregá-la a Washington?
Será que vai contar a Lavrov que realmente não queria dizer todas
aquelas mentiras sujas que disse acerca da Rússia, mas que
neoconservadores sionistas o obrigaram a fazer? Que realmente não
está no comando e é apenas uma ferramenta do Império
Anglo-Sionista?
Será que Tillerson vai desculpar a declaração do
secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, de que Assad, aliado
da Rússia, é mais perverso do que Hitler?
http://www.bbc.com/news/world-us-canada-39573063
Talvez Tillerson esteja em vias de pedir asilo e embarcar no lado vencedor.
Stephen Cohen, um dos poucos americanos restantes bem informados acerca da
Rússia, disse a dois presstitutos da CNN e ao belicista Cor. Leightohn,
um dos "peritos" a que os presstitutos recorrem para pronunciar a
propaganda contra a Rússia, que a Rússia estava a preparar-se
para a guerra quente. Isso pareceu ultrapassar as capacidades mentais dos
presstitutos da CNN e do coronel. Em que folha de pagamento estão eles?
http://www.informationclearinghouse.info/46838.htm
Os líderes russos, os quais, ao contrário dos mentirosos do
ocidente, falam a verdade, têm dito claramente que a Rússia nunca
combaterá outra vez uma guerra no seu próprio território.
Os russos não podiam dizer isto mais claramente. Provoquem uma guerra e
nós os destruiremos no vosso próprio território.
Quando se observa o presidente e o governo em Washington, os governos europeus,
especialmente os idiotas nos governos em Londres, canadiano e australiano,
não se pode deixar de admirar a total estupidez da
"liderança ocidental". Eles estão a implorar pelo fim
do mundo.
E os presstitutos estão em acção conduzindo à
extinção da vida. Números enormes de pessoas no ocidente
estão a ser preparada para a sua morte – e elas são
protegidas desta percepção pela sua indiferença.
Washington é tão arrogante e perdido no seu próprio
orgulho que não entende que os anos de mentiras claras como cristal
acerca da Rússia e das intenções e façanhas russas
convenceram este país de que Washington está a preparar as
populações dos Estados Unidos e os seus povos cativos no
ocidente, Europa do Leste, Canadá, Austrália e Japão para
um ataque nuclear preventivo dos EUA contra a Rússia. Planos de guerra
publicados dos EUA contra a China convenceram-na do mesmo.
Se não é para a guerra, que outra coisa é a mudança
na doutrina de guerra dos EUA? George W. Bush abandonou o papel estabilizador
das armas nucleares passando-as de uma função retaliatória
para a de um primeiro ataque nuclear. A seguir abandonou o tratado dos
mísseis anti-balísticos concluído pelo presidente Richard
Nixon. Agora temos sítios de mísseis estado-unidenses
posicionados nas fronteiras da Rússia. Contámos aos russos a
mentira de que os mísseis são para impedir um ataque nuclear
iraniano com ICBMs contra a Europa. Esta mentira é dita, e aceite, pelos
fantoches na Europa, apesar do facto incontestável de que o Irão
não tem nem ogivas nem ICBMs. Mas os russos não aceitam isto.
Eles sabem que isto é mais uma mentira de Washington.
Quando a Rússia ouve estas mentiras flagrantes, descaradas e
óbvias, ela entende que Washington pretende um ataque nuclear preventivo
à Rússia.
A China chegou à mesma conclusão.
Assim, eis a situação. Dois países com forças
nucleares esperam que os loucos insanos que dominam o ocidente estejam em vias
de atacá-los com armas nucleares. O que a Rússia e a China
estão a fazer? Estão eles a implorar por misericórdia?
Não. Estão a preparar-se para destruir o perverso ocidente, uma
colecção de mentirosos e criminosos de guerra, tais como o mundo
nunca vira anteriormente.
A temerária e irresponsável conversa de guerra no governo dos
EUA, nos media presstitutos e entre os vassalos da NATO e de Washington deve
cessar imediatamente. A vida está por um fio.
Putin tem mostrado admirável paciência com as mentiras e
provocações de Washington, mas não pode arriscar a
Rússia confiando em Washington, em quem ninguém pode confiar. Nem
o povo americano, nem o povo russo, nem qualquer povo.
Ao saltar para dentro do vagão de propaganda do Estado Profundo os
liberais/progressistas/esquerda são cúmplices na marcha rumo ao
fim do mundo.
Quem acompanha há muito as desventuras da Síria na situação de principal
rival militar de Israel, conhece o ror de histórias mal contadas e o
arsenal de mentiras que distorcem o que se passa no país. Por isso, o
problema das armas químicas é um assunto recorrente.
Donald Trump Créditos / Agência Lusa
De
Berlim a Bruxelas e Paris, de Atenas a Estocolmo, de Varsóvia a Lisboa
perpassa uma comovente vaga de compreensão para com o até agora
proscrito presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, por
ter feito desabar mísseis sobre o território da Síria independente, ter
destruído uns quantos adereços de uma base aérea e, sobretudo, ter
assassinado um número indeterminado de civis, entre eles várias
crianças.
Quando Trump proclamava, afinal mentindo, que desejava a
paz na Síria e destruir o Daesh, juntamente com os outros alter ego do
terrorismo dito de inspiração islâmica, o novo presidente
norte-americano estava sob fogo cerrado dos aliados, que chegaram a pôr
em causa a sua fidelidade à NATO.
Agora que Trump se acomodou à
sábia mensagem do ministro português Santos Silva proferida em 22 de
Março, em nome de todos os seus colegas da União Europeia, segundo a
qual o exército sírio é pior que o Daesh, assiste-se ao regresso à
normalidade. Isto é, os dirigentes políticos dos países da aliança
repetem que não há solução militar para o problema sírio e, ao mesmo
tempo, manifestam compreensão – se fosse com Obama ou com a senhora
Clinton aplaudiriam sem reservas – pelos actos de guerra contra a Síria,
mesmo que aqueçam ainda mais as costas dos mercenários assassinos do
Daesh.
Parece contraditório? Não para as mentes privilegiadas de Santos Silva e colegas respectivos.
Tudo
isto decorre das armas químicas que teriam sido usadas pelo exército
sírio num recente ataque contra bases terroristas na província de Idlib,
facto que está longe de provado e que, provavelmente, é uma deslavada
mentira. Quem não se lembra da fábula das famosas e ainda desaparecidas
armas de destruição massiva de Saddam Hussein?
As Nações Unidas e o
seu secretário-geral nada fizeram para tirar este assunto de Idlib a
limpo; limitaram-se a balbuciar qualquer coisa como a realização de um
inquérito e, antes que tivessem a ousadia de passar à prática, Trump
impôs a justiça do todo-poderoso complexo militar, industrial e
tecnológico que nos governa. Foi assim, com algumas variantes para
alívio das boas e inocentes consciências, no Afeganistão, no Iraque (em
duas fases), na Líbia e mais alguns outros sítios, além de acontecer
quotidianamente na Palestina.
Quem
acompanha há muito as desventuras da Síria na situação de principal
rival militar de Israel, conhece o ror de histórias mal contadas e o
arsenal de mentiras que distorcem o que se passa no país. Por isso, o
problema das armas químicas é um assunto recorrente.
O Eng.
António Guterres tem em seu poder – e se não tem deveria procurá-lo no
entulho da herança podre deixada pelo seu antecessor – um relatório de
uma comissão independente chefiada pela jurista italiana Carla del
Ponte, designada pela ONU, demonstrando, com toda a clareza, a posse de
armas químicas e de produtos para as confeccionar pelos grupos de
mercenários injectados na Síria.
Se ler o documento, de finais de
2012, o secretário-geral ficará a saber que os terroristas ditos
islâmicos foram municiados e treinados para usar esse tipo de armamento
na Turquia e na Jordânia, não directamente por países da NATO mas sim
pelos seus famosos contractors, as empresas privadas de guerra
em quem delegam os assuntos sujos, para surgirem de mãos limpas nos
grandes areópagos comunicacionais.
Esta realidade, que o Eng.
Guterres poderia ter a gentileza de partilhar com o seu ex-ministro
Santos Silva, foi revelada através da própria CNN, em finais de 2012,
pela jornalista Elise Labbott; a qual, como recompensa pelo excelente
trabalho de investigação, foi relegada para dirigir um blogue.
Também o Daily Mailonline
divulgou as mesmas informações, retomando a iniciativa de Labott, em
Janeiro de 2013. Algum tempo depois essas notícias desapareceram,
confirmando que estamos numa sociedade onde prevalece a liberdade de
imprensa.
Em Agosto de 2013, o relatório da comissão de Carla del
Ponte foi tragicamente confirmado, através de um massacre nos arredores
de Damasco, no qual a localidade síria de Goutha foi totalmente dizimada
por armas químicas – pelo menos 150 pessoas morreram. Quem se lembrar
do episódio saberá que o regime de Damasco foi imediatamente acusado da
chacina, sem quaisquer provas nem inquéritos, pelo que Obama logo
preparou os seus mísseis, tal como Trump fez agora. Mas o anterior
presidente não chegou a dispará-los, para desespero da sua secretária de
Estado Clinton, por saber que a verdadeira autoria do massacre pela
al-Nusra, ou al-Qaida, não tardaria a ser desmascarada.
A
Organização para a Proibição de Armas Químicas foi então envolvida no
assunto, terá investigado a situação no terreno, confirmado a
responsabilidade do grupo terrorista e tomado providências para
destruição dos arsenais.
Que não terão sido as suficientes, em
termos de futuro. Porque o episódio agora ocorrido terá resultado do
facto de o exército sírio, num dos seus ataques contra os grupos
terroristas, ter alvejado locais que estes usavam como paióis de armas
químicas e produtos para as fabricar. Não há provas nem maneira de
confrontar as versões em campo, mas o histórico da guerra imposta contra
a Síria, a rogo de Israel e da NATO, deixa poucas dúvidas sobre o que
aconteceu.
A reacção de Trump e a compreensão manifestada pelos
seus aliados trazem um novo alento ao Daesh e aos
terroristas «moderados», que viviam desesperados e desnorteados desde a
estrondosa
Quem estiver atento notará
nestes comportamentos da nova administração norte-americana o dedo do
recém-entronizado conselheiro de segurança nacional de Trump, o tenente
general Herbert Raymond McMaster, conhecido como o «académico
guerreiro». Foi o escolhido pelo establishment para suceder a
Michael Flynn e Steve Bannon, despedidos dos cargos de conselheiros do
presidente na sequência de conspirações de bastidores animadas por
figuras associadas à política externa belicista da anterior
administração.
Flynn e Bannon, defensores da procura de soluções
políticas para problemas militares, foram acusados de agir como
toupeiras de Putin, manobra em que desempenhou papel principal, mas
sombrio, o vice-presidente Mike Pence, expoente dos falcões
neoconservadores.
Rodeado agora por uma corte de guerreiros
expurgada de quaisquer pombas transviadas, a figura de Trump surge com
pleno fulgor, associando a sua idiossincrasia irresponsável, autoritária
e arbitrária aos hábitos de guerra enraizados em Washington.
Em 2003, com alguns advogados americanos, membros da Associação
Nacional de Advogados, tive a oportunidade de viajar na Coreia do Norte, isto
é, na República Popular Democrática da Coreia (RPDC), a
fim de ter uma experiência em primeira mão desse país, do
seu governo socialista e do seu povo.
Publicado no nosso retorno, este artigo foi intitulado "O grande embuste
revelado". O título foi escolhido porque descobrimos que o mito
pejorativo da propaganda ocidental sobre a Coreia do Norte é um enorme
embuste concebido para esconder as realizações dos
norte-coreanos, que conseguiram criar suas próprias
condições de desenvolvimento, o seu próprio sistema
socioeconómico independente, baseado nos princípios do
socialismo, livre do domínio das potências ocidentais.
Durante um dos nossos primeiros jantares em Pyongyang, o nosso
anfitrião, Ri Myong Kuk, um advogado, disse em termos apaixonados, em
nome do governo, que a força de dissuasão nuclear da RPDC
é necessária dadas as ações e ameaças dos
EUA e aliados contra o seu país. Ele disse-o, e foi-me repetido mais
tarde durante a minha viagem, numa reunião de alto nível com
representantes do governo da RPDC, que se os americanos assinassem um tratado
de paz e um acordo de não-agressão com a RPDC, isso tornaria a
ocupação ilegítima e levaria à
reunificação da Coreia. Assim, não haveria mais
necessidade de armas nucleares. Com sinceridade disse: "é
importante que os advogados se reúnam para falar sobre isto, porque os
advogados regulam as interações sociais no seio da sociedade e do
mundo" e acrescentou que de boa-fé, "o caminho para a paz
requer a abertura do coração".
Pareceu-nos então, e é agora evidente, que, em absoluta
contradição com o que dizem os meios de comunicação
ocidentais, o povo da RPDC quer paz mais do que qualquer outra coisa. Ele quer
continuar com as suas vidas e ocupações sem a ameaça
constante de ser exterminado pelas armas atómicas dos EUA. Mas, na
verdade, por que são ameaçados de serem exterminados e de quem
é a culpa? Não é a sua.
Mostraram-nos documentos dos EUA apreendidos durante a guerra da Coreia.
Trata-se de provas irrefutáveis que a UE tinha planeado atacar a Coreia
do Norte em 1950. O ataque foi realizado pelas forças armadas dos EUA e
da Coreia do Sul, ajudadas por oficiais do exército japonês, que
tinham invadido e ocupado Coreia anteriormente durante décadas. Os EUA
pretenderam então que a defesa e o contra ataque eram uma
"agressão", os media foram manipulados para incentivar as
Nações Unidas a apoiar uma "operação
policial", eufemismo escolhido para descrever a sua guerra de
agressão contra a Coreia do Norte. Isso resultou em três anos de
guerra e 3,5 milhões de vítimas coreanas. Desde então, os
EUA ameaçam de guerra iminente e aniquilação.
Em 1950, uma vez que a Rússia não estava presente no Conselho de
Segurança, a votação das Nações Unidas a
favor da "operação policial" foi ela própria
ilegal. Ao abrigo dos regulamentos internos, o quórum no Conselho de
Segurança exige a presença de todas as delegações
membros. Todos os membros devem estar presentes, caso contrário
não pode se realizar a sessão. Os americanos aproveitaram a
ocasião do boicote dos russos ao Conselho de Segurança,
introduzido para defender a posição da República Popular
da China, que deveria ter lugar à mesa do Conselho de Segurança e
não o governo derrotado do Kuomintang. Como os americanos se recusaram a
conceder esse direito, os russos recusaram sentar-se à mesa até
que o governo chinês legítimo o pudesse fazer.
Os americanos aproveitaram esta oportunidade para fazer uma espécie de
golpe de estado nas Nações Unidas. Tomando o controlo dos seus
mecanismos, utilizaram-nos para os seus próprios interesses.
Organizaram-se com os britânicos, os franceses e os chineses do
Kuomintang, para apoiar a guerra na Coreia, na ausência dos russos. Os
aliados, como os americanos lhes tinham pedido, votaram a favor da guerra
contra a Coreia, mas a votação foi inválida e a
operação da polícia não foi uma
operação de manutenção da paz, nem justificada pelo
capítulo VII da carta das Nações Unidas, dado que o artigo
51, estipula que as nações têm o direito de se defender
contra qualquer ataque armado – justamente o que tinham de fazer os norte
coreanos. Mas os EUA nunca se preocuparam muito com a legalidade. E não
se preocuparam em todo o seu projeto, que era conquistar e ocupar a Coreia do
Norte, como um passo para invadir a Manchúria e a Sibéria e a
legalidade não ia impedi-los de prosseguir esse caminho.
Muitos ocidentais não têm ideia das destruições
infligidas pelos americanos e seus aliados na Coreia. Pyongyang encontrou-se
sob um tapete de bombas, civis fugindo à carnificina foram metralhados
pelos aviões dos EUA em voos rasantes. O
New-York Times
escreveu na altura que 17 milhões de toneladas de napalm foram
lançadas apenas durante os 20 primeiros meses da guerra na Coreia. Os
EUA deixaram cair uma tonelagem de bombas mais importante sobre a Coreia do que
sobre o Japão durante a Segunda Guerra Mundial. As forças armadas
dos EUA assassinaram não apenas os membros do partido comunista, mas
também as suas famílias. Em Sinchon, vimos evidências que
soldados dos EUA obrigaram 500 civis a colocar-se numa vala, regaram-nos com
gasolina e queimaram-nos. Estivemos num abrigo com paredes ainda enegrecidos
com a carne queimada de 900 civis, incluindo mulheres e crianças que
procuravam proteger-se durante um ataque dos EUA. Soldados americanos foram
vistos despejar gasolina em aberturas de ventilação do abrigo e
fazê-los morrer carbonizados. Esta é a realidade da
ocupação dos EUA para os coreanos. É a realidade que eles
ainda temem e não querem mais ver repetida. Podemos censurá-los?
Apesar de todos estes casos, os coreanos estão dispostos a abrir seus
corações para seus antigos inimigos. O major Kim Myong Hwan, que
na época era o principal negociador em Panmunjom, na linha da DMZ,
revelou que seu sonho era ser escritor, poeta, jornalista, mas contou com ar
sombrio, como ele e seus cinco irmãos estavam fazendo rondas na linha da
zona desmilitarizada, como os soldados, por causa do que aconteceu à sua
família. Ele disse que sua luta não era contra os americanos, mas
o seu governo. Manteve-se o único de sua família perdida em
Sinchon; seu avô tinha sido pendurado num poste e torturado, a avó
dele morreu com uma baioneta no estômago. "Veja, nós temos de
o fazer. Temos de nos defender. Nós não nos opomos aos
norte-americanos. Somos contra a política dos EUA e os seus
esforços para controlar totalmente o mundo e infligir calamidades aos
povos."
A opinião da nossa delegação foi que devido à
instabilidade que mantêm na Ásia, os EUA conservam uma
presença militar maciça que dificulta as relações
entre a China e a Coreia do Sul, a Coreia do Norte e o Japão. Usam sua
presença como moeda de troca contra a China e a Rússia. Com a
constante pressão no Japão para eliminar as bases dos EUA em
Okinawa, as operações militares na Coreia e as manobras de guerra
são um aspecto central dos seus esforços visando dominar a
região.
A questão não é saber se a RPDC tem armas nucleares, como
tem o direito, mas se os EUA – que têm capacidades nucleares na
península coreana, e que ali instalam atualmente o seu sistema de defesa
antimísseis THADD, um sistema que ameaça a segurança da
Rússia e da China – estão dispostos a trabalhar com a Coreia
do Norte num tratado de paz. Encontrámos norte-coreanos ansiosos pela
paz e não fazendo questão em manter armas nucleares se a paz
puder ser estabelecida. Mas a posição dos EUA continua mais
arrogante, agressiva, ameaçadora e perigosa do que nunca.
Na época das "mudança de regime'", das "guerras
preventivas" e das tentativas dos EUA para desenvolver armas nucleares
miniatura, bem como o seu abandono e a sua manipulação do direito
internacional, não é surpreendente que a Coreia do Norte, jogue a
carta nuclear. Esta escolha foi feita pelos coreanos do Norte desde que os EUA
os ameaçam numa base diária com uma guerra nuclear. A
Rússia e a China, dois países que a lógica dita apoiar os
norte-coreanos contra a agressão norte-americana, juntar-se-ão
aos norte-americanos para responsabilizar os coreanos por se terem armado com a
única arma que pode atuar como dissuasor de um ataque.
A razão para isto não está clara, uma vez que os russos e
os chineses têm armas nucleares e estão equipados para dissuadir
qualquer ataque dos EUA, exatamente como fez a Coreia do Norte. Algumas
declarações dos governos russo e chinês indicam que eles
temem não ter controlo da situação, e que as medidas
defensivas da Coreia do Norte atraiam um ataque dos EUA e de serem
também atacados.
Essa ansiedade é compreensível. Mas isso levanta a questão
de saber por que não podem apoiar o direito da Coreia do Norte à
autodefesa e exercer pressão sobre os americanos para concluírem
um tratado de paz, um acordo de não-agressão e retirar sua
forças armadas e nucleares da Península coreana. Mas a grande
tragédia é a óbvia incapacidade dos norte-americanos em
pensarem por si próprios perante os embustes incessantes e exigir dos
seus líderes que sejam esgotados todos os canais de diálogo e
restabelecida a paz antes de encarar uma agressão na península
coreana.
A base essencial da política da Coreia do Norte é alcançar
um pacto de não-agressão e um Tratado de paz com os EUA. Os
norte-coreanos afirmaram repetidamente que não querem atacar
ninguém, nem ferir ninguém, não estão em guerra
contra ninguém. Mas eles viram o que aconteceu com a Jugoslávia,
o Afeganistão, o Iraque, a Líbia, a Síria e
inúmeros outros países, e não têm
intenção de serem os próximos. É óbvio que
vão defender-se vigorosamente contra qualquer invasão dos EUA e
que a nação poderia suportar uma longa e difícil luta.
Num outro lugar da zona desmilitarizada, conhecemos um coronel que tinha
instalado um par de binóculos, através do qual conseguimos ver
para além da linha divisória entre o norte e o sul. Podemos ver
uma parede de cimento construída no lado do Sul, em
violação dos acordos de tréguas. O major Kim Myong Hwan
disse que aquela estrutura fixa é uma "vergonha para os coreanos
que são um povo homogéneo. Um alto-falante transmitia sem
interrupção propaganda e música que vinha de alto-falantes
do lado sul. Ele disse que esse barulho irritante dura 22 horas por dia. De
repente, outro momento surreal, os alto-falantes do bunker começaram a
entoar a Abertura Guilherme Tell de Rossini, mais conhecida nos Estados Unidos
como o tema do
Lone Ranger
.
O coronel pediu-nos para ajudar as pessoas a entender o que realmente
está a acontecer na Coreia do Norte, em vez de basearem as suas
opiniõrs na desinformação. Disse: "Nós sabemos
que, como nós, as pessoas amantes da paz na América têm
crianças, parentes, famílias". Dissemos-lhe que
tínhamos a missão de ir para casa com uma mensagem de paz e
esperamos voltar um dia e andar com ele livremente nestas belas colinas. Fez
uma pausa e disse: "Também creio que é possível".
Assim, enquanto o povo da Coreia do Norte espera a paz e a segurança os
EUA e seu fantoche no sul da península coreana farão a guerra
ocupando-se durante os próximos três meses nos maiores jogos de
guerra até agora organizados, com porta-aviões, submarinos
carregados de armas atómicas e bombardeiros furtivos, aviões e um
grande número de tropas, artilharia e tanques.
A campanha de propaganda atingiu níveis perigosos nos meios de
comunicação, que acusam o Norte de ter assassinado um parente do
líder da Coreia do Norte na Malásia, ainda que não haja
provas e que o Norte não tivesse nenhum motivo para o fazer. Os
únicos a beneficiar do assassinato são os EUA e os seus meios de
comunicação controlados, que usam isso para atiçar a
histeria contra Coreia do Norte, que agora teria armas químicas de
destruição em massa.
Sim, meus amigos, eles pensam que todos nós nascemos ontem e que
não aprendemos nada sobre a natureza do domínio doa EUA e da sua
propaganda. Será assim tão espantoso que os norte-coreanos temam
que estes 'jogos' de guerra se transformem um dia em realidade e que estes
"jogos" não sejam senão a cobertura para um ataque e
para criar ao mesmo tempo um clima de terror na população,
coreana?
Haveria muitas coisas a dizer sobre a natureza real da RPDC, seus habitantes,
seu sistema socioeconómico e sua cultura. Mas não há
espaço para isso agora neste texto. Espero que as pessoas sejam capazes
de dar-se conta por si próprias da experiência do nosso grupo.
Termino com o último parágrafo do relatório comum que
fizemos no retorno da RPDC, e espero que as pessoas o compreendam bem, reflitam
e ajam de forma a apelar à paz.
"Aos povos do mundo tem de ser divulgada a história completa acerca
do que se passou na Coreia e o papel do nosso governo fomentando
desequilíbrios e conflitos. Devem ser tomadas medidas pelos advogados,
grupos comunitários e ativistas pela paz e todos os cidadãos do
planeta, para impedir o governo dos EUA de levar a cabo uma campanha de
propaganda visando apoiar a agressão contra a Coreia do Norte. Os
norte-americanos têm sido alvo de um grande embuste. O que está em
jogo é muito importante para nos permitimos ser enganados novamente.
Esta delegação de paz aprendeu na Coreia do Norte, um elemento
importante da verdade essencial nas relações internacionais.
É que só com ampla comunicação e
negociação, seguida do respeito pelas promessas e profundo
compromisso com a paz, se pode – literalmente – poupar o mundo a um
sombrio futuro nuclear. A experiência e a verdade nos libertarão
da ameaça de guerra. A nossa viagem à Coreia do Norte, este
relatório e nosso projeto atual são esforços para nos
libertarmos".
[*]
Advogado especialista em direito penal internacional, com escritório em
Toronto. É conhecido pelos casos de crimes de guerra mediatizados que
analisou. Publicou recentemente o romance
Beneath the Clouds
. Escreve ensaios sobre direito internacional, política e
acontecimentos mundiais.
Enquanto Washington multiplica os sinais confirmando a sua intenção de
destruir o Daesh(E.I.), os Britânicos e os Franceses, seguidos pelo
conjunto dos Europeus encaram pôr-se à parte. Londres e Paris teriam
coordenado os ataques a Damasco e a Hama para forçar o Exército Árabe
Sírio a ir socorrê-las e, assim, diminuir o seu avanço em direcção aos
arredores de Rakka. Os Europeus pensam organizar a fuga dos jiadistas
pela fronteira turca.
A reunião da Coligação (Coalizão-br) anti-Daesh em
Washington, a 22-23 de Março, correu bastante mal. Se na aparência os 68
membros reafirmaram a sua vontade de lutar contra esta organização, na
realidade ostentaram as suas divisões.
O Secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson lembrou o
compromisso do Presidente Trump perante o Congresso de destruir o Daesh
(EI) e não apenas o enfraquecer, tal como afirmava a Administração
Obama. Ao fazê-lo, ele acabou com os argumentos dos membros da Coligação
perante o facto consumado.
Primeiro problema: como é que os Europeus em geral, e os Britânicos
em particular, poderão salvar os seus jiadistas, se não se trata mais de
os poder deslocar, mas antes de os suprimir de vez ?
Rex Tillerson, e o Primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi,
fizeram um balanço quanto à batalha de Mossul. Apesar da expressão
pública de optimismo, é evidente para todos os peritos militares que ela
não estará concluída antes de três longos muitos meses. Porque em
Mossul, todas as famílias, ou quase todas têm um dos seus membros
envolvido com o Daesh (EI).
No plano militar, a situação de Rakka é muito mais simples. Lá, os
jiadistas são estrangeiros. Portanto, prioritariamente convêm cortar o
seu aprovisionamento. Depois, então, separá-los da população síria.
Segundo problema: o Exército dos Estados Unidos tem de obter
previamente a autorização do Congresso, depois a de Damasco, para se
colocar no território sírio. Os Generais James Mattis (Secretário da
Defesa) e John Dunford (Chefe do Estado-Maior Conjunto) tentaram
convencer os parlamentares, mas não está fácil. Depois será preciso
negociar com Damasco e, portanto, esclarecer o que irá ser feito.
À pergunta dos Europeus sobre o que Washington faria com Rakka
libertada, Rex Tillerson estranhamente respondeu que iria fazer
regressar a população deslocada, ou refugiada, para lá. Os Europeus
concluíram que sendo esta população esmagadoramente favorável a Damasco,
Washington tinha a intenção de restituir este território à República
Árabe Síria.
Tomando a palavra, o Ministro do Negócios Estrangeiros (Relações
Exteriores-br) Português, Augusto Santos Silva, salientou que a proposta
ia contra o que havia sido decidido anteriormente. Os Europeus têm o
dever moral, sublinhou ele, de prosseguir os seus esforços de protecção
dos refugiados que fugiram da «ditadura sanguinária». Ora, mesmo
libertada(liberada-br), Rakka não seria uma zona segura, por causa da
presença do Exército Árabe Sírio que seria "pior que o Daesh".
A escolha de Portugal pelos europeus para esta intervenção não é
inocente. O antigo Primeiro-ministro Português, do qual Santos Silva foi
ministro, António Guterres, é o antigo Alto Comissário para os
Refugiados e actual Secretário-Geral da ONU. Ele já havia sido também
Presidente da Internacional Socialista, uma organização totalmente
controlada por Hillary Clinton e Madeleine Albright. Em resumo, ele é
hoje em dia a nova fachada de Jeffrey Feltman na ONU e do clã belicista.
Terceiro problema: libertar Rakka do Daesh (EI) muito bem, mas,
segundo os Europeus, não para a restituir a Damasco. Daí a sobranceria
Francesa.
De imediato, se viu os jiadistas de Jobar atacar o centro da capital e
os de Hama atacar as aldeias isoladas. Talvez se trate de uma
tentativa desesperada da parte deles de obter um prêmio de consolação em
Astana ou em Genebra antes do fim da partida. Talvez se trate de uma
estratégia coordenada por Londres com Paris.
Neste caso, deveremos esperar uma vasta operação das potências
coloniais em Rakka. Londres e Paris poderiam atacar a cidade antes que
ela fosse cercada de modo a forçar o Daesh (EI) a mover-se e assim o
salvar. O Daesh poderia recuar para a fronteira turca, ou até mesmo para
a Turquia. A organização iria então assumir-se como o carrasco dos
Curdos por conta de Recep Tayyip Erdoğan.
Um passo considerável acaba de ser dado pela Administração Trump : os
seus diplomatas mais destacados anunciaram reconhecer o direito dos
Sírios à Democracia. Admitem que eles soberanamente escolheram Bachar
el-Assad como Presidente. Acaba, assim, a retórica da «democratização»
forçada que acompanhou todas as aventuras militares das administrações
precedentes.
Nikki Haley
Lentamente a Administração Trump coloca em acção a sua nova política para o Próximo-Oriente.
Depois de ter reformado o Conselho de Segurança Nacional, depois de
ter trocado informações com o exército russo, depois de ter interdito
aos seus homens continuar a apoiar os jiadistas onde quer que seja, e
após ter lançado verdadeiros ataques contra eles no Iémene, no Iraque,
na Líbia e na Somália, o novo Presidente dos Estados Unidos fez anunciar
que punha um final à ingerência do seu país na vida política síria.
A embaixatriz dos EUA no Conselho de Segurança, Nikki Haley, não se
limitou a anunciar que o derrube do Presidente al-Assad não mais era
«uma prioridade» para Washington, ela afirmou claramente que apenas o
Povo sírio tinha o direito de escolher o seu presidente; afirmações
imediatamente confirmadas pelo Secretário de Estado, Rex Tillerson.
Para medir o caminho percorrido, lembremos que desde 2012 o plano Feltman previa a revogação da soberania do Povo sírio.
Vamos repetir : com Donald Trump, a Casa Branca finalmente
converteu-se à Democracia, ou seja, ao «Governo do Povo pelo Povo, para o
Povo» de acordo com a famosa fórmula de Abraham Lincoln. Os Estados
Unidos estão em vias de se tornar uma potência normal. Eles abandonam a
sua ambição imperialista. Eles renunciam à doutrina Wolfowitz de domínio
global. Eles reconhecem, de novo, que todos os homens são iguais, sejam
eles ocidentais ou não.
A estupefacção dos Estados membros da OTAN está à altura do
acontecimento : como eles não param desde o 11-de-Setembro de utilizar o
conceito de «democracia» a contra-senso, ficaram sem palavras.
Por fim, o Ministro Francês dos Negócios Estrangeiros (Relações
Exteriores-br), Jean-Marc Ayrault, declarou : «Será que mantemos Assad
ou não mantemos Assad, não é assim que a questão se põe. A questão é a
de saber se a comunidade internacional respeita os seus próprios
compromissos».
Tradução: a questão não é saber o que querem os Sírios,
mas se os Estados Unidos e os seus aliados (os «Amigos da Síria») vão
respeitar ou não a promessa da Administração Obama de restaurar um
mandato francês sobre a Síria.
Para a equipe de François Hollande, uma má notícia nunca vem só e
Ancara foi a primeira a abandonar Paris. Ela declarou que, na sequência
da visita de Rex Tillerson, renunciava a criar uma «zona de segurança»
em Manbij e Rakka; uma maneira elegante de anunciar que admite não poder
estender na Síria a ocupação que ilegalmente leva a cabo em Chipre
desde 1974. Terminada, portanto, a aliança franco-turca.
Seja como for, o retorno da OTAN ao Direito Internacional começou.
Ela junta-se à posição da Síria, que a defende com o seu sangue, e à da
Rússia e da China que a protegeram com sete vetos sucessivos no Conselho
de Segurança.
A próxima etapa é aquela já expressava a Síria em julho de 2012:
convencer toda a Organização do Atlântico Norte a cessar de manipular o
terrorismo internacional. Quer dizer, admitir que os actuais Irmãos
Muçulmanos não são uma irmandade árabe, mas, antes constituem um ramo
dos Serviços Secretos britânicos; e reconhecer que eles não são
muçulmanos, mas que se disfarçam por trás do Alcorão para melhor fazer
avançar o imperialismo anglo-israelita.