Como triunfa a burguesia de uma crise?
Por um lado, pela aniquilação forçada de uma massa de forças produtivas: por outro lado pela conquista de novos mercados e pela exploração mais profunda de antigos mercados.
De que modo então?
Preparando crises mais omnilaterais e mais poderosas, e diminuindo os meios de prevenir as crises.
Na mesma medida em que a burguesia, e o capital se desenvolve, nessa mesma medida, desenvolve-se o proletariado, a classe dos operários modernos, os quais so vivem enquanto encontram trabalho e só encontram trabalho enquanto o seu trabalho aumenta o capital.
Estes operários, que têm de se vender à peça, são uma mercadoria como qualquer outro artigo de comércio, e estão por isso, igualmente expostos a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as oscilações do mercado.
Se a exploração do operário pelo fabricante termina na medida em que recebe o seu salário pago de contado logo lhe caem em cima as outras partes da burguesia: o senhorio, o merceeiro, o penhorista, etc...
A revolução Francesa aboliu a propriedade feudal em favor da burguesa.
O que distingue o comunismo não é a abolição da propriedade em geral, mas a abolição da propriedade burguesa - supressão da propriedade privada.
Têm-nos censurado a nós, comunistas, de que quereríamos abolir a propriedade adquirida pessoalmente fruto do trabalho próprio.
Falais da propriedade pequeno burguesa, pequeno camponesa que precedeu a propriedade burguesa?
Não precisamos de a abolir, o desenvolvimento da industria aboliu-a e abole-a diariamente.
Ou falais da moderna propriedade burguesa?
Mas será que o trabalho assalariado, o trabalho do proletário lhe cria propriedade? De modo nenhum. Cria o capital i e a propriedade que explora o trabalho assalariado, que só pode multiplicar-se na condição de gerar novo trabalho assalariado para de novo o explorar.
Horrorizais-vos por querermos suprimir a propriedade privada?
Mas na vossa sociedade existente, a propriedade privada está suprimida para nove décimos dos seus membros: ela existe precisamente pelo facto de não existir para nove décimos.
Censurais-nos, portanto, por querermos suprimir uma propriedade que pressupõe como condição necessária que a imensa maioria da população não possua propriedade.
Tem-se objectado que com a supressão da propriedade privada cessaria toda a actividade e alastraria uma preguiça geral.
De acordo com isso, a sociedade burguesa teria há muito de ter perecido de inércia: pois os que nela trabalham não ganham, e os que nela ganham não trabalham.
Será preciso uma inteligência profunda para compreender que com as relações de vida dos homens, com as suas ligações sociais, com a sua existência social, mudam também as suas representações, intuições e conceitos, numa palavra, (muda) também a sua consciência?
Que prova a história das ideias senão que a produção espiritual se reconfigura com a da material?
As ideias dominantes de um tempo foram sempre as ideias da classe dominante.
Karl Marx , ano de 1893 .
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